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La sibila

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Madrid. 19 cm. 325 p., 1 h. Encuadernación en tapa blanda de editorial ilustrada. Colección 'Literatura Alfaguara', numero coleccion(67). Luís, Agustina Bessa 1922-2019. Traducción del portugués de Isaac Alonso Estravís. Alonso Estraviz, Isaac. 1935- .. Este libro es de segunda mano y tiene o puede tener marcas y señales de su anterior propietario. 8420420085

Paperback

First published January 1, 1953

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About the author

Agustina Bessa-Luís

126 books223 followers
Agustina Bessa-Luís was born in Vila Meã (Amarante) in 1922. Her father's family was from the north of Portugal and her mother was Spanish.

She lived her childhood and teenagehood in the region of Douro, Minho and then Coimbra in 1948. She married Alberto Oliveira Luís in 1945 and after 1948 she moved to Oporto.

She started writing at the age of 16 and in 1950 she published her first novel, Mundo Fechado. In 1952 her talent was recognized with the award Delfim de Guimarães, for her book Sibila, which also received the award Eça de Queirós the next year.

In 1958, she gave her first steps in theatre, writing the play O inseparável.

Between 1986 and 1987 she was the director of the diary O Primeiro de Janeiro in Oporto. Between 1990 and 1993 she was the director of D.Maria II Theatre in Lisbon and a member of the Alta Autoridade para a Comunicação Social.

She is a member of the Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres in Paris, of the Academia Brasileira de Letras and the Academia das Ciências de Lisboa, being also recognized at Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) and degree of "Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres", given by the French government (1989).

Various works have been translated in various countries and some were adapted to the cinema, such as Francisca, Vale Abraão and As Terras de Risco by Manoel de Oliveira. Her novel As Fúrias was adapted to the theatre by Filipe La Féria.

At the age of 81, Agustina Bessa-Luís received the Camões Award, considered the most important portuguese award.

Agustina Bessa-Luís nació en Vila Meã (Amarante, Portugal) en 1922, de madre española y padre portugués. Es miembro de la Academia Europea de las Ciencias, las Artes y las Letras de París, de la Academia Brasileña de las Letras y de la Academia de las Ciencias de Lisboa. Sus numerosos libros le han valido las más importantes distinciones, como la de Santiago da Espada (1980), la Medalla de Honor de la Ciudad de Oporto (1988) o el grado de Oficial de la Orden de las Artes y las Letras del gobierno francés (1989). En 2004 recibió el galardón literario más importante en lengua portuguesa, el Premio Camôes.

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78 (4%)
Displaying 1 - 30 of 145 reviews
Profile Image for Luís.
2,332 reviews1,262 followers
December 12, 2023
Agustina Bessa-Luís is one of Portugal's most significant modern and contemporary literature revelations. Sibila, a 1954 novel received with enthusiasm by critics, became the starting point for an extensive work focused on universal themes simultaneously part of the strands of Portuguese nationalism and regionalism. In A Sibila, the author perfectly matches the past and present times, putting doubts, anxieties, and the most substantial problems determining the rigidity of characters that emerge in a typically regional agricultural space—in terms of intrigue, reconstructing the Teixeira family's trajectory and secular home moves from decay/ruin to a grand/triumphal resurgence. Located in northern Portugal, Vessada's house is the primary reason for recording situations between the walls and in the house's vicinity. The conditions experienced and described gradually reveal the closed universe's value system. At the same time, they show the worldview of the men and women who inhabit this universe, notably from a force that emanated from the feminine side under the management of substantial and fearless women capable of fighting to rebuild their heritage. The woman's power of command is revealed and becomes effective after a house fire. Quina (Joaquina Augusta) highlights the female clan, Germa (Germana), her heir, who serves as a bridge to the future. Quina bequeaths Germa his continuity (inheritance) when he dies because there is a coincidence in the state of equilibrium in both. They are a kind of Sibyl, holding secret powers, "something that goes beyond the human."
Profile Image for Célia Loureiro.
Author 27 books939 followers
May 3, 2025
De vez em quando, acontece-me ler um livro no qual perco o pé. Em relação a “Sibila”, de Agustina Bessa-Luís, julguei-me na iminência de me afogar. A cerca de setenta páginas do fim (é um livro pequeno, de 248 páginas) recuperei esse pé, e tornou-se um gosto nadar por estas águas. Perguntei-me, inclusive, o que se terá passado nas restantes páginas para que lhes tivesse tamanho alheamento.

Próximo do fim identifiquei o factor em falta n. 1 - a convergência, a eminência de uma revelação, uma história com a estrutura “habitual” (facilitada, vá), do género 1. problema 2. tentativa de resolução 3. solução! Neste livro estende-se sim a narração da vida de uma família do Minho - penso que seja o Minho, devido a alguns elementos culturais que identifiquei - vinho verde e filigrana entre os mais óbvios. Mas sem um problema, um mistério, um segredo por desenvolver. É um simples (not so simple, though) relato de algumas gerações cujas vivências se deram sob o mesmo tecto. É esse o principal fio da meada, no livro - a casa da Vessada, como nenhum outro. Dando por mim a apreciar finalmente o livro - logo quando estava prestes a findar-se, identifiquei o factor em falta n. 2, o que me impediu de segui-lo com sofreguidão desde o início: não é uma história de amor, não há, tãopouco, amor em lado algum. Não há, nesta obra, qualquer vestígio de amor romântico. É um relato um pouco cru dos afectos, como se estes estivessem sempre suspensos da utilidade que nos possam ter, do quanto estamos dispostos a darmos de nós, do que somos e do que queremos que os outros pensem que somos. Há amor, sim, mas um amor conturbado, ora devoto, ora despeitoso, ora amargurado por ser amor, ora orgulhoso de não ser outra coisa qualquer. Deixem-me tentar explicar-me melhor, num discurso bem mais básico do que o da mestria fluida de Agustina.

O livro tem dois marcos temporais - que eu tenha identificado - o ano de recuperação da casa da Vessada, 1870, e a Implantação da República, porque desaparecem dos carros (a tracção animal) os brasões. Fora isto, o tempo é algo demolidor, transversal, algo que mescla todos e que não discrimina ninguém.

