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Assim Nasceu uma Língua / Assi Naceu Ũa Lingua: Sobre as Origens do Português

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Fernando Venâncio conta-nos a história da língua portuguesa com paixão, elegância e um fino humor. Com rigor e precisão de paleontólogo, Fernando Venâncio começa no primeiro gemido da nossa língua, que remonta há séculos, tão distantes que Portugal ainda nem existia, passando pelos primeiros escritos, até à fala contemporânea que ainda hoje conserva registos, em estado fóssil, dessa movimentação primordial. Máquina do tempo que nos permite recuar à época em que o idioma se formou, Assim Nasceu Uma Língua faz-nos peregrinos numa caminhada que toca a língua galega ou o português brasileiro, evidenciando as profundas derivas que deram forma ao nosso idioma, a que Fernando Venâncio chama «um idioma em circuito aberto».

318 pages, Paperback

First published November 1, 2019

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Fernando Venâncio

18 books8 followers
Fernando Venâncio was a Portuguese-born writer, intellectual, literary critic, linguist, and academic. He held Dutch nationality.

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1 (<1%)
Displaying 1 - 21 of 21 reviews
Profile Image for Susana.
541 reviews178 followers
March 24, 2020
Quando comecei este livro, pensei que ia intercalá-lo com outro, de ficção. Enganei-me.

Embora tenha escolhido a área de Ciências (sou bióloga), sempre gostei muito de Línguas e interesso-me imenso pelas relações entre elas e particularmente pelos aspectos etimológicos. Assim, este livro tinha tudo para me prender - e fê-lo, duma maneira que eu não esperava.

Apenas não dou as 5 estrelas porque não gostei das inúmeras vezes em que o autor remetia para depois mais informações sobre um determinado assunto ("voltaremos a este assunto" ou formulações semelhantes), acabando por andar em círculos (ou assim me pareceu) relativamente a alguns aspectos.

Também me aborreci um pouco na parte final, na qual se explica, à exaustão, o movimento "reintegracionista" galego (ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Reinteg... ).

De qualquer modo, gostei imenso e recomendo a toda a gente que se interesse por este tema.
Profile Image for Ana.
746 reviews113 followers
December 1, 2020
Se alguém me dissesse que um dia eu ia dar nota máxima a um “livro de português”, tenho a certeza que lhe ria na cara. Apesar de sempre ter gostado muito de ler, o português sempre foi um dos meus calcanhares de Aquiles nos tempos de escola, em grande medida graças à maldita gramática, mas também à horrível dissecação a que nos obrigavam a sujeitar os textos e os livros, que assim perdiam todo o encanto :(

Neste livro, Fernando Venâncio leva-nos numa viagem pelas origens do português, mostra-nos como ele evoluiu, por vezes em sentidos inesperados, descreve vários equívocos correntes, recorrendo a inúmeros exemplos (alguns bem divertidos) e debruça-se em pormenor sobre a relação entre o português e o galego.

Esta frase, que não é de Venâncio, mas que ele cita no último capítulo, resume bem a ideia que me ficou quando cheguei ao fim deste livro:

“A história da língua portuguesa pode ser resumida numa frase: falamos uma língua que nasceu fora do nosso território (de nós, portugueses) e cujo futuro será em larga medida decidido fora das nossas mãos. A língua portuguesa, numa visão temporal ampla, acha-se de passagem por Portugal.”

