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— Não sou tão boa como você. — Tem certeza? Eu tô bem fora de forma. Ela riu baixo, empurrando-o levemente. — Você entendeu, besta. Eu nunca vou ser a melhor do mundo. — O melhor do mundo que perdeu de sete a um. — Achei que fosse um assunto delicado. — É. — Ele deu de ombros. — Mas ninguém consegue ser foda o tempo inteiro, entende? — Hm, acho que sim. — Mas eu consigo, e na maior parte do tempo.
Ele percebeu que gostava dos abraços de Mariana. Era reconfortante, independentemente do momento em que estivesse. Causava-lhe uma sensação estranha. Verdadeira. Mariana era a pessoa mais verdadeira que ele já tinha conhecido em sua vida.
Agora, porém quando Mariana passou os braços ao redor do seu pescoço em um estúdio de fotografia cheio de pessoas, ele pensou seriamente na possibilidade de dar o número de sua conta bancária, de seu cartão de crédito e até a senha do cofre em seu quarto. Ela nem precisava pedir.
— Quando algo chega para você, não deve ir contra o que é seu.
— Bom dia, princesa. Imaginei que fosse ligar. — Mariana não precisava vê-lo para saber que havia um daqueles sorrisos preguiçosos em seu rosto. Era previsível até demais. — Não, não vou aceitar um não, e sim, você vai usar o cartão.
— Bom negociar com você — ele brincou. — Não deixe Paulo usar o cartão, por favor. — Vou pensar. Talvez eu deixe como vingança. — Você é cruel, gosto disso. Mariana desligou antes que ele falasse mais.
Mariana precisou de um momento para respirar antes de voltar a pensar na maldita festa que teria que ir ao lado do cara que, além de seu namorado falso, também sabia quanto ela era perdidamente apaixonada por ele, dez anos atrás.
— É claro, eu deveria me acostumar com você sendo meio babaca. — É tão recorrente assim? — Ele a olhou, seu tom de voz falsamente afetado. — Mas me sinto lisonjeado pelo “meio”. Mariana desviou o olhar, revirando os olhos. Porque, no fundo, ela sabia que não precisa mais se acostumar com o que ela já gostava tanto de ter em sua vida.
Havia algo sobre Daniel que ele odiava admitir. Ele tinha uma queda inenarrável por qualquer pessoa inteligente o bastante para acabar com a vida dele em poucas palavras. E Mariana era inteligente pra caralho.
— Já teve algum momento em que você percebeu que faria de tudo para ser cada vez melhor por causa de alguém? — o mais novo murmurou, girando uma taça de refrigerante distraidamente. — Sabe, como se essa pessoa tivesse te mostrado um jeito diferente de ver as coisas. Tudo, na verdade.
Então, ela se aproximou mais. Cautelosamente, como se ainda desse uma oportunidade para ele se afastar caso quisesse. Daniel não se afastaria nem se o ameaçassem.
Daniel era, definitivamente, o seu inferno particular. O trovão que a fazia estremecer durante a tempestade.
Ele observou a jogadora deitada em sua cama. Ela tinha os cabelos ainda úmidos, a roupa igualmente molhada pelo biquíni que não teve tempo de secar antes que voltassem para o apartamento. Mariana estava uma bagunça, e ainda parecia a pessoa mais bonita que ele já tinha visto em sua vida.
Na quarta-feira, ele percebeu que já estava apaixonado pra caralho, e que não tinha mais pra onde fugir. Mariana o obrigou a passar máscaras faciais pela manhã, mesmo que ele tivesse dito que se sentia ridículo com a cara verde. Foi a vez de jogarem Banco Imobiliário até que Mariana interrompesse a partida porque, palavras dela: ele estava bonito demais.
Ele era absurdamente lindo. Mesmo com o cabelo bagunçado, com roupas largas, não as arrumadas que costumava usar para os treinos e jogos. Era como ela o via quando Daniel acordava. Quando dormiram na mesma cama.
— Como se um filho não dissesse o suficiente! Meu Deus, Daniel, por que você não me deixa em paz de uma vez? — Porque eu te amo, porra! — ele soltou, deixando escapar uma respiração abafada. Como se ele estivesse sufocando até então, até deixar aquilo sair. Mariana calou-se imediatamente, encarando-o com os olhos arregalados. — Que inferno, cacete. Eu não… não era pra estar rolando todo esse inferno. E eu tô apavorado pra caralho, porque eu não sei como é ser pai, eu não sei nem o básico que eu deveria fazer. Eu não sei nem se eu gostaria de ter filhos, nem se você também se sente assim,
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Ela era fraca pra caralho. Como poderia realmente considerar ficar longe dele quando mal poderia impedir a si mesma de beijá-lo?
Sua mente estava sempre em Mariana, mas demorou algum tempo para que ele percebesse que seu coração também.
É quando um acontecimento aparece na sua vida e o faz despertar, provocando uma mudança interior. Sempre para o melhor. Metanoia.
— E enquanto isso, eu fui me apaixonando por você — ele continuou, mais baixo dessa vez. — Pela pessoa verdadeira que você é, o que vai contra o que eu fiz desde que a fama começou a ser uma parte de mim. Pela jogadora impecável que você é em campo, porque ainda acho que você deveria melhorar na parte estratégica da equipe, mas podemos conversar sobre isso em outro momento. Ela riu, chutando levemente a perna dele. — Babaca. — Pelo seu sorriso — Daniel suspirou. — Pela sua voz, pela sua sinceridade, pelo seu toque. Pela sua dificuldade irritante de se manter calma, também. Porque seria
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Há uma linha tênue entre ser feliz e estar feliz. Quando Daniel William Xavier fez aquela pergunta para Mariana Dias na cozinha do apartamento que dividiriam pelos próximos anos — ou até que outro time a convocasse —, ele soube que poderia ter tido a honra de fazer as duas coisas simultaneamente. — Mariana Dias, você aceitaria se casar comigo? Ambos sabiam que seria para sempre.
— Diz o que eu sou outra vez — ele pediu, segurando o rosto dela entre as duas mãos. — Bonito? — Também. Mas não, a outra coisa. — Meu noivo? — Isso — o loiro suspirou, selando os seus lábios. — É igualmente incrível estar com você, il mio sogno inspiegabile. Ela sorriu ao ouvir as palavras em italiano. Sim, aquela era a sensação de estar em casa. Meu sonho inexplicável.