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O Funeral da Nossa Mãe

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Quando Carolina Alves se suicida, aos 58 anos, deixa um último pedido: o de que as suas três filhas se reúnam no seu funeral, na pequena povoação (fictícia) de Vila Flor, Alto Alentejo. Quer que participem na festa em honra da padroeira da mesma, pondo de lado o decoro esperado de três órfãs.

Luísa emigrou para França, é viciada em trabalho e despreza o seu passado. Praticamente jurara não voltar a pisar a vila da sua infância. Cecília, recentemente casada, é pianista de fama relativa e acabara de se mudar definitivamente para Vila Flor. Inês, que dedica a sua juventude às causas políticas, mal recorda um pai de quem se vai falar bastante e que morreu num trágico acidente de carro em vésperas de Natal...

Com a ajuda de Elisa, única irmã de Carolina, vão desvendar ao longo de quatro dias o passado inesperado da mãe, que não é bem aquilo que tinham julgado, e que cometeu um acto indesculpável para prender, há trinta e oito anos atrás, aquele que viria a ser o pai das suas três filhas...

437 pages, Paperback

First published October 20, 2012

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About the author

Célia Correia Loureiro

30 books962 followers
Célia Correia Loureiro nasceu em Almada, em 1989. É escritora e tradutora. Demência foi o seu primeiro romance publicado (Alfarroba @ 2011). Que descreve como “um grito de revolta contra as circunstâncias da mulher portuguesa no século XX, e da mulher ainda vulnerável, isolada e silenciada pelos bons costumes, em contexto rural, em pleno século XXI”. Em Abril de 2019 é reeditado pela Coolbooks, numa edição revisitada na íntegra, juntando-se assim a O Funeral da Nossa Mãe (Alfarroba @ 2012), A Filha do Barão (Marcador @ 2014, coleção Os Livros RTP), Uma Mulher Respeitável (Marcador @ 2016). Pela mesma chancela da Porto Editora lança Os Pássaros (Coolbooks @ 2020) e, em edição de autor, por se tratar de uma autobiografia ficcionada, Até os Comboios Andam aos Saltos (2021), que explora temas como o cancro terminal do pai, o alcoolismo da mãe e os dilemas de uma mulher de 30 anos com um passado por resolver. Em 2024 publicou No Tempo das Cerejas, no grupo Infinito Particular, e Erros Crassos da História: Figuras Histórias e os Erros que Mudaram o Mundo (Ideias de Ler).

Mudou-se para o Alentejo no início de 2025, a fim de poder dedicar-se aos estudos em História e Artes. Vive com dois cães, rodeada de muitas planícies e vacas.

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Displaying 1 - 30 of 96 reviews
Profile Image for Rita (the_bookthiefgirl).
354 reviews85 followers
December 13, 2022
“a vida tem sempre caminhos alternativos aos poucos problemáticos, e que quando as coincidências acontecem, tantas vezes são para complicar e não para resolver.”

Se entrarmos numa livraria e formos ver os livros de literatura portuguesa, podemos ter em destaque autores renomeados, com todo o mérito, e outros que…nem por isso. Que possuem uma fama sem mérito, sem jeito para as palavras, palavras que se enrolam e histórias completamente ocas e sem descabimento.

Só conheci o nome da Célia Loureiro pelo Bookstagram e não sabia que ela sabia escrever tão bem. Até à data, apenas vi um livro dela na biblioteca pública e só consegui ler “O Funeral da Nossa Mãe” porque a querida @ensaiosobreodesassossego me emprestou o exemplar dela comprado à Célia. E fiquei tão espantada como é que uma autora destas, com um livro destes , que pelo que me dizem nem é o melhor dela, passou tão despercebida.

A Célia tem uma escrita tão envolvente que, durante três ou quatro dias, parecia uma maluquinha que não largava o livro. Sentia-me sempre num filme tão vívido, filme este que se passava no Alentejo dos nossos dias, sendo a história de três irmãs que se reúnem para o funeral da mãe. Três irmãs, que quase como os irmãos Karamazov, possuem personalidades tão diferentes, tendo como ponto comum a sua firmeza, força e o seu passado perturbante dos seus pais.

A história oscila entre o presente e o passado, desmantelando aspetos da vida da mãe, do pai, e das 3 irmãs. Uma teia amorosa, que nos ensina a força do amor, em pequenos gestos, na compreensão e no falar à alma. É uma intriga mesmo bem construída, que nos entretém maravilhosamente e nos faz esquecer um pouco a realidade 😊

Facto engraçado: enganei-me completamente no teor do livro pelo título. Achava que ia ser deprimente, ia chorar muito e pensar muito no luto. Quando dei por mim, a narrativa fez-me ver diferentes facetas das pessoas face à perda, quer através da lágrima, da frustração, do humor, da música do piano que evocava a canção favorita da mãe. ❤️

Quando terminei o livro, ainda fiquei durante algum tempo a pensar nele. E isso é bom sinal. Só tenho a dar os meus parabéns à Célia e a esta edição com capa incrível.
Profile Image for Margarida.
146 reviews47 followers
February 4, 2018
5* Porque não pode ser mais!

O que se pode dizer de um livro que se adorou, apenas em meia dúzia de palavras?
Para além da responsabilidade acrescida, depois da surpresa da Célia ao colocar na contracapa uma frase da minha review ao seu “Demência”…