Aprendi imenso com este livro, espantei-me com muita informação que ele contém, diverti-me com outra, e nunca me aborreci. Recomendo vivamente a toda a gente!
Profile Image for Vicente.
128 reviews12 followers
May 28, 2020
Verdadeiro serviço público, este livro de Fernando Venâncio. Devia ser obrigatório em todos os lares portugueses, tal a importância da matéria tratada e a forma acessível com que o autor a transmite. Trouxe-me boas lembranças das cadeiras de História da Língua na Universidade e ensinou-me um renovado olhar sobre a matéria. É um livro extremamente bem documentado, claríssimo e exaustivo nos exemplos sem cair nos excessos académicos em que normalmente este género de obras cai. Fernando Venâncio não se coíbe de dizer o que sabe e pensa sobre a matéria estudada, mesmo que implique ir contra alguns dogmas ou nomes importantes das letras portuguesas. E é tão bonito ver um livro sobre o nascimento da língua portuguesa que já leva 4 edições e não sai da boca dos leitores. É motivo para ser celebrado!
847 reviews
December 16, 2019
Livro magnífico, que se lê como um romance, embora seja, de facto, uma história da língua portuguesa. Língua que não nasceu pronta a partir do latim com a independência, mas que nasceu da Galécia e do galego. E que se tornou outra quando se afastou do galego e abraçou outras paragens, mesmo que uma delas seja o castelhano, o francês ou o inglês, ou ainda as línguas da América do Sul, de África e do Oriente.
E hoje é o resultado de outros contactos e avizinha-se uma nova divergência, desta feita entre a variante europeia e a variante brasileira. E o acordo ortográfico é, a esse propósito, completamente inútil. A língua muda com os seus falantes, que vivem em locais específicos e têm experiências diferentes. Escusado será dizer que história e língua caminham a par e cruzam-se.

"O português promete, pois, dividir-se - ou multiplicar-se, tal como um dia aconteceu à língua dos romanos, que, por eles, não tinham destas andanças da História a mínima ideia. Isso faz-nos, a nós, mais felizes? É o mais certo. Porque, pensando bem, é sempre melhor uma pessoa andar prevenido na vida." P. 292
Profile Image for Luís Paz da Silva.
63 reviews19 followers
March 4, 2020
“A história da língua portuguesa pode ser resumida numa frase: falamos uma língua que nasceu fora do nosso território (de nós, portugueses) e cujo futuro será em larga medida decidido fora das nossas mãos. A língua portuguesa, numa visão temporal ampla, acha-se de passagem por Portugal”
Ivo Castro, citado na página 292
Profile Image for Pedro Rodrigues.
20 reviews12 followers
February 21, 2020
Assim Nasceu uma Língua, do linguista Fernando Venâncio, é um ensaio rigoroso e interessantíssimo sobre as origens da língua portuguesa. O propósito cimeiro desta obra assenta na missão de, citando o autor, "tentar localizar, no tempo e nas formas, o que alguém chamou «o primeiro gemido» do idioma." Tudo é feito com esmero, humor e espírito científico, nunca cedendo à ortodoxia engajada - esse tumor que tantas vezes impede que participemos num debate sério, coerente, racional e imparcial. Como manda a tradição, vou começar pelo princípio, tentando resumir os principais elementos constitutivos do pensamento de Fernando Venâncio. 

No entender de Fernando Venâncio, existe uma coincidência bastante infeliz na história de Portugal. Segundo os dados existentes, o primeiro documento redigido em língua portuguesa data de 1174 (Pacto entre Gomes Pais e Ramiro Pais), século esse em que, como é sabido, Portugal se constituiu enquanto nação. O facto de o Reino de Portugal ter despontado na mesmíssima época em que foram escritos os primeiros textos, levou e leva "muito boa e informada gente" a concluir que o nascimento da língua portuguesa teve lugar no mesmo momento em que Portugal deu os primeiros passos na qualidade de entidade política. Trata-se de uma associação errada, explica-nos o autor. Para Fernando Venâncio, carece de sentido a ideia de que a língua portuguesa nasce abruptamente, de um modo quase mágico, com o nascimento do Reino de Portugal. Por definição, uma língua resulta de uma intensa prática no domínio oral, que é generalizada e estendida ao longo de muitos anos, sempre de maneira lenta. As línguas não se impõem, vão-se impondo. 
     A nossa língua terá surgido bastante mais cedo do que é geralmente aventado: "as nossas histórias da língua, depositárias amiúde duma ficção colectiva, imaginam a transição do latim para o nosso idioma consumada em um ou dois séculos antes de iniciar-se a escrita, pelo ano 1200. Ora, tudo indica que, muito antes, talvez mesmo por volta do ano 600, já a nossa língua atingiu um estádio irreversível, desenvolvendo e sedimentado as principais características que a individualiza no conjunto das línguas da Península Ibérica."

E então, qual foi o berço da língua portuguesa? A posição de Fernando Venâncio é claríssima nesta matéria, sendo um dos grandes temas de Assim Nasceu uma Língua. Dou a palavra ao emérito autor: "esse idioma que, por volta de 1200 surge na escrita assenta em estruturas de tal envergadura e tal complexidade que exigiram séculos de circulação oral. O único nome que cabe atribuir-lhe é galego." Para a linguística portuguesa mais esclarecida (palavras do autor), Portugal, ao fazer-se independente, limitou-se a continuar a utilizar a língua herdada: o galego. Esta verdade, quiçá chocante para alguns, é abordada pelo autor recorrendo à ironia mais divertida: "[...] a simples ideia de que, algum dia, um idioma estrangeiro possa ter sido a língua de Portugal é-nos insuportável." Deixando de lado o nacionalismo e o orgulho pátrio, o certo é que "até ao termo do século XIV (1400), é impossível separar linguisticamente a Galiza do Norte de Portugal até ao Douro", uma vez que, observa Venâncio, "morfologicamente e sintacticamente, galego e português são tão semelhantes, ainda hoje, que pode presumir-se que as diferenças na Idade Média eram predominantemente de natureza lexical." As afinidades existentes entre "o galego e o português de 1400 eram incomparavelmente mais semelhantes que os actuais modelos de língua português e brasileiro."

Para além da temática atinente à origem espácio-temporal da língua portuguesa, importa saber a partir de que processos se desenvolveu o português. Como é do conhecimento de todos, o idioma português deriva, em parte, da grande raiz linguística latina. A partir do latim, germinaram diversas outras línguas - como a língua italiana, francesa, espanhola, catalã, galega e, como foi dito, a portuguesa. Ora, qual foi o evento de ruptura responsável pela transição do latim para o português? A resposta do professor Fernando Venâncio é inequívoca: a queda das letras "L"  e "N" quando situadas entre vogais. Em nenhuma língua românica este fenómeno foi tão impactante quanto na nossa: " [...] o desaparecimento em massa do l e do n intervocálicos toma feições verdadeiramente impressionantes, com drásticas consequências para o idioma." Na opinião do linguista Ivo Castro, citado neste livro, "o acto de nascimento da nossa língua" reside precisamente na síncope das letras "L" e "N". Talvez a apresentação de alguns exemplos nos ajude a entender melhor este curioso fenómeno. O latim dolere é transposto para as principais línguas românicas da seguinte maneira: em espanhol dolor, em francês douleur, em italiano dolore. Ou seja, o "L" intervocálico é conservado em todos os casos apresentados, excepto no idioma português, onde o equivalente do latim dolere é dor. O latim salire originou o espanhol salir e o italiano salire. No nosso idioma, temos sair (mais uma vez, o l desapareceu). Outro exemplo: o latim voluntate levou ao espanhol voluntad, mas em português a palavra equivalente é vontade. 
Também na letra "N" vemos casos análogos. O latim moneta produziu o espanhol moneda, o francês monnaie e o italiano moneta. Todos possuem o "N" entre vogais, menos nós. Nós possuímos moeda. O vocábulo latim venire fez surgir o espanhol venir, o francês venir e o italiano venire. Nós temos o vocábulo vir. Portanto, estamos perante algo que configura um padrão: "a primeira constatação é a da regularidade destes mecanismos. Eles atingem uma imensidão de casos, efectivamente centenas deles, e fazem-no - não obstante a complexidade do processo envolvido - quase sem uma distorção, como se dirigidos por uma lei implacável." 

