"Quis o destino que as vidas de Snu Abecassis e Sá Carneiro se cruzassem um dia, para nunca mais voltarem a ser iguais. A «Princesa que veio do frio», como se referiam a ela, era uma mulher obstinada, forte e cheia de vida. Fundadora das Publicações Dom Quixote, Snu criou uma linha editorial que não se cansava de enfrentar o regime. Ela era uma mulher que não tinha medo de nada. Assim foi Snu na vida profissional, mas também na pessoal, cuja grande paixão com Sá Carneiro desafiou todas as leis do Estado Novo. Por Sá Carneiro, Snu pediu o divórcio, o que era um escândalo na época. Por Snu, Sá Carneiro abandonou um casamento ultra conservador (não conseguindo, porém, de imediato o divórcio).
Contra tudo e contra todos, assumiram uma união de facto, muito mal vista na época, e comportavam-se como marido e mulher. Mesmo sabendo que a sua carreira política poderia ficar ameaçada por esta união, Sá Carneiro não desarmou nunca, chegando a dizer inclusive em 1977 que «Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo».
Este livro vai fazê-lo reviver uma das mais emocionantes histórias de amor já vividas em Portugal, uma história inspiradora interrompida apenas pelo trágico acidente/atentado de Camarate, onde ambos ambos perderam a vida. Revivendo a história de Snu e Sá Carneiro o leitor terá ainda a oportunidade de viajar por alguns dos capítulos mais importantes da história da democracia em Portugal, nos quais Sá Carneiro era um dos protagonistas principais.
Jornalista portuguesa de rádio e televisão, Cândida Pinto nasceu em 1964, em Torres Vedras. Quando frequentava o 10.º ano do ensino secundário ganhou o gosto pelo jornalismo graças a uma professora que teve, precisamente, na disciplina de Jornalismo. Na sua juventude mudou-se para Lisboa, onde estudou Comunicação Social no Instituto de Ciências Sociais e Políticas. A 17 de Setembro de 2001, Cândida Pinto passou a dirigir a SIC-Notícias, canal especializado em informação e que foi lançado em Janeiro de 2001. Trocou assim a reportagem pela direcção de um canal, um passo que considerou muito interessante do ponto de vista profissional. Já em 2002, Cândida Pinto lançou o livro "Lodo até à Cintura", que retrata as dificuldades que um repórter moderno tem de enfrentar ao longo da sua carreira."
Cândida Pinto apresenta-nos na presente obra uma interessante biografia de Snu, a mulher que vivia maritalmente com Sá Carneiro, então Primeiro-Ministro português, aquando do acidente de Camarate ocorrido em Dezembro de 1980, no qual também perdeu a vida.
Dinamarquesa de nascimento, mas cosmopolita no decorrer da sua vida, Snu traz para Portugal do Estado Novo (e, mais tarde, Portugal recentemente democrático) uma lufada de ar fresco. É responsável pela criação da Editora Publicações Dom Quixote, ainda hoje existente, mas também por agitar a moral e os costumes vigentes por manter uma união de facto (hoje tão comum) com Sá Carneiro, seu segundo companheiro.
Snu era uma mulher fascinante e fascinada fiquei eu também ao ficar a conhecer um pouco melhor o que foi a sua vida antes e para além de Sá Carneiro, que ela tanto amou depois de terminar o seu casamento com Vasco Abecassis (de quem teve três filhos, um dos quais Rebecca, jornalista na Sic), bem como era a política portuguesa e toda a intriga relacionada com esta no período em que viveu. Gostei muito.
O período de tempo entre a revolução de 74 e o início dos anos 80 foi para mim durante algum tempo a época da história de Portugal que era mais nublosa. Era a época “nem nem”. Nem a tinha vivido, de forma a recordar-me, nem a tinha estudado na escola, dada até a proximidade temporal que a escola dos anos 80 tinha desse período. De há alguns anos a esta parte, entre conversas, leituras e documentários, tenho tentado completar os espaços em branco. É aqui que entra esta leitura. Antes de ver o filme dedicado a Snu Abecassis, quis saber mais sobre a protagonista. O livro escolhido é, para esse objetivo, uma ótima escolha. Está bem escrito e desenha um retrato que me pareceu sólido de Snu Abecassis, sem ser demasiado romantizado. Pela relação de Snu com Sá Carneiro o livro permite conhecer um pouco mais daqueles últimos 4 anos da década de 70, em termos políticos.
A jornalista faz um excelente trabalho de investigação e ao ler o livro é isso que parece: uma reportagem narrada. Falta-lhe algum calor literário, assim como mais cuidado com as frases, palavras e expressões. 4☆
É confrangedor ler o relato da vida de uma mulher tão interessante por este prisma. Um shot por cada vez que a autora se refere com fascínio bacoco aos "olhos azuis profundos" de Snu e acaba o livro nas urgências em coma alcoólico. Todo o livro, Snu é descrita com a admiração vazia e a deferência parola com que se trata tudo o que é estrangeiro em Portugal, ficando a impressão de que a Snu era moral e intelectualmente superior pelo simples facto de ser dinamarquesa. É tão triste o constante realçar da narrativa de que "Snu não era como as outras mulheres", portuguesas, coitadas, tão fúteis ou demasiado burras e conservadoras para lhe poderem sequer igualar intelectualmente: a certo ponto a autora chega de facto a dizer explicitamente que Snu não encontrava nenhuma mulher que se lhe igualasse e com quem conseguiria manter uma conversa elevada na sociedade portuguesa. A descrição dos feitos intelectuais e editoriais da editora sem o mínimo de reconhecimento do enorme privilégio que a sua família, nascimento e condição representavam, como se fosse absolutamente meritório e descontextualizado do seu estatuto social - este adquirido mais por nascimento e por casamento do que por mérito próprio- o facto de o livro não reconhecer isto é de uma desonestidade intelectual sem tamanho. Acrescente-se o detalhe mais confrangedor ainda de a autora polvilhar o texto com expressões em língua inglesa de utilização supérflua e desnecessária, quando existem substitutos em Português que cumpririam perfeitamente, o que dá um tom de pretensiosismo que é a cereja no topo do bolo da desilusão que foi este livro.