Não sou crítica literária e não analiso um livro sob este ponto de vista. Para mim um livro é bom se: me der prazer lê-lo; consegue envolver-me na estória; consegue uma ligação entre mim e as personagens, sentir carinho, amor, ódio, tristeza, revolta, apoio por elas e com elas.
E uma vez mais a Célia conseguiu isto tudo! E deixar-me sem palavras! Li o seu primeiro romance “Demência” de um fôlego e no fim custou-me pousá-lo, despedir-me das personagens. Apesar de ainda haver arestas a limar, normal num primeiro romance, adorei lê-lo e logo senti que a Célia tinha um dom: era uma excelente contadora de estórias! E felizmente tinha também o talento para o saber usar.
E assim, esperei ansiosa, pelo seu segundo romance. Queria voltar à escrita da Célia, queria confirmar o que me parecia já evidente: que tínhamos à nossa frente uma promessa na literatura nacional. E finalmente tive nas mãos “O Funeral da Nossa Mãe”, A sinopse prendeu-me de imediato, talvez por ser da mesma geração da personagem, talvez por ter filhas…
E a escrita da Célia fez o resto: prendeu-me do princípio ao fim!
Os romances da Célia são essencialmente sagas familiares onde normalmente o papel das personagens femininas se evidencia e destaca de longe, em relação às personagens masculinas. Mulheres fortes a quem a vida moldou, e mesmo que essa força se manifeste de formas diferentes o seu sentido de família sobrepõe-se a tudo, inclusive aos seus sentimento pessoais mais profundos. E mais uma vez a Célia mostrou uma maturidade impressionante ao criar a Carolina, a Luísa, a Cecília, a Inês e todas as outras personagens ao conseguir entrar na sua alma, na sua mente, entender os seus fantasmas, os seus medos, os seus anseios, os seus segredos mais recônditos…
Gosto também muito da sua escolha geográfica. Primeiro uma aldeia na Beira Alta, agora uma aldeia no Alentejo. Dá-nos a assim a conhecer um pouco do nosso Portugal interior. As suas descrições conseguem fazer-nos “ver” os pormenores, as cores, os cheiros…
Mas falemos um pouco do romance em si.
A estória é arrebatadora, envolvente e a forma como nos é contada, intercalando presente com passado onde as recordações das personagens têm um timing perfeito, onde os segredos vão sendo revelados à medida que as personagens vão crescendo é simplesmente deliciosa!
Após o suicídio da mãe, Luísa, Cecília e Inês voltam a juntar-se após anos de separação em que cada uma seguiu a sua própria vida. A sua ideia inicial era assistirem ao funeral da mãe e depois cada uma partir de volta para as suas “zonas de conforto”, mas como a vida nem sempre (ou quase sempre!) não é como queremos vêem-se envolvidas no descortinar da vida dos seus pais, de segredos que não imaginavam, mas que de uma forma ou outra moldaram as suas personalidades e que influenciaram toda a sua vida. E à medida que se vão apercebendo de tudo que as rodeou sem terem tido disso consciência acabam por verificar que são mais os laços que as unem que aqueles que as separam.
Luísa, aparentemente fria e calculista, dada mais a desamores do que a amores acaba por se reencontrar consigo própria. A personagem de que mais gostei!
Cecília, a sensível e amorosa, Cecília sempre pronta a justificar e entender toda a gente. Sensível como só um artista pode ser, acaba também por se compreender e saber o que realmente procura.
Inês, a irmã mais nova, a menina rebelde que se refugia na política, para fugir à sua própria sensibilidade e às suas inseguranças, que se refugia no seu temperamento para fugir de um passado que não quer lembrar.
A tia Elisa, o equilíbrio que todas precisam. O elo com o passado até agora desconhecido e que com a sua tranquilidade consegue juntar todas as pontas soltas, que faltavam para que as três irmãs conseguissem montar a manta de retalhos que é a sua própria família e a sua própria vida.
Carolina, ainda que não seja a personagem central é a peça fundamental para o desenrolar de toda a estória.
Lourenço, aquele pai aparentemente distante, objecto de um amor doentio com o qual não sabe lidar, e que apesar de também ele ser capaz de amar profundamente, não sabe como o mostrar.
E finalmente, os maridos e namorados que ajudam a compor o ramalhete final e que à sua maneira são também peças importantes na vida das três irmãs.
É um romance que vale a pena ser lido, passado num Portugal que é só nosso, mas onde as estórias de vidas que vão acontecendo, poderiam acontecer em qualquer parte do mundo. É acima de tudo uma estória de pessoas, que amam, que odeiam, que sofrem, que rejubilam, que anseiam, que tem medos, almas povoadas de fantasmas, mas gente real! Como a própria Célia diz: “histórias que não são a história de ninguém, mas serão certamente a história de alguém.”
É difícil despedirmo-nos das personagens, das suas alegrias e tristezas, das suas vidas…
Notei apenas um ponto negativo, ou melhor um ponto menos positivo: achei alguns parágrafos demasiados extensos, por vezes páginas seguidas com poucos diálogos, mas que no entanto não prejudicaram em nada a estória.
Parabéns mais uma vez e continue a ser a excelente contadora de estórias que é, e obrigada por partilhar o seu dom connosco!
E estou já ansiosa à espera do próximo!
Profile Image for Ensaio Sobre o Desassossego.
428 reviews217 followers
July 1, 2022
"A vida tem sempre caminhos alternativos aos pouco problemáticos, e quando as coincidências acontecem, tantas vezes são para complicar e não para resolver." 💭

Li "O Funeral da Nossa Mãe" em 3 dias, devorei completamente este livro. Que escrita tão bonita e envolvente tem a Célia.

Esta é a história de três irmãs que se reúnem para o funeral da mãe. Três irmãs completamente diferentes, com caminhos diferentes mas que encantam o coração do leitor. Luísa, Cecília e Inês são três mulheres com personalidade forte, muito humanas e bem construídas. E a tia Elisa, sempre à sombra das sobrinhas mas indispensável para a harmonia da família. Quando terminei o livro, ainda fiquei durante algum tempo a pensar nestas mulheres. E com saudades das personagens.

Uma história de intrigas, dramas familiares e um retrato belíssimo de uma vila no Alentejo. Todo o livro é muito cinematográfico, consegui imaginar todas as cenas como se fossem um filme a passar na minha cabeça e isto nem sempre é um feito fácil de atingir.

A Célia é daquelas escritoras que têm tudo para agradar a todo o tipo de leitores, com uma escrita envolvente e uma história viciante e difícil de largar. E para quem gosta de tramas familiares, este livro é um deleite.

