Uma das vozes mais divertidas e originais da internet brasileira traz conselhos absurdos em um manual satírico de autoajuda
Craque Daniel é líder do Falha de Cobertura, a maior mesa-redonda da internet brasileira. Em meio aos comentários mordazes sobre as grandes questões do futebol, o Craque volta e meia revela verdadeiras pérolas da filosofia contemporânea, com um forte toque de ressentimento e amargura. “Se você quiser, se você se esforçar, se você treinar, se você entrar de cabeça, se você se concentrar, nada garante que você vai conseguir”, afirma o apresentador, mostrando que a verdade e a dor andam de mãos atadas.
Consciente de que poderia ajudar milhares de brasileiros, resolveu escrever Você não merece ser feliz, em que proporciona ao leitor um caminho rápido até a felicidade por meio de seus dois maiores pilares, o comodismo e o individualismo. Isso sem abrir mão de outros valores essenciais, como a indiferença, o pessimismo e o rancor.
Escrito por Daniel Furlan e Pedro Leite, Você não merece ser feliz é um falso manual de autoajuda com um ritmo incessante e humor original. Municiando um dos personagens mais queridos dos últimos anos, os autores trazem uma crônica divertida e absurdamente irônica sobre a nossa mania de perseguir a todo custo a felicidade (mesmo que não seja merecida).
O Daniel Furlan é muito talentoso e o personagem Craque Daniel é ótimo, mas escrever um livro sobre isso foi meio demais. No começo é gostoso ler as dicas do craque, a voz do ator vinha à mente e ficava engraçado. Com o passar das páginas, porém, a leitura foi ficando repetitiva e a graça foi diminuindo.
Achei que faltou uma revisão mais caprichosa, pois há muitas passagens em que o autor fala a mesma coisa duas ou três vezes com pequena variação nas palavras, algo típico de texto cru que ainda não passou pelo editor.
"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez. Mas aí contaram pra ele que era impossível, e ele teve que voltar lá e desfazer, e deu o maior trabalhão"
O livro deixa claro que o Craque Daniel conhece a arte da retórica assim como Dante conhecia os alemães, que acreditar nos seus sonhos é acreditar que o meio campo da Alemanha não marca muito e que ter esperança é jogar sem medo... como Brasil.
Li com a expectativa de dar algumas risadas em uma leitura rápida, mas não só rachei de rir praticamente o livro todo como me surpreendi com a sabedoria sarcástica do craque para ter uma vida feliz.
É um guia antimotivacional com cavalares doses de ironia que contrapõem com maestria os discursos rasos, mentirosos e safados que se multiplicam por contas de gurus e coachs no Instagram.
Toma nota da sabedoria do craque em duas aspas:
“Se você quiser; se você se esforçar; se você treinar; se você entrar de cabeça; se você se concentrar: nada garante que você vai conseguir.”
"Sabemos que estamos trilhando o delicado caminho da felicidade quando... Nos encontramos serenos. O afoito, por outro lado, o refém do sucesso, vive num eterno estado de desorientação, como se em todos os dias de sua vida tivesse acabado de fazer maionese caseira, transformando sua existência numa desesperada corrida contra o tempo para ingerir todo e qualquer tipo de alimento com a maionese antes que ela estrague e o leve a uma morte horrível. E ainda em seu enterro podem dizer que a causa foi droga, o que seria um consolo, já que maionese caseira é bem mais degradante e vergonhoso para a família. Sabemos que estamos trilhando o delicado caminho da felicidade quando... Caminhamos na direção oposta do nefasto vício em metas, que, assim como a maionese caseira, é mais uma das falsas promessas de felicidade, e levamos como únicas bagagens no coração não litros de óleo batido com ovos e vinagre, mas a satisfação e o conforto de quem se aceita, aceita as coisas como elas são e os eventos como eles acontecem. Isso é ser real e sinceramente feliz."
Eu me identifico bastante com o humor do livro, mas talvez justamente daí venham algumas de suas falhas: assim como eu, ele em algumas vezes é confuso e, convenhamos, nem tão engraçado assim hahaha.
De qualquer forma isso não muda o fato de que o trabalho da TV Quase é uma das coisas mais fantásticas rolando no humor brasileiro atualmente. Nessa jornada de auto-ajuda que o Craque Daniel nos leva com suas opiniões desprezíveis e em muitos casos preocupantemente específicas, não faltam pérolas de sabedoria. "O otimista só tem a perder". "Coincidências existem e normalmente estão contra mim". Nunca vi palavras tão coerentes em um livro tão debochado.
O livro tem como premissa ser uma autoajuda escrita pela personagem Craque Daniel do programa Falha de Cobertura. E é basicamente isso. Se fosse conhece a personagem sabe o que esperar. Achei o livro divertidíssimo, e mesmo que seja uma zoeira, tem umas sacadas interessantes que te fazem refletir sobre a vida. Adorei também que o prefácio do prof. Cerginho da Pereira Nunes é manuscrito, dá um toque mais característico da personagem. Recomendo demais o livro.
Fazia tempo que um livro não me fazia rir em voz alta. Me lembrou demais um livro dos Irmãos Bacalhau que eu tive na adolescência e que despertava o mesmo sentimento, com um tipo de humor bem parecido. Confesso que chega a ser tentador começar a acreditar a seguir algumas filosofias do Craque Daniel.
Se o Craque tivesse seguido alguns dos próprios conselhos, o livro teria umas 50 páginas a menos. E daí seria perfeito. Depois da metade começa a ser uma lobotomia (deliciosa, mas ainda assim uma lobotomia), parecida com ficar horas no sofá rodando o Instagram e esperando os objetivos de vida desaparecerem.
Curti. Vou dar de presente com certeza para alguns amigos.
É aquilo... Tem boas sacadas, algumas partes muito engraçadas, mas um LIVRO inteiro do personagem é demais. No final eu já tava rezando pra acabar logo. Se tivesse parado em 30% do livro dava 4 estrelas, mas os 70% prejudicaram. rs
Quis ler o livro porque lia sua coluna na folha de são paulo e gostava muito. Além disso, vejo seus vídeos e sou fã, mas esse livro me prendeu apenas no início, depois fica cansativo por tudo ser muito igual.
Logo no início, Daniel Furlan diz que o livro não é para ser levado a sério, mas eu discordo do autor. Leve este livro a sério. Craque Daniel, este sábio personagem, ensina lições valiosas. Para você, leitor, conseguir entender completamente a mensagem do livro, só basta uma coisa: não ser um completo imbecil que não sabe diferencia piada da realidade. Através de um humor seco e certeiro, o livro ensina como alcançar a felicidade da maneira mais simples e verdadeira: sendo infeliz e não tentando ser feliz.
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Perfeito. Imagina que o Douglas Adams é brasileiro e faz referências ao Liminha e flanelinhas. É isso.
Um livro que te ensina a ser feliz sendo individualista (o que todo mundo que já assistiu Chaves quando criança sabe) e acomodado. O único defeito é que não existe uma lista de outros livros iguais a esse e agora estou orfã.
E uma curiosidade é que esse livro tem as orações subordinadas relativas mais gigantes que eu já vi na minha vida. Se um dia eu virar prof de sintaxe, já sei de onde vou pegar exemplos.
Sobre a forma, o livro parece um grande fluxo de idéias do Craque Daniel, sendo que tem partes que parecem terem sido escritas para serem ditas de forma rápida pelo Furlan. Então tem horas de a leitura não acompanha a velocidade da escrita, ficando uma leitura atravancada.
Já sobre o conteúdo, imagine um psicopata falando sobre a vida utilizando os piores exemplos possíveis e imagináveis para ilustrar idéias de Buda, Nietzsche e (também acho eu) Kant?!
É um livro rápido de ler, bom pra rir e desanuviar a cabeça ou direcionar seu ódio a outro. Apesar de ser uma ironia, algumas coisas podem ser levadas para a vida, como fazemos com todo livro de autoajuda. O Craque tem um excelente background cultural, rs. Existe uma partezinha meio nojenta no livro, que li enquanto comia, mas não darei spoiler porque isso é oferecer a possibilidade de felicidade a alguém e isso eu não quero.
tal qual um autêntico livro de auto-ajuda que advoga pela felicidade, esse sentimento tão patético, o livro parece esgotar a própria sabedoria lá para o seus 2/3, onde se vê necessário tropeçar sobre as próprias ideias, remoendo-se em desespero em busca de conteúdo pelo conteúdo. contudo, nenhum livro de auto-ajuda além desse pode se considerar tão engraçado e tão retumbantemente inútil como somente algo divertido poderia se gabar. ri muito.
Se apagasse o nome do Craque Daniel tenho certeza absoluta que um bocado de otário leitor de Ayn Rand ia achar muitas passagens desse livro geniais levando a sério.
Começa bem engraçado, você lê com a voz do personagem na cabeça. Pena que com o passar do tempo a graça vai diminuindo e o livro vai se tornando cansativo.
Há muito tempo não ria tanto lendo 😂😂😂 tentei ler devagar para degustar essas pílulas de sabedoria, mas foi impossível. Pretendo reler em breve para saber se estou colocando em prática tudo que aprendi!
Nunca ri tanto lendo um livro. O humor do Furlan/Craque Daniel e do Choque de Cultura é uma espantosa de sátira e retórica bem argumentada. O texto é "assustadoramente coerente", como disse acima um comentarista.
Depois de ler um livro da estante da minha irmã (O Teorema Katherine, de John Green), foi a vez de ler um da estante do meu irmão. Quem conhece - e curte - o Falha de Cobertura vai rir muito. Outras pessoas vão ficar te achando esquisita por dar gargalhadas no meio da sala lendo.😂
Esse livro é basicamente uma pregação budista involuntária. Através de um humor irônico, Daniel Furlan aponta que o desejo é a origem da infelicidade humana e o caminho para auto realização é justamente não buscá-la.