Muitos outros fenómenos são escalpelizados em Assim Nasceu Uma Língua: a rápida metamorfose da língua portuguesa, de 1400 a 1450,  ocasionada pela subalternização da nobreza poderosa de Entre-Douro-e-Minho, tendo sido espoletada no período posterior à batalha de Aljubarrota, evento esse importantíssimo na reconfiguração do xadrez político e na vitória do "eixo Coimbra-Lisboa" - leal a D. João I, mestre de Avis. 
     O abundante ditongo ão, cuja dicção tanto tortura os estrangeiros que tentam aprender português, tem lugar de destaque ao longo das páginas deste livro, assim como a "castelhanização" da língua portuguesa ocorrida entre 1450 e 1730, consubstanciada na importação de um conjunto enorme de vocábulos espanhóis. Também são analisados aspectos como a relação especial, quase fraternal, entre as línguas galega e portuguesa, as disputas nos círculos linguísticos galegos (relacionadas com a aproximação, ou não, ao português), algumas especificidades do idioma português, e a espantosa etimologia de determinadas palavras. 

Enfim, o leitor desejoso de saber mais sobre esse instrumento precioso e fascinante, usado todos os dias por milhões de pessoas, e que se chama língua portuguesa, terá em Assim Nasceu Uma Língua, de Fernando Venâncio, um excelente guia e ponto de partida. 
181 reviews2 followers
April 23, 2020
Um livro importante que desfaz muitos mitos da portugalidade e especificamente da língua portuguesa. A começar pelo artificial "galaico-português", idioma nunca existente, mas ainda hoje ensinado nas escolas. Fernando Venâncio constrói um argumento muito sólido (factos, factos e factos são citados em catadupa) sobre a galeguíssima origem do idioma que falamos hoje. É uma leitura rica e agradável.

Onde o livro me parece falhar está na falta de contextualização da situação do galego hoje, na Galiza de hoje. O autor debruça-se longamente sobre o movimento reintregacionista (que defende a continuidade da união linguística a Norte e a Sul do Minho), um movimento que creio ser bastante minoritário no país vizinho. Quando o autor fala sobre uma hipotética convivência de português e espanhol na Galiza teria sido também interessante ilustra-la com o exemplo uruguaio, país onde o portunhol é reconhecido como língua minoritária.

Por outro lado taxa como "irreversível" quer a separação do galego e do português europeu, como do português europeu e do brasileiro - esse argumento carecia de mais demorada defesa. O Acordo Ortográfico de 1990 é apontado como exemplo da irreversibilidade da desunião, mas na realidade é apenas uma ferramenta das muitas necessárias para a travar. Outra, de maior impacto, mal é referida. Mas basta ver 2 ou 3 youtubers portugueses para rapidamente se perceber que se esforçam por atrair uma audiência brasileira e que o conseguem fazer com sucesso. A numerosa migração brasileira em Portugal também assegura, parece-me, que Portugal nunca deixará o português brasileiro afastar-se demasiado, estará pronto a segui-lo. E a influência brasileira nos PALOP funcionará também como cola idiomática.

Voltando ao galego, não há razão para achar que é impossível uma maior aproximação cultural e até linguística entre os dois países divididos pelo Minho. Um sinal dessa reaproximação está nas bem sucedidas coproduções televisivas da RTP e a TVG nos últimos anos ("Vidago Palace", "Auga Seca", "A Espia" e outras). Estou convencido de que para o fortalecer desse diálogo e intercâmbio seria essencial concluir o projeto de regionalização em Portugal, criando uma região Norte capaz de falar de igual para igual com a Galiza.

Pondo de lado estas diferentes opiniões sobre o futuro possível e desejável, insisto que é um livro muito importante e altamente recomendável, escrito com grande lucidez e desassombro e que deixa qualquer leitor mais sábio depois de o ler. E, espero ainda, bastante mais aberto a conhecer e interessar-se pelo vizinho do Norte.
Profile Image for Andreia Marques.
199 reviews7 followers
January 21, 2020
A língua seria algo tão delicado que qualquer pessoa, a qualquer momento, por descuido, a poderia destruir.
Profile Image for Claudia.
5 reviews4 followers
April 11, 2021
É um livros mais interessantes que já li. Fala-nos da origem da língua portuguesa — e de como não podemos dizer que havia “português” antes de 1400 — e de como a nossa língua é indissociável do galego, ainda que estejam cada vez mais afastados. É uma bela viagem pela evolução da língua, pontuado de curiosidades e sempre muito bem sustentado pela linguística.
Profile Image for Artur Coelho.
2,599 reviews74 followers
September 23, 2023
Um livro intrigante que nos leva a descobrir as origens da nossa língua. Vai direto à sua tese, a do galego antigo como a origem do português, demonstrando-o com as inúmeras semelhanças de palavras, expressões e gramaticais entre estas duas línguas. De facto, o autor considera o galego mais próximo da nossa língua do que o português brasileiro, que do seu ponto de vista, está em processo de afastamento.

