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O que diferencia uma pessoa de outra, ele acrescenta, é o quanto cada um quer o que não pode ter.
Ela percebeu que eu olhava, mas isso não a incomodou. Gente à vontade no mundo.
“A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes. Nunca aplacam. Ao contrário: servem só para espicaçar as chagas daqueles que foram condenados à lepra do amor não correspondido”.
(Nunca acreditei no diabo. Apenas em pessoas seduzidas pelo mal.)
Eu estava doente, mas não desejava me curar; eu tinha uma obsessão, mas não queria que ninguém a removesse de mim.
A única coisa anormal era a minha vida sem ela.
De acordo com o professor Schianberg, o desejo de se apossar por completo do outro é uma das doenças mais comuns do amor. É o resfriado das moléstias
amorosas, segundo ele. O problema, Schianberg escreveu, é permitir que se transforme em gripe crônica. Costuma ser letal.
Ruim com Lavínia, pior sem ela:
Dava para ver que os dois se gostavam, que se amavam de um jeito meio brusco mas intenso.
A esperança é o pior dos venenos, seu Cauby. O senhor não concorda?
O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta.
Cada um tem a madeleine que merece.
O professor Benjamim Schianberg, o homem que dizia ocupar-se das “fezes da alma”, escreveu que nos alimentamos tanto do bem quanto do mórbido. No meio disso, ele assunta, existe a poesia.
Todos os dias, depois do trabalho, ele ia direto do banco para a casa de Marinês. Virou rotina. O programa não variava: conversavam, jantavam, viam televisão. Também não era incomum ficarem grandes períodos de tempo em silêncio na sala, apenas se fazendo companhia. Depois, o careca se despedia e voltava para a pensão de dona Jane. E isso foi o bastante para fazê-lo feliz durante anos. Nunca se interessou por outra mulher. Ficou ao lado de Marinês até o fim. Platônicos.
Olhei para Polozzi com o olho sobrevivente. E mesmo sabendo que contribuía para arrasá-lo ainda mais, não deixei passar em branco: O que eu mais lamento é você ter duvidado de mim. Até o fim, você duvidou.
O careca não cansa de repetir que a esperança é o pior dos venenos? É. Porém muitas vezes é também o único remédio.
Não sei que nome você daria a isso. Bem, não importa muito, chame do que quiser. Eu chamo de amor.

