Em 2013 a Alfarroba lançou o concurso Amores Contados. Cerca de 250 histórias depois, foram selecionados os cinco contos que hoje reunimos nestas folhas. Neles encontramos histórias de amor em fotografias, em viagens, num café, até na matemática ou numa carta. São as histórias que nos fazem lembrar, sonhar, suspirar ou sorrir. Histórias de sentir; são amores que devem ser contados.
Peguei neste livro porque tinha curiosidade em ler uma das autoras. Fomos colegas noutra fase das nossas vidas, agora acompanhamo-nos pelo facebook e foi por lá que soube que gosta de escrever e que ia ter uma história publicada neste livro da alfarroba.
O livro é composto por 5 contos, de autores diferentes, escolhidos no âmbito do concurso lançado pela editora, com o tema do título (Amores contados). Alguns contos estão muito bem escritos, outros nem tanto, mas, em geral, foi uma leitura bastante agradável. De resto, concordo com a opinião de que os contos podem ter sido organizados no livro por ordem alfabética do nome do autor, mas parecem tê-lo sido por ordem crescente de qualidade da escrita... :) (lido no comentário a este post: http://alfarroba-blogue.blogspot.pt/2... )
Agora a apreciação conto a conto.
-"Uma questão matemática" de Ana Ferreira: 2.5* (2* para a escrita, 3* para o argumento) A autora confessou que não dedicou muito tempo a aperfeiçoar a escrita e isso nota-se, principalmente nas partes mais mortas, as que não têm sexo nem conversas "pitorescas"... :) Em relação à história, tinha ouvido comentar que era um conto com uma linguagem vulgar e lido na crítica supra-mencionada que o conto não era mais do que "porno-para-donas-de-casa de pacotilha" mas, talvez por estar à espera de muito pior, não fiquei chocada com as cenas de sexo nem com os palavrões. Achei que ambos estavam bem enquadrados e faziam sentido no contexto. Ainda assim, acho que o texto falhou em esclarecer alguns pormenores essenciais ao enredo (ou eu não consegui lê-los nas entrelinhas). Os pequenos problemas matemáticos na entrada de cada capítulo são interessantes mas não percebi o da reacção química (não é matemática e a pergunta não faz sentido).
-"As fotografias falam baixinho" de Cristina Milho: 3* Gostei mas não fiquei encantada. Achei que o conto estava bem escrito mas bem espremidinho daria muito pouco sumo... :) No fundo, gostava de ter lido menos considerações filosóficas e mais elementos da história propriamente dita.
-"Amor de viagem" de Francisco Vilaça Lopes: 3* (4* para a escrita, 2* para o argumento) Gostei da escrita mas acho que o estilo ganharia se fosse um pouco simplificado. Demasiadas frases demasiado longas, sucessivas, recheadas de imagens e figuras de estilo torna-se cansativo. Já em relação à história, concordo com a crítica de que o conto tem pouco que ver com o tema do concurso. Há uma ou outra cena que fala de amor maternal e uma cena de sexo clandestino que parece revelar amor, pelo menos de uma das partes, mas nem um nem outro me parecem o tema central da história... E aqui entramos no outro problema do conto: não se percebe a mensagem global. O conto é composto por um conjunto de quadros sucessivos muito bem apresentados mas faltam-nos pistas para perceber como encaixá-los uns nos outros de modo a ver "the big picture".
-"Café Avenida" de Jorge Campião: 4* Bem escrito. Uma história interessante e bem contada.
-"Um, dois, três" de Rosa Bicho Gonçalves: 4* A autora disse que trabalhou muito cada frase de modo a que todo o texto fluísse e soasse o mais natural possível e eu acho que foi bem sucedida. Dos 5 contos, este é o meu favorito, pela originalidade do esquema narrativo e por ter conseguido que esse esquema resultasse bem. Peca talvez por ser demasiado curto... alguns pormenores mais sobre os acontecimentos ou o quotidiano do passado seriam bem-vindos.