A história não tem um elo de ligação muito acentuado. A passagem temporal é algo ténue, é contada como que algo percepcionável. Isto é, ora a pessoa se sente nova - e todos ao seu redor são jovens, ora a pessoa ainda se sente nova e enérgica, mas todos ao seu redor já são velhos, ora a pessoa já está velha e acabada e os restantes lhe parecem mais fortes. A casa sofre algumas fases que acompanham o vigor de Quina, a personagem principal. Primeiro é totalmente destruída por um fogo, gravando-se em seguida o ano de 1870 na varanda. Em seguida Quina nasce, a propriedade começa a recuperar-se e a prosperar discretamente. Quina atinge a juventude com mais vitalidade que a mãe e, tendo o pai falecido, assume naturalmente o rumo da propriedade; impõe-se-lhe. É nesta época que, pressupostamente, se encontra mais aguçada a sua capacidade de “sibila”, de vidente, de mulher do oculto, das intuições nas entrelinhas da vida. Mas confesso que de vidente não lhe vi muito. Se calhar procurei literalmente esse dom quando, na realidade, se trata de mexeriquice de vizinhos, de cegos perante um elemento que vê. Penso que o seu condão de bruxa é apenas a sua inteligência límpida por entre tolos, o seu conhecimento do outro que a faz sobrepôr-se-lhe, conduzi-lo, extrair-lhe o que pretende.

Em Quina denoto uma certa pretensão, um certo desejo preemente de ser diferente dos outros, mais sensitiva, procurada para conselhos e rumos, livre para proferir desmandos. No fundo, ela quer ser mais do que um adereço, dois braços, suor, num mundo de homens, e vale-se assim daquilo que é temido - em certas épocas combatido, noutras tolerado com o respeito do receio - nas mulheres; o sexto sentido, a adivinhação, a sensibilidade para prever desfechos, a esperteza feminina equiparada a feitiçaria. Nunca a vi a fazer mais do que umas rezas aos vizinhos, mas estes próprios a apelidam de “sibila”, e ela gosta disso. Com o amadurecimento, contudo, passa da vaidade à quase apatia. Torna-se mais humilde, passa a reconhecer valores - como a simplicidade forçada de quem vive bem mas não quer ostentar - que outrora lhe causavam espécie.

Uma das minhas personagens favoritas é Custódio. Lembrou-me o Heathcliff de O Monte dos Vendavaiss. Aliás, muito deste livro me recordou o Monte dos Vendavais, mas enquanto em "A Sibila" a natureza humana se agita nos sobressaltos da vida, na obra-prima de Emily Brontë agita-se nas incongruências do amor.

Quando se aproxima do fim – para mim, mera leitora – torna-se mais fácil de compreender, embora continue a primar pela complexidade. Que princípios moveram, afinal, esta personagem, esta Quina? O que, na vida, lhe foi mais importante? Apesar da sua luta por se impor, por ser diferente sem no entanto ofender, a que convenções é incapaz de fugir?

“A Sibila” é um romance complexo, difícil de digerir. Tive alguma ajuda ao adquiri-lo na edição da Guimarães Editores em segunda mão, porque todas as palavras difíceis (que são aí cinco por página) vinham sublinhadas e com a respectiva definição na margem, o que me permitiu lê-lo em três semanas em vez de três meses. Arrastou-se sempre, contudo, a impressão perturbadora de não compreender a totalidade do que estava perante os meus olhos.

Penso que um dia o lerei de novo - com a atenção sobre-humana que dediquei às últimas dezenas de páginas -, porque é-me sempre precioso ver uma mulher erguer-se, com os seus defeitos e fraquezas inerentes, e vingar num meio de homens.

Voltarei, sim, a ler Agustina Bessa-Luís, quase certa de que encontrarei a mesma perspicácia, a mesma profundidade humana, em qualquer outro dos seus romances.
Profile Image for Nelson Zagalo.
Author 14 books456 followers
February 11, 2019
As primeiras páginas, de "A Sibila" (1954), desanimam a leitura, não parece um livro escrito em pleno século XX, recorda a escrita entrelaçada do início do século XIX que colada à ruralidade nacional apela inevitavelmente a Almeida Garrett. Cada frase surge trabalhada num detalhe e labor minuciosos, que provocam uma quebra na leitura, não apenas porque exigem foco e atenção, mas porque clamam sobre si importância e isolamento do todo. Eduardo Lourenço falou em neo-romantismo [1], tendi a concordar, já que se socorre da forma romântica de sobrecarregar as descrições com detalhe, impedindo o acesso imediato ao que se conta, mas fá-lo numa dimensão de atualidade, ainda que sobre uma realidade rural. Por isso senti que existia aqui algo distinto, não se tratava de mero romantismo, nem neo-romantismo, daí a dificuldade que a crítica tem tido no rotular da obra [2]. Repare-se como em oposição, Vitorino Nemésio com “Mau tempo no Canal” (1944), apenas uma década antes e também colado ao romantismo do século anterior, não se consegue desprender dos seus “tiques”, deslumbrando-se com a sua poética, da qual Agustina claramente se afasta. Não que me surpreenda, Nemésio foi um académico que escreveu um único romance, experimentou o modelo que tanto estudou, já Agustina é uma escritora que escreveria mais de cinquenta, em busca do definir da sua própria voz.

[imagem]
https://virtual-illusion.blogspot.com...

Agustina quebra propositadamente a fluidez do contar de histórias, obrigando a uma leitura racional em vez de emocional. Agustina nunca embeleza o texto, nem o ritmo, nunca procura a emoção do leitor, que é aquilo que Nemésio tanto objetiva, a marca impressiva de todo o Romantismo, no entanto tendo em conta o virtuosismo da escrita da autora, isso estava claramente ao seu alcance. Por outro lado, essa quebra criada não almeja à mera subversão narrativa, Agustina não destrói sentido, não fragmenta o fio narrativo nem nodifica os seus personagens, apesar de buscar a racionalidade tão cara ao modernismo. No entanto, os seus personagens são psicologicamente povoados, o realismo está presente com todo o seu savoir faire. Ou seja, Agustina constrói uma mescla entre romantismo, usando os largos caudais de detalhe, o modernismo, afastando o sentimento de cena, e o realismo, por via da ciência do sentir humano.

