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Aquele que depois de três milênios não é capaz de se ter na própria conta estará fadado a viver uma vida de ignorância. Goethe
O mais importante meio de prevenir doenças, segundo a tradição hipocrática, era levar uma vida moderada e saudável.
O aparecimento de uma doença deve-se ao fato de a natureza ter “saído dos trilhos” por conta de um desequilíbrio corporal ou espiritual.
Sócrates ... mais sábio é aquele que sabe que não sabe...
saber o que não se sabe é uma forma de sabedoria também.
Algumas das pessoas mais estúpidas que ela conhecia eram afinal pessoas que tinham certeza das coisas sobre as quais não faziam a menor ideia. E
“intuição”.
Os filósofos da natureza também são conhecidos como “pré-socráticos”, porque viveram antes de Sócrates.
Sócrates é propriamente o primeiro filósofo nascido em Atenas,
Entre os atenienses era particularmente importante dominar a arte de falar em público, também chamada de retórica.
Não demorou muito para que um grupo de professores e filósofos itinerantes provenientes das colônias gregas migrasse para Atenas. Eles se autodenominavam sofistas. “Sofista” significa uma pessoa culta ou estudiosa de um determinado assunto. Em Atenas, essas pessoas ganhavam a vida dando aulas aos habitantes da cidade.
“O homem é a medida de todas as coisas”, afirmou o sofista Protágoras (c. 487-420 a.C.). Com isso ele queria dizer que tudo que é certo e errado, bom e mau, deve sempre ser considerado na perspectiva do comportamento humano. Quando lhe perguntaram se acreditava nos deuses gregos, sua resposta foi: “É um tema complexo demais tal a brevidade da vida humana”. Alguém que não pode afirmar com certeza a existência ou não de um deus é chamado de agnóstico.
ponto central de toda a filosofia de Sócrates era: ele não procurava impor seus ensinamentos às pessoas. Ao contrário, dava a impressão de que estava aprendendo com seu interlocutor. Também não ministrava conhecimentos como outros professores. Não mesmo. Ele dialogava.
Assim Sócrates via sua tarefa de ajudar os homens a “parir” o raciocínio correto. Pois o verdadeiro conhecimento nasce do íntimo do indivíduo. Não pode ser imposto por outros. Somente o conhecimento interior é a autêntica compreensão.
Foi exatamente bancando o ignorante que Sócrates obrigava as pessoas a usar sua razão. Sócrates fingia-se alheio ao tema da conversa — ou aparentava uma ignorância que não tinha. Chamamos a isso “ironia socrática”. Dessa forma ele constantemente apontava as contradições no pensamento ateniense. Isso em plena praça pública. Encontrar-se com Sócrates significava correr o risco de ser exposto ao ridículo ou de se tornar alvo de chacota diante de um grande público.
Sócrates protestava, por exemplo, contra o fato de as pessoas poderem ser condenadas à morte.
amealharam
Os questionadores são sempre os mais perigosos. Responder e retrucar não causa o mesmo dano. Uma única pergunta pode conter o poder explosivo de mil respostas.
Ao contrário dos sofistas, ele dizia que a capacidade de discernir entre certo e errado estava na razão, não na sociedade.
Sócrates achava a felicidade impossível caso as pessoas tivessem que contrariar suas convicções.
Atrás de mim você está vendo o maior templo. Ele se chama Parthenon — ou a ‘morada das virgens’ — e foi erguido em honra da deusa Palas Atena, protetora da cidade.
Parthenon
“A elevação onde estamos se chama Areópago. Era aqui que as autoridades atenienses sentenciavam os acusados de assassinato. Muitos anos depois o apóstolo Paulo viria até aqui falar de Jesus e do cristianismo para os atenienses. Nós
Hefaísto,
templo de Palas Atena
A escola filosófica de Platão herdou daí o nome Academia. (Desde então, milhares de “academias” surgiram em todo o mundo. Nós até hoje usamos termos como “acadêmicos” e “produção acadêmica”!)
Na Academia de Platão ensinava-se filosofia, matemática e ginástica.
Então nós também aprendemos que os sofistas e Sócrates se afastaram um pouco das indagações da filosofia da natureza e se voltaram para o homem e para a sociedade.
várias perguntas relativas à moral dos homens e aos ideais ou virtudes da sociedade.
os sofistas diziam que a noção do que é certo ou errado varia de cidade para cidade e de geração para geração. A própria pergunta sobre o que é certo ou errado também é “fluida”. Sócrates não conseguia aceitar isso. Para ele, existem regras eternas e atemporais para determinar o que é certo ou errado. Utilizando sua razão, todo homem conseguiria obedecer a normas imutáveis, pois a própria razão humana é justamente eterna e imutável.
Ele tenta alcançar uma “realidade” própria que é eterna e imutável.
