Fernando Morais delineou a figura quase lendária de uma mulher que sempre empunhou o estandarte de ideais generosos. Olga , a mulher judia e comunista, que foi companheira de Luís Carlos Prestes e acabou assassinada nos campos nazistas.
Jornalista desde 1961, trabalhou nas redações do Jornal da Tarde, Veja, Folha de S. Paulo e TV Cultura.
Recebeu três vezes o Prêmio Esso e quatro vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Foi deputado estadual durante oito anos (pelo MDB-SP e depois pelo PMDB-SP) e secretário da Cultura (1988-1991) e da Educação (1991-1993) do Estado de São Paulo. É autor dos roteiros das minisséries documentais Brasil 500 Anos e Cinco dias que abalaram o Brasil, exibidas pelo canal GNT/Globosat.
Escreveu, entre outros, Transamazônica (Brasiliense, 1970, com Ricardo Gontijo e Alfredo Rizutti), A Ilha (Alfa-Ômega, 1975, reeditado pela Companhia das Letras em 2001), Olga (Alfa-Ômega, 1985, reeditado pela Companhia das Letras em 1993), Chatô, o rei do Brasil (Companhia das Letras, 1994), Corações sujos (Companhia das Letras, 2000), Cem quilos de ouro (Companhia das Letras, 2002), Na toca dos Leões (Planeta, 2004) e Montenegro (Planeta, 2006).
Tem livros traduzidos em dezenove países. Em 2001 Corações sujos recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não-Ficção. Em 2004 Olga foi transformado em filme pelo diretor Jayme Monjardim, tendo sido visto por mais de cinco milhões de espectadores e indicado pra representar o país no Oscar de 2005. É membro do Conselho Político do jornal Brasil de Fato e do Conselho Superior da Telesur, TV pública latino-americana sediada em Caracas, Venezuela. É membro da Academia Marianense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 13, que teve como primeiro titular o presidente Tancredo Neves.
A primeira vez que ouvi a história completa de Olga Benário foi quando vi o filme, Olga, dirigido por Jayme Monjardim. O ano era 2004 e eu era apenas uma criança, então entendi muito pouco e meus pais me privaram das cenas mais tensas. Ainda assim, desde aquela época, nunca me esqueci de Olga. Foi só em 2014 que ganhei este livro de presente e enfim fui descobrir que a obra que deu origem ao filme. O livro ficou na minha estante por seis anos, eu não queria ler uma historiografia.
A forma como Fernando Morais apresenta todo o contexto histórico mundial e nacional deixa de ser algo denso quando ele passa a misturar a narrativa com a descrição perfeita de Olga, sua infância, sua juventude na militância comunista, seu primeiro amor, sua inteligência e determinação, seu segundo amor e suas aventuras no Brasil. O final da história, todos sabemos e é muito triste. Ainda assim, o autor conseguiu fazer jus a todo drama e injustiça que permeou a história de Olga, mas sempre reiterando a força, o amor imensurável por Carlos e Anita e a fidelidade com que Olga viveu sua vida e suas crenças políticas.
A cada carta de Olga a Carlos é possível sentir que, para além de uma aula de história, o livro é também uma linda, emocionante e inspiradora história de amor. Certamente um dos melhores livros que já tive a oportunidade de ler e, assim como fiz com o filme, pretendo revisitar a leitura em breve.
É genial. Não apenas o trabalho que teve em reunir todas as informações, mas a forma como as organizou todas numa biografia incrível, que se refere a uma pessoa e suas individualidades, mas abrange todo um período e uma nação inteira. Fica a conclusão de que há seres humanos incrivelmente ruins e outros apenas incríveis. Deveríamos ser todos incríveis, e ter sempre conosco a força que Olga teve de ser, como na música, "a haste fina, que qualquer brisa verga, mas que nenhuma espada corta". O mais triste de tudo é que poderia ser uma distopia. Mas é a vida real.
Emocionante y conmovedor relato histórico. Cuidadosamente documentado a la par que bien escrito, se lee con la facilidad de ritmo de una novela al mismo tiempo que ilustra fielmente sobre la convulsa realidad social que atravesó el mundo en los años 30. La vida de Olga es un fiel testimonio de aquella época llena de revolucionarios profesionales, rebeldes con causas, ideales de cambio que merecían el sacrificio personal; pero también sistemas rígidos y extremadamente violentos capaces de cometer crímenes impensables contra la dignidad humana. El corto siglo XX reflejado en una vida excepcional.
"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo." Olga Benário
Uma mulher forte e decidida, sem medo. Desde sua juventude de militância no PC da Alemanha à luta contra o nazismo que crescia desde 1920. Mulher que foi entregue à gestapo por uma vingança pessoal de dois homens a Luis Carlos Prestes. Além de seu perfil, a biografia escancara as relações do governo vargas com o nazifascismo e antissemitismo, junto do anticomunismo, implantado durante sua ditadura. Sem contar a relação de órgãos britânicos no trabalho conjunto. O mundo viu a ascensão do nazismo e nada fez para impedi-lo.
Rest in power and peace, Olga.
E que vargas, filinto müller e demais que contribuíram em sua ditadura estejam ardendo em chamas neste momento.
Eu queria poder escrever, de maneira fidedigna, uma avaliação com algo além de sentimentos, mas estaria traindo a mim e a obra belíssima que, nesse momento, termino de contemplar. “Olga”, traz muito mais do que simplesmente um relato, traz uma vida. Traz ação, tristeza, apreensão, alegria e dor em suas páginas. Ao começo da leitura relata-se bastante sobre as raízes de Olga, sua passagem entre diversos cenários europeus e soviéticos, mas o que deixa sua atenção presa é que,mesmo o autor nunca ter podido entrevistar ou falar com ela, tem-se, com fidelidade nas linhas escritas, a Olga Benário que lutou tanto por seus ideais, que acreditava em uma sociedade mais igualitária. Todo o terror vivenciado pelos comunistas e simpatizantes, aqui no Brasil, deixa consciente a situação política vivenciada naqueles anos autoritários e repressivos. A crueldade com uma mulher gestante enviada sozinha e em estado de desnutrição para um lugar além do Oceano Atlântico é desesperador e desumano. Não obstante, o destino que aguardava ela na sua pátria, então tomada pelos nazistas, não era outro, senão a morte. Olga não escolheu ser judia, “jugo” advindo do berço. Ela se encantou, aprendeu e ensinou os feitos e ideias de Marx, Engels e Lenin, foi uma mulher formidável. Não agiu de maneira desorganizada nem covarde, sendo transferida de cárcere em cárcere, suportou calada e tentou arduamente preservar a dignidade que insistiam em retirar. Maria, Olga ou como o leitor deseje chamá-la, sentirá pesar e impotência nas páginas finais, pois ela, não merecia outra vida, e nem muito menos final, nos quais não estivessem juntos de si seu marido e sua filha. Ao contrário, infelizmente, estava ela dentro de um meio de transporte com uma roupa velha, uma aparência física desgastada e o desejo de estar com sua família. Entretanto, seus olhos só podiam observar uma cidade que de seu nome, foi sua última comunicação: Bernburg.
Olga Benário era uma pessoa especial. Capaz de saltar de paraquedas, libertar o próprio namorado da prisão tendo menos de 20 anos e desenhar, de cabeça, um mapa em que a América Central é detalhada e fielmente representada, a comunista viveu muito em seus poucos anos. É interessante observar o poder de que dispunha a URSS no mundo à época, assim como a situação em que o Estado brasileiro se encontrava, cultivando relações relativamente amistosas com a Gestapo. Fernando Morais é como sempre genial, muito talentoso. Suas biografias parecem romances - impressão que só é quebrada pela fartura de documentos preciosos contidos em seus livros.
I am, in general, not a big fan of biographies because in my experience they are often biased either for or against the subject person. This book fit into this pre-conceived idea as the author often comes across as a big fan of everything that Olga did, even if such as starting a communist revolution in Brazil far too early long before the necessary plans were in place. Olga was not the organiser of this revolution but her husband was and Olga was very much a part of the process.
The author also seems a little surprised and put out that Olga was imprisoned for the act of trying to overthrow a government although her deportation to Germany was unfortunate as Hitler had not only taken power but had started his barbarous prosecution and annihilation of Jews and Communists; Olga was both.
If this book and its bias was only about Olga I probably would not have finished it but the story around some of the other communists and the roles of both the British and American Intelligence agencies were interesting.
If you are a communist then you will undoubtedly get very involved with this book, Olga's story is one of revolutionary struggle. If you think that Olga was misguided in thinking that Josef Stalin was the answer to the worlds' issues the you may want to avoid this fanboy of a book.
Resolvi iniciar a leitura desse livro pois era da biblioteca de meu falecido bisavô, o qual tenho muito carinho.
O que eu esperava ser uma biografia, acabou de certa forma se apresentando como um romance, porém, logicamente, baseado em fatos de um ótimo trabalho de pesquisa e escrita de Fernando Morais.
Olga parece ser uma mulher vinda de ficção: desde sempre muito engajada e obcecada(no melhor sentido) pelo partido. Decidida e sempre em busca de se aprimorar em todas as áreas imagináveis, uma líder nata desde o início de sua carreira militante até seus últimos momentos no campo de concentração.
Me encanta, nas histórias sobre o holocausto, toda a luta e resistência das pessoas nos campos de concentração, foi emocionante ver como Olga se esforçou ao máximo para liderar as mulheres com ela confinadas, desde a politização das outras prisioneiras até em questão de colocar o local em ordem, se preocupar com a saúde e com o bem estar...
A mobilização de Leocádia e Lygia para salvar a pequena Anita do mesmo destino de Olga foi algo que me emocionou muito, mostrou que toda a pressão popular é importante e pode gerar efeitos por mínimo que sejam.
Leitura magnífica, achei um pouco maçante as partes de contexto histórico (eu realmente estava obcecado para saber de Olga e Prestes), mas ainda assim muito bem colocadas e necessárias.
Eu gosto muito de ler biografias, amo quando elas são bem escritas! E aqui Fernando Morais fez um belo trabalho!
O livro narra a vida de Olga desde quando ainda morava com os pais até o fim de sua breve vida. No decorrer do livro temos acesso a uma Olga extremamente estratégica, inteligente e forte. A mulher tirou forças sabe-se lá de onde para jogar xadrez e se exercitar quando estava presa (mesmo no campo de concentração), pois sabia da importância de manter a mente e o corpo ativo mesmo em circunstâncias como aquela. As cartas trocadas entre Olga e Prestes são algo a parte, um romance que quase nos faz esquecer a situação em que eles se encontravam.
“Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo.” Olga Benario Prestes
Um livro que nos serve de lembrete de tudo que ruim que já houve e que, infelizmente, ainda nos cerca. Mas que talvez nos serve de exemplo pra lutar pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo.
Fernando Morais é um dos poucos jornalistas brasileiros que verdadeiramente resolveu mergulhar nas águas turvas da historiografia. Isso por si só já deveria ser motivo de admiração, mas o que realmente chama a atenção em seu trabalho é a atenção aos detalhes e a forma de facilitar a compreensão de quem lê - e não é historiador.
Olga não é, então, um livro de História. Isso não quer dizer que um conhecimento básico sobre Segunda Guerra Mundial, Getulismo e Tenentismo não sejam necessários.
O livro faz exatamente o que se propõe, ilumina a vida de uma das principais participantes da Coluna Prestes e sua influência no movimento. O seu envio a Alemanha de Hitler ganha atenção especial, porém não é de forma alguma a proposta principal do livro.
É uma biografia política de uma personagem emblemática. É uma boa adição para o Ensino Médio, e interessante para quem gosta do tema.
“Olga Benario Prestes dá nome a ruas de sete cidades e a 91 escolas, fábricas e brigadas operárias na República Democrática Alemã. Na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, há uma rua com seu nome”. para além de qualquer óbvio que possa ser falado sobre o quão devastador é esse livro, durante esses dias de leitura ecoava em minha mente um vídeo de entrevista de rua em que a maioria dos entrevistados respondiam que Getúlio Vargas era o maior brasileiro da história. há diversas palavras que conseguem expressar o sentimento de indignação e profunda tristeza diante do apagamento histórico das ditaduras, mas o mais assustador é a repetição do presente, a anistia, a indiferença, a impunidade. em níveis institucionais, não há muito o que fazer como indivíduo diante dessas lamentações, mas acredito que é necessário que o sentimento de revolta permaneça…
Olga Benario Prestes, uma revolucionária comunista alemã e judia, naturalizada brasileira, esposa de Luís Carlos Prestes e mãe de Anita Leocádia Prestes, foi uma verdadeira heroína — minha preferida de toda a história — e uma vítima do governo fascista brasileiro de Getúlio Vargas e Filinto Müller, assim como do regime nazista alemão de Adolf Hitler.
Uma mulher que lutou por um mundo melhor, fonte de inspiração para muitos — inclusive para mim.
Essa biografia (segundo sua própria filha, a mais completa e complexa de todas já escritas sobre sua mãe) é um livro que me emocionou profundamente e me impressionou pela riqueza de detalhes, com extratos de jornais e cartas.
Nunca tinha lido uma biografia, mas após a recomendação do meu pai e interesse pela história de Olga Benario Prestes me incentivaram.
Que história incrível e que escrita maravilhosa. Olga mereceu ter sua história contada e Fernando Morais realizou essa missão com sucesso. Que trabalho de pesquisa lindo para reconstituir a vida dessa personagem.
Agora que terminei, sinto que nem tenho palavras para descrever o que achei do livro, mas foi uma leitura que me prendeu e me emocionou muito.
Fernando Morais, como sempre, mergulha em dados e estudos para escrever uma biografia fantástica. Em sua primeira pagina, chorei como uma criança, acredito que tenho me tornado sensível, mesmo que a cada semestre tenho lido livros mais “pesados”. Um mergulho histórico, me causou raiva… O que posso fazer, neste momento fúnebre, além de ler?
Havia lido em janeiro. Mas, como sou um pouco desatento com redes, deixei esta de lado. Um desastro social.
Livro de incrível sensibilidade. Além de contar a história de Olga, Morais escreve sobre os acontecimentos, possibilitando que o mais leigo dos leitores possa compreender claramente os processos históricos do período. Além disso, a forma escrita do livro torna sua leitura cativante. Lê-lo é como ler um romance histórico.
Devastador. O maior castigo, até mesmo maior que a morte, é tirar o filho de uma mãe.
Olga conheceu a esperança e a manteve até o último dia de sua vida. Um exemplo, uma inspiração, independente de lados políticos. Manter a esperança em tempos sombrios não é para a maioria, não é para qualquer um.
não tenho palavras para descrever esse livro. a história de olga é pungente, durante a leitura quis gritar diversas vezes, senti em mim um ímpeto de ajudar essa mulher; dar abrigo na minha casa.
o livro de fernando morais é uma verdadeira aula de história que nos lembra sempre do que não pode — e nem deve — ser esquecido nunca.
Uma obra prima em formato de livro!!! A profundidade da pesquisa e até onde o autor foi para obter as mais detalhadas informações sobre a vida de Olga Benário são surpreendentes!! Certas partes são MUITO difíceis de ler, mas são necessárias, pois elas, também fazem parte da nossa história. Fernando Morais é um escritor excelente! Espero ler mais trabalhos seus futuramente.
Excelente trabalho de pesquisa, complementado com tocante narrativa qye nos prende como um romance, mas ao mesmo.tempo nos choca nas revelações das crueldades que o ser humano é capaz de praticar. E talvez ainda pior as omissões de figuras que deveriam zelar pela justiça, mas isso não é novidade.
O legado da coragem de Olga Benário e de tantas outras mulheres que enfrentaram os horrores dos campos de concentração e torturas de uma ditadura militar nos lembram a importância de lembrar e desenterrar, por mais cruel que seja, a história.