Sinopse:“No norte de Portugal, em finais do século xix, na propriedade da Vessada, há já muito tempo que são as mulheres que, perante a indolência e os sonhos de evasão que os homens alimentam, asseguram como podem a gestão da propriedade. Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desde cedo participava nos trabalhos do campo ao lado dos trabalhadores. Com a morte do pai, com a propriedade quase em abandono, Quina passa a ter que ter uma ainda maior responsabilidade na administração da mesma. Graças ao seu esforço a todos os níveis, começa a acumular de novo a riqueza que seu pai desperdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade. Quina era uma pessoa lúcida, astuta e sempre em demandas, o que faz com que esta se torne conhecida por Sibila…”

Temos então uma obra distinta, não admira o reconhecimento imediato por parte da comunidade de escritores e críticos portugueses. Contudo, nada disto torna o texto mais fácil. É uma leitura que requer atenção e dedicação. Sendo um livro pequeno, 250 páginas, acaba consumindo-nos tanto como um livro com o dobro das páginas. Acredito que se avisado, o leitor consiga dele extrair tudo o que tem para dar. Nesse sentido, é um excelente livro para trabalhar na escola, ainda que apenas nos anos finais do liceu, ou primeiros anos universitários, dada a exigência. Para os que defendem que a leitura deve ser apenas prazerosa, e que estes livros afastam os alunos da escola e da leitura, recordo que no caso de quem segue as ciências — foi o meu caso — ninguém defende que o cálculo da derivada de uma função matemática ou da energia cinética na Física, devem ser prazerosas. A escrita é um processo, é um labor, e como tal deve ser estudada e compreendida nas suas diversas possibilidades, nomeadamente naquelas que o estudante sozinho tenderia a desconsiderar.

Para os mais impacientes, posso dizer que a primeira parte é mais descritiva, típica do início do realismo, quase naturalismo, com Agustina a contextualizar todo o porvir da protagonista, Quina, o seu ecossistema — espacial, familiar e condições psicológicas. Muitas personagens são introduzidas, cada uma com os seus detalhes, o que provoca algum desespero, e quase me fez desistir do livro, por o considerar arcaico. No entanto, a meio do livro Quina, a Sibilia de Agustina, assume o centro da narrativa e o grande conflito apresenta-se, conduzindo daí em diante o enredo até à moral final da obra. Se na primeira parte o arcaísmo era mais aparente, na segunda parte compreendemos que esta não é uma obra qualquer, a densidade do que se apresenta é fruto da forma de escrever única [3]. O que se conta não é extraordinário, mas o modo como se conta é singular, e por isso Agustina Bessa-Luís será sempre uma das grandes vozes das letras nacionais.

Referências
[1] “Agustina Bessa-Luís ou o neo-romantismo”, Colóquio. Revista de Artes e Letras , nº 26, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Dezembro de 1963, pp. 43-52 (CS), http://coloquio.gulbenkian.pt/al/siri...
[2] A Sibila, de Agustina Bessa-Luís, in PasseiWeb, https://www.passeiweb.com/estudos/liv...
[3] A Sibila, de Agustina Bessa-Luís, in RTP Ensina, http://ensina.rtp.pt/artigo/a-sibila-...


Publicado no VI: https://virtual-illusion.blogspot.com...
Profile Image for Cláudia Azevedo.
382 reviews202 followers
Read
June 22, 2019
Não desgostei tanto como previra e não gostei tanto quanto alguns vaticinaram.
Já tinha lido este livro na escola, há 30 anos, e não me tinha agradado. Agora entendo a razão. A escrita é bela, de forma espaçada, mas é também caótica e tortuosa na sua estrutura. As palavras caras parecem forçadas nesta novela sobre uma certa burguesia portuguesa, devota das terras e arredada das letras, que tão bem conheço. Deixa um travo amargo.

"Quina? No fundo, o seu misticismo era humanista; era ainda uma revolta, a rebelião audaciosa e admirável da sua ignorância. Ela era, de resto, a mais profunda e inegável expressão do humano."
Profile Image for Margarida Galante.
439 reviews39 followers
November 23, 2023
Este livro e esta autora estavam há muito na minha lista de leituras, mas confesso que tinha algum receio. A escrita é elaborada, com frases longas, termos antigos e regionais, muitos já em desuso. Não é uma leitura fluída nem fácil.

No entanto, fui surpreendida, pois fiquei imediatamente presa à história e às personagens. Passa-se num ambiente rural, na primeira metade do século XX, e as personagens vão surgindo no relato em várias dimensões, com qualidades e defeitos, com realismo. É uma história em que as mulheres são as protagonistas, e algumas delas são inesquecíveis, com destaque para Quina, mas também, em menor grau, para Maria e Gema.

A ruralidade, os usos e costumes, certos termos rurais, e alguns traços da personalidade de Quina e da sua mãe, lembraram-me as minhas avós e momentos da minha infância na aldeia dos meus pais.

Gosto muito quando um livro me surpreende desta maneira.
Profile Image for Elena.
235 reviews115 followers
December 14, 2021
Con "La sibila" de Agustina Bessa-Luís alcanzo mi lectura 50 del año, todo un récord en mi vida lectora.

Tenemos a una familia adinerada de finales del s. XIX que vive en la casa de la Vessada, ubicada en un pequeño pueblo del norte de Portugal. El patriarca es el típico mujeriego vividor que no pega un palo al agua mientras que las mujeres cargan con toda la responsabilidad. La primera parte de la novela es más descriptiva. El entorno rural, con sus supersticiones y cultura, y las relaciones entre las clases sociales están perfectamente trazadas. Desde el presente, con la más joven de las mujeres de la familia, se introducen multitud de personajes del pasado, retratados en su psicología con un virtuosismo que ha dejado sobrecogida (pero también desesperada en algún momento) a esta lectora en permanente construcción. Hay que ser muy inteligente y buena escritora para entrelazar con una fluidez pasmosa tal cantidad de vidas cruzadas. Hasta que finalmente, Quina, la sibila de Agustina asume el protagonismo del libro. Una mujer independiente, fuerte y soltera que, fiel a sus principios, se hará con el control de la casa familiar y dedicará su vida a acumular dinero. Simplificando al extremo el comentario porque la complejidad del personaje da para relectura y club de lectura y veladas junto al rescoldo y... Y si por si todo esto fuera poco, Agustina preña el texto de pensamientos y reflexiones que añaden otra capa más de complejidad donde quedarse a retozar. Imágenes poderosos y evocadoras se suceden a lo largo de la novela que alcanza su cénit en la descripción inolvidable de las últimas horas de Quina. Un regusto amargo y mágico difícil de olvidar. Y el texto se cierra, otra vez en el presente, con la joven Germa balanceándose en la vieja silla del hogar.

