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437 pages, Paperback
First published October 20, 2012
Devo dizer que fiquei bastante surpreendida com a escrita admirável desta jovem escritora que conheci após me juntar ao goodreads. Os meus parabéns!
Peço desde já desculpa à autora pela possível existência de algum comentário que possa ferir as suas suscetibilidades, no entanto, este pequeno texto resulta apenas da minha análise ao livro.
Já tinha lido anteriormente um conto desta autora, Cinzas e Neve, mas tinha-me sabido a pouco pois, quando cheguei ao fim, a única coisa que desejava era poder continuar. Com Funeral da Nossa Mãe tive a oportunidade de seguir uma história complexa duma família tipicamente portuguesa desde o princípio ao fim.
Foram vários os aspetos que me surpreenderam nesta obra. Adorei a profundidade que a Célia atribuiu às personagens e a forma como as moldou, as desenvolveu ao longo do livro e como as fez evoluir. O aspeto que mais me agradou foi o facto de ter interligado os ideais, preconceitos, formas de pensar, sentir e agir de diferentes gerações antes e após o regime ditatorial, contextualizando e explicando bastantes das decisões tomadas pelas personagens ao longo da história.
Contudo, o que torna o livro tão particular e especial é o facto de ser um livro tipicamente português, sobre uma família tipicamente portuguesa. Ainda que este género de história não seja das minhas preferidas gostei de assistir ao desenrolar da história de uma família e a forma como, um erro, uma mentira pode afetar os alicerces mais básicos de uma família. É sempre mais fácil construir uma mentira do que restaurar a confiança perdida daqueles que mais amamos.
No entanto, a leitura do livro nem sempre se desenrolou da forma esperada. Por vezes, tornou-se morosa, dando a impressão de que a história pouco avançava, tornando-se de vez em quando um bocadinho monótona. Contudo, a leitura foi trazendo episódios com que não se contava provocando no leitor redobrado interesse, ganhando o livro outra vida.
Quanto às personagens, penso que a autora conseguiu alcançar os seus objetivos.
Desprezei e odiei Carolina, um poço de desespero e insegurança que acabou por prejudicar toda a estrutura da sua família com uma mentira mesquinha e atroz. Por muito que tente, simplesmente não consigo gostar dela, nem a desculpar, nem sentir pena nem qualquer tipo de empatia, irritou-me do inicio ao fim. Continua a irritar-me agora.
Adorei Luísa e Inês pela sua racionalidade, pragmatismo e honestidade ainda que bruscas. Aquele capítulo em que Inês tem “aquela” conversa com João Pedro foi simplesmente marcante. Se já antes gostava de Luísa, depois desta conversa, Inês conquistou definitivamente o meu respeito e admiração. Devo dizer que o desenvolvimento do relacionamento entre o JP e Inês foi uma excelente aposta, permitiu distrair um pouco do problema “Carolina” deixando a história um pouco mais leve, no entanto, não me importaria de tivesse sido ainda, um pouco mais desenvolvida.
Apesar de não ser bem o meu género de história, gostei bastante de ler a obra. A escrita da Célia é especial e espero contar para breve a oportunidade de ler o novo livro histórico desta promissora autora, A Filha do Barão.