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Baiôa sem data para morrer

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Quando um jovem professor decide aceitar a mão que o destino lhe estende, longe está de imaginar que, desse momento em diante, de mero espectador passará a narrador e personagem da sua própria vida. Na aldeia dos avós, no Alentejo mais profundo, Joaquim Baiôa, velho faz-tudo, decidiu recuperar as casas que os proprietários haviam votado ao abandono e assim reabilitar Gorda-e-Feia, antes que a morte a venha reclamar. Eis, pois, o pretexto ideal para uma pausa no ensino e o sossegar de um quotidiano apressado imposto pela modernidade. Mas, em Gorda-e-Feia, a morte insiste em sair à rua, e a pacatez por que o jovem professor ansiava torna-se um tempo à míngua, enquanto, juntamente com Baiôa, tenta lutar contra a desertificação de um mundo condenado.
Num romance que tanto tem de poético como de irónico, repleto de personagens memoráveis e de exuberância imaginativa, e construído como uma teia que se adensa ao ritmo da leitura, Rui Couceiro põe frente a frente dois mundos antagónicos, o urbano e o rural, e duas gerações que se encontram a meio caminho, sobre o pó que ali se tinge de vermelho, o mais novo à espera, o mais velho sem data para morrer.

Paperback

First published June 1, 2022

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Rui Couceiro

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Profile Image for Guilherme Pires.
4 reviews16 followers
July 18, 2022
São notáveis e manifestos, os mecanismos da máquina de produzir autores.

A onda colossal de marketing que está a carregar o livro pelos caminhos das redes sociais e dos meios de comunicação até às montras de livrarias e ilhas dos hipermercados fez-me reflectir sobre o desequilíbrio do meio editorial português no acesso a estes palcos da promoção de autores e livros. Rui Couceiro beneficiou das portas automáticas garantidas pelos grandes grupos editoriais e os contactos certos às mesas douradas; no fim de contas, beneficiou das estratégias que o próprio usa, enquanto editor, para promover os livros comerciais e por vezes menos comerciais que publica na Contraponto. Só que, desta vez, trata-se de um romance de estreia de um autor até aqui inédito, não do livro de uma celebridade ou de textos de autores consagrados e/ou com público fiel. Para romances literários de estreia tais holofotes não são habituais. Rui Couceiro tem a luz da literatura portuguesa a iluminar-lhe o rosto: porquê?, dei por mim a perguntar aos gatos cá de casa.

Lido o texto, encontro a resposta, simples e límpida: não se trata de um romance literário. O livro é competente naquilo a que se parece propor — entreter leitores pouco exigentes (a esmagadora maioria do público leitor e comprador português) — e falível em aspectos narrativos fulcrais para o enredo, na construção das personagens, no encaixe estilístico, semântico e mitológico na atmosfera e geografia em que tudo acontece, na gordura que não consegue evitar. Enfim, é falível nos alicerces de um texto ficcional, comum num romance de estreia.

Estes problemas tornar-se-ão evidentes para o leitor experiente ou profissional que pegue no livro (a minoria, talvez), mas são irrelevantes para o meu argumento: «Baiôa sem Data para Morrer» não é literatura. O que interessa é isto: estilo, poética, narrativa, diálogos, personagens, tudo é convencional, liso, mais-que-visto, brando, repete a fórmula basilar dos textos ficcionais destinados ao público mais macio, vai daqui até ali, descrevendo o que se faz e o que se vê, sem deixar nada nas entrelinhas, com um narrador previsível, repetitivo até mais não, banal, quase ridículo (por vezes parece propositado, tantas vezes que puxa do telemóvel à procura de novidades nas redes sociais), sem arrojo nem verve no que acontece nem no modo como é narrado, sem puxar o leitor pelos colarinhos para lhe segredar mistérios que desconhecia, sem o magoar, sem o enlevar, nada. As personagens sofrem do mesmo mal, e em alguns casos parecem alinhavos mal feitos e nunca repensados. O fim, disfarçado de campo aberto, é a resolução adivinhada pelo leitor assim que nos é dito o porquê de Baiôa não ter data para morrer nem carrasco apontado (a chave está na última frase do segundo capítulo). O livro não tem subtexto, tudo decorre na camada superficial do sentido e do pensamento, tudo nos é apresentado e explicitamente descrito, não há sombras nem silêncios, não há omissões nem sobressaltos, é um livro sem espinhas, que não exige, não altera o leitor, não põe no solo o gérmen da dúvida, não ousa esquissar respostas. A voz autoral que aqui surge não é original nem fascinante; a escrita, que é competente e não envergonha ninguém, não deslumbra nem cria ou recria nada. Não há arestas em lado nenhum. É tudo cimento plano e árido, bem pintado, pois escrito com humor e palavras bem enfileiradas. Livro e autor entretêm, com rapidez, o leitor predisposto a ser apenas entretido.

Sendo assim, o investimento da Porto Editora não é inédito. Pode gerar sentimentos de injustiça entre os autores da casa, que jamais tiveram tais obséquios nas primeiras obras, ou inveja em escritores de outras editoras, por motivos idênticos; acredito que o faça, mas com o dinheiro e o tempo da Porto faz a Porto o que bem entende, e tais decisões são legítimas. Aliás, o próprio Rui Couceiro já testou estas estratégias muitas vezes — recorrendo a diferentes configurações na abordagem aos meios de comunicação, às redes sociais e às festas de apresentação —, com Cristina Ferreira e autores desse perfