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Ainda Estou Aqui

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Trinta e cinco anos depois de Feliz ano velho, a luta de uma família pela verdade

Eunice Paiva é uma mulher de muitas vidas. Casada com o deputado Rubens Paiva, esteve ao seu lado quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, a seguir torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.

Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento negro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.

296 pages, Paperback

First published August 15, 2015

581 people are currently reading
6742 people want to read

About the author

Marcelo Rubens Paiva

29 books286 followers
Escritor, dramaturgo e jornalista, estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP, freqüentou o mestrado de Teoria Literária da Unicamp e o King Fellow Program da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Publicou cinco romances: Feliz ano velho (1982, Prêmio Jabuti), Blecaute (1986), Uabrari (1990), Bala na agulha (1992) e Não és tu, Brasil (1996). Publicou também o livro de crônicas As Fêmeas (1994). Foi traduzido para o inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e tcheco. Como dramaturgo, escreveu: 525 linhas (1989); O predador entra na sala (1997); Da boca pra fora; e aí, comeu? (1999, Prêmo Shell); Mais-que-imperfeito (2000); Closet Show (2001); e No retrovisor (2002).

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4 stars
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3 stars
517 (9%)
2 stars
60 (1%)
1 star
12 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 729 reviews
Profile Image for Daniel Benevides.
277 reviews40 followers
August 21, 2015
Livro importante, emocionante. Deveria ser lido nas escolas e faculdades. Um antídoto para a ignorância a respeito da ditadura.
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,461 followers
March 31, 2020
Esse foi meu primeiro contato com o autor e, apesar de ter lido muitas críticas positivas, não foi um livro que me agradou tanto (acho que muito vão descordar de mim 😬)! É um livro de memórias... Ao focar na vida de sua mãe, atualmente vítima do Alzheimer, o autor passa por momentos de sua própria infância, pelas circunstâncias do desaparecimento do seu pai, preso político na época da ditadura, e ainda traz outros relatos da época conturbada em que vivia o Brasil. Apesar de o tema tratado ser muito interessante, apresentando ao leitor um cenário fiel da época da didatura, achei a leitura arrastada e cansativa... Não é um livro ruim, tem suas partes boas. Gostei de como o autor retrata o perfil de sua mãe, Eunice, que, a despeito das adversidades, conseguiu - sem fazer o papel de vítima -se reerguer e criar os seus 5 filhos. No entanto, esse foi um daquelas leituras que eu queria acabasse logo... Como já ouvi falar muito bem do autor, ainda tenho vontade de ler Feliz Ano Velho, para ver se mudo um pouco essa impressão que fiquei depois dessa leitura... E para quem ainda não leu, não desanime! Tem muita gente que gostou da obra... leitura é sempre assim, cada um com a sua percepção!

Nota: 6/10

Leia mais resenhas em https://www.instagram.com/book.ster/
Profile Image for Rita da Nova.
Author 4 books4,609 followers
Read
March 20, 2025
«Não pensem, ainda assim, que vos estou a demover de ler o livro, até porque acho que são duas experiências altamente complementares. A minha recomendação, ao contrário do normal, é que vejam primeiro o filme e, depois, venham ao livro procurar mais informações e profundidade em alguns pontos.»

Review completa aqui: https://ritadanova.blogs.sapo.pt/aind....
Profile Image for Fátima Linhares.
932 reviews338 followers
June 30, 2025
Para muitos, meu pai foi um herói que não fugiu à luta. Para ela, deveria, sim, ter seguido para o exílio, quando soube que a família poderia passar pelo que passou. Mas lutou por ele a vida toda. Lutou para descobrir a verdade, para denunciar a tortura, os torturadores.
A doença chegou no ano em que ela ganhou a ação que começou nos anos 80 e obrigava a União a ressarcir o seguro de vida que ela não pôde resgatar, pois não tinha atestado de óbito, e uma pensão por danos morais.


A esta altura do campeonato, já toda a gente sabe ou deve fazer uma ideia do que trata este livro. É uma das vantagens de ter sido adaptado ao cinema e a atriz protagonista ter sido nomeada ao Oscar de melhor atriz principal.

É um relato duro e corajoso do que a ditadura militar brasileira, que foi de 1964 até 1985, fez com as pessoas que consideravam comunistas ou apoiantes do comunismo e inimigas do estado. Do que fez a Rubens Beyrodt Paiva e, consequentemente, à sua família, a mulher e cinco filhos ainda menores.