No estamos delante de una obra cualquiera, su densidad es fruto de una forma única de escribir. Donde cada frase está trabajadísima y encaja en un engranaje perfecto. La escritura es bella, seca y lírica. Elaboradísima. Una novela compleja y exigente que prácticamente he reservado para el día. Por la noche tenía "El libro del desasosiego" en la mesita. He vuelto a Pessoa con la intención de leer por completo su obra más conocida.


"Entonces Quina creía reposar. Pero a medida que se cerraba la noche y todos los ruidos, como velas sopladas, se apagaban, y quedaba tan solo aquel zumbido que era como el rugir de la vida temporalmente extinguida, sentía una renovación penosa de sus sentidos, le excitaba el agotamiento, y, a través de todo el caos de recuerdos inconscientes que, como alveólos, se abrían en su memoria, pensaba en la muerte."

"Conviene obedecer en particular, pero ser rebelde en general".

Nota 1: Agustina Bessa-Luís tenía treinta y pocos cuando en 1954 se publicó esta obra maestra de las letras portuguesas.

Nota 2: Colaboró con Manoel de Oliveira (seguir viendo sus pelis).
Profile Image for Paulo Hora.
42 reviews12 followers
November 30, 2015
Quando uma escritora estrangeira perguntou a Agustina Bessa-Luís, numa conferência internacional, “a sua obra é assim mais ou menos como o quê? Para me situar...”, esta respondeu-lhe: “É assim mais ou menos como o Dostoievsky.”

E, por muito insolente que possa parecer a afirmação, percebe-se a semelhança: cenários descritos com uma vivacidade fulminante e a natureza humana retratada nos seus aspetos mais íntimos.

Em Síbila não há personagens boas ou más. Há personagens, como todos os seres humanos, com instintos, ao mesmo tempo, bondosos e medonhos. Perante a mesma pessoa surgem sensações de amor e de ódio; de veneração e desprezo. Foi o primeiro livro que li da Agustina - certamente o primeiro de muitos.

“-Quina? No fundo o seu misticismo era humanista: era ainda uma revolta, a rebelião audaciosa e admirável da sua ignorância. Ela era, de resto, a mais profunda e inegável expressão do humano. A vocação para ultrapassar o humano está em todos nós, assim como a tentação para o medícore.”
Profile Image for Kansas.
784 reviews455 followers
March 23, 2023
https://kansasbooks.blogspot.com/2023...

"Era ahora una mujer tan consciente de sus valores que había alcanzado ese supremo estado de libertad que es el de no desear imitar a nadie, ni esperar de nadie ninguna cosa."

Agustina Bessa-Luís…, todavía estoy medio hiperventilado por la inmensidad de esta autora, una escritora para quitarse el sombrero y no solo por lo que cuenta sino por CÓMO lo cuenta. No he leído apenas literatura portuguesa salvo a Eça de Queirós y alguno más, todos hombres, pero también es verdad que Agustina Bessa había estado bastante escondida, una invisiblidad que aquí en España Athenaica Ediciones se ha encargado de zanjar y les reconozco el mérito porque no es una autora fácil para adentrarse en ella. A priori hay que dedicarse plenamente a ella, a su prosa, a ese estilo tan particular, regodearse en sus párrafos, con pausas, de frases repensadas con mucha más chicha de lo aparenta a simple vista. Párrafos que hay que releer por la lectura entrelíneas, por cómo cuestiona ciertos estereotipos de la época desde su entorno más íntimo, sin grandes algarabías, desde dentro, desde la vida rural y doméstica donde mujeres fuertes se enfrentan a este día a día sin sentimentalismos…, en definitiva, una autora extraordinaria e inolvidable que me ha presentado a personajes femeninos llenos de matices, algo nada común en la literatura de la época.

"El equilibrio era casi, para aquellas mujeres, una forma de genio; y lo que las hizo siempre tan originales, ya que el equilibrio entre los nervios y la razón es lo que hay de menos vulgar en las criaturas humanas."

Joaquina Augusta, "La Sibila", conocida como Quina, es la dueña y señora de la casa de Vessadas y aunque hay varias mujeres en esta novela, es ella Quina, la Sibila el hilo conductor de una historia donde veremos como Agustina Bessa-Luís nos presenta a mujeres que en apariencia parecían sometidas y sin embargo, se puede decir que ese sometimiento era totalmente engañoso porque, en este mundo rural, si no eras una mujer empoderada, fuerte e indomable era difícil sobrevivir ("...porque los nombres de las casas se transmiten por los hijos varones, pero sus costumbres son herencia de mujeres.") así que mientras leía esta novela soberbia me encontraba pensando más de una vez en el ríete-tú-de-las-mujeres-empoderadas-de-este-siglo-XXI en comparación a estas mujeres de la raza galaico-portuguesa que nos presenta Agustina Bessa. Son muchos los personajes que van surgiendo en esta novela, pero la fuerza está sobre todo en los personajes femeninos, porque aunque ellas estén encerradas en el hogar, en el campo, no por ello no significa que no ejerzan un poder subterráneo.

"El contacto opresivo con los problemas radicales de la vida la había moldeado desde la infancia, la había hecho madurar deprisa, la había vuelto incapaz de divertirse con aquellas cándidas muchachas a quienes el bienestar retardaba, prolongándoles los tiempos infantiles."