Esta é uma edição de autor feita com todo o cuidado, com muita qualidade e com esta capa bela, por isso se quiserem comprar o livro, têm de falar directamente com a Célia. Para edição de autor, está simplesmente incrível. Parabéns, Célia!
Profile Image for Ana.
754 reviews174 followers
March 1, 2024
Regressei, através do meu kobo 😊, a esta autora de quem já não lia nada há uns bons anos.
Gostei imenso desta saga familiar!
Profile Image for Ana Filipa.
109 reviews
Read
June 4, 2018
Esta nova história transporta-nos para uma aldeia fictícia, Vila Flor, onde ao fim de alguns anos as três filhas, resultantes do casamento entre Lourenço e Carolina, se juntam para dar início a uma viagem absolutamente surreal ao passado dos seus pais.

As três irmãs, curiosas, após a morte da mãe decidem vasculhar o baú. Para surpresa das mesmas, ao longo da história vão-se deparando com situações nas quais a sua mãe esteve envolvida, demasiado envolvida.
Conseguirá o coração destas irmãs perdoar a loucura da
mãe?
Para cada uma delas o destino tornou-se demasiado cruel ao depararem-se com uma realidade tão concreta.
É difícil dar credibilidade à loucura de Carolina e à maneira como se dispôs a viver tranquila e confortavelmente.

Um romance que nos cativa sempre mais. Uma história que nos envolve, nos fascina. Algo que deve ser apreciado.
Uma óptima viagem ao Portugal dos anos 70.
Um amor que não tem fim. Uma promessa para a vida.

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Ao ser convidada para fazer a apresentação deste novo livro da Célia, tive de ler a história de novo, não porque já estivesse esquecida mas, simplesmente, para ser novamente transportada para aquela realidade, para aquele pequeno mundo.

Manter novamente contacto com a Carolina despertou em mim sentimentos contraditórios, pois podemos avaliar a personagem de diferentes perspectivas, sendo que terá mais ou menos impacto dependendo da sensibilidade do leitor.

Luísa, Cecília e Inês revelaram-se, como já tinha acontecido, as personagens mais queridas ao longo da história. Cada uma à sua maneira, com o seu feitio, compreendeu o passado dos seus pais, o porquê, as razões de as coisas se terem passado da maneira que passaram e, acima de tudo, a vinda das mesmas ao mundo. Como?

Um livro com uma maturidade imensa que nos pode levar às lágrimas. Aconteceu comigo! A abordagem de alguns temas podem-nos fazer pensar bastante na vida...o porquê de as coisas serem como são, e porque não de outra forma?! O porquê de estarmos aqui hoje e amanhã podermos já não estar?!

Verifica-se uma sensibilidade da escritora para abordar, comentar, evidenciar certos assuntos. E penso que, nesse aspecto, a Célia está de parabéns, pois capta a nossa atenção de tal maneira que é impossível desgrudar. É impossível ficar indiferente.

Por isso, aconselho a que conheçam esta história, a que a vivam intensamente como se fosse a vossa, a que chorem, riam, sorriam, amem, desfrutem, sintam pena, sim, sintam pena, porque sentir pena neste caso pode ser fundamental, pode arrepiar, pode magoar, pode acontecer.

Que a alma desta Carolina descanse em paz, que não atormente mais vidas, que tenha sido apenas ela, inconfundível, irreconhecível, intragável...mas somente ela. Somente as suas acções puderam dar vida a esta história, apenas ela foi o batimento cardíaco, a pulsação, o cérebro disto tudo.

Parabéns à Célia pela maravilhosa história. Por me ter feito agarrar compulsivamente a estas personagens, a estas vidas, a esta calor humano que se fez sentir <3
Profile Image for Mafi.
1,201 reviews250 followers
October 12, 2014
Depois de no início deste ano ter lido “Demência” o livro de estreia da jovem autora Célia Correia Loureiro, eis que chega agora ao mercado, novamente com o carimbo da Alfarroba, o segundo romance “O funeral da nossa mãe”. Após ter lido o primeiro livro, esperava ansiosamente por mais um livro da Célia e só tenho a dizer que esta rapariga vai longe!

Mais uma vez, viajamos até ao interior do país, desta vez até Vila Flor, no Alentejo. É aqui que três irmãs se irão reencontrar e reatar os laços de família há muito perdidos. Luísa, Cecília e Inês. Muito diferentes mas também bastante iguais.

Comecemos por Luísa, a irmã mais velha, mais orgulhosa, pragmática e racional. Após a separação dos pais, nunca perdoara a mãe por ter ficado sem o pai Lourenço, virando-lhe as costas depois da morte deste. Saiu do país que não lhe fascinava e é bem-sucedida em Gestão. Cecília, a do meio, dotada de um talento inigualável para a música, deve a sua paixão pelo piano e pela música à bisavó Palmira, que nunca a veria em palco. Muito delicada e frágil, apaixona-se por Vicente, procurando um refúgio em alguém que lhe dê estabilidade, mesmo que as irmãs não aprovem este amor. Inês, como a própria autora a caracteriza, é a mais desconfiada, talvez por ter sofrido um grande golpe enquanto criança.

Quando a mãe das três raparigas, Carolina se suicida, todos ficam intrigados com esta morte súbita, pois nada levava a crer que Carolina fosse infeliz (apesar da distância entre a progenitora e as três filhas). Curiosas e com a ajuda da tia Elisa, Luísa, Cecília e Inês recuaram até ao passado, aos tempos de juventude dos pais e descobriram um poço de segredos e intrigas que acompanharam sempre a vida de Carolina e Lourenço.

A escrita da autora mantém-se no mesmo nível de qualidade, convidando o leitor ao Alentejo rural, tão Português, com direito a tudo o que é típico das comunidades mais pequenas e isoladas: a entreajuda, respeito, união dos vizinhos quando se realiza o funeral de Carolina e as festas da aldeia, às quais, Carolina obriga que as filhas compareçam, de modo a honrarem a sua memória.

Como disse a trama é contada através do passado e intercalando com o presente, pontuada por revelações e descobertas que criam todo o enredo num clímax, não há uma grande revelação que abale toda a história, há vários desvendamentos que nos mostram toda a mágoa, as mentiras e jogos que Carolina cometeu e que Lourenço sofreu. Os fragmentos das acções cometidas pelos dois vão afectar para sempre o rumo das irmãs Esteves.

Em termos de narrativa não há nada a apontar, eu adoro ler romances portugueses, romances que falem da cultura e tradições que só quem é Português é que percebe! E dou o valor à Célia por escrever história tão bonitas, românticas, actuais, bem como ela própria diz: “histórias que não são a história de ninguém, mas serão certamente a história de alguém.”

