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As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender.
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Nas conversas com as minhas filhas, ouço palavras ou expressões omitidas.
Que bobagem pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos cinquenta anos. Querer ser vista por eles como uma pessoa e não como uma função. Dizer: sou sua história, vocês começam comigo, escutem, pode ser útil.
somos obrigados a fazer tantas coisas tolas desde a infância pensando que são essenciais; o que aconteceu conosco é a única coisa sensata que me aconteceu desde que nasci.
Era a sensação de estar me dissolvendo, como se eu, um montinho ordenado de poeira, tivesse sido soprada pelo vento durante todo o dia e, naquele momento, estivesse suspensa no ar, disforme.
Eu não os suportava e, no entanto, eles não me largavam, estavam todos dentro de mim.
Tinha ido embora como uma pessoa queimada que, aos gritos, arranca do corpo a pele carbonizada acreditando estar arrancando do corpo a própria queimadura.
Eu sentia a necessidade de ampliar aquele prazer para me afastar da angústia do presente. No fim das contas, precisamos sobretudo de ternura, mesmo que seja fingida.
Era como se todo o meu eu tivesse desmoronado, e os meus pedaços caíssem livremente por todos os lados com uma sensação de contentamento.
Eu estava como alguém que conquista a própria existência e sente um monte de coisas ao mesmo tempo, entre elas uma ausência insuportável.
o que eu estava procurando era um emaranhado confuso de desejos e muita presunção. Se eu tivesse tido azar, teria levado a vida toda para perceber. Mas tive sorte e demorei só três anos. Três anos e trinta e seis dias.
Eu mesma estava brincando naquele momento, uma mãe não é nada além de uma filha que brinca, aquilo me ajudava a refletir.