GRANDE PRÉMIO DO CONTO CAMILO CASTELO BRANCO | APE 2015
Após sete anos sem publicar, o livro que marcou o regresso de uma autora de culto à ficção — conquistou prémios, a crítica e os leitores e volta a estar disponível, desta vez em formato de bolso.
«Teresa Veiga é um dos nomes mais importantes da nossa ficção actual. É, provavelmente, a nossa melhor contista, e os seus textos mostram como consegue romper as categorias estabelecidas dos modelos ficcionais. A sua escrita está no cruzamento perfeito entre as exigências do leitor geral de ficção e o leitor mais sofisticado.» — Pedro Mexia, Diário de Notícias
«Teresa Veiga escreve de uma maneira que recebe sem favor o nome de estilo: com rigor e sobriedade, a sua escrita revela um notável sentido da alusão, da ironia e do humor e, retoricamente falando, um sentido do decoro, da necessidade de o manter e da oportunidade para o perder.» — Abel Barros Baptista, Público
Nasceu em 1945 e é licenciada em Direito e também em Românicas, tendo exercido a actividade de conservadora do Registo Civil. O seu nome literário é um pseudónimo, desconhecendo-se o ser verdadeiro nome.
A sua estreia literária ocorreu em 1981, com «Jacobo e Outras Histórias, tendo então recebido o Prémio Literário Círculo de Leitores. Apenas em 1990 publicou novo livro, «O Último Amante», a que se seguiu «História da Bela Fria» (1992), com o qual venceu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco e o Prémio P.E.N. Clube Português de Ficção.
Ainda na década de 90 do século XX, escreveu «A Paz Doméstica (1999), o seu único romance. Nos últimos anos publicou «As Enganadas» (2003) e «Uma Aventura Secreta do Marquês de Bradomín (2008), vencendo, novamente, o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.
Custou-me pousar o livro. A palavra que me vem à cabeça é desconcertante. São contos mordazes. Mães reprimidas, filhas desvairadas, gente triste, vingativa e só. O feminino às vezes porta-se como uma faca muito bem afiada. A escrita aparece lapidada como num diamante rejeitado de um anel de noivado. Ri-me algumas vezes mas o humor é negro e creio que não apele a todos.
Não entendo o hype à volta deste livro. É uma escrita muito boa, absolutamente límpida e estruturada, mas as histórias são secas, com nenhuma surpresa, deslizam em sentido contrário ao interesse que se espera de um conto, ou seja, cativam no início e desiludem à medida que avançam, com finais abruptos que não abonam nada em favor do género literário em que se enquadram.
Onze contos magníficos: intensos, densos e misteriosos. A qualidade da escrita é irrepreensível, o domínio da narrativa absoluto. Cada conto é uma pedra preciosa lapidada ao ponto da perfeição. O ponto de vista dominante é o feminino, e a pedra de toque o carácter tão compulsivo quanto insondável do desejo.
Apesar da minha dificuldade assumida com os contos, problema meu, acredito, tenho-me forçado a ler mais livros deste género, porque me fascina a arte associada à sua construção. Quero saber mais, quero estar mais ambientada a este mundo dos contos, e tenho a certeza que Gente Melancolicamente Louca foi uma escolha muito acertada.
Fiquei deveras fascinada com o talento de Teresa Veiga como contista, embora já suspeitasse que fosse muito boa. Adorei a sua escrita, elaborada e eloquente. Contudo, tal não foi suficiente para me perder de amores pelos vários contos que fui lendo, embora deva realçar que não houve um único que não tenha gostado de todo, o que raramente me acontece com livros de contos. Tal deve-se, sem dúvida, à forte componente feminina ao longo de todo o livro e à escrita irrepreensível de Teresa Veiga.
Os meus contos preferidos foram O dia em que Sherlock Holmes foi salvo pelo Capitão Fracasse e Natacha.
Por temperamento sou reservada e pouco sociável, no sentido em que me basto a mim própria e nunca senti necessidade de ter amigas que servissem de confidentes ou meras caixas-de-ressonância dos meus pensamentos e preocupações.
Contos que começam muito bem, com personagens caricatas, às vezes bizarras, ficam mornos, depois desinteressantes, fazem o leitor desejar estar a fazer outra coisa qualquer, terminam com um acontecimento arrojado, mas sem que haja uma linha que interligue todos os elementos do conto. Com uma escrita irrepreensível e humor negro, é, porém, a falta de sentido (ou a minha incapacidade para lhes encontrar sentido...) que premeia a minha experiência de leitura. Se bem que a criação de personagens excêntricas possa ser uma lufada de ar fresco, aqui eu só queria conseguir simpatizar (ou detestar) alguma que fosse. Fiquei sempre desiludida e só no último conto, apesar de doloramente longo, encontrei uma coesão psicadélica satisfatória. Resumindo, não percebi onde a autora queria chegar.
Contos de fôlego. Personagens, enredos e cenários cativantes , intensos, inquietantes, desarmantes, belos. Tanto nas hostilidades, desencontros e desventuras como na satisfação e bem-aventurança.