A ressaca dos seus amigos era menos importante do que a sensação de que a Eunice está bem, está viva, está magra, bonita, bem vestida, está se virando, sem fazer drama, sem reclamar, sem pedir nada. Sua vingança era a cabeça erguida, a pose de quem sabe enfrentar os inimigos.

A "viúva" não ficou a consumir-se em amargura e dor, sentia-as, claro, mas decidiu cursar direito e lutou por justiça, não só para o caso dela, como para o dos povos indígenas. Um relato duro e comovente, mas também cheio de força e coragem.
Profile Image for pauli.
135 reviews
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November 29, 2024
um livro de lembranças, sobre memórias e a falta delas. muito tocante ler o testemunho de marcelo rubens paiva sobre a luta da sua família e que nos presenteou com um lindo filme. tenho que tirar também o chapéu para walter salles que transformou essa obra para o cinema de um jeito muito interessante e delicado. uma ótima escrita que conta com um tom leve, mas forte sobre os horrores vividos durante a ditadura militar, merece todas as recomendações. sem anistia para todos os criminosos envolvidos nessa barbárie e que são capazes de defender a volta de algo assim
Profile Image for Bruna.
92 reviews20 followers
November 20, 2024
Que livro! Emocionante, histórico, simples!
Marcelos Rubens Paiva já tinha me conquistado com Feliz Ano Velho, mas ao ler a história de sua mãe e seu pai - com as ironias do destino - é impossível não se deixar levar e sentir vergonha da história recente do nosso país.
Quase uma leitura obrigatória.
Profile Image for Rita.
904 reviews186 followers
February 1, 2025
A sétima arte tem destas coisas: vai repescar uma história publicada em 2015 e dá-lhe, anos depois, o seu lugar de destaque. Foi isso que aconteceu com Ainda Estou Aqui.

Marcelo Rubens Paiva conta-nos a história da sua mãe, Eunice, do seu pai, Rubens Paiva, mas também a história de um país marcado por uma ditadura militar (1964-1985), instaurada após um golpe militar sob o pretexto de combater o comunismo.

O livro é, ao mesmo tempo, uma biografia, um testemunho e um resgate histórico. Marcelo relata a dor da perda do pai, Rubens Paiva, um ex-deputado sequestrado, torturado e assassinado pelos militares, mas centra-se sobretudo na vida de Eunice, uma mulher que se viu obrigada a reconstruir a sua existência sozinha, enfrentando o silêncio, o medo e a censura do regime.

Com uma escrita envolvente e fluida, MRP alterna entre memória e investigação histórica, e a forma como intercala passado e presente mantém-nos presos à narrativa.
Profile Image for João.
222 reviews45 followers
December 21, 2024
não acabou
tem que acabar
eu quero o fim da policia militar
Profile Image for Cláudia Azevedo.
394 reviews217 followers
May 20, 2025
"Ainda estou aqui" é a frase que Eunice Paiva, mãe do autor do livro e viúva de Rubens Paiva, repete numa fase já avançada da doença de Alzheimer. A obra pode ser considerada uma homenagem a ela, mas sobretudo ao pai, torturado até à morte em 1971.
Durante anos, Ruben Paiva foi apenas mais um dos muitos desaparecidos às mãos de um regime militar ditatorial e sangrento, que se iniciou em 1964 e perdurou até 1985. O corpo nunca apareceu.
"O homicídio foi cometido com o emprego de tortura, consistente na aflição intencional de dores e sofrimentos físicos e mentais agudos a Rubens Paiva, com o fim de intimidá-lo e dele obter informações a respeito dos destinatários de cartas e papéis remetidos por dissidentes exilados no Chile."
No final do livro, são transcritas peças jurídicas que sustentaram um longo processo em nome da descoberta da verdade e da condenação dos culpados.
"O crime foi cometido por motivo torpe, consistente na busca pela preservação do poder usurpado em 1964, mediante violência e uso do aparato estatal para reprimir e eliminar opositores do regime e garantir a impunidade dos autores de homicídios, torturas, sequestros e ocultações de cadáver."
O caso, como refere o filho, em 2014, estava ainda longe de terminar. Confesso que não fui verificar se, legalmente, houve avanços, mas penso que a atribuição do nome de Rubens Paiva a uma série de infraestruturas foi um ato louvável, que permite que as vítimas sejam lembradas pela sua coragem. Na prática, lembramos muito mais os nomes dos opressores, dos ditadores, dos criminosos, dos psicopatas do que os nomes das vítimas. Esta é uma exceção.
Uma nota pessoal: Nasci na Tijuca apenas um ano depois destes acontecimentos. Choca-me, hoje, perceber que tudo isto aconteceu na minha vizinhança, sem que eu tivesse disso noção até muito recentemente. A realidade é, de facto, uma construção.
Profile Image for Nathalie Gonçalves.
165 reviews39 followers
October 11, 2024
“—A tática do desaparecimento político é a mais cruel de todas, pois a vítima permanece viva no dia a dia. Mata-se a vítima e condena-se toda a família a uma tortura psicológica eterna. Fazemos cara de fortes, dizemos que a vida continua, mas não podemos deixar de conviver com esse sentimento de injustiça.”

