Paul Durand-Ruel (1831-1922) est le seul dont on puisse dire qu'il a véritablement inventé le métier moderne de marchand de tableaux. Le reconnaître n'entame en rien le mystère de ce grand bourgeois ultra-conservateur, monarchiste, catholique et antidreyfusard qui prit tous les risques pour défendre ces révolutionnaires que furent les premiers impressionnistes, Degas, Manet, Renoir, Corot, Sisley et les autres. Il mit en péril son nom, sa fortune, la stabilité de sa famille pour soutenir un communard comme Courbet, un anarchiste juif comme Pissarro, un républicain comme Monet. Un comportement paradoxal qui tint à son âme de missionnaire. Sa foi artistique, qui puisait son énergie dans sa foi religieuse, lui a permis de tout sacrifier pour soutenir «ses» peintres en leur offrant des conditions de création alors inconnues. Plutôt que de flatter le goût du public, il a choisi d'imposer le sien. Sa biographie est un récit souvent épique de ces années de lutte dans les coulisses du marché de l'art, des salons des plus prestigieux collectionneurs aux couloirs des salles de ventes en passant par les grands musées et les plus fameuses galeries d'Europe et d'Amérique.
Esta biografia de Paul Durand-Ruel, comerciante de arte que a posteridade distingue como o principal financiador e apoiante dos impressionistas, descreve uma pessoa dotada de ideias firmes, persistência, visão, e também daquele quanto-baste de manha e até má-fé que talvez seja condição necessária para singrar no mundo dos negócios, então como agora. Assouline, que para além de biógrafo é romancista, cronista, jornalista e sabe Deus que mais, insiste muito na contradição que é indissociável da carreira de Durand-Ruel: um homem profundamente católico, conservador e legitimista, que devotou um ódio vitalício à democracia e à Revolução de 1789, e que, no entanto, defendeu a heterodoxia na pintura de forma convicta e foi decisivo para que revolucionários como Monet, Pissarro e Renoir sobrevivessem e pudessem continuar a pintar. Talvez a contradição não seja mais do que aparente: na França do século XIX, a burguesia e os círculos oficiais da tão odiada 3ª República estavam do lado da arte convencional e académica, ao passo que defender o impressionismo resultava num gesto elitista e contra a corrente. (Acrescente-se que os impressionistas ocupavam todo o leque das opiniões políticas, do anarquismo de Pissarro até ao extremo antissemitismo nauseabundo de um Degas.) Um biógrafo vê-se eternamente face ao dilema de encontrar a distância justa entre uma lista enciclopédica de acontecimentos da vida do biografado e um ensaio que dilua este numa maré de considerações subjectivas. Sente-se, aqui e acolá, um excesso de presença do autor, sob a forma de minúsculas digressões ou formulações demasiado desenvoltas. A vida extraordinária de Durand-Ruel possui a vivacidade dramática suficiente para falar por si. Ainda assim, li esta biografia com agrado e cheguei ao fim do livro com a certeza de ter aprendido muito sobre a influência das condições políticas, sociais e económicas na eclosão e evolução de um movimento artístico - e, sobretudo, com a impressão reforçada de que um só indivíduo no lugar e altura certos, com convicções robustas e coragem, pode dar um impulso decisivo à história, ao arrepio ou ao sabor das tais condições políticas, etc.
Bijzonder informatief over de lijdensweg van de impressionisten om hun plaats op de kunstscène te veroveren en de rol die D-R daarbij speelde. Fascinerend hoe een reactionair bourgeois in staat was om die uitermate innoverende strekking te appreciëren. Meteen een goed inzicht in de wereld van de (Parijse) kunsthandel einde 19de eeuw.