De resto, talvez o único ponto negativo que tenho a apontar é o facto de muitas vezes não haver parágrafos e serem páginas e páginas como um grande bloco de texto, e que cansaram-me um bocadinho. Não encontrei erros gramaticais, nem senti falta de vírgulas ou pontos finais. O vocabulário da autora é bom e adequado ao tipo de história que apresenta.

Concluindo, foi um livro que me deu grande prazer em ler e tenho de dar os parabéns à autora, pela sua tenra idade, já vai no seu segundo romance. Já estou à espera do próximo!
Profile Image for Maria Cecília.
Author 16 books33 followers
June 5, 2021
Nunca lera nada da Célia Correia Loureiro, como decidi que nos próximos tempos vou ler autores portugueses, comecei por ela.
Não há dúvida que a Célia escreve muito bem, a história é interessante, muito dramática. Mostra-nos um mundo de muita falsidade e hipocrisia. Poucos são os personagens que mantém uma postura coerente. Foi difícil simpatizar com alguns deles. Detestei a Carolina, mesmo quando, no fim do livro, a autora tente redimi-la. Detestei a avó e sogra de Carolina que a aconselharam sem remorsos a enganar Lourenço, mas só o conseguiram porque Carolina era fraca.para ela, o amor valia tudo. Achei a Luísa a mais frontal e assumida, também simpatizei com a Ingrid, ao fim e ao cabo, uma vítima de esta trama.
E tentei compreender a Inês.
Sendo um livro que fala, maioritariamente de mulheres, os homens que entram nesta história, são, afinal, os mais honestos, mesmo nos seus erros.
É uma história que podia ser real, bem definida pela autora, no entanto, para mim, foi demasiado descritivo e exaustivo em passagens que não acrescentavam nada à mesma história.
Dei por mim a fazer uma leitura em diagonal em certos capítulos, o que significa palavras a mais, páginas a mais. Que me desculpe a autora. Gostei da história que, quanto a mim, só peca pela extensão, e em certos capítulos, torna~se repetitiva.
Gostei do final em aberto, da humanidade que começamos a perceber entre as irmãs.
No geral, gostei do livro, e dou os meus parabéns à autora.



Achei a Luísa a mais inteira e assumida e tentei compreender a Inês.
Profile Image for Carla Magina.
288 reviews17 followers
May 12, 2021
A D O R E I ! ! ! !
Que história familiar maravilhosa onde o amor a morte e os relacionamentos são o tema principal.

Célia tu tens um dom, escrever sobre sentimentos e emoções com esta intensidade não é para qualquer um. Espero que nunca deixes de o fazer.
Achei que nunca conseguirias superar o Demência, mas conseguiste. Por pouco, mas conseguiste. Muitos parabéns!!!!
Profile Image for Andreia.
76 reviews8 followers
June 15, 2021
'O Funeral da Nossa Mãe' é um livro surpreendente pela sua complexidade e intensidade. 

Não vou explicar a história, mas é importante dizer que se trata de uma saga familiar em que três irmãs mergulham num passado que desconheciam, para cumprir o último pedido de sua mãe. 

Esse mergulho vai permitir-lhes descobrirem muito sobre a mãe, o pai, e a relação de ambos. Vai permitir-lhes responder a algumas questões, e levantar muitas outras... E assim, as três irmãs vão compreendendo melhor a história dos pais e delas próprias, e vão criando laços entre si, depois de anos separação.  

O romance, apesar de cruzar as histórias de várias personagens, é contado de forma inteligente e facilmente compreensível. Gostei sobretudo da introdução das cartas para conhecer uma parte da história que ficaria oculta se não fosse esse elemento. 

No início apontei os nomes das personagens que iam surgindo pois eram muitas e algumas com nomes estranhos como Gumersindo (o que me lembrou os nomes estranhos da minha própria família, algo bem português), mas rapidamente se percebe a árvore genealógica e consegue-se acompanhar bem o desenrolar dos acontecimentos, seja os do passado, seja os do presente. 

Houve partes que me angustiaram a tal ponto que me lembraram o único livro que li e que me deu vontade de atirar pela janela: 'O Monte dos Vendavais' (enquanto o lia, agora está na estante ao lado dos livros das outras queridas irmãs, talvez lhe volte a dar uma oportunidade...).

Porquê?

Porque também no romance de Célia C. L. há personagens que são incapazes de amar de forma altruísta e outras incapazes de perdoar e de mostrar o seu amor e, por isso, destroem a vida dos seres que mais amam, e destroem a sua própria vida. Mas, se a redenção não chega a tempo para algumas personagens, chega para outras (Felizmente!).

Aquilo que mais me encantou e que me fez não largar o livro nos últimos três dias foi o movimento de reflexão, compreensão, e crescimento/transformação em cada uma das irmãs. E a possibilidade de novas e melhores escolhas...