concluo uma das leituras mais difíceis e bonitas que já fiz com o coração aquecido. “ainda estou aqui” é anunciado como representante do Brasil no Oscar - a adaptação cinematográfica do filme faz enorme sucesso no mundo inteiro. a morte de Rubens e o recomeço de Eunice se tornaram eternos.
Marcelo Rubens Paiva escreve de maneira que beira o maravilhoso. é simples, sutil e forte. é doloroso. é cruel. é tanta coisa!
é um romance, um livro de história, um documento, um retrato não só da época mais sombria do país, como também de uma família que tentava recomeçar, apesar das tentativas de silenciamento, apesar das lágrimas e dos sorrisos reprimidos.

“Minha mãe viva negava a mentira criada. O entra e sai era tamanho, que ela não tinha tempo para futilidades. Eu tinha, sim, ódio dos militares. Do poder. No entanto, assistir à atuação dela me ensinou a não alimentar revanchismos. Ao invés de se fazer de vítima, ela falava de um contexto maior, entendia a conjuntura do continente, sabia ser parte de uma luta ideológica. Era mais uma Maria (Maria Eunice), cantada por Elis Regina em “O bêbado e a equilibrista” (“choram Marias e Clarisses, no solo do Brasil...”). Nunca se deixou cair no pieguismo, não perdeu o controle diante das câmeras, nem vestiu uma camiseta com o rosto do marido desaparecido. Não culpou esse ou aquele, mas o todo. Não temeu pela vida. Lutou com palavras.”
Profile Image for Margarida Galante.
463 reviews41 followers
February 2, 2025
Este é um livro de memórias e sobre a memória. As memórias de Marcelo, da sua infância feliz em família e da forma como o desaparecimento do seu pai marcou a história da família Paiva. Mas é também uma homenagem à memória do seu pai, Rubens Paiva, e da sua mãe, Eunice Paiva. É um livro muito pessoal mas, ao mesmo tempo, importante para a História do Brasil, para lembrar as atrocidades da ditadura.

Em janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado pela polícia militar para um interrogatório e nunca mais voltou. A sua mulher e os seus cinco filhos, ainda crianças e adolescentes, foram confrontados com a dor e a incógnita do seu desaparecimento. Só em 1996, 25 anos depois, é que foi emitida a certidão de óbito de Rubens Paiva.

Eunice foi uma mulher extraordinária que teve que se reinventar e criar sozinha os seus filhos, enfrentando o medo, o silêncio e a repressão, numa sociedade que viveu em ditadura militar até 1985.
Tornou-se advogada, lutou pela defesa dos povos indígenas, lutou para que os carrascos do seu marido e de tantas outras vítimas fossem julgados. Nunca deixou que o seu caso pessoal se tornasse único, lembrando sempre que houve muitos outros mortos. Lutou contra a impunidade e o esquecimento, sendo cruelmente irónica a doença que a atingiu nos anos finais da sua vida.

A adaptação para o cinema dá agora uma maior visibilidade a esta história. O filme "Ainda Estou Aqui", realizado por Walter Salles, tem menos camadas do que o livro, mas é uma excelente adaptação da história de Eunice e Rubens Paiva. O sucesso que tem vindo a ter é merecido, quer pelas interpretações, com destaque para a fabulosa Fernanda Torres, quer pela forma escolhida para contar esta história.