Acabadinho de ler... O filme já estava visto e, confesso que tinha deixado um bocadinho a desejar pelas falhas que não preencheu e principalmente por me ter roubado a possibilidade de imaginar. O livro foi mais do que esperava, uma história de amor improvável e maravilhosa que nem a morte conseguiu separar.
Quis o destino que as vidas de Snu Abecassis e Sá Carneiro se cruzassem um dia, para nunca mais voltarem a ser iguais. A «Princesa que veio do frio», como se referiam a ela, era uma mulher obstinada, forte e cheia de vida. Fundadora das Publicações Dom Quixote, Snu criou uma linha editorial que não se cansava de enfrentar o regime. Ela era uma mulher que não tinha medo de nada. Assim foi Snu na vida profissional, mas também na pessoal, cuja grande paixão com Sá Carneiro desafiou todas as leis do Estado Novo. Por Sá Carneiro, Snu pediu o divórcio, o que era um escândalo na época. Por Snu, Sá Carneiro abandonou um casamento ultra conservador (não conseguindo, porém, de imediato o divórcio). Contra tudo e contra todos, assumiram uma união de facto, muito mal vista na época, e comportavam-se como marido e mulher. Mesmo sabendo que a sua carreira política poderia ficar ameaçada por esta união, Sá Carneiro não desarmou nunca, chegando a dizer inclusive em 1977 que «Se a situação for considerada incompatível com as minhas funções, escolherei a mulher que amo». Este livro vai fazê-lo reviver uma das mais emocionantes histórias de amor já vividas em Portugal, uma história inspiradora interrompida apenas pelo trágico acidente/atentado de Camarate, onde ambos ambos perderam a vida. Revivendo a história de Snu e Sá Carneiro o leitor terá ainda a oportunidade de viajar por alguns dos capítulos mais importantes da história da democracia em Portugal, nos quais Sá Carneiro era um dos protagonistas principais.
This was such a good description of Snu's life, her family and bacground, her work and determination, and then written with feeling but without undue emotional agitation: just as I assume Snu would have prefered, since she was self contained and dealt with her emotions in a more Nordic way. Her twenty years in Portugal were always a way to increase the culture and freedom of espression of the Portuguese and, at the same time, her own very sepacial way of loving those around her. The book is an excellent research and the Author managed to leave just the perfect kind of testimony. Deeply felt and leaving a strong impression, this book calls our attention to the fact that, if one wants, is determined and dedicated, even a life of 40 shorty years can be tremendosly productive and touch many more that one would think possible. For her Children it was not always easy, but it is also very touching to see their complicity and their closeness to Vasco Abecassis, who really gives the impression of having been a terrific human being.
A special personality with an interesting life story. A very special period of Portugals history. All engaging reading. Respect for the huge work it has been to put together the life story of Snu. I doubt that Snu herself would have released this book as it is, though. Also: this biography should deserve a less superficial characterisation – of both Scandinavians and Portuguese – as well as a better construction of specially the first half and not least less printing errors. Still: readable, but don’t expect too much in terms of structure.
Através de uma escrita muito cativante, este livro relata a vida privada de Snu e Sá Carneiro com um enquadramento histórico, social, religioso e político do Portugal contemporâneo enriquecedor para quem não vivenciou essa época. Fica a dúvida se o mistério da queda do avião algum dia será desvendado...
Não é um romance, mas uma biografia. Escrita por uma jornalista é isenta de crítica social e de tomada de partido. Não deixei de me apaixonar pela Snu, que para mim era uma figura pouco conhecida. Para além da Snu, conhecemos todo o contexto social. Para quem não viveu esta época é um banho de História.
Cândida Pinto estruturou muito bem o livro e as várias etapas da vida de Snu, não desligando a realidade histórica dos momentos. Isto é, consegue conjugar claramente uma biografia com a história de um país/de uma sociedade. Muitos parabéns!
This is a small biography of Snu and the time she spent in Portugal with her first husband and Francisco Sá Carneiro. Besides her fascinating life, which includes the creation of one of the most famous book publishers in the country, struggles with censorship and the female role in the 70s and 80s, it also covers the start of her relationship with the politician Sá Carneiro, her divorce and their private and public struggles in the conventional and conservative society of Portugal in those decades. It is lovely, revolting at times when she is censored or when people tell her that her job is not "ladylike" but especially when confronted with the hypocrisy of the people, who can accept mistresses but not divorce of remarriage. But it was lovely and ultimately romantic, because how could it be something else when all the people that met them say they were made for each other? I have a particular curiosity for her life partly because the plane in which she died crashed about 20 meters from my mother's house and I grew up looking at their memorial plate everyday, always wondering what it was all about.