15/06/2021
Profile Image for Luís Queijo.
322 reviews26 followers
January 15, 2022
Entre as 4 e as 5 estrelas, este não foi um livro nada fácil de encontrar. Após várias tentativas de o encontrar em versão "física", tive de me contentar com a versão digital encontrada no Kobo Plus. E é para esta versão que vão os meu primeiros comentários..
É absolutamente vergonhoso disponibilizar uma versão de um livro da forma que existe no Kobo Plus. Esta, apareceu-me completamente desformatada, com uma "navegação" ao longo do livro quase impossível e, acima de tudo, dá ideia de nem ter sido revista ou ter sofrido qualquer tipo de edição. Cheguei a encontrar, inclusivamente, diversos erros ortográficos dos quais o que melhor me ficou na memória foi "estugar o paço". Imagino que tenha sido falha do corrector ortográfico e falta de edição.
Quanto ao livro, foi uma muito agradável surpresa. Não se muito bem como apareceu no meu "radar" (qual dos amigos o classificou), mas só tenho a agradecer-lhe uma vez que a autora me era completamente desconhecida. Pelo que me parece, este livro tem passado ao lado de muita gente, o que é uma pena.
Ainda que com algumas "escorregadelas" clássicas em jovens escritores (a estereotipagem dos personagens, a abordagem de assuntos que em nada contribuem para a história, tais como as divagações políticas), a Célia Correia Loureiro deixa-nos uma trama familiar muito bem desenhada com personagens bem caracterizados e que desenvolve a sua narrativa, (muito de vez em quando) no limite do romance de cordel (não que eu tenha algo contra o estilo), de uma forma fluída e cativante.
Resumindo... é puro entretenimento, que é o que se quer de um livro deste tipo e muito difícil de pousar antes de o acabar.
Uma escritora destas tão desconhecida (acho eu) faz-me pensar que alguém não anda a fazer o seu trabalho como deve ser...
Muito bom, mesmo. A ler, definitivamente.
Profile Image for Maluquinha dos livros.
319 reviews134 followers
July 3, 2020
Nunca tinha lido nada desta autora e foi um surpresa agradável. Um livro que nos faz viajar até ao Alentejo, para descobrir 3 irmãs que são obrigadas a estar novamente juntas após o suicídio da mãe. A partir daqui, a história da família é contada através de relatos do passado intercalados com o presente. É uma história cheia de de revelações e descobertas, quer para nós, leitores, quer para as personagens que vão descobrindo o passado da família depois da morte da mãe. No fundo, é uma história de amor e mentira, mas acima de tudo, do valor de um grande amor.
Profile Image for Rita.
163 reviews
May 26, 2017
Quando penso em enredos em torno de famílias, vêm-me à memória obras como "A Casa dos Espíritos" de Isabel Allende, "Pássaros Feridos" de Colleen McCullough e, agora também, O Funeral da Nossa Mãe de Célia Correia Loureiro. O que é que estes livros têm em comum, para além da família, perguntarão vocês? Personagens muito completas e cativantes e uma história muito bem conseguida, ingredientes essenciais e suficientes a uma leitura absorvente.

O mote para a história é o suicídio de Carolina e o último pedido que faz às três filhas: Luísa, Cecília e Inês. Este último pedido de Carolina leva as três jovens a reunirem-se em Vila Flor, no Alto Alentejo, onde são conduzidas, pela tia Elisa, ao passado dos pais. Mais do que uma viagem temporal, as três irmãs vivem uma viagem de auto e hetero descoberta que, surpreendentemente ou não, acaba por fortalecer a sua relação.

Gostei mesmo muito das personagens que a autora construiu, principalmente das três irmãs, têm personalidades muito distintas e bastante demarcadas: Luísa, é a mais velha e também a mais racional, Cecília mais sentimental e Inês a mais desconfiada.

Senti que as restantes personagens, não menos importantes, estão envoltas em mistério, talvez pelo facto de a autora ir revelando, aos poucos, traços das suas personalidades. Esta característica fez-me nutrir sentimentos contraditórios relativamente a algumas das personagens, culminando numa opinião formada apenas quando já estava a poucas páginas do final do livro. Gosto tanto destas personagens enigmáticas!

"E o amor transbordava. A cada vez que ele conduzia descalço ou se inclinava sobre um prato de comida, distraído. A sua nuca, as suas mãos, o seu olhar. Os seus comentários vagos, concisos, sem segundas intenções, entredentes. O amor vinha por fora e lavava-a, afogava-a. Bastava que, por um instante, ardesse o espaço entre a sua perna e a dele, a centímetros de distância. Bastava que, por um segundo, a mão dele roçasse o seu braço. Bastava que a mão dela, fingindo-se distraída, fosse agarrar o braço dele. O amor transbordava, vinha por fora, a cada vez que ele era ele, e que ela era ela, a seu lado. Bastava que, em efectivo, girasse o mundo e existissem os dois para que o amor dela, por ele, transbordasse."

Fiquei deliciada e surpreendida com a escrita da Célia, muito profunda e madura mas suficientemente directa. Ainda que a escrita seja fluída, deparei-me com algumas entraves como parágrafos demasiado extensos e momentos sem acção algo longos, o que me levou a sentir que, em algumas fases da história a coisa estava a andar devagar e a perder algum interesse. Mas reconheço que isto pode ser um problema meu.

A verdade é que, ainda assim, fiquei presa ao livro, quis lê-lo rapidamente de tão bom que estava a ser, e assim que o terminei senti aquele vazio que os bons livros deixam quando viramos a última página.

Se não estou em erro a autora tem outros dois livros publicados: "Demência" e "A Filha do Barão", este último um romance histórico. Dada a minha aversão a romances históricos, quero ver se compro o primeiro, se for pelo menos quase tão bom como "O Funeral da Nossa Mãe", vou ter de rever a minha lista de autores portugueses favoritos.

Opinião no blog:
http://clarocomoaagua.blogs.sapo.pt/o...
Profile Image for Neide Parafitas.
241 reviews
February 1, 2014
Este foi o 1º livro que li da autora Célia Correia Loureiro, mas... não será certamente o último.

Maravilhosamente bem escrito e com uma profundidade surpreendente de sentimentos nele contidos, "O Funeral da Nossa Mãe" aborda temas de muita importância e faz-nos reflectir sobre as repercussões que podem trazer as acções que tomamos nas escolhas que fazemos todos os dias da nossa vida!

Quero felicitar a Célia pelo sucesso que está a ter pois é totalmente merecido! Apesar de ser jovem, mostrou que a sua escrita é madura e que os enredos que cria são cativantes e estão para lá do superficial.

Gostei imenso!
Profile Image for FLAMES (Roberta Frontini).
435 reviews43 followers
October 18, 2016
"... aquilo que mais apreciei neste obra foi o facto de a autora não ter caído na tentação de apresentar personagens irreais. Neste livro, todos têm as suas virtudes e os seus defeitos. Não há heróis nem vilões. Todos cometem erros e sofrem com as suas escolhas e todos têm momentos nas suas vidas em que a felicidade lhes sorri. Foi este carácter tão real e humano das personagens que me realmente me comoveu e colocou esta leitura na lista das melhores que fiz este ano!"