Recomendo ambos 📚 🎬
Profile Image for André Caniato.
280 reviews52 followers
July 16, 2017
Às vezes, utilizamos palavras diferentes de "bom" e "ruim" para descrever um livro. "Importante" e "necessário" me vêm a mente, mas há outras. Ainda estou aqui é, sem dúvida nenhuma, um livro (um relato) importante. Nele, que é um apanhado de memórias de Marcelo Rubens Paiva, o autor relata a história de sua família, mais especificamente de sua mãe, e a convivência com a realidade do assassinato do pai pela ditadura e, posteriormente, com o Alzheimer. Digo que é importante porque, em tempos em que pessoas pedem pela volta do regime militar no Brasil, ler sobre isso é um tapa na cara. O caso de Rubens Beyrodt Paiva demorou 40 anos para ser resolvido — e não o havia sido por completo na época de publicação do livro, 2015. Livros assim deveriam ser leituras recomendadas em qualquer lugar.
Profile Image for Iris.
Author 19 books651 followers
February 2, 2025
Saí impactada quando assisti o filme, amei ser apresentada a novas facetas dos Paiva nesse livro. Ao contrário do filme, aqui vejo mais memórias do Marcelo. O livro é o olhar de um filho sobre a memória de uma mãe que lutou por boa parte da vida para que não apagassem a memória de seu esposo, morto cruelmente pela ditadura militar, e a história de um filho que luta para que a memória da mãe não seja apagada da lembrança de outras pessoas, apesar da memória dela ter sido apagada pelo alzheimer. São as mesmas histórias, mas diferentes. Eunice Paiva e sua luta sempre estarão aqui.
Profile Image for Conceição Puga.
146 reviews28 followers
February 21, 2025
"A memória não é a capacidade de organizar e classificar recordações em arquivos. Não existem arquivos. A acumulação do passado sobre o passado prossegue até o nosso fim, memória sobre memória, através de memórias que se misturam, deturpadas, bloqueadas, recorrentes ou escondidas, ou reprimidas, ou blindadas por um instinto de sobrevivência. Uma fogueira no alto ajudaria. Mas ela se apaga com o tempo. E não conseguimos navegar de volta para casa."
Profile Image for Ricardo Silvestre.
205 reviews35 followers
August 24, 2025
Tenho especial interesse por livros que revelam as formas como as ditaduras mundiais marcaram e ferirão os seus cidadãos - ainda que continuem a existir pessoas que insistem em negar tais períodos. É assustador! Vivemos tempos inquietantes e não parece haver maneira de fazer este autocarro desgovernado parar.
Talvez por isso não me canse de ler obras como este ‘Ainda Estou Aqui’.

Escreveu o autor:
“A tática do desaparecimento político é a mais cruel de todas, pois a vítima permanece viva no dia a dia. Mata-se a vítima e condena-se toda a família a uma tortura psicológica eterna. Fazemos cara de fortes, dizemos que a vida continua, mas não podemos deixar de conviver com esse sentimento de injustiça.”

E uma vez que já tudo foi dito sobre esta obra, seguimos, agora, para o filme.
Profile Image for João |.
263 reviews29 followers
January 31, 2025
Um testemunho avassalador de uma vida marcada pela luta contra um regime e mais tarde contra uma doença.

Esta é a história da família Paiva e da perseguição de que foram alvo durante a ditadura militar no Brasil. A história de uma que foram muitas famílias brasileiras.

Eunice perdeu o marido e viveu décadas presa numa tortura de angústia constante com a ocultação da morte de Rubens. Quando por fim consegue a certidão de óbito que a liberta dessa luta, vê-se perante uma luta contra o Alzheimer. Uma nova e cruel luta que trouxe novos desafios a esta família.

Eu Estou Aqui, escrito pelo seu filho Marcelo, relata todas estas batalhas que a família travou durante anos e anos. Conhecemos o auge dos Paiva antes do desaparecimento de Rubens e tudo o que se seguiu depois. Um relato em primeira mão que nos aprofunda o que foi a ditadura brasileira instaurada naquela época.

Uma leitura que vale muito a pena e serve como um grande complemento à visualização do filme realizado recentemente por Walter Salles.
Profile Image for Ewerton Farias.
38 reviews9 followers
December 27, 2024
Esse livro é sobre denúncia. Denúncia da Ditadura, denuncia do Alzheimer e, principalmente, denuncia e relato sobre a luta de uma mulher contra as autoridades pra saber o paradeiro do marido. É um livro sobre memórias, memórias que não devem ser esquecidas.

