Este livro nos permite um vislumbre da personalidade e da vida de Hilda Hilst. Traça um panorama do nascimento e da história de sua família em Jaú, no interior de São Paulo, até sua morte na Casa do Sol, numa série de episódios fascinantes – da juventude glamurosa na capital à decisão de se recolher num sítio, dos livros pornográficos à fantasia de se tornar freira, ou à vontade de ser reconhecida como grande que foi, ser amada e amar muitos homens. Seria possível pensar que procura retratar a pessoa por trás da escritora, se em Hilda essas duas faces não fossem, justamente pela consciência com que construía sua imagem, a mesma coisa.
Creio que a melhor qualidade desse livro é ser reverente, simplesmente porque a Hilda é tão gênio que não merece menos do que ser reverenciada, mesmo ela sendo uma notória narcisista clássica no sentido psicanalítico do termo, ela também foi maldita no sentido marginal e revolucionária não apenas no seu comportamento social de uma dama da sociedade, como bem nas suas pretensões literárias que apenas se igualaram em excelência no século XX à Guimarães Rosa. Todo esse furor chamado Hilda Hilst é aqui representado de uma forma que não reste nada além de paixão perante tal personalidade, embora eu nunca vá me recuperar do fato que ela fora apaixonada por um dos Mesquita, mas sempre dizendo dizendo pra eu mesma: ao menos não era um dos Frias, ou dos Civitas, ou pior, um dos Marinho. Nós te perdoamos Hildinha.
No posfácio as autoras afirmam que "este livro traz um panorama da vida da escritora" e é esta a impressão que tive ao final. Uma visão do alto, extensa, a partir do cume, mas que não se aprofunda. Eu, que sou leitora de biografias, senti falta de uma visão desapaixonada da vida da escritora. As autoras entrevistaram familiares, amigos íntimos mas não os desafetos (que deveriam ser muitos dado ao temperamento exposivo da biografada). Leram os diários mas ficaram nas notícias de jornais. É tudo contado de forma superficial. Há até um "conta-se" como se fosse uma fofoca sem revelar a fonte. Enfim, vale como registro da intelectual, escritora e mulher ousada mas sem grandes revelações e sem profundidade. É um livro-elogio a Hilda Hirst. Não lerei novamente e não daria de presente mas lerei Hilda.
Adorei saber que Hilda tinha muitos cachorros na casa do sol. Ainda mais sua relação com seus amantes, amigos e como ela tinha um relacionamento tão próximo com estes, que mesmo quando terminava, ela os convidava para morar junto com ela!
Foi bom ler uma escrita cronológica que aterrasse um pouco dessa personalidade que foi a Hilda Hilst.
É sempre muito interessante ler biografias/autobiografias, ainda mais quando é de uma pessoa que desafiou muitas convenções e viveu do seu jeito, sem tantas linearidades ou roteiros. Também gostei de ver a humanidade de Hilda, seus defeitos e fazer um pouco da separação da vida/da obra.
Enfim, espero que de qualquer lugar que ela esteja, ela se sinta finalmente lida e reconhecida.
Estava esperando que saísse uma biografia de Hilda, e não me decepcionei. Há aqui muitas informações que nos ajudam a ter uma ideia mais realista da escritora - uma ideia que não pode ser percebida apenas por suas entrevistas, já que ela não gostava muito de dá-las e era frequentemente irônica conversando com os entrevistadores. As duas jornalistas autoras do livro perguntam sobre Hilda para as pessoas que a amaram (como José Luiz Mora Fuentes, escritor e amigo da autora) e dão informações que estão contidas nos diários íntimos de Hilda. Mostram razões claras tanto para a sua decisão de recolher-se à Casa do Sol quanto de começar a publicar livros pornográficos na década de 90. Falam sem julgamentos das experiências de Hilda com a espiritualidade e o paranormal. Muito bom!
Uma tragicomédia disfarçada de biografia. A autora utiliza toda a sorte de clichês e linguajar mais apropriado à Revista Caras do que um livro que se pretenda sério.