Opinião completa no blogue: http://flamesmr.blogspot.pt/2016/10/l...
Profile Image for Tiago Diogo.
76 reviews32 followers
February 24, 2013
Não quero ser redutor. É um romance maravilhoso e pleno de intensidade. Fala por si. É ler...
Profile Image for Joana.
120 reviews9 followers
Read
May 3, 2024
Gostei muito de ler este livro. Nem tanto quanto o anterior, Demência, mas ainda assim foi uma ótima companhia para as últimas noites. As personagens agradaram-me muito (sobretudo as irmãs) e o enredo conseguiu envolver-me. Não me aborreci em nenhum momento nem me deparei com momentos mortos. Pelo contrário, quando achava que já eram horas de pousar o livro, surgia sempre alguma coisa que me fazia querer ler mais algumas páginas. Mantive-me extremamente emocionada e suspensa das palavras que ia lendo ao longo de todo o livro, com alguns “murros no estômago” pelo meio.
Em relação ao final do livro (quando o livro é bom, para mim o final nunca é bom o suficiente para me fazer largar a estória de boa vontade), percebe-se exatamente o que aconteceria em relação às principais linhas da ação se a estória eventualmente continuasse depois de o texto ter terminado. No entanto, gostaria que fosse mais desenvolvido, porque assim teria o prazer da companhia desta estória ao longo de mais algumas páginas. A única coisa no final que não gostei de todo foi não ter percebido (pode ter sido falha minha, mas acho que não ficou esclarecido na narrativa) como havia afinal dois anéis. Será uma questão menor, mas a mim incomodou-me.
Para concluir, o livro confirmou o enorme talento que a autora já tinha revelado na obra anterior e deixou-me com grandes expetativas para os livros seguintes.
Profile Image for Inês C.
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September 24, 2020
Fiquei completamente rendida a esta trama familiar. Não consegui descansar enquanto não cheguei à última página. Dei por mim absorvida pela narrativa, mesmo quando as páginas do livro não estavam abertas. E, apesar de não me ter identificado com as personagens, a parte final comoveu-me. É um romance maravilhoso!
Profile Image for Ana (O Mundo Encantado dos Livros).
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November 14, 2012
Iniciei a leitura com expectativas muito altas. Ainda não tinha lido qualquer obra da autora, mas li vários comentários na internet acerca deste livro e do anterior que me fizeram pensar que iria ler um livro de boa qualidade e, apesar de todos esses avisos acho que ainda não tinha a verdadeira noção do alcance que este livro iria ter. Ao ler a sinopse fiquei com a impressão de que seria quase como uma caça ao tesouro, que algo iria acontecer para que as irmãs acabassem por descobrir a verdade acerca da vida da sua mãe, o que não esperava era um livro que me iria deixar boquiaberta à medida que as paginas iriam passando por mim. A Célia não se limitou a escrever ou contar-nos esta história, ela “viveu-a” intensamente e por isso este livro acabou por se tornar tão especial para aqueles que já tiveram a oportunidade de o ler. Quantas e quantas vezes já disse que os talentos portugueses são deixados de lado em prol dos internacionais mais conhecidos? Creio que já o fiz tantas vezes que nem vale a pena contar, mas neste livro está a prova que o que é nacional é bom e que não devemos desprezar aquilo que temos tão perto e com tanta ou ainda mais qualidade do que aqueles bestsellers internacionais a que estamos tão habituados.
A autora trouxe-nos um livro cheio de acções humanas, de incidentes que podem acontecer a qualquer um nós e que muitas vezes calamos por orgulho ou vergonha. Apesar dos momentos tristes que acompanharam a trama, acabei por adorar a Carolina e o Lourenço, qual deles o mais infeliz, um por amar demais e outro por não conseguir ser mais forte que o seu orgulho. Foram pessoas que amaram demais, mas que não conseguiram viver o seu amor de forma satisfatória. Das três irmãs identifico-me mais com a Cecília, que é a mais sonhadora e idealista. Quantas vezes, ao longo do livro, me revi naquela personagem tonta que tenta desculpar tudo e todos pelos actos mais terríveis, apesar disso acabou por ser Inês a minha favorita. Desde o início do livro que me apercebi que algo de errado havia nela, que algo de muito terrível devia ter acontecido para se tornar um alguém tão revoltado com a vida, uma das cenas mais divertidas acabou por ser quando João Pedro entra em casa de Cecília e eles reencontram-se finalmente. Desde que se conheceram que eu esperava por algo assim. Imperdível.
Claro que nem o livro mais vendido do mundo é perfeito e por isso tenho também de assinalar algo que, na minha opinião poderia ser melhorado. Achei que em muitas situações os diálogos eram poucos. Quer dizer, depois de terminar a leitura do livro apercebi-me que talvez nem fossem necessários esses diálogos extra, pois na sua totalidade estava uma história muito completa. O problema é que, conforme vamos lendo vai-se sentido uma falta imensa de diálogo ao longo de uma narração dos eventos tão comprida.
Para concluir quero dar os parabéns à Célia Loureiro pelo livro fantástico que escreveu e também à editora Alfarroba pela determinação em apostar naquilo que é português.

Já agora deixo-vos um excerto que me tocou bastante, espero que gostem:
“Depois, inesperadamente, os lábios do pai curvaram-se num sorriso que lhe transmitiu esperança, mas que era dirigido ao corpo da mãe e não para si. O pai sorria à mãe, mas ela não via. Talvez tivesse sido assim desde sempre. (...) Ocorreu-lhe que, talvez, durante todo aquele tempo, o pai tivesse sorrido à mãe sem que ela visse, e vice-versa.”

http://viv-omundoencantadodoslivros.b...
Profile Image for J8J8.
95 reviews25 followers
December 24, 2014

Devo dizer que fiquei bastante surpreendida com a escrita admirável desta jovem escritora que conheci após me juntar ao goodreads. Os meus parabéns!

Peço desde já desculpa à autora pela possível existência de algum comentário que possa ferir as suas suscetibilidades, no entanto, este pequeno texto resulta apenas da minha análise ao livro.

Já tinha lido anteriormente um conto desta autora, Cinzas e Neve, mas tinha-me sabido a pouco pois, quando cheguei ao fim, a única coisa que desejava era poder continuar. Com Funeral da Nossa Mãe tive a oportunidade de seguir uma história complexa duma família tipicamente portuguesa desde o princípio ao fim.