É um testemunho da época de chumbo. É um testemunho sobre lembranças, afetividade e sobre tudo, um livro sobre a família Paiva.

"a família Rubens Paiva não é vítima da ditadura, o país que é. O crime foi contra a humanidade, não contra Rubens Paiva."
Profile Image for Maria Clara.
305 reviews1 follower
November 16, 2024
eu li esse livro no dia que fui ao show do Bruno Mars em BH.
se me perguntam sobre esse dia, eu lembro mais do livro do que do show, acho isso bem doido.
meus pais sempre me falaram pra ler “feliz ano velho” com a premissa de que falava de um jovem que, durante a ditadura, sofreu um acidente e ficou paraplégico. mas nunca me interessei em ler, mesmo com a minha mãe sempre me falando que é o livro favorito dela.
até que eu vi o burburinho na internet sobre o filme desse livro e sem saber a sinopse, peguei o livro pra ler. mas foi só enquanto esperava minha prima terminar o home office que fui ler ele. e que leitura. foi uma manhã muito dificil
a ideia de que conhecemos essa história sabendo que é pela perspectiva de uma pessoa que viveu aquilo tudo aos 10 anos me deixou muito comovida. e isso foi uma família no meio de centenas. a Eunice se tornou uma inspiração 🤍
Profile Image for Adriana Scarpin.
1,734 reviews
December 16, 2018
Em honra de Eunice Paiva (1929 - 2018)

Acho que um livro em homenagem a uma mãe não dá pra ficar melhor do que isso, de quebra ainda é uma investigação sentimental sobre o desaparecimento de Rubens Paiva. Um desses livros indispensáveis sobre a ditadura.
Profile Image for Maria  Pelotte ⚡️.
114 reviews25 followers
March 24, 2025
“A memória não se acumula sobre outra. A recente não é resgatada antes da milésima. Que não fica esquecida sob o peso das novidades, do presente. O passado interage com o segundo vivido, que já ficou para trás, virou memória recente. Memórias se embaralham.
Então me explica rápido: por que velhos com demência se esquecem das coisas vividas horas antes e se lembram das vividas na infância, décadas antes? Minha mãe, aos oitenta e cinco anos de idade, com Alzheimer, não se lembra do que comeu no café da manhã. Mas vê meu filho, de um ano e pouco, e o reconhece, como pouquíssimas pessoas. Vê sua foto e o reconhece. Tem saudades dele.”

No início do mês fui ao cinema ver o filme “Ainda estou aqui”. Quando saí daquela sala de cinema, foi como se todas as minhas células partilhassem um pouco de toda aquela dor e sofrimento. Eu precisava de continuar a viver naquela história, precisava de ler o livro. E fi-lo. Podem perguntar: "mas não é repetitivo?". Nem por isso, há factos que estão desvendados, é certo, mas a verdade é que vi o filme e li o livro com perspectivas muito diferentes: cada um, à sua maneira, quer passar uma mensagem ao mundo, mostrar algo de diferente na família de Rubens Paiva e, em particular, mostrar ao mundo de forma muito diferente, quem foi Eunice Paiva. Este é um dos poucos casos em que vos digo para verem primeiro o filme e, só depois, lerem o livro.

Este é um livro de memória nos vários sentidos da palavra: Marcelo, o autor e narrador, faz um mergulho imenso na história dos seus antepassados, na sua infância e na tragédia do seu pai para criar um livro de memórias sobre o que aconteceu à sua família. Neste mergulho, Marcelo debruça-se sobre uma personagem em específico, a sua mãe, e vai-nos mostrando este passar do tempo, dos anos e dos episódios sobre a sua perspetiva e da sua mãe que, no final da sua vida, perde a memória.

