Manuela Cardiga's Blog, page 7

September 26, 2017

AMOR MUDOSenti esse teu beijoDe lingua braviaFeiticeira e...

AMOR MUDO
Senti esse teu beijo
De lingua bravia
Feiticeira enguia
despertar-me a paixão

Ofereces-me a obsessão
O desespero e a delicia
Duma relação illicita;
Ofereces-me o coração;

Mas digo-te que não:
Tenho filhos pra criar,
Marido pr'a amar,
Mundo pr'a enganar

Senti a seda
Dos teus seios
Na concha
Das minhas mãos

Não posso negar
O que sinto no corpo
Não vou recusar
Verdade mesmo torpe

Mas digo-te que não:
Tenho filhos pra criar,
Marido pr'a amar,
Mundo pr'a enganar

Não vou gemer mentiras
Pois ao teu toque travesso
Sou gelo no deserto
Da minha vida sem prazer

Não te posso oferecer
O que tens para me dar
Não quero sofrer
Nem mesmo p´ra te amar

Não chores, vê se entendes:
Tenho filhos pra criar,
Marido pr'a enganar,
Mundo pr'a enfrentar...

MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 26, 2017 13:25

September 24, 2017

Funny, so many claim they wish to help, but so few actual...

Funny, so many claim they wish to help, but so few actually do. It seems that between the promise and the act is a leaping ocean of good intentions.Or self-deception. You choose.

MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 24, 2017 07:57

September 23, 2017

SINOS REZADOSSinos clamandoPalavras de amor,Sinos quebran...

SINOS REZADOS

Sinos clamando
Palavras de amor,
Sinos quebrando,
Chorando de dor

Flores de metal
Mentiras de mel
Linguas do mal
Badalam fel

Sinos que chamam
Bocas amargas
Vozes travadas
Malvadas, mentiras de amor

Ouvi tua voz
Sino sonoro
Chamando por mim
Rezei que tu fosses
O fim e a cura
Dessa procura
Pela loucura
Achado de ternura
Verdadeiro amor

Flores de metal
Feridas com sal
Lingua bossal
Beijo brutal

Sinos proclamam
O fim do amor
Com vozes roucas
Palavras loucas, rasgadas de dor

Sinos rezando,
Desejos profanos
Sinos cantando
Em tons de pranto, desgostos de amor

MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 23, 2017 05:51

September 21, 2017

PUNHOS DE RENDAPunhos de rendaPara que a dor não ofendaCo...

PUNHOS DE RENDA

Punhos de renda
Para que a dor não ofenda
Coração de mulher

Levanta a mão
Atira-a para o chão
Ajoelha-se: "Perdão"

Enquanto ele grita,
Ela hesita,
Receia e agita
Asas para voar

Mas comovida
Por aquele pranto
Deixa-se enganar
Acaba por ficar

Já a mãe lhe diz
Torcendo o nariz
Ao seu lamentar:
Minha filha acredita,
Pior essa dor maldita
Do que não ter amor.

Punhos de renda
Para que a dor não ofenda
Para não marcar

Rosto tão lindo
Dadiva do Divino
Sua mulher, seu par

Ele tem desdém
Não permite quem
Os queira separar

Homem de bém
Só é alguém
Mestre do seu lar

Punhos de renda
Para que a dor não ofenda
Para não chorar

Ela não fala,
Quem consente cala,
Não pode reclamar

Punhos de renda
Flores escarlates de amor,
Salpicos de horror

A vizinha grita
"Silencio, olha a fita...
Parem de bulhar."

Punhos de renda,
Morta com uma venda
De sangue no olhar

Negro luto, tanta dor
Diz o povo sem pudor
"Quem poderia sonhar..."


Manuela Cardiga
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 21, 2017 13:25

September 20, 2017

FADO SEM PUDORNaquela noite quenteSeguia eu em frentePor ...



FADO SEM PUDOR

Naquela noite quente
Seguia eu em frente
Por aquela ruela
Com a roupa desfeita
Depois do amor

Seguia eu um homem
Sem nome, e sem rosto
Com gosto a suor

Vivia eu essa vida
Nessa senda vazia
De prazer sem Amor

Passava nessa viela
Que o povo enfeita
Com rendas e com flores

Ao longe se ouvia
Vozes em harmonia
Guitarra que fremia
De desejo, e de dor

Teus dedos corriam
Caricia pericia
Ardilosa malicia
Que me fez estremecer

Foi assim que te vi
Assim te senti
Querer sem pudor

Tocas-te-me a alma
Arrancas-te ás cordas
Do meu coração,

Meu corpo a guitarra
Desgarrada rasgada
Leviana canção

Tocas-te-me a alma
Destruiste-me a calma
Acordei para a Paixão

Manuela Cardiga
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 20, 2017 15:32

September 19, 2017

A MENINA MORTACom os olhos velados de lágrimasE as faces ...