Foram vários os aspetos que me surpreenderam nesta obra. Adorei a profundidade que a Célia atribuiu às personagens e a forma como as moldou, as desenvolveu ao longo do livro e como as fez evoluir. O aspeto que mais me agradou foi o facto de ter interligado os ideais, preconceitos, formas de pensar, sentir e agir de diferentes gerações antes e após o regime ditatorial, contextualizando e explicando bastantes das decisões tomadas pelas personagens ao longo da história.

Contudo, o que torna o livro tão particular e especial é o facto de ser um livro tipicamente português, sobre uma família tipicamente portuguesa. Ainda que este género de história não seja das minhas preferidas gostei de assistir ao desenrolar da história de uma família e a forma como, um erro, uma mentira pode afetar os alicerces mais básicos de uma família. É sempre mais fácil construir uma mentira do que restaurar a confiança perdida daqueles que mais amamos.

No entanto, a leitura do livro nem sempre se desenrolou da forma esperada. Por vezes, tornou-se morosa, dando a impressão de que a história pouco avançava, tornando-se de vez em quando um bocadinho monótona. Contudo, a leitura foi trazendo episódios com que não se contava provocando no leitor redobrado interesse, ganhando o livro outra vida.

Quanto às personagens, penso que a autora conseguiu alcançar os seus objetivos.
Desprezei e odiei Carolina, um poço de desespero e insegurança que acabou por prejudicar toda a estrutura da sua família com uma mentira mesquinha e atroz. Por muito que tente, simplesmente não consigo gostar dela, nem a desculpar, nem sentir pena nem qualquer tipo de empatia, irritou-me do inicio ao fim. Continua a irritar-me agora.
Adorei Luísa e Inês pela sua racionalidade, pragmatismo e honestidade ainda que bruscas. Aquele capítulo em que Inês tem “aquela” conversa com João Pedro foi simplesmente marcante. Se já antes gostava de Luísa, depois desta conversa, Inês conquistou definitivamente o meu respeito e admiração. Devo dizer que o desenvolvimento do relacionamento entre o JP e Inês foi uma excelente aposta, permitiu distrair um pouco do problema “Carolina” deixando a história um pouco mais leve, no entanto, não me importaria de tivesse sido ainda, um pouco mais desenvolvida.

Apesar de não ser bem o meu género de história, gostei bastante de ler a obra. A escrita da Célia é especial e espero contar para breve a oportunidade de ler o novo livro histórico desta promissora autora, A Filha do Barão.


Profile Image for Jaqueline Miguel.
446 reviews46 followers
December 9, 2015
Este livro foi-me enviado pela autora e vem com uma dedicatória que me deixou de coração derretido. Já tinha lido A Filha do Barão e por isso estava com esperança de gostar deste livro, tal como desse. Nem sei porque demorei tanto a pegar neste livro. Talvez tenha sido por medo de não gostar, dado que este livro suscitou opiniões bastante diversas…
A verdade é que não gostei tanto como do outro, mas gostei à mesma. Para mim só teve um ponto negativo: algumas partes tornaram-se um pouco pesadas e arrastadas (principalmente no primeiro terço do livro). A escrita da autora é muito bem cuidada e agradável, mas nessa primeira parte tornou-se difícil de manter a concentração.
Pontos positivos: a história foi surpreendente, original… Deixou-me rendida a tantas reviravoltas inesperadas. Adorava saber mais sobre o amor da Carolina e do Lourenço e os amores das suas três filhas.
De qualquer forma, recomendo que leiam.
Profile Image for São Palma.
82 reviews15 followers
December 4, 2014
Confesso que hesitei entre dar 4 ou 5 estrelas a este magnífico e tão bem escrito romance. Mas a balança acabou por pender para as 5. Sempre ouvi dizer que, em caso de dúvida, mais vale beneficiar do que prejudicar. O que , a meu ver foi mais negativo no livro foi simplesmente o facto de tudo ser muito previsível. A partir do momento em que uma personagem aparecia na história sabíamos , à partida, o papel que teria dentro dela. No entanto, sendo uma história com desenlace e final previsíveis, está, ainda assim , muito bem escrita. Há ainda outra coisa de que não gostei muito, mas como é spoiler, falarei dela mais para a frente, depois de fazer o aviso de spoiler.

Confesso que várias vezes, ao longo da leitura, dei por mim a pensar "Estamos perante uma escritora com tanto potencial, que se vê que tem tanto cuidado e investiga tanto e, no entanto, tem um sucesso modesto a nível literário e, de repente, vem de lá uma que divaga em escrita pobre sobre promiscuidade, chicotes e algemas e tem a vida ganha!"... Injusto. Mas o ser humano é assim.

LEndo este romance é difícil acreditar que esta jovem completa apenas hoje 25 anos de idade. Ninguém diria, a avaliar pela sua escrita profunda e cuidade e, sobretudo pelo rigor e à vontade com que fala de épocas que não viveu. Isto só revela muito trabalho de pesquisa. E muito bem feito. A forma como fala da época da revolução, os anos que antecederam e depois o próprio 25 de Abril de 1974 e os anos que se seguiram impressionam pelo trabalho que revelam. A questão é que essas "descrições" não são apenas de cariz político, económico e social, mas de toda uma conjuntura de valores sociais mais restrita. É de louvar.

A partir daqui, quem quiser ler está por sua conta e risco, pois haverá "spoilers"

A Carolina é uma personagem que depois de ter cometido um erro não se consegue "desenvencilhar" da teia em que se envolveu. A ideia de perder totalmente Lourenço parece-lhe mais difícil de suportar do que a de viver ao lado de um homem que, por orgulho, por ter sido enganado, não consegue perdoá-la, sendo sempre um marido frio. Carolina sabia que a sua confiança uma vez tráida jamais seria recuperada. Ainda assim, avançou com o seu plano.

Tendo nascido em 1968 ouvi falar de imensos casos semelhantes, daí achar engraçada a declaração da autora de que os seus romances não são a história de ninguém, mas são certamente a história de alguém. Tive conhecimento de muitas mulheres/mães que se opunham a que os maridos perfilhassem filhos que tinham tido fora do casamento, normalmente antes, com a justificação de que estariam a tirar património aos filhos do casamento.