Ao contrário do filme, encontramos um livro com uma narrativa fragmentada, sem sequência temporal, e com uma muito mais forte posição do narrador enquanto elemento neutro, que conta aquilo que viu e viveu de forma muito exata. Já o filme segue uma narrativa cronológica e também bastante emocional.
É neste livro que podemos encontrar relatos e documentos escritos que nos trazem informação sobre a detenção de Rubens Paiva, pai de Marcelo, sobre todas as tentativas de habeas corpus da familia, as suas lutas contra a justiça brasileira e contra a ditadura. Estes detalhes trazem à luz do dia alguns pormenores não tão explícitos no filme. As suas descrições arrepiam e ensurdecem, deixam um espaço vazio e muitas questões na nossa cabeça.
Por outro lado, um dos pontos também bastante interessantes do livro em comparação com o filme, é Eunice Paiva. Através do livro, podemos perceber quem era esta figura: uma mulher culta, firme, pouco emotiva, de vícios e manias, sempre bastante pragmática durante toda a sua vida, quer perante os filhos, quer perante todas as lutas que levantou pelo marido ou enquanto advogada. É neste livro que conseguimos perceber a essência desta mulher e, aos poucos, ir vendo o levantar do véu em cada camada, em cada página da sua vida, que o seu filho conseguiu colocar neste livro.
Profile Image for Leandra.
499 reviews16 followers
January 30, 2025
"Ainda estou aqui" centra-se na vida de uma família cujo pai, Rubens Paiva, foi levado para interrogatório pelos militares brasileiros, aquando da ditadura, e nunca mais regressou.
A mãe, Eunice Paiva, lutou toda a vida por saber o que tinha acontecido ao seu marido e nem com a mudança de regime as coisas foram esclarecidas.
O livro, muito bem escrito pelo filho Marcelo, retrata todas as vivências e lutas desta família até à atualidade.
Eunice foi uma mulher que nunca baixou os braços e sempre procurou as respostas às suas questões, mesmo quando esta demanda era perigosa.
Pior do que alguém ser assassinado de forma abrupta, é alguém desaparecer e ninguém se responsabilizar ou conseguir explicar o que aconteceu.
Profile Image for Ensaio Sobre o Desassossego.
428 reviews216 followers
May 27, 2025
Marcelo é filho de Rubens Paiva, um deputado e engenheiro que foi preso e assassinado pela ditadura brasileira. Eunice, mãe de 5 filhos, fica sozinha de um dia para o outro, sem saber o que aconteceu ao marido, sem saber se Rubens estava vivo ou não. Ninguém soube o que aconteceu até muitos anos depois e Eunice precisou de QUARENTA ANOS até o Estado brasileiro reconhecer que Rubens Paiva foi torturado e morto durante a ditadura militar.

Eunice Paiva foi uma mulher extraordinária, precisou de se reinventar, passou de dona de casa a advogada e activista política, que defendia causas indígenas, respeitada por todos, conhecida fora do Brasil. Uma mulher que começou a carreira depois dos 40 anos e que infelizmente não pôde ver o processo de julgamento do assassinato do marido concluído.

"Ainda estou aqui" é um livro de memórias e é muito bonita a forma como o autor escreve sobre a família. A vida são momentos, são fotografias, são memórias.
É sobretudo uma homenagem à família, em especial à mãe, Eunice. O autor intercala acontecimentos do passado com acontecimentos do presente, um presente marcado pela doença de Alzheimer da mãe e em que Marcelo passou de ser cuidado para ser cuidador da mãe. Gostei muito das reflexões escritas pelo autor sobre memória, deram muito que pensar.

É também um livro sobre a construção da história recente do Brasil, em que Marcelo Rubens Paiva trata da memória colectiva.
Claro que este livro é sobre uma visão de uma família privilegiada, percebe-se que a família pertencia a uma elite muito privilegiada, que pode não representar todo o país. Ser branco e de classe alta traz muitos privilégios, mas ainda assim esta é uma família afectada pela ditadura e as vidas de Eunice e Rubens Paiva merecem ser conhecidas.

Este é um daqueles casos raros em que gostei mais do filme, mas o livro complementa muito bem o filme (até porque há cenas que se entendem melhor - ou com mais sensibilidade - se tivermos lido o livro)

Leiam o livro, vejam o filme e conheçam a história da maravilhosa Eunice Paiva.