Se você estiver numa classe com outros trinta alunos e o professor perguntar qual seria a cor mais bela do arco-íris, certamente iria obter muitas respostas diferentes. Mas, se ele perguntar quanto é oito vezes três, a classe inteira deveria chegar ao mesmo resultado. É que nesse caso a razão é quem faz o juízo comum, e ela é de algum modo o oposto de achar e sentir. Podemos dizer que a razão é eterna e universal justamente porque ela se manifesta apenas em questões eternas e universais.
Breve resumo: quando sentimos, podemos apenas produzir impressões incertas. Mas, quando enxergamos com a razão, podemos alcançar a verdade real. A soma dos ângulos de um triângulo será cento e oitenta graus por toda a eternidade.
Segundo Platão, o homem é um ser dual.
Mas também possuímos uma alma imortal — onde habita a razão. Exatamente porque a alma não é material, ela pode penetrar o mundo das ideias.
Ele também se refere a Sócrates — assassinado pelos “habitantes da caverna” por ter posto em dúvida seu senso comum e ter tentado lhes mostrar o caminho do conhecimento verdadeiro. O
Segundo Platão, o corpo humano é dividido em três partes: cabeça, peito e baixo-ventre. A cada uma dessas partes corresponde uma característica da alma. À cabeça pertence a razão, ao peito a vontade e ao baixo-ventre o desejo ou a satisfação. Além disso, a cada uma dessas características corresponde um ideal ou uma “virtude”. A razão deve almejar a sabedoria, a vontade deve ter coragem e a satisfação deve ser moderada por meio da temperança. Quando essas três partes trabalham em uníssono, o resultado é um indivíduo harmônico ou “honrado”.
Aristóteles foi um homem organizado e metódico, que queria classificar os conceitos humanos. Desse modo ele fundou a lógica como ciência. Ele apontou várias regras rígidas para que cada conclusão ou evidência pudesse ser considerada logicamente válida.
Um único exemplo é suficiente: se eu afirmo que “todos os seres vivos são mortais” (premissa 1) e digo também que “Hermes é um ser vivo” (premissa 2), logo posso chegar à elegante conclusão de que “Hermes é mortal”.
Todas as “coisas vivas” (vegetais, animais e homens) têm a capacidade de se alimentar, crescer e se multiplicar. Todos os “seres vivos” (animais e homens) também possuem a capacidade de perceber o mundo que os cerca e nele se locomover. Todos os homens possuem, além disso, a capacidade de pensar — ou seja, de organizar as impressões dos sentidos em diferentes grupos e classes.
segundo Aristóteles, vive a plenitude da vida na natureza. Os homens crescem, se alimentam como as plantas, possuem sentimentos e se locomovem como os animais, mas também possuem uma característica específica que os torna humanos e inteiramente sozinhos na natureza: a capacidade de pensar racionalmente.
Assim os homens conservam uma centelha da razão divina, Sofia. Sim, eu disse divina. Em alguns trechos dos seus escritos Aristóteles diz que deve haver um Deus que tenha posto a natureza em movimento. Esse Deus ocupa o último degrau na escada da natureza.
Aristóteles achava que os movimentos das estrelas e planetas controlava o movimento da Terra. Mas deveria também haver algo que fizesse todo o firmamento se mover. A isso ele chamou de “o motor primeiro” ou “Deus”. “O motor primeiro” não se move, mas é ele que é a “causa inicial” do movimen...
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segundo Aristóteles, é definida por possuir uma “alma vegetal” junto a uma “alma animal” e a uma “alma racional”.
homem só é feliz se utilizar todas as suas capacidades e possibilidades.
Aristóteles achava que existem três formas de felicidade. A primeira é ter uma vida de prazeres e satisfações. A segunda forma é viver como um cidadão livre e responsável. E a terceira é viver como um pesquisador e filósofo. Aristóteles enfatiza que as três definições devem coexistir para que os homens tenham uma vida feliz. Por isso ele recusa toda forma de isolamento. Se vivesse nos dias de hoje, talvez dissesse que alguém que apenas exercita o corpo leva uma vida tão isolada — e carente — quanto alguém que apenas usa a cabeça. Os dois extremos são a expressão de uma conduta de vida
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Tanto a ética de Platão como a de Aristóteles evocam a ciência médica grega: somente através do equilíbrio e da moderação é que podemos nos tornar indivíduos felizes ou “harmônicos”.
Aristóteles chamou a terceira boa forma de política, que significa democracia. Mas essa forma também tem um lado perigoso. Uma democracia pode se tornar um governo dominado pela plebe. (Mesmo se o tirano Hitler não tivesse chegado ao poder na Alemanha, uma multidão de nazistas menores teria instituído um terrível governo dominado pela plebe.)
Os cínicos tiveram grande importância para os filósofos estoicos, que surgiram em Atenas aproximadamente no ano 300 a.C. O fundador do estoicismo foi Zenão, originário da ilha de Chipre, que se fixou em Atenas depois de ter sobrevivido a um naufrágio.
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