Gostei da Luísa :) . A minha personagem favorita, seguida da Inês. Gostei do final da Inês e do João Pedro, mas desagradou-me que não se tenha sabido da decisão da Cecília... Nunca soubemos se ela iria separar-se do Vivente e ficar com o Luís... O final foi um bocado aberto demais e rápido demais, tendo em conta que toda ahistória tinha sido tão pormenorizada, sem nada deixado ao acaso... Mas é normal isto acontecer nos romances: grandes desenvolvimentos e depois finais bruscos.

Em conclusão, achei um romance muito bem conseguido, muito bem escrito, uma acção coerente, sem incongruências temporais (que é coisa que detesto nos romances). É pena que muito público não dê o devido valor a estas obras bem escritas.

Os meus parabéns à Célia, que no dia de hoje têm um duplo significado :)
Profile Image for Cata.
482 reviews79 followers
May 16, 2017
O Funeral da Nossa Mãe foi o segundo livro que li de Célia Loureiro. Gostei imenso do Demência, mas não posso dizer o mesmo deste.

Racionalmente falando, sei que grande parte do problema foi não ter criado empatia com nenhuma personagem, nem me ter conseguido envolver pela história, porque o livro está maravilhosamente escrito.

Por outro lado, o facto de conseguir dividir-me em duas [o eu racional e o eu emocional] não me agrada minimamente e acaba por não abonar em favor do livro, porque significa que foi um daqueles casos em que me senti a boiar na leitura, vendo tudo de forma completamente desapaixonada. E uma das coisas que amo na leitura é sentir um leque de emoções que supostamente seriam dos protagonistas, mas que por breves instantes se tornam minhas ou sentir aquela compulsão de querer saber mais e mais...

Outra coisa que adoro nos livros é ler sobre o amor. Mas não é um amor qualquer! É sobre histórias de amor daquelas que nos fazem apertar os dedinhos dos pés, suspirar e ansiar por algo que é totalmente irreal e que sabemos que só existe na ficção. As histórias de amor aqui abordadas são tristes: ou vai cada um para seu lado ou o amor é apresentado como algo doentio e destrutivo [tirando um caso que foi abordado muito levemente]. Meus amores, para ver relações assim não preciso de ler... basta-me olhar em volta e, voilá, depressão em 3,2,1...

A personagem mais inconsistente para mim neste livro foi a Inês. Entendo o trauma dela, a sério que sim, mas ela passou de um extremo a outro em 3 dias no que toca ao sexo masculino. Num dia ela é toda "Os homens são um nojo. Não valem nada. Sacanas! Mentirosos! Traidores! Trapaceiros!" [não necessariamente por estas palavras] e noutro já mudou de radicalmente de perspectiva. Mesmo sem esta volatilidade, dificilmente gostaria dela. A sua personalidade não é lá muito apelativa.


Outra coisa que não gostei foi do final completamente aberto. Gosto de finais fechados, o que não quer dizer que ocasionalmente não consiga perceber a beleza de um final aberto e nesses casos reconheço que é a melhor maneira de acabar um livro. Neste caso porém, um final aberto não é,de todo, a melhor opção para mim, nem tão pouco o que esperava. Com o rumo que a acção seguiu, dava perfeitamente para atar as pontas e bolas!, como eu queria essas pontas atadas!

O que salvou o livro para mim, foi a parte do Afonso e o dirty secret da Inês. Foram os únicos aspectos que apelaram ao meu lado humano e que por breves momentos fundiram as minhas duas metades.
Profile Image for Ana.
300 reviews40 followers
May 30, 2013
Admito que uma das minhas falhas enquanto leitora é ler pouca coisa de autores portugueses. Tive o contacto normal com os autores da praxe - Eça de Queiroz, Saramago, Camilo Castelo Branco, para além dos autores de livros mais juvenis - mas conheço pouco do que é escrito pela "nova geração". Foi assim com alguma "sede" por livros de autores portugueses que peguei neste e me deixei levar pela história de Carolina e das suas filhas.

Para mim, os dois grandes trunfos deste livro são, sem dúvida, as suas personagens e a capacidade de nos surpreender, mesmo até às últimas páginas. A narrativa tem um bom ritmo e a autora conseguiu imprimir-lhe um estilo interessante, mas foram esses dois fatores que mais me prenderam.

Tenho de admitir que, para mim, a melhor personagem foi Carolina. Achei que a sua história tinha sido muito bem desenvolvida, que estava claramente delimitada quanto às suas caraterísticas e personalidade e que, apesar de por vezes parecer ser uma pessoa frágil e algo submissa, revelava uma grande determinação e força de vontade para conseguir o que queria (ainda que nem sempre o fizesse pelos melhores meios). Foi também com ela que mais reagi, por condenar as suas ações, incitadas por um amor (quase obsessivo) por Lourenço, mas também por sentir que, ao fim e ao cabo, era uma mulher algo desesperada que não olhava a meios para manter consigo o homem que tanto queria. Não posso dizer que tenha gostado ou, sequer, minimamente simpatizado com ela, mas foi precisamente por ela me ter despertado tantas emoções que me levou a considerá-la como a melhor personagem do livro.

Quanto às irmãs, gostei do facto de serem tão diferentes umas das outras e de terem personalidades tão vincadas. Foi também interessante ver como a história de Carolina as afetava e como se relacionava com as suas vidas.

O Funeral da Nossa Mãe é uma história que nos prende do princípio ao fim. Não tem altos e baixos no seu ritmo e a forma como as revelações são feitas e como as personagens interagem envolvem-nos de tal maneira que se torna difícil pousar este livro. Uma história muito bem conseguida, com personagens cativantes e com uma boa dose de surpresas que nos prendem até à última página.

Uma leitura que recomendo vivamente!
Profile Image for Ana Rute Primo.
275 reviews46 followers
April 12, 2024
A história está bem construída apesar dos inúmeros pormenores que pouco contribuem para a narrativa. Li a edição revista e, infelizmente, contem muitos erros ortográficos e gralhas. De resto, a escrita é boa, flui bem e entretém.
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