"SORRIAM!" ❤️
Profile Image for Carol.
216 reviews109 followers
July 21, 2025
continuo a achar que a fernanda torres deveria ter ganho o óscar 🙂‍↔️

ainda hoje me custa falar sobre este livro. soou-me um pouco como o ‘quem matou o meu pai’ de édouard louis e o ‘abismo do esquecimento’ de paco roca. no entanto, com outra nuance. aqui sabemos perfeitamente quem é o culpado.

e à semelhança dos ‘cisnes selvagens’ que li em janeiro, o ‘ainda estou aqui’ trata uma parte da história com a qual nós em portugal não contactamos muito — a ditadura militar brasileira. e o meu desconhecimento provocou aqui uma tensão e quiçá culpa na minha consciência “como assim eu não sabia que este país tinha sofrido tamanha perseguição, censura e tortura?”. senti-me culpada por não ter conhecimento desta dor e desta violência que se torna tão barata em regimes opressivos.

para além disso, é um livro sobre família. é um livro sobre luto. é um livro sobre alzheimer. é um livro sobre violência militar, física, emocional e psicológica. mas é também um livro sobre resiliência: e que mulher aquela!

que luto brutal. uma dor que foi vivida em silêncio e individualmente. eunice teve de arregaçar as mangas e cuidar dos filhos. será que houve o espaço necessário para sofrer? será que houve tempo? cada um teve de começar e viver a morte do pai à sua maneira. e só muitos anos depois veio a confirmação. que alívio, podemos respirar.

não imagino sequer o que será viver neste sufoco, em constante apneia.

e esta demência que se vai desenvolvendo e esmagando a pessoa e os que a rodeiam. vai manifestando a sua presença ao longo dos anos. e se ao menos tivesse poupado esta mulher que já tinha sofrido tanto.

se se deve ler o livro primeiro ou o livro depois do filme, não sei. sei que se deve ler o livro sempre e que assistir ao filme primeiro não é impedimento. são registos e formas diferentes de tratar a mesma história. cá eu decidi fazer algo inconvencional. comecei o livro dia 28, à noite fui ao cinema e quando cheguei a casa tive de terminar o livro.
Profile Image for Paula Cruz.
Author 17 books244 followers
November 27, 2024
O que fazer com nossas covas sem mortos? Ou: pior do que enterrar um morto, é descobrir o fantasma de uma cova vazia. Este livro é um mergulho profundo no luto e na memória de uma família marcada pelo memoricídio que configura o Brasil em suas mais diversas esferas. Essa família que permanece na luta constante pelo seu próprio legado, por um luto fermentado há 40 anos sem resposta. É horrível terminar o livro e saber que ainda estava sem solução, e que anos depois do lançamento deste texto vem a resposta do caso: nunca haverá um enterro pois o corpo de Rubens Paiva permanecerá no mistério que é o cemitério abissal dos oceanos.

Gosto especialmente como o Marcelo Rubens Paiva é consciente do lugar da sua família no contexto social do Rio de Janeiro — é um caso de desaparecimento brutal tal qual o sumiço do Amarildo na mesma cidade, mas contado por uma família abastada que sabe de seus privilégios. Gosto também como o autor vai formando este retrato familiar com sinceridade, sem omitir a dor, os problemas dos laços com sua mãe e os próprios descobrimentos sobre si mesmo nesse processo de enterrar o próprio pai em forma de texto. Gosto ainda mais que ele nomeia os assassinos do pai, e também não perdoa a impunidade da Lei da Anistia, que até agora assombra o caso de Rubens Paiva e tantos outros. Para arrematar o texto de vez, eu incluiria um adendo ao livro com o relato do horrível Paulo Malhães, que sedimentou certo desfecho ao caso dos restos mortais, e também as impressões de Marcelo sobre isso.