No se puede decir que esta novela tenga un argumento definido, su argumento es la vida misma que nos narra Agustina a través de Quina desde su infancia en la casa de Vessadas y a través de ella iremos percibiendo que aunque hay hombres en la familia, será Quina, la Sibila, la que irá controlando el destino de la familia. Puede parecer en algún momento que ciertas ideas no están desarrolladas, sobre todo las relativas a la forma en que Quina menosprecia la sumisión de cierto género femenino cuando apuestan por el matrimonio, pero vuelve a ser una impresión engañosa porque toda la novela en sí misma es un continuo análisis de cómo la mayoría de estas mujeres se vieron forzadas a hacer sus elecciones. También es cierto que la lectura de la Sibila puede suponer hasta una experiencia casi metafisica porque durante la lectura noté que se difuminaba esa linea del tiempo e incluso del espacio físico… porque se tiene la impresión de una historia situada en cualquier época o en cualquier lugar. Y Agustina ahonda tanto en la psicología de sus personajes, que hay momentos en el que la historia parece que no avance y sin embargo, como el fluir de la vida, avanza continuamente casi sin que nos demos cuenta.

"Amadas, sirviendo a sus señores, llenas de un mimo doméstico e inconsecuente, convertidas en abyectas a costa de serles negada la responsabilidad, usando el amor con instinto de ganancia, parásitas del hombre y no compañeras."

Por este motivo, advierto que no se puede leer a Agustina Bessa-Luís deprisa y corriendo, avanzando en la trama, sino que lo mejor es dejarse llevar sin dejar de disfrutar de sus disgresiones en torno a la naturaleza humana. Regodearse en momentos en los que se detiene por ejemplo, en un personaje fascinante como es la condesa de Monteros, con sus luces y sus sombras, o cuando la misma Quina, con su agudeza habitual, sirve como una especie de puente entre los roles de género tan marcados: en Quina se aúna tanto la intuición femenina como ese empoderamiento que hasta ahora solo lo habían ejercido los hombres. Una novela profundamente universal donde la prosa de Agustina Bessa-Luís tiene la misma fuerza de sus mujeres. Una joya.

Y de nuevo (y una vez más), graciasss @Hyp, por esta recomendación, sublime.

"¿Qué había sido la vida de Quina sino un constante combate en la oscuridad? ¿Qué había hecho ella sino aspirar a ser diferente de los demás, sosteniendo, para eso, la más ardua y humana de las batallas?"
Profile Image for Márcio.
657 reviews1 follower
April 24, 2023
Por vezes penso que nós, leitores, temos certa espectativa de encontrar entre nossas leituras livros que vão além da obra em si, que nos tocam de uma forma rara e que permanecem em nossas memórias. A sibila, da portuguesa Agustina Bessa-Luís, é um desses livros e ao finalizar sua leitura só conseguia pensar: "que livro!", "mas que livro!" E ainda uma terceira vez: "que preciosidade de livro".

– Há uma data na varanda desta sala – disse Germana – que lembra a época em que a casa se reconstruiu. Um incêndio, por alturas de 1870, reduziu a ruínas toda a estrutura primitiva.

Em A sibila, percorremos cerca de um século, de 1850 a 1950, em que quase toda a história tem suas raízes na propriedade de Francisco Teixeira, onde se localizava a casa da Vessada, reconstruída em 1870 após a casa ter sido totalmente destruída por um incêndio. Joaquina Augusta (Quina), a segunda filha do casal Franciso e Maria, é a força narrativa da história, a sibila, pois enfermiça desde pequena, cai gravemente doente, já próxima à adolescência, e após um ano de prostração, de rezas e de frases com um fundo místico, recupera-se e passa a ser conhecida como a sibila, aquela que possui um conhecimento profundo da humanidade.

No entanto, não se deve confundir força narrativa, com a suposta narradora, que está mais próxima de se efeixar em Gemma (Germana), sobrinha de Quina.

E, no entanto, Quina é tão humana e, portanto, também mesquinha, vil, orgulhosa como qualquer um ao seu redor, num mundo em que o poder é uma arma fortíssima; não o poder real, mas o poder traduzido no controle de si e dos outros ao seu redor. Quina guia sua vida e de todos ao seu redor com mãos de ferro, mas no fundo também sente a falta de amor, embora não saiba ou tenha desaprendido a demonstrar amor ou afeto. É por ser tão humana e tão falha, que Quina se torna uma personagem que para mim é magistral. Assim como a mim, a construção de Custódio/Emílio também foi tocante.

Agustina Bessa-Luis utiliza-se de uma linguagem e de vocabulário que, em muitos casos, já caiu em desuso e por vezes é, ou foi, restrito à certas regiões de Portugal. Pareceu-me uma reconstrução, como o fez Guimarães Rosa, nomeadamente em seu Grande Sertão Veredas. Apesar disso, com a ajuda de um dicionário, e na recordação de palavras trazidas pelos imigrantes portugueses para o Brasil, a leitura não se mostrou difícil. E com certeza, tanto a linguagem como a opção pela construção narrativa que Bessa-Luís faz, distinta de tudo o que era escrito então, é com certeza uma das grandes forças do livro.

A situação social pareceu-me, assim como em boa parte do mundo interiorano no mundo inteiro, quase semi-feudal, com uma aristocracia em franca decadência, e uma burguesia que tenta se firmar e se projetar.

Tenho noção de que Bessa-Luís foi criticada por não dar uma voz à altura de suas personagens femininas, quase sempre subjulgadas ao poderio masculino, e muitas vezes optando por exercer um poder tão igual quando podem. Mas trata-se de uma peça com fundo histórico, não penso que poderia ser diferente, não se trata aqui de criar um mundo de heroínas ou heróis, mas de seres humanos que passam pela vida, na luta diária pela sobrevivência, em que não existe quase sentimento de piedade, mas no qual a cobiça é guia. Não se trata de um E o Vento Levou (de Margaret Mitchell), mas de uma obra de alcance que ultrapassa os limites de um só país, pois que a mim ela é universal.

É uma obra magistral e que se tornou uma obra de referência!

