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Kindle Notes & Highlights
O excesso da elevação do desempenho leva a um infarto da alma.
psicanálise freudiana só pode ser efetiva numa sociedade repressiva, que baseia sua organização na negatividade das proibições.
O inconsciente freudiano não é uma configuração atemporal. É um produto da sociedade disciplinar repressiva, da qual nós estamos nos afastando cada vez mais.
O sujeito moral é ao mesmo tempo o acusado e o juiz.
O sujeito obediente não é um sujeito do prazer, mas um sujeito do dever.
Mergulhar no si mesmo não cria nenhuma gratificação, ele traz dor e sofrimento ao si-mesmo.
o sentimento de ter alcançado uma meta definitiva jamais se instaura.
jamais alcança um ponto de repouso da gratificação.
procura superar a si mesmo até sucumbir. Sofre um colapso psíquico, que se chama de burnout
O sujeito do desempenho se realiza na morte. Realizar-se e autodestruir-se, aqui, coincidem.
Enquanto a pessoa histérica apresenta uma morfologia característica, a pessoa depressiva não tem forma, sim, é amorfa.
Freud concebe a melancolia como uma relação destrutiva com aquele outro, que foi internalizada como parte do si-mesmo.
Com isso, os conflitos originários com o outro são internalizados e transformados num autorrelacionamento conflitivo, que levaria ao empobrecimento do eu e à autoagressividade.
O sujeito de desempenho esgotado, depressivo está, de certo modo, desgastado consigo mesmo.
O mundo digital é pobre em alteridade e em sua resistência.
Na depressão todas as ligações e relacionamentos se rompem, também a ligação para consigo mesmo.
o depressivo é a pessoa esgotada por sua soberania, que portanto já não tem mais força em ser senhor de si mesmo.
O burnout, ao contrário, é a consequência patológica de uma autoexploração.
o sujeito do desempenho não aceita sentimentos negativos, o que acabaria se condensando e formando um conflito.
A coação por desempenho impede que eles venham à fala. Ele já não é capaz de elaborar o conflito, uma vez que esse processo é simplesmente por demais demorado. É muito mais simples lançar mão de antidepressivos que voltam a restabelecer o sujeito funcional e capaz de desempenho.
Problemática não é a concorrência entre os indivíduos, mas o fato de tomarem a si mesmos como referência e de aguçar neles, assim, sua concorrência absoluta.
A gente faz violência a si mesmo e explora a si mesmo.
Estão por demais vivos, para morrer, e por demais mortos para viver.
Deveríamos reconhecer que hoje perdemos aquela festividade, aquele tempo de celebração na medida em que absolutizamos trabalho, desempenho e produção.
primeiro sintoma do burnout é a euforia. Lançamo-nos eufóricos ao trabalho. Por fim acabamos quebrando.
repressão cede lugar à depressão.
Aqui a pessoa humana é reduzida ao valor de cliente, ou ao valor de mercado.
A intenção que está ao fundo desse conceito é que toda a pessoa, toda sua vida é transformada num valor puramente comercial.