Como carioca que percorre os bairros dos acontecimentos desse livro, é um assombro sem igual olhar o Batalhão da PE na Barão de Mesquita e se sentir conectada, através dos laços dessa cidade, a tantos casos hediondos da ditadura militar. Um dos grandes acertos do autor é mostrar a pessoalidade num caso que se tornou mártir, mas de forma alguma restringir seu sofrimento a um caso isolado. A dor dele é a mesma dor de famílias indígenas que Eunice defendeu enquanto advogada, é a dor da família do Amarildo, da Agatha, do DG, da Marielle. Todos eles estão presentes, e este livro mostra que não serão esquecidos
Profile Image for Jacqueline Lafloufa.
Author 2 books103 followers
November 10, 2024
Leitura rápida, fluida. Um livro de memórias bem humorado. E também uma série de dicas sobre como se preparar para lidar com um paciente com Alzheimer. Temas duros, áridos, mas narrativa fácil de acompanhar.
6 reviews
November 6, 2024
IMPECÁVEL. SENSACIONAL. EMOCIONANTE. Esse é um daqueles livros que nos marcam e mudam nossa forma de pensar. Me despertou uma vontade de saber mais sobre política, de entender o que se passa, poder criticar com acidez e debater com consciência. Me edificou muito mesmo.
Sem falar no misto de emoções que te consome enquanto lê o ilustre Marcelo Rubens Paiva. Sua ironia e perspicácia prende o leitor até o fim, desde as memórias de sua infância, os horrores da ditadura e da tortura que vitimou seu pai, até a história de força e resistência de sua mãe, Eunice Paiva.
Esta mulher foi protagonista não só dessa obra, mas de uma série de lutas pelos direitos humanos, sendo uma figura ativa na defesa da democracia.
Não tenho palavras para descrever o que essa leitura foi para mim. Vou levar comigo o que aprendi nesse livro tão atual e tão provocante.
E apesar de ter tudo, mesmo tendo até conseguido um AUTÓGRAFO do Marcelo, só dormirei em paz quando o oscar fizer justiça!
Profile Image for Gabrielle Cunha.
429 reviews114 followers
September 18, 2024
Uma leitura muito pesada mas ao mesmo tempo emocionante. Já tinha lido “Feliz ano velho” do autor e quis ler esse para poder ver o filme. Durante toda a leitura o nó no estômago não se desfaz. A ditadura é um tema central, assim como a doença da mãe. Doloroso demais. Difícil de digerir e encontrar palavras para descrever o impacto.
Profile Image for Helena | Lés-a-Ler.
91 reviews10 followers
January 30, 2025
Depois de ver o filme, a curiosidade de ler o livro começou a crescer. Depois do murro no estômago e da revolta silenciosa que se apoderou de mim ainda dentro daquela sala de cinema, sentia que precisava de passar mais tempo com esta família, com esta história.
E, mais uma vez, o livro adiciona camadas à história, às personagens, aos sentimentos. Claro que uma história contada na primeira pessoa e, ainda por cima, uma história desta dimensão, só podia ter este efeito. Mas é sempre uma agradável surpresa perceber que ainda há sempre mais para descobrir.
A dicotomia entre o livro e o filme que me ficou mais presente foi o facto de Marcelo Rubens Paiva descrever a mãe como uma mãe pouco carinhosa, afastada, quase fria. Não sei porque é que isso me surpreendeu tanto, mas a verdade é que o fez. Talvez porque pelo desempenho de Fernanda Torres eu não tenha ficado com uma ideia praticamente contrária a essa. Mas também não importa.
Marcelo Rubens Paiva conta uma história que é sua, que é da sua família, que é do povo brasileiro. E se todas as histórias devem ser contadas, histórias como esta têm obrigatoriamente de ficar registadas. A ditadura, a tortura e todas as atrocidades que se cometem sob regimes autoritários não podem ser esquecidas, ignoradas.
Ainda estou aqui é um relato simples, duro, importante e necessário da busca de uma família, a do próprio autor, sobre a verdade. Através do relato da última luta de Eunice Paiva, sua mãe, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva mergulha num momento negro da história brasileira para contar ao mundo o que realmente aconteceu a Rubens Paiva, o seu pai, naquele final de janeiro de 1971.


“A memória não é a capacidade de organizar e classificar recordações em arquivos. Não existem arquivos. A acumulação do passado sobre o passado prossegue até o nosso fim, memória sobre memória, através de memórias que se misturam, deturpadas, bloqueadas, recorrentes ou escondidas, ou reprimidas, ou blindadas por um instinto de sobrevivência. Uma fogueira do alto ajudaria. Mas ela se apaga com o tempo. E não conseguimos navegar de volta para casa.”

“A tortura é a ferramenta de um poder instável, autoritário, que precisa da violência limítrofe para se firmar, e uma aliança sádica entre facínoras, estadistas psicopatas, lideranças de regimes que se mantêm pelo terror e seus comandos. Não é ação de um grupo isolado. A tortura é patrocinada pelo Estado. A tortura é um regime, um Estado. Não é o agente fulano, o oficial sicrano, quem perde a mão. É a instituição e sua rede de comando hierárquica que torturam. A nação que patrocina. O poder, emanado pelo povo ou não, suja as mãos.”
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