É esta a mais grandiosa história dos homens, a de tudo o que estremece, sonha, espera e tenta, sob a carapaça da sua consciência, sob a pele, sob os nervos, sob os dias felizes e monótonos, os desejos concretos, a banalidade que escorre das suas vidas, os seus crimes e as suas redenções, as suas vítimas e os seus algozes, a concordância dos seus sentidos com a sua moral. Tudo o que vivemos nos faz inimigos, estranhos, incapazes de fraternidade. Mas o que fica irrealizado, sombrio, vencido, dentro da alma mais mesquinha e apagada, é o bastante para irmanar esta semente humana cujos triunfos mais maravilhosos jamais se igualam com o que, em nós mesmos, ficará para sempre renúncia, desespero e vaga vibração. O mais veemente dos vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol, para viver um dia mais, equivalem-se, não como valores de aptidões ou de razão, não talvez como sentido metafísico ou direito abstracto, mas pelo que em si é a atormentada continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase esperança sem nome.
Profile Image for Marta Clemente.
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November 14, 2023
Nunca me tinha aventurado nesta leitura e acho que o fiz no momento certo.
A forma como Agustina nos conta a vida de Quina, a forma como vai encadeado narrativas e personagens encantou-me. O tipo de português usado, apesar de não facilitar a leitura, enriquece-a muito mais!
Inesquecível!
Profile Image for SilviaG.
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December 16, 2019
Este libro, "La sibila", podría decirse que es uno de los que más me ha costado leer en este año 2019. Y no es porque no me haya gustado (que si que lo ha hecho, y mucho) sino porque ha requerido toda mi atención y concentración.
La autora, Agustina Bessa-Luis, es una de las escritoras portuguesas más reconocidas e importantes del siglo XX . Poco conocida en nuestro pais, ha sido para mi, todo un descubrimiento.
Su prosa es muy elaborada, con un vocabulario rico y con una narrativa densa. Los personajes de la obra está muy definidos, con caracteres propios y una forma de actuar distintiva.
En este libro, nos narra la vida de la protagonista (Quina, también llamada "La sibila") desde su nacimiento hasta su muerte, a lo largo de todo el siglo XX. Y hablar de Quina, es hacerlo de toda su familia, de sus idas y venidas, de sus intrigas y conspiraciones.
Es ella la que se ha quedado con la casa familiar de Vessada, ubicada en un pequeño pueblo en el norte de Portugal. La que con su tenacidad, independencia, saber hacer e integridad, ha conseguido salvar el patrimonio familiar, y e incluso, aumentarlo. Todo ello siendo ella misma, sin seguir las normas que la sociedad ha impuesto para una mujer de sus tiempos, y sin sucumbir a las presiones de su entorno.
La autora hace un gran trabajo de descripción del mundo rural del momento, de sus supersticiones, su cultura y las relaciones entre las clases sociales.
En palabras de Carmen Martin Gaite: "es una novela que enlaza con la epopeya rural, con el tema de las mujeres aparentemente sometidas pero indomables y valientes de la raza galaico-portuguesa, con lo misterioso, lo antiguo y lo sagrado de cualquier tiempo y cualquier país."
Profile Image for diario_de_um_leitor_pjv .
747 reviews126 followers
September 5, 2022
25 anos depois reli. Que processo maravilhoso foi esta leitura.
O quanto me conquista a escrita de Agustina. O quanto sinto que tenho perdido por conhecer tão pouco a sua obra.
O quanto amei a personagem Quina. Que mulher poderosa. Aqui entre nós. Recordei uma velhinha da minha aldeia...
Profile Image for Ana.
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June 2, 2008
Este foi o 1º livro de sucesso da Agustina e tb. o 1º que eu li dela. Fez-me lembrar muito o universo dos "Cem anos de Solidão" do Gabriel Garcia Marquez, mas numa versão mais feminina e portuguesa. Muito bom.
Profile Image for Sara Jesus.
1,604 reviews119 followers
September 19, 2019
Siblia era uma profetiza na Antiguidade Clássica. Um grupo de mulheres que se reuniam no Oráculo dos Delfos para aconselharem pessoas poderosas. Grandes reis pediam conselhos as Siblias de modo a evitar grandes tragédias.

Neste livro de Bessa Luís, a Sibilia toma forma de duas mulheres de gerações diferentes. A primeira é Quina, uma mulher independente que consegue fortuna sem nenhum homem as suas costas. As pessoas a chamam Sibilia e pedem conselho para as suas angústias. A segunda é Germa, uma mulher com mente aristocrata que desde cedo diferenciou-se das outras.

Esta obra é feita maioritariamente de mulheres, sendo raras as intervenções masculinas. As figuras masculinas mais marcantes são Francisco (pai de Quina e seu grande amigo), Abel ( amigo íntimo de Quina) e Custódio ( grande paixão da Sibilia, mas vista por ele como uma mãe).

É um livro de amores, desamores, de vida e morte. Uma conexão mística. Um romance de laços e enlaces!
Profile Image for Susana.
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February 11, 2019
Não gosto de desistir dum livro. Sobretudo dum livro que recebeu prémios, duma autora portuguesa conceituada, de quem ainda não tinha lido nenhuma obra.

Tenho, até, alguma dificuldade em perceber - e explicar - duma forma objectiva as razões pelas quais decidi deixá-lo, já quase a meio.

A escrita é, em geral, boa, rica e elaborada, com muitas palavras "difíceis". Isto normalmente não me assusta nem desanima, mas depois de passar as primeiras 100 páginas a reler várias vezes algumas frases que permaneceram incompreensíveis (exemplos nos updates) e a ter a sensação de que a autora terá ido procurar ao dicionário palavras menos comuns para dar um ar erudito à sua prosa, achei que não valia o esforço.

Outra coisa que não gostei foi a falta duma história propriamente dita. São-nos apresentados inúmeros personagens, que giram à volta da protagonista, Quina (a dita "sibila"), a maioria familiares desta, e sobre os quais se contam episódios (mais ou) menos interessantes mas que nunca chegaram a ser suficientemente desenvolvidos para me prenderem a atenção.

