Olhos d'Água
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Read between December 18 - December 29, 2022
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escrever é, certamente, “uma maneira de sangrar”;
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A mulher negra tem muitas formas de estar no mundo (todos têm). Mas um contexto desfavorável, um cenário de discriminações, as estatísticas que demonstram pobreza, baixa escolaridade, subempregos, violações de direitos humanos, traduzem histórias de dor.
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Parcelas da sociedade estão dizendo para você que este é o cenário.
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Aquele que aprende a língua do senhor e constrói a liberdade de maldizer!
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Ao subverter a língua de Próspero
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a mulher negra — abre caminho para a liberdade. R...
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Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida.
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Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, por que eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?
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Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.
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Mas achava também que qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não tentar viver.
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Acostumou-se aos gritos das mulheres apanhando dos homens, ao sangue das mulheres assassinadas. Acostumou-se às pancadas dos cafetões, aos mandos e desmandos das cafetinas. Habituou-se à morte como uma forma de vida.
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umedecer seus sonhos para que eles florescessem e se cumprissem vivos e reais.
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Corria sobre a corda bamba, invisível e opressora do tempo. Era preciso avançar sempre e sempre.
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Ela ia dar um tempo para ela.
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O moço via mulheres, homens e até mesmo crianças, ainda meio adormecidos, saírem para o trabalho e voltarem pobres como foram, acumulados de cansaço apenas.
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“Escrever é uma maneira de sangrar”.
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E quando a dor vem encostar-se a nós, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo procurando a solução.