Objector de Consciência - 4 História Triste com Final Alegre - 3 A Morte do Cisne - 2,5 A Irmã Santo Suspiro - 3 O dia em que Sherlock Holmes foi salvo pelo Capitão Fracasse - 4 Natacha - 4 A Casa Abandonada - 2 Avaliações - 2,5 Isabela - Falso conto Libertino - 2,5 Negra Sombra que me assombras - falso conto gótico - saltei, Cuidado com as algas verdes - falso conto policial - saltei.
Os contos "Objector de consciência", "Avaliações", "Negra sombra que me assombras - falso conto gótico" e "Cuidado com as algas verdes - falso conto policial" foram, de longe, os meus preferidos (5 estrelas), quer pela intensidade das personagens, quer pela forma tão direta e bonita como a Teresa Veiga apresenta a loucura e o mistério como parte de cada um de nós. O título de melhor contista portuguesa fez-me todo o sentido durante este processo de descoberta de "Gente melancolicamente louca".
Objector de Consciência 5** História Triste com final alegre 3** A Morte do Cisne 4** A irmã Santo Suspiro 5** O Dia em que Sherlock Holmes foi salvo pelo Capitão Fracasse 4** Natacha 5** A Casa Abandonada 5** Avaliações 3** Isabela - falso conto libertino 4** Negra sombra que me assombras - falso conto gótico 5** Cuidado com as algas verdes - falso conto policial 3**
Fantástica descoberta desta gente melancolicamente louca. As personagens das estórias da Teresa Veiga são estranhas e misteriosas. A sua escrita deixa-nos a querer saber mais das personagens e estórias, e não tendo gostado de igual modo de todos os contos, estes são bastantes equilibrados.
Foi-me difícil a travessia por entre as páginas deste livro. A escrita de Teresa Veiga é clara e sóbria, bem elaborada, com atenção ao detalhe. As personagens são, a meu ver, muito bem elaboradas, principalmente no que toca aos traços psicológicos. Senti-me atraído por elas e por vezes fui transportado para dentro das suas cabeças melancolicamente loucas. No entanto, fora das personagens senti-me perdido. A construção dos contos não me cativou e talvez o meu gosto literário também não tenha favorecido este estilo. O desenrolar da maioria dos contos e principalmente os seus desfechos não me prenderam, nem incentivaram a prosseguir para o conto seguinte.
Destaco o facto de a maioria das personagens serem femininas. Acredito que foi propositado pela autora e também acredito que essa foi uma boa aposta.
Nem todos os contos me atingem totalmente mas são todos bem estruturados no geral. Os que se destacam são absolutamente incríveis e na minha cabeça passou a adaptação deles a filme quando os li. Alguns arrastam-se demais mas reconheço alguma beleza no arrastar - por alguma razão, esta gente é louca melancolicamente. O título faz jus àquilo que está escrito, é uma lembrança de que a absurdez não foi mal colocada, foi construída da maneira que a autora achou mais adequada. E isso é o que me fez apreciar tanto o livro.
As maravilhas da escrita intuitiva onde o que mais importa é a forma de antecipar tudo através da inteligência emocional e da intuição. Teresa Veiga tem esse dom. O que conta nem é tanto a história mas como ela a desenforma.
De resto, feliz por ver que o conto é publicado em Portugal, ao contrário do que sempre me disseram os editores, assim como os livreiros: “O conto não vende em Portugal”. Estarão enganados? (Se bem que vender e ser bom nem sempre estejam no mesmo comprimento de onda).
Gostei - e, de alguns dos contos, mesmo muito. Conheci a Teresa Veiga há pouquíssimo tempo, e tenho vindo a descobrir mais livros dela. Gosto bastante.
Este é um livro de contos, e acho que gosto mais da Teresa Veiga nesta versão do que em romances.
Os contos estão tão bem escritos, são tão diferentes entre si. Todos tão detalhados, tão fáceis até de imaginar transpostos para uma arte visual.
Gostei - e cresce a vontade de ler mais livros da Teresa Veiga (entretanto já comprei mais uns 😁).
Tomei uma atitude diferente com este livro da Teresa Veiga. Antes li Cidade Infecta, e por ter gostado, avancei para este com a resolução de ler uma história de cada vez, com tempo para saborear as camadas e a escrita. E que belíssimo livro. Recomendo. É-me difícil escolher um conto preferido, já que todos são riquíssimos.
Teresa Veiga conta histórias aparentemente lineares e que seguem as regras que um conto deve ter. Mas os finais são sempre equívocos, as personagens ambíguas, e um leitor é um joguete nas mãos da narradora. Em nenhum conto terminamos descansados, o que para mim, como leitora, é inestimável.
Contos favoritos: Natacha, Isabela e negra sombra que me as sombras. Em geral achei os contos um pouco aborrecidos apesar de bem escritos mas estes três destacam-se na positiva
Contos mornos, mas alguns se salvam. As histórias acabam quando começam a esquentar. Funcionam como uma coleção, mas só entendi isso depois que terminei e queria ter aproveitado como conjunto ao longo da leitura. Apesar disso, a escrita é muito boa e os personagens são interessantes. Senti que os contos vão beirando mais a irracionalidade com o progresso do livro, que achei uma escolha interessante. Entre os melhores achei “Objetor de consciência”, “Natacha”, “Avaliações”, “Isabela - falso conto libertino”, “Negra sombra que me assombras - falso conto gótico” e “Cuidado com as algas verdes - falso conto policial”.