O único personagem que me inspirou alguma simpatia foi Francisco Teixeira, o pai de Quina - não chegou...
Profile Image for Adriana Scarpin.
1,697 reviews
June 11, 2019
Em honra de Agustina Bessa-Luís (1922 - 2019)

Confesso que nunca havia lido Bessa-Luís, estava mais do que na hora de sanar esse delito, embora a conhecesse das colaborações frutíferas no cinema com Manuel de Oliveira, das quais geraram pelo menos duas obras-prima: Francisca e Vale Abraão.
Escrito nos anos 50, A Sibila conta a estória de uma mulher forte da primeira metade do século XX, solteira a vida toda, reergueu a fortuna da família sozinha, o que dá um tom todo especial à quebra de estereótipos de gênero num livro escrito nos anos 50, quando Beauvoir ainda estava começando a ser lida.
Dona de uma prosa escorreita e bem delineada não há sequer uma razão para que não me aprofunde nos escritos da autora, nem que eu refute a marca de ser considerada uma das grandes autoras portuguesas do século XX e que é criminosamente pouco editada no Brasil.
Profile Image for Isabel.
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March 2, 2016
"São os espíritos superficiais que mais crêem nos êxitos retumbantes, nas formulas fáceis para vencer, pois isso lhes lisonjeia a incapacidade e a fraqueza da vontade. Os lances engenhosos, em que se torce a moral para obter um mais rápido efeito, conseguem grande público. Mas a vida, cujas leis são infinitamente mais sóbrias, mais puras do que as dos homens, não os aceita."
Profile Image for Daniel.
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July 10, 2020
Muito se terá escrito, e ao mesmo tempo pouco em relação ao que está ainda por escrever, sobre Agustina e a sua obra, ou A Sibila em particular. Se à maravilha e recordação carinhosa do ambiente da Casa da Vessada da primeira leitura a segunda não tirou o fulgor da novidade, àquelas se juntaram a diversão e a admiração sempre crescente pelo incomparável génio de Agustina e pela sua arte de escrever bem. Porque da primeira vez não me lembro de emergir das páginas do livro para soltar uma gargalhada espontânea; mas então talvez compreendesse pouco do que lia, descrições e personagens familiares com ecos de um passado que um interregno profundo dum curto período de tempo, que é o das gerações recentes, parecia manter a uma distância intransponível, apesar dessa familiaridade. Agora sei que essa distância não existe necessariamente, e o universo d'A Sibila esteve sempre à minha porta, e assim continuará. Porém, o que queria partilhar tem que ver com a surpresa maior desta leitura: que seja possível escrutinar assim uma personagem, que aqui é a de Quina, ao longo de uma vida, expondo todas as suas qualidades e defeitos com um realismo tal que uns e outros se fundem, sendo impossível distingui-los já, reduzindo por vezes a sua essência a uma vaidade que comanda tudo o resto, e mesmo assim não a deixar nunca cair no ridículo, que é um lugar comum da comédia humana na obra de Agustina. Nisto se vê uma admiração profunda pela personagem, talvez mais do que amor, que seria inspirada por uma tia de Agustina, e de quem muito mais tarde, numa entrevista que deu em sua casa, uma das várias casas que Agustina habitou, se continua a ver o retrato pendurado sob uma cómoda. Se Orlando de Virginia Woolf foi descrito como a mais longa e encantadora carta de amor da literatura, talvez eu possa tomar a liberdade de descrever A Sibila, de entre os livros que li, como o mais longo e terno epitáfio da literatura, revestindo Quina, ou a tia Amélia, daquela outra imortalidade, que é a que mais importa.
Profile Image for Janete Silva.
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December 27, 2023
Em A Sibila somos transportados para um espaço que é o da ruralidade, algures Entre Douro e Minho, e para um tempo que beira a República até aos anos 50 do mesmo século.

Pelas características da escrita de Agustina esta leitura não conhece pressas. A autora demora-se na caracterização dos espaços e costumes rurais, das dinâmicas familiares, da linguagem, das relações de vizinhança, das condições de vida. Não deixa de lado a caracterização do tempo histórico e político. Expõe preconceitos de género da época. Há lugar para crítica velada. Não sem uma pitada de humor.

Mas demora-se e encanta principalmente na elaboração e construção das personagens. Foi aqui que me conquistou, pela atenção dada à personalidade e aos papéis de género.

É pois um romance de personagens. Personagens profícuas em contradições. Contradições que lhes conferem conteúdo humano. E transversal uma reserva desdenhosa em relação aos homens. O que não significa que seja dirigido um elogio às mulheres.

Algumas mulheres desta família rural são fortes, astutas e aguerridas. Exemplos de empoderamento!
São mulheres com "virtudes de homem". E os homens de caráter duvidoso, boémio e inconsequente.

Sibila. Mulher antecipada, é exemplo de empoderamento feminino. Conforme a vida a vai moldando é movida pelas melhores e pelas piores motivações. Nela se materializam o dinamismo e a multidimensionalidade da personalidade. O altruísmo revela-se egoísta. Encantou-me a sua construção.

Foi com entusiasmo que percebi o caminho
vanguardista que é traçado neste livro. Um caminho de afirmação do papel da mulher. Uma semente de luta.

Somos o resultado do que vivemos e do que sonhamos. Dos afetos que trocamos e do que conquistamos. Somos o resultado do que a vida faz de nós. E principalmente do que fazemos com aquilo que nos acontece.
Profile Image for Tânia.
467 reviews
Want to read
June 24, 2019
https://www.comunidadeculturaearte.co...

https://www1.folha.uol.com.br/colunas...

"Saga que atravessa uma centena de anos de uma família, “A Sibila” é sobretudo uma história de mulheres (os homens são péssimos e secundários) e também um ensaio sobre os pequenos e grandes males da sociedade portuguesa rural. A extraordinária forma de abordar um momento, de descrever uma personagem, de fixar o linguajar camponês escaparam-me nas primeiras tentativas. Mas também não notei o mais impressionante: a maldade, a fraqueza, a tacanhez da maior parte das personagens. “A Sibila” está embebida num pessimismo antropológico que transborda, ou seja, trata-se da tão célebre crueldade de Agustina - a morte é retratada com banalidade e as questões de património vencem quase sempre os dilemas morais. Quina é fraca, pouco inteligente e gananciosa mas astuta; o seu cunhado é tão bera que matou um filho à pancada e deixou outro morrer doente; num mundo regido pela hipocrisia (um mal necessário), Custódio é um tolo sem filtro que diz o que lhe vem à cabeça; Francisco Teixeira era um mulherengo sem redenção; etc, etc, estes são pequenos exemplos do “mal” entranhado naquelas páginas. Os “males” com que se convivia habitualmente, de um ambiente social que a escritora conhecia de forma profunda." In Expresso Curto de 24/06/2019 por Vítor Matos
111 reviews1 follower
July 30, 2025
É um livro para ler com calma. Avancei muito devagar e nem sempre tive paciência para o ler.

