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que no fundo de tudo havia a realidade da psique. Sem a alma, não havia saber nem conhecimento profundo. No entanto, nunca se falava da alma.
Entretanto, nada se podia compreender sobre o problema essencial da natureza objetiva da alma, além do que diziam os filósofos.
Em 1903, retomei a Interpretação dos sonhos e descobri a relação que havia entre essa obra e minhas próprias ideias. O que mais me interessava nela era, em primeiro lugar, a utilização no domínio do sonho da noção de “mecanismo do recalque”, emprestada à psicologia das neuroses. A importância que eu atribuía a ela se ligava ao fato de encontrar frequentemente recalques no curso de minhas experiências de associações; a certas palavras indutoras, os pacientes não encontravam resposta associativa ou davam-na somente depois de um tempo de reação prolongado. Pareceu-me logo que tal perturbação se
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No que concerne ao conteúdo do recalque eu não concordava com Freud. Como causa do recalque, ele apontava o trauma sexual, e eu achava isso
insatisfatório. Através do trabalho prático, conhecera numerosos casos em que a sexualidade desempenhara papel secundário, enquanto outros fatores ocupavam o lugar principal: por exemplo, o problema de adaptação social, da opressão pelas circunstâncias trágicas da vida, as exigências de prestígio etc. Mais tarde, apresentei a Freud casos desse gênero, mas ele não quis admitir como causa qualquer outro fator que não fosse a sexualidade. Isso me parecia altamente insatisfatório.