‘As fotografias falam baixinho’ de Cristina Milho. A ideia é interessante mas não consegui relacionar-me realmente com este conto, não sei se por alguma confusão na apresentação das cenas e personagens, se por algumas partes serem descritas de forma muito superficial. Não ressoou, pelo que fico-me pelo ‘Gostei, mas não fiquei deslumbrada’.
‘Amor de Viagem’ de Francisco Vilaça Lopes, segue a linha do conto anterior. Um conjunto de cenas que, apesar de escolhidas para despertar sentimentos fortes, para mim, ficaram aquém nesse propósito.
‘Uma Questão Matemática’ de Ana Ferreira. No seu estilo próprio, toca alguns temas interessantes. Numa linguagem crua e, de certa forma, mais real, proporciona uma mistura de sexo, amor, problemas conjugais, e vivências daqueles que escrevem. Não gostei particularmente do início, nem do final. Ambos soam a uma espécie de justificação para a história, o que não era necessário. O texto é o que é, sem desculpas, sem medos.
Gostei. Não abanou as minhas fundações, mas é um conto bastante diferente dos restantes. Acho que, a escrita da Ana, possui um estilo bem definido que tem todas as condições para, com o tempo, evoluir e crescer.
‘Café Avenida’ de Jorge Campião. Um conto construído tanto pelo que se diz como pelo que está implícito. Um dos contos que mais gostei nesta Antologia, que toca algumas das subtilezas da falta de comunicação entre casais. A desconfiança, a mágoa, a traição e a sensação de ‘arrancar do tapete’ debaixo dos pés, as ilusões e o inferir da existência de problemas reais mascarados por trás de uma fachada bem construída.
A ironia do final é uma representação perfeita das implicações das acções das personagens. No fim, não importa o que se fez, mas o que se sentiu, e como isso nos impede de voltar à normalidade e impele por outros caminhos, nunca antes considerados. Sem dúvida, um bom conto.
E, por fim, ‘Um, Dois, Três’ de Rosa Bicho Gonçalves. Tão curto, tão poderoso. Como afirmei no início, foi com um arrepio pegado que li estas cinco páginas. A dor da perda é algo demasiado pungente e, quando num texto bem escrito, proporciona-nos vislumbres daquilo que nunca estamos preparados para enfrentar. Um conto, que encerra esta Antologia, com uma nota de algo mais.
Entrando um pouco no espírito romântico da época (Dia de S. Valentim e tal), e também porque o grupo de Maratonas Literárias do Goodreads está a fazer uma que junta o Carnaval e o Romance, decidi pegar nesta pequena antologia.
No geral posso dizer que fiquei agradavelmente surpreendida com esta antologia. Só um dos contos não me agarrou e os restantes têm todos pontos bons. Dois deles destacam-se pelas emoções: "Café Avenida", e "Um, Dois, Três". Dito isto, recomendo esta pequena leitura que, apesar de contar com pouco romance, propriamente dito, não deixa de tocar de forma eficaz no sentimento que lhe dá nome: o amor. Só não esperem histórias lamechas.
Em 5 contos só os últimos dois é que me agradaram. Daí a nota algo negativa. O último então é absolutamente fenomenal: curto, pungente, simples e complexo ao mesmo tempo; as escassas páginas souberam a pouco...
Uma semana depois da apresentação decidi ler a sério todos os contos. A review vai ser curta, porque se notarem o livro tem 84 páginas e eu não irei opinar sobre o meu conto. No geral a antologia aborda o mesmo tema de forma diferente: amores perdidos, amores que se reencontram, amores que queremos recuperar, amores que estivemos quase a perder. Nem todos com um "happy ending" e sobretudo nenhum lamechas. Alguns autores são estreantes, outros já andam nestas coisas de escrita, mas no fundo o que importa é o sentimento que todos os autores quiseram passar: da sua visão do amor ou do que a função que o amor toma nas nossas vidas.
Uma questão matemática de Ana Ferreira: - Estou sim? Está uma Ruiva na antologia que estou a ler!