O romance gira em torno de Quina, mulher determinada que administra a quinta da familia.
O texto vai-nos apresentando várias personagens, que vamos conhecendo a partir de determinados episódios. Ler "A Sibila" é como fazer uma caminhada. O objetivo não é só chegar à meta, é contemplar os pormenores que nos rodeiam.
Nem sempre foi fácil, reconheço...
Profile Image for Miguel Teles.
30 reviews30 followers
March 4, 2018
O que me cansou lendo Agustina, vendo a Sibila, foi essa arrogante omnisciência de plastrar nos seus aforismos sentenciosos uma visão puramente determinística do homem.

'Mas alguém é culpado de alguma coisa? Canas ao vento, folhas que rolam, flores esmagadas, areias que se dispersam... É-se vencido, chora-se, morre-se, desiste-se; e é terrível ser vencedor."

Esse carpir constante de relatórios psicológicos, ríspidos e secos, desencalorados, deixa pouco ao leitor e dá a ideia de um autor que possui as suas personagens e lhes veda o mistério.

Mas logo vem uma passagem que enleva, uma ternura que contraria o antedito. O que comove é essa contradição como o faz. Ora pejorativa, acusadora, ora mostrando momentos (talvez raros, mas presentes) de pura beleza e ternura, despida, temporariamente dessa racionalidade transversal com que delapida durante todo o romance as suas personagens.
Admitirá, afinal, a Sibila (e Agustina) a sua própria inaptidão para compreender o homem?

‘Estava perfeita no seu cargo de sibila, pois conhecia a alma humana de dentro para fora, o que é talvez prever sempre nela o imprevisível, sem, porém, chegar a compreendê-la.’

É com este saltar o muro de um lado ao outro, esta contradição e incoerência, este constante rodopio entre o julgamento e o compadecimento que se vai fazendo a minha leitura da Sibila. Será também assim a nossa relação com os outros?

E no final, talvez fique uma distância afetiva entre a maneira como a discorre ao longo do romance e a maneira como a afirma nas últimas páginas. Mas a teoria que destila é a da empatia. A de que todos sofremos, sem exceção, e que reconhecer isso é o que nos torna compassivos.
Profile Image for Carolina Bento.
110 reviews7 followers
August 7, 2022
Mesquinha. Avarenta. Orgulhosa. Poderosa. São alguns dos adjetivos que encontro para descrever esta Sibila, uma personagem tão multidimensional que só podia ter sido escrita por uma mulher. Nunca me deparei com uma personagem feminina tão interessante e complexa na literatura portuguesa, para além de uma das escritas mais bonitas (e, por vezes, demasiado difícil) que já li.
Profile Image for Olinda Gil.
Author 20 books37 followers
Read
October 31, 2017
Linguagem apaixonante, como só Agustina sabe escrever
Profile Image for Ruth.
58 reviews
April 9, 2023
Es tan abrumadora su prosa que da para varias relecturas. Y cómo va acumulando historias unas sobre otras a fuerza de detalles y caracterización de los personajes... Es muy fuerte lo de esta novela.
Profile Image for Vasco Silva.
32 reviews3 followers
March 16, 2022
E que bem que escreve Agustina! Há excertos que são totalmente deliciosos pela quantidade de camadas em que Agustina nos decide estratificar (a nós e às personagens). Não estava a adorar o enredo até perceber que não é aí que reside a beleza desta obra. E não tem de ser aí.
Profile Image for Maria.
151 reviews1,028 followers
December 21, 2019
"É esta a mais grandiosa história dos homens, a de tudo o que estremece, sonha, espera e tenta, sob a carapaça da sua consciência, sob a pele, sob os nervos, sob os dias felizes e monótonos, os desejos concretos, a banalidade que escorre das suas vidas, os seus crimes e as suas redenções, as suas vítimas e os seus algozes, a concordância dos seus sentidos com a sua moral. Tudo o que vivemos nos faz inimigos, estranhos, incapazes de fraternidade. Mas o que fica irrealizado, sombrio, vencido dentro da alma mais mesquinha e apagada, é o bastante para irmanar esta semente humana cujos triunfos mais maravilhosos jamais se igualam com o que, em nós mesmos, ficará para sempre renúncia, desespero e vaga vibração. O mais veemente dos vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol para viver um dia mais, equivalem-se, não como valores de aptidões ou de razão, não talvez como sentido metafísico ou direito abstracto, mas pelo que em si é a atormentada continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase esperança sem nome."

O livro foi de difícil leitura para mim até aos últimos capítulos quando me habituei ao seu estilo, mas valeu imenso o esforço e a leitura, é um livro belíssimo. Logo nas primeiras páginas do livro estava super confusa... quem é Germa, Quina, Bernardo? Aos poucos fui entendendo, e depois mergulhei completamente em tudo o que livro oferece, passagens lindas de morrer com muito significado, cheio de lições. Quando no capítulo final percebi que tinha voltado ao primeiro capítulo, foi uma epifania total..

Enfim, aqui está outro livro para reler e reler. Conta a história de vida da sibila, Quina, das suas origens à morte, pela voz da sua descendente, Germa que se apercebe o que é que aquela mulher foi e fez, "o seu profundo conteúdo humano", o que de facto é ser humano e... viver, é do que a autora escreve.
A passagem final do livro:
"Eis Germa, eis a sua vez agora e o tempo de traduzir a voz da sua sibila. Talvez, porém, o seu tempo seja improdutivo e nefasto, e ela fique de facto silenciosa, porque - quem é ela para ser um pouco mais do que Quina e esperar que os tempos novos sejam mais aptos a esclarecer o homem e a trazer-lhe a solução de si próprio?
Talvez ela fique de facto imóvel no seu constante, lento ou vertiginoso baloiçar, na casa que fortuitamente habita, e a sua história fique hermeticamente fechada no círculo de aspirações que não conseguiu detalhar e cumprir, porque aconteceu ser cedo ou ser tarde, porque não se compreende ou não se crê o bastante, porque se deseja demasiado e isto é todo o destino, porque.. porque..."
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