Não conheço o suficiente de gramática para dar crédito, ou descrédito, a estas teses. Da leitura, recordo um mergulho na origem das palavras, percebendo que da raiz latina brotaram o galego e o português, linguas praticamente irmãs apesar das suas diferenças. O autor também analisa a fundo algumas questões culturais sobre esta relação. Por um lado, a propensão dos estudiosos da língua em separar galego do português por razões de afirmação de nacionalidade; por outro, o peso de ideologias e da história, na forma como o galego é visto pelos galegos, por via da afirmação de nacionalismo espanhol.

Ficamos também a saber que o nosso português está cheio de estrangeirismos, de palavras adotadas do espanhol, francês, italiano e inglês. Confesso que esperei uma listagem de influências linguísticas vindas dos descobrimentos e época colonial, mas o autor não se meteu nesse campo. As línguas são vivas, mudam, evoluem, e algo que me cativou neste livro foi a sua posição de tolerância e flexibilidade, rejeitando normativos excessivos e mostrando que a evolução, a adaptação aos falantes, é a maior riqueza da língua.
Profile Image for João Vaz.
254 reviews27 followers
August 11, 2022
Que livro fantástico! Muitíssimo detalhado, rigoroso e divertido! na análise da evolução da língua portuguesa, que consta ter originado exclusivamente do galego, língua esta amplamente reconhecida antes da fundação de Portugal, e que fora naturalmente adoptada (ou melhor, mantida) pelos intrépidos Portugueses, que da Galiza descolaram, nesse pedaço a Norte, Entre-Douro-e-Minho. Algo que vai contra a visão nacionalista da língua como fundacional; os Portugueses como um povo que brotou em detrimento dos seus vizinhos, fruto duma cultura e língua autónomas, de criação própria. A história do português, no pouquíssimo que diverge do galego, foi antes um processo extremamente lento de anti-galegazição, ou relatinização, a partir da Dinastia de Avis, com a reintrodução de palavras oriundas do latim, já em uso no espanhol e francês, por se considerarem línguas cultas e elegantes.

Ainda que o autor tenha dado pouca ênfase ao tópico, o livro reinflamou a repulsa (e trauma) que sinto em relação ao Acordo Ortográfico, cujo objectivo mor é reunificar a língua em toda a lusofonia através da ortografia. Uma tentativa inútil, dada a trajectória divergente e irreversível que o português europeu e brasileiro vão seguindo, não só em ortografia (o menor dos males, diga-se, já que se trata apenas duma codificação da língua), mas antes da morfologia e sintaxe, essoutras de unificação impossível.