A MENINA MORTA

Com os olhos velados de lágrimas
E as faces queimadas
Do sal dessa dor

Tropecei na calçada
Fiquei ali sentada
Pranteando o amor

Não penses que choro
O fim do namoro
O fim de nós dois

Choro a verdade
Que achava tão linda
E descubri depois

Vivia a mentira
Com tanta alegria
Que a queria real

Mas essa magia
Era fantasia
Que eu invetei

Se me vês aqui sentada
Nessa calçada
Sapatos na mão

Os olhos inchados
Labios rasgados
De gritos de dor

Não penses que choro
O fim do namoro
O fim de nós dois

Choro a pobre menina
Que tanto te queria
Que tanto sonhou

Não penses que choro
O fim do namoro
O fim de nós dois

Choro aquela menina
Que nesta agonia
Renasceu mulher

Manuela Cardiga
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 19, 2017 14:47

NÃO ME DESDENHESSei que tens na tua vidaMulheres mais bel...

NÃO ME DESDENHES

Sei que tens na tua vida
Mulheres mais belas, mais garridas,
Sem as marcas e as feridas
Dos malogros do Amor

Sei que tens na tua vida
Mulheres mais jovens, e mais ricas
Sem os medos, e os karmas
Das tragédias e da dor

Mas não me desdenhes,
Deixa que te acompanhe
Pois o que tenho para te dar
É sincero, e é raro...

Vi-te nessa viela,
Que é o trilho do desgosto
Que me assombra o rosto
E desfigura o coração

Vi um sorriso claro e limpo,
Olhar terno sem ardil,
Sem o véu de feitos impios
A toldar tua visão

Eu com o meu corpo já gasto
P´r esse caminho nefasto
De descrenças e desastres
Desta vida, fado vil

Vi nesse teu rosto tão lindo
Anjo suave, voz gentil
A prometida salvação

Ai não me desdenhes,
Deixa que te acompanhe
Pois o que tenho para te dar
É sincero, e é raro:
É o Amor.

Sei que tens na tua vida
Já traçado um caminho
Que não passa pelo meu

Sei que tens na tua vida
A promessa de alegria
Sem tristeza, mar de mel

Mas não me desdenhes,
Nesta breve encruzilhada
Deixa-me ser a tua amada,
Dá-me um sorvo do teu Céu

Mas não me desdenhes,
Nesta breve encruzilhada
Abre os braços e recebe
O Amor que Deus nos deu..

Manuela Cardiga
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 19, 2017 14:41

LIFE-HACKS: PEDICURE AS A CURE FOR THE COMMON HEART-BREAK...

LIFE-HACKS: PEDICURE AS A CURE FOR THE COMMON HEART-BREAK

"There are holes,
holes, holes on me!"
Cried the toe-nail
Seeking therapy

The shoe-shrink
tapped a speculative
heel and frowned
"You need to keep
to solid ground!"

"You take things
Much too seriously.
You feel too much,
Hold on too tight
Grind into the
Fabric of life."

"How else can we live
But with intensity?"
Cried the distraught nail
Under its disguising veil
Of varnish glitter-glamour.

"Do as the heel does:
Play the fool, choose
A low-slung mule,
Avoid stilettos
Or any semblance
Of sharp wit
Or embracing affection
For the lamentably
Frail or short-lived
Sock, stocking
Or prosaic panty-hose."

"Think of the nose,
Who rather than
The erstwhile lace
Silk and linen hanky,
Now blows at
What will cause
It no distress to
Dispose."

"I...I cannot live like that!"
I can't! I need that tight
Embrace, that kiss
Of fate and faith!"

The shrink shoe curled
A derisive upper lip
and stroked at its
Elegant laces
"Well the, my dear,
Keep yourself trimmed;
Your emotions blunt,
And be bare
As much as you dare."


MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 19, 2017 03:01

September 18, 2017

Strange. So many always stand in line at my door to get c...

Strange. So many always stand in line at my door to get comfort, kindness, support, a helping hand... Yet, when once in a life-time my world cracks and sways, my heart breaks and my pain brays unlovely sounds, and there is absolutely no-one around.

MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 18, 2017 14:23

THERE WAS AN ANCIENT MARINERA silver gull soared,and I, u...

THERE WAS AN ANCIENT MARINER

A silver gull soared,
and I, unmoored,
saw no way clear
no leading light
to starboard;
to port, no welcome
shelter from
the nearing storm,
or writhing worm

A silver gull soared,
and I hoisted salted
veiling canvas, sails
much torn, frail-patched,
I waited for the shiver
but death becalmed
the world's wind and
left me marooned there.

A silver gull soared,
but no line beckoned
from the strange horizon,
no dividing sign between
the blurring sea and sky
seized my burning eye
"It was a gull," I cried
"Silver, no raven dark
croaking "Nevermore""

A silver gull soared,
forsworn from any
Stricken colors, and
muddle-minded
fuddle-tongued
widow's weeds
float and tangle
sinuous limbs
on my broken rudder

A silver gull soared,
and a disdainful
mermaid flipped a
diamond-scaled tail,
dolphined away from
my stricken deck -
no treachery this,
for all know the guilt
is all of the listing wreck.

A silver gull soared,
and I am unmoored:
So drift then, box that
dizzy compass
let in those salted
waves of tears but
remember the rich
and jeweled treasures
stored beneath

A silver gull soared,
but left a trove:
strings of gilded hours
a book of mysteries
no God answers and
no prayer asks; and
gallons of dark rum
in memory-jointed
sugar-scented casks

A silver gull soared,
My dirty canvas wings
may scuttle-limp
through thicker air,
but I learned that skill
from still-winged
silver-winged glory.
It is true I'll never soar,
but look! I float.


MC
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on September 18, 2017 14:11