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by
Stephen King
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December 9, 2024 - January 8, 2025
— Ótima ideia! — exclama Jerome. — Estamos reunindo a banda! O que foi que eu disse?!
— Você devia sorrir mais. Fica linda quando sorri. Holly fica vermelha até o couro cabeludo e sai rapidamente. Mas está sorrindo de novo, e isso deixa Hodges feliz.
Com os pais concentrados na sobrevivência da família
as crianças passaram tempo demais voando no piloto automático.
Linda pensa: Nós nunca fizemos nenhuma pergunta, e isso era porque tínhamos medo da resposta.
Ela fica feliz quando Jerome leva a sério as preocupações com o Moleskine e mais feliz ainda ao descobrir que ele viu Anjos da Lei 2.
Sou um lobo, diz para si mesmo. Vou morder, se precisar.
E então, como se isto explicasse tudo: — Ela e a amiga, Ellen, não perdem um episódio de Pretty Little Liars.
O garoto é inteligente, mas às vezes até pessoas inteligentes falam demais. Se você as deixa.
Os cadernos nunca foram só dele. Também nunca foram só de Rothstein.
Talvez o pequeno deslizamento que expôs o baú naquele dia de inverno não tenha sido nada além de casualidade, mas Peter não acredita nisso.
Peter acha que não. Ele já sabe demais para isso.
Apesar de estar com quarenta e tantos anos e dos remédios que toma para controlar o humor, Holly ainda passa tempo demais em uma montanha-russa emocional.
Hodges se sente mal e quer dizer que, apesar de poucos palpites levarem a alguma coisa, ninguém devia parar de acreditar neles. Porque os poucos que levam são ouro.
Peter só vê uma chance de continuar vivo. Enquanto o homem de lábios vermelhos e pele pálida não souber onde estão os cadernos de Rothstein, ele não vai puxar o gatilho da arma, que parece menos engraçada a cada segundo.
Esse é o homem que roubou os cadernos, sabe disso agora. Roubou os cadernos e matou John Rothstein trinta anos atrás. E matou o sr. Halliday. O que o impediria de adicionar Peter Saubers à lista?
— E o dinheiro no baú? Você também pegou o dinheiro? Claro que pegou. Você é o ladrão, não eu! Você!
No momento, Peter está furioso demais para pensar em fugir, porque essa última acusação, por mais injusta que seja, é verdadeira.
Ela bate na tela e murmura: — Vamos, vamos, vamos. Carregue, seu chato!
rua. Eu o acertei com força, pensa Peter, sombriamente. Lábios Vermelhos agora é Queixo Sangrento.
— Ninguém acreditaria. Nem por um segundo. Não quando soubessem sobre você. — E quem sou eu exatamente? O lobo, pensa ele. Você é o lobo mau.
Deus, reza ela, por favor, não deixe que Peter fique realmente encrencado. E não permita que me odeie. Vou morrer se ele me odiar, então, por favor, faça com que ele entenda por que contei. Por favor.
— Vocês dois não valem nada mesmo — diz Hodges. — Se eu fosse professor de vocês, mandaria os dois para a diretoria. Vou entrar. Fiquem bem aqui onde estão.
Vinte minutos, pensa Hodges. Vinte minutos no máximo. O que pode acontecer em vinte minutos?
A resposta, ele sabe pela amarga experiência, é muita coisa. Vida e morte. Agora, ele só pode torcer para que esses vinte minutos não voltem para assombrá-lo.
É o homem que o filho descreveu, o vilão sinistro, e seu primeiro pensamento não é de terror, mas uma sensação poderosa de alívio. O filho não está sofrendo um colapso nervoso, afinal.
Linda esquece a dor, esquece que precisa de uma ambulância. Um homem invadiu sua casa e está sequestrando sua filha. Precisa impedi-lo.
Ela estava jogando paciência. Jogando paciência e esperando que o filho chegasse em casa, sem incomodar ninguém.
Chega ao riacho e se vira para olhar, quase sem perceber, o ponto em que o baú está enterrado. O baú que causou todo esse horror.
Ideias para histórias vinham do nada, declarou ele. Chegavam sem a influência poluidora do intelecto do autor.
Dois porquinhos no porão e o lobo mau lá em cima, pensa Peter. E não temos nem uma casa de palha, muito menos uma de tijolos.
— Você está certo — diz Peter. — Não tenho uma arma. Mas achei isto na escrivaninha dele.
Quatro anos atrás, a mulher que ele amava morreu em uma explosão que foi planejada para ele. Não há um dia sequer em que não pense em Janelle, nem uma noite em que não fique na cama pensando: Se eu tivesse sido um pouco mais rápido. Um pouco mais inteligente.
Jerome o está observando, infeliz, mas dessa vez não o seguiu. E isso é bom. A única coisa pior do que Bellamy matar Peter e Tina seria se ele matasse Jerome.
— Por que não? São só palavras. Em comparação com a minha irmã, não querem dizer merda nenhuma.
Naquelas circunstâncias, a pergunta é mais do que bizarra, mas também é sincera. Honesta. Peter percebe que a Andrea fictícia, o primeiro amor de Jimmy, é real para aquele homem de um jeito que sua irmã não é.
Nenhum ser humano é tão real para Lábios Vermelhos quanto Jimmy Gold,
Lágrimas surgiram em seus olhos. Essas lágrimas, percebe Peter mesmo agora, principalmente agora, porque a vida deles está na balança, marcam o poder do faz de conta.
Sim, era isso. Aquele homem o matou por causa de uma crença própria: a de que a escrita era mais importante do que o escritor.
Ele pensa: Podia ser eu pegando fogo ali. Ele pensa: Não. Porque eu sei a diferença. Sei o que realmente importa. Ele pensa: Deus, por favor, se você estiver aí… faça com que isso seja verdade.
O que Peter não diz, nem nunca vai dizer, é o quanto dói o fato de os cadernos terem sido destruídos. Saber disso o queima como fogo. Ele entende como Morris se sentiu, e isso também o queima como fogo.
— Eu não me culpo! E faria de novo. De novo e de novo e de novo!
— Eu não estou apaixonada por você, não do jeito que Tina está, mas te amo muito mesmo assim. Então, se cuide, Jerome. Alguns universitários fazem coisas idiotas. Não seja um deles.
— Gostei muito — diz ela, e abre um sorriso. É o sorriso que Hodges ama, o que a deixa bonita. — E vou usar quando visitar minha mãe. Só para irritá-la.
— Às vezes. E, Holly… Eu também te amo. Você sabe disso, não sabe? — Sei — responde ela, segurando a camiseta contra o peito. — E fico feliz. Essa merda quer dizer muita coisa.
Acho que o que quero dizer é que o trabalho dele mudou meu coração.
— A vida é dura. Descobri isso depois que meu pai foi atropelado no City Center.
Eu ainda achava que tinha uma chance de ficar com os cadernos, sabe? Foi por isso que não quis falar. Foi por isso que fugi. Eu queria ficar com eles.
Preciso pedir desculpas porque eu não era tão diferente assim de Morris Bellamy.
— Que isso não começou quando você encontrou o baú.