Também gostei do jeito mordaz com que o autor critica a panóplia de livros que têm saído ultimamente sobre erros de português e outros que tais que tentam higienizar a língua mais ao gosto dos seus autores. Uma palermice. A língua está de passagem.
Profile Image for Filipe.
61 reviews
June 3, 2020
Ainda que no mercado abundem edições sobre o bem falar e escrever português, sobre os erros mais frequentes e outros do género, nunca me tinha dado conta da existência de livros sobre a História da nossa língua. Ao ler o livro "Assim Nasceu uma Língua", dei-me conta de que afinal até existem vários.
O livro de Fernando Venâncio terá beneficiado de condições favoráveis para ter logrado tanta visibilidade junto do grande público, desde logo aquela que é a sua maior qualidade: ter sido escrito precisamente para o grande público. O autor expressa esse objetivo logo na introdução, o que me dispôs bem para prosseguir. Dado não ser linguista de formação, não queria ver-me nas mãos com um compêndio académico pejado de notas de rodapé e de termos técnicos em excesso. A grande erudição do autor, um investigador de longa carreira que sabe do que fala, no entanto, está presente do início ao fim do livro.
Das quatro partes em que o livro se divide, as primeiras duas foram verdadeiros 'page turners', dir-se-ia em inglês. Nelas, apresentam-se a raízes mais profundas do português e a revelação do passado do nosso falar anterior à fundação da nacionalidade deu-me imenso gozo a ler.
A terceira parte, porém, foi um balde de água fria. Além de ser longuíssima, o autor discorreu excessivamente sobre as parecenças do galego com o português e - pior! - sobre os dilemas do Galegos com o seu idioma de há umas décadas a esta parte. Para folhetim, foi do mais monótono que podia haver. À medida que ia avançando nos capítulos, parecia cada vez mais, que já não estávamos a falar de "como nasceu uma língua" (a portuguesa) e que já se estava só a falar de "o que há de ser do galego". Não direi que não foi interessante ficar a conhecer um pouco do que se passa a norte do rio Minho, sendo os galegos um povo por quem tenho muita estima, mas podia ter sido muito resumido e tinha-me evitado hesitar, a dada altura, se conseguiria continuar a ler o livro.
Perseverei. E ainda bem que o fiz, pois a última parte compensou. As considerações do autor sobre o presente e o futuro da nossa língua animou-me. Ao ajudar-me a aceitar algumas coisas que são inerentes a uma língua viva, permitiu-me pôr de lado algumas angústias e acho que vou passar a relativizar mais algumas das coisas que vamos vendo acontecer com o português no dia a dia. Não é o caso do AO, que ainda me custa a engolir, apesar de o aplicar na minha escrita. Mas isso é conversa para outra altura.
Profile Image for Priscilla Mouta.
9 reviews
November 19, 2024
O livro tem muitas informações interessantes, mas em alguns momentos é acadêmico demais e acaba perdendo a atenção de quem se interessa pelo tema, mas é leigo. Poderia ser um pouco mais curto e mais fluido na escrita para efeito de obra de divulgação científica e não acadêmica. Destaque para o prefácio do Marcos Bagno, que vale demais a leitura.
124 reviews
October 18, 2024
Ótimo livro!

O assunto pode parecer um pouco enfadonho, mas a leitura revela uma complexa tentativa de apagamento da Galiza (Galécia, Galícia) da história de Portugal - e como isso influenciou na própria formação e percepção do português como língua autônoma.

Gostei muito do livro nas partes que falam desse aspecto histórico e das relações da língua galega com a língua portuguesa; a leitura fica mais maçante à medida que o autor enumera os exemplos de palavras para provar determinados argumentos, porém, deve-se lembrar que é um livro essencialmente de linguística, em que tais elementos são corriqueiros (se não indispensáveis).

Recomendo a leitura para todo mundo que se interessa por história e, especialmente, pela história da magnífica língua portuguesa.
Profile Image for Tomé Andrade.
78 reviews1 follower
November 6, 2021
Escrever um livro sobre as origens de uma língua, com bastante detalhe, usando de particular ciência linguística e, ainda assim, conseguir que os leigos leotores se apaixonem por este texto e se agarrem à leitura é mesmo obra. Parabéns a Fernando Venâncio que, sem peneiras ou linguagem esotérica, produziu um magnífico trabalho merecedor de devida atenção.
Profile Image for Bia.
42 reviews2 followers
November 3, 2024
"Ter uma língua que poderia nunca ter sido nossa, e que tão nossa acabou por ser, é cenário que bem poucos povos podem chamar seu."
Profile Image for Yon Wong.
10 reviews1 follower
November 7, 2024
3.5 polit, aclaridor i senzill tot i que crec que l'autor s'equivoca.
Profile Image for Logan Borsa.
15 reviews2 followers
May 26, 2025
Definitivamente um livro que merece três ou até mesmo quatro estrelas, mas posso dizer que ele não foi feito para mim.
Displaying 1 - 21 of 21 reviews

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