Não vou opinar sobre o meu próprio conto. Apenas mantenho as palavras que disse durante a apresentação: que este conto teve ao mesmo tempo tudo e tão pouco de mim. Não teve a parte organizada ao extremo, mas foi quase tudo escrito ao correr da pena, num stream of consciousness que eu tanto costumava utilizar. Podem ler o conto que não vos faz mal aos olhinhos, mas alerto que é +18.
As fotografias falam baixinho de Cristina Milho: Um dos contos favoritos que só peca por ser realmente pequeno. É um conto bastante carinhoso, que ganhava bastante se mostrasse mais do amor passado entre as duas personagens ao invés de contar tudo. Ainda assim conta com temas como o amor como cura par qualquer mal e mostra que um amor passado raramente se esquece. Gostaria que a Cristina escrevesse nem que fosse uma noveleta (40 mil palavras) onde abordasse todos os momentos das personagens.
Amor de viagem de Francisco Vilaça Lopes Gostava de dizer que compreendi o conto, mas sinceramente pareceu-me tudo demasiado “random” e com pouco amor. Tirando uma mistura de purple prose com alguns diálogos a marcar a oralidade cerrada, não compreendi muito bem onde estava o tema do amor, nem do que se tratava… Mas pelos vistos o conto foi igualmente escolhido pelo júri da FNAC (sem ofensa aos senhores mas todos os contos que li de lá são iguais a estes: confusos e pseudo-intelectuais). Not my cup of tea.
Café Avenida de Jorge Campião Jorge, estás perdoado! Eu sei que dei 1 estrela ao teu livro, mas este conto estava bom! Café Avenida trata de traição, desconfiança e de como às vezes somos tão burros e quase desperdiçamos aquilo que temos. O único senão foi mesmo os nomes, que são um pouco confusos. O twist final deixando o conto em aberto foi bastante bem arquitectado.
Um, dois, três de Rosa Bicho Gonçalves A autor também adoptou uma técnica do stream e ainda que não consiga utilizá-la ainda da melhor forma, o conto é bastante agradável. A forma diferente como utiliza os diálogos estranha-se mas depois entranha-se. O conto fala sobre separações, corações partidos e esperança que tudo se resolva. É o conto mais breve da antologia e embora tenha faltado a componente da “ficção” e tenha apostado mais na formação de um texto, este acabou por funcionar.
Antes de mais gostaria de congratular a editora Alfarroba por esta excelente iniciativa de incentivo à escrita e divulgação de escritores nacionais. Tratou-se de um desafio lançado pela editora no final de 2012, ao qual responderam 250 pessoas. Os cinco contos considerados os melhores de entre os 250 fazem agora este livro.
São 5 contos totalmente diferentes, sob o mesmo mote - contar o amor. São 5 formas de escrita diferentes, cada um com a sua particularidade. Por isso mesmo, gostei mais de uns que de outros.
No geral, posso dizer que foi uma leitura agradável, embora o conto «Um amor de viagem» fosse muito lentamente destruindo a minha vontade de continuar a ler.
Confesso que estive bastante tentada a participar no concurso literário da Alfarroba que originou este Amores Contados, mas devido a vários motivos não o fiz. Estava, no entanto, muito curiosa para ler os vencedores e foi com imensa expectativa que recebi este pequeno livro. Nenhum nome me era familiar, portanto esperava que as oitenta e quatro páginas fossem uma verdadeira surpresa. E foram. Surpresas boas e más. Como vem sendo habitual, como se trata de contos, vou comentar um por um.
Uma Questão Matemática, de Ana Ferreira
A abordagem deste conto é bastante interessante, com a Matemática (essa minha velha némesis) a invadir o mundo das letras no início de cada capítulo, quantificando o amor, fazendo da felicidade uma ciência. No entanto, o desenvolvimento dos capítulos não me agradaram como eu esperava. Com tanto potencial demonstrado na originalidade dos problemas matemáticos, esperava um pouco mais da história em si, que não me pareceu nem boa, nem má. Apenas não a senti, se bem que acredito que talvez não a tenha lido no momento certo, pois há ainda algo nela que me chama a atenção. O quê, não sei; mas de hoje para amanhã talvez descubra.
As Fotografias Falam Baixinho, de Cristina Milho
Não consegui gostar deste conto, pois achei que tinha uma tremenda falta de originalidade. Temos uma idosa que através de uma fotografia recorda um momento feliz da sua vida, mas nem sequer percebemos o que afinal aconteceu ou deixou de acontecer entretanto. Apenas que a senhora conheceu um rapaz nos seus tempos de juventude, e foi feliz. Mais nada. O resto do texto, se bem que muito bem escrito, parece-me meramente acessório, anda ali às voltas da história sem a desenvolver nem a acabar.
Amor de Viagem, de Francisco Vilaça Lopes
Lamento a quem me esteja a ler, mas não posso comentar este conto. Simplesmente, porque não o percebi. Li duas vezes, e fiquei a perceber o mesmo. Falhou-me alguma coisa no raciocínio, e não consigo deslindar a história por trás das palavras. Se desse lado alguém me puder explicar este conto, então comprometo-me a lê-lo uma terceira vez e a comentá-lo como deve ser.
Confesso que a este ponto do livro estava a ficar preocupada. De cinco contos, tinha lido três, que não me tinham propriamente conquistado. Receava que os dois seguintes me afundassem cada vez mais na leitura triste de Amores Contados mas, felizmente, houve uma reviravolta muito grande.
Café Avenida, de Jorge Campião
Acabei de ler este livro na segunda-feira e ontem ainda estava a falar deste conto em específico. Não sei até que ponto é que a visão do autor é nova; mas para mim é, e adorei ler o seu conto. Fez-me reflectir imenso, ligar-me com os personagens, desejar saber a verdade e temer como eles. E aquele final... É um bom final. Não é definitivo, a não ser que o leitor o queira. Muito bem.
Um, Dois, Três, de Rosa Bicho Gonçalves
Mais um conto que não prima pela originalidade, mas que me deu imenso prazer a ler. Apesar de no início estar a achar tudo um pouco rápido e aborrecido de mais, assim que apanhei o ritmo que penso que a autora quis imprimir nas suas palavras, facilmente me desliguei de tudo o resto e desesperei com a personagem. É um conto triste e previsível, mas a forma como está escrito, o sentimento que trespassa do papel, é demasiado forte para ser ignorado.
Concluindo, apesar de nem todo o livro me ter agradado, sem dúvida os dois contos finais recompensaram a leitura dos que não me satisfizeram tanto quanto eu queria. Só por estes dois contos, vale definitivamente a pena ler. Se tivesse de escolher apenas um destes contos, então Café Avenida seria a minha escolha, pois considero-o sem dúvida o melhor conto desta compilação. Por fim, há ainda um último pormenor que não posso deixar passar: a Alfarroba tem um cuidado estético com o livro que é uma delícia para os olhos folhear as suas páginas. Deste Amores Contados em particular, o trabalho está simplesmente belo.
Estou agora curiosa em saber o resultado do corrente concurso da editora (para os mais distraídos, informações aqui). Para o ano, quem sabe o que nos espera?
"Antes de Amar
Conta-me. Conta-me como me conheceste, como me deste o primeiro beijo. Conta-me das mãos dadas e dos olhos brilhantes. Conta-me do nosso início e do nosso fim. Ou só do nosso início. Ou só do nosso fim. Conta-me do meio. Conta-me do nosso amor de verão, do nosso casamento. Fala-me disso tudo, diz-me coisas dos nossos netos. Ou então de nunca mais me teres visto depois da nossa única noite. Conta-me tudo. (...) Alfarroba"
Este livro abarca os 5 contos vencedores do concurso "Amores Contados" lançado pela a Alfarroba.
É um livro, que nos presenteia com bons momentos e bons enredos. Para além, de ser de fácil leitura.
Aproveito para felicitar a Alfarroba por ter realizado este concurso, que por sua vez, permite a valorização da escrita Portuguesa assim como, o acesso do leitor a novos escritores/autores portugueses.
Gostei deste livro, principalmente pela sua simplicidade e por focar na máxima mais importante da vida - o AMOR.