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Kindle Notes & Highlights
Gostaríamos que construísse seu elevador espacial... mas não na Terra, em Marte. Está interessado? – Talvez. Continue.
– Ah, claro que conheço esse projeto. Envolve o derretimento das calotas polares, não é?
Então, é isso que gostaríamos que o senhor fizesse. Projete o menor sistema possível... só um fio, com uma carga de alguns quilos. Baixe essa carga da órbita estacionária até a Terra... sim, a Terra. Se funcionar aqui, será fácil em Marte. Depois carregue alguma coisa para cima, só para mostrar que os foguetes estão obsoletos. O experimento será relativamente barato,
– Cerca de dez teratons, movendo-se a dois quilômetros por segundo. A lua interior, Fobos. É um trator cósmico, passando pelo elevador a cada onze horas. Ainda não calculei as probabilidades exatas, mas uma colisão é inevitável, a cada poucos dias.
– Pode tê-la agora – disse Morgan. – Quando começamos a trabalhar?
– Mas eles garantiram que não haveria rajadas acima de 30 quilômetros por hora! – Acabaram de aumentar para sessenta... corrigindo: oitenta. Alguma coisa saiu muito errado...
Com o aumento da tecnologia vem o aumento da vulnerabilidade; quanto mais o homem conquista (sic) a natureza, mais fica sujeito a catástrofes artificiais.
Existe também um tipo de evento muito interessante, mas, felizmente, muito raro, em que o indivíduo responsável ocupa uma posição de tanto destaque, ou detém tantos poderes, que ninguém percebe o que ele está fazendo até que seja tarde demais. A devastação criada por esses gênios loucos (parece não haver nenhum outro termo para defini-los) pode ter âmbito mundial, como no caso de A. Hitler (1889-1945).
No entanto, como Morgan dissera, a experiência tivera mais de 95% de êxito. Da próxima vez, quando não houvesse vento... – Lá está ela! – alguém gritou.
Bem, ele ainda seria útil. Ajudaria a localizar os destroços.
a gravidade da Terra parecia ter-lhe imobilizado a língua com a mesma eficácia com que lhe imobilizava os membros.
O que é que o monge lhe dissera? ... Que o presente indesejável de Kalidasa estivera em silêncio há séculos e só lhe permitiam falar em época de desastre?
– A montanha é nossa, senhor presidente; os monges já começaram a sair. É incrível... Como pode uma lenda de dois mil anos...? – Balançou a cabeça, atônito e desnorteado. – Se um número suficiente de pessoas acredita numa lenda, ela se torna verdade.
Eu aceito, pensou Morgan, com relutância. Há algo muito estranho num universo onde algumas borboletas mortas conseguem equilibrar uma torre de um bilhão de toneladas.
O desenvolvimento dos sistemas globais de informação tornou obsoleta também outra tarefa irritante. Era necessário apenas fazer uma anotação especial junto aos nomes de amigos que se desejasse cumprimentar no aniversário e outras datas comemorativas, e o computador doméstico fazia o resto. No dia apropriado (a menos que, como acontecia com frequência, houvesse algum erro estúpido de programação), a mensagem adequada era enviada automaticamente ao seu destino. E, mesmo se o destinatário espertamente suspeitasse de que as palavras calorosas na tela fossem todas fruto da eletrônica – e o
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Os homens possuem a capacidade extraordinária, e talvez afortunada, de remover de sua consciência as possibilidades de futuro mais assombrosas.
Metade do século 20 conviveu com a bomba de hidrogênio – metade do século 21, com o vírus Gólgota.
“A crença em Deus é, aparentemente, um produto psicológico da reprodução dos mamíferos”.
Todo mundo tem algum medo secreto
Por duzentos anos, satélites de todas as formas e tamanhos, desde peças soltas até vilas espaciais inteiras, vinham se acumulando na órbita terrestre. Tudo o que passasse abaixo da elevação máxima da Torre, a qualquer hora, tinha agora de ser catalogado, uma vez que criava um possível risco.
Diz-se que toda grande obra ceifa vidas; catorze nomes estavam gravados nos pilares da Ponte Gibraltar.
Que o transportador tinha caído na Terra era óbvio,
Pois jamais se pode destruir a energia; ela tem de ir para algum lugar. E, com frequência, vai para o lugar errado.
