Javert nascera numa prisão, filho de uma cartomante cujo marido estava nas galés. Crescendo, julgou-se excluído da sociedade e perdeu toda a esperança de nela entrar. Notou, igualmente, que a sociedade mantém irremissivelmente afastadas duas classes de homens: os que a atacam e os que a protegem; ele só podia escolher entre essas duas classes, ao mesmo tempo que sentia em seu íntimo não sei que rigidez, regularidade ou probidade, de mistura a um ódio inexprimível a essa classe de boêmios a que ele pertencia. Entrou para a polícia. Deu-se bem. Com quarenta anos, fora nomeado Inspetor.