Sete homens e mulheres estavam presos no céu, numa situação única em toda a história da tecnologia espacial. Tinha de haver um modo de salvá-los, antes que se envenenassem pelo CO2 ou a temperatura baixasse tanto que a sala se tornasse, literalmente, uma tumba como a de Maomé – suspensa entre o Céu e a Terra.
A última vez que badalara, o pico tinha sido varrido por aquele breve, mas memorável vendaval – de fato, um vento de mudança.
Quase ajustado à forma do corpo, o Flexitraje era bem diferente da armadura desajeitada dos primeiros astronautas e, mesmo quando pressurizado, quase não restringia os movimentos.
Após a terceira queda – ele sentiu como se caísse quilômetros, mas foram apenas cem metros –, até o otimismo de Kingsley começou a desaparecer. Era evidente que o truque não iria funcionar.
estava hipnotizado pela visão da bateria que caía, girando devagar como um estranho corpo celeste, enquanto sumia de vista.
– Consegui me livrar da bateria – informou, e ouviu os gritos de alegria vindos da Terra. – Assim que eu fechar a escotilha, vou prosseguir a viagem. Diga ao professor Sessui e aos outros para me esperarem daqui a pouco mais de uma hora. E agradeça à Estação Kinte pela luz... Não preciso mais dela.
– A propósito – acrescentou Kingsley –, o Couteiro do Santuário de Ruhana relatou a queda de uma aeronave. Conseguimos tranquilizá-lo... Se acharmos a cratera, talvez tenhamos um suvenir para você. Morgan não teve dificuldade em conter o entusiasmo; ficou feliz ao ver o fim daquela bateria. Agora, se pudessem encontrar a fiandeira... Mas essa seria uma tarefa impossível...
– Receio que você esteja certo – lamentou Kingsley, parecendo quase em lágrimas. – Sugerimos que diminua a velocidade para 100 quilômetros por hora. Vamos tentar calcular a duração da bateria... mas vai ser apenas um palpite.
E, então, isso não tinha mais importância. Faltando dois quilômetros para a chegada, os motores da Aranha pararam completamente. A cápsula até deslizou alguns metros para baixo, antes de Morgan acionar os freios.
Todo tipo de sorte possível, boa ou má, já acontecera a alguém, em algum lugar.
Num pensamento louvável, Morgan sentiu que seu próprio destino estava selado, no momento desolador em que as últimas gotas de energia se esgotaram, e as luzes do painel da Aranha finalmente se apagaram. Somente vários segundos depois lembrou que tinha apenas de soltar os freios e deslizaria de volta à Terra. Em três horas, estaria seguro em sua cama. Ninguém o culparia pelo fracasso da missão; ele havia feito tudo o que era humanamente possível.
Ainda era uma afirmação arriscada, e Morgan gostaria que Kingsley não a tivesse feito. Adaptadores de atracação algumas vezes não conseguiam um engate adequado, devido a falhas diminutas na manufatura das tolerâncias. E, naturalmente, nunca tinham testado aquele sistema em particular.
Era tudo uma questão de relatividade. Ele não podia alcançar a Torre; mas a Torre o alcançaria – nos seus inexoráveis dois quilômetros por dia.
ATRACAÇÃO CONCLUÍDA
a natureza nunca dá nada de graça
Não... não um anel... uma roda. Aquela Torre era apenas o primeiro raio. Haveria outros (quatro? seis? inúmeros?) espaçados ao longo do equador. Quando estivessem todos interligados rigidamente lá em cima, em órbita, os problemas de estabilidade que afligiam uma torre única desapareceriam. A África, a América do Sul, as ilhas Gilbert, a Indonésia – todas poderiam fornecer locais para os terminais terrestres, caso se desejasse.
SOCORRO! QUALQUER PESSOA QUE ESTEJA ME OUVINDO, VENHA IMEDIATAMENTE! EMERGÊNCIA ALCOR! SOCORRO! QUALQUER PESSOA QUE ESTEJA ME OUVINDO, VENHA IMEDIATAMENTE!
ela. A faixa fina e brilhante que dividia o céu em dois hemisférios era, em si, um mundo inteiro, onde meio bilhão de seres humanos havia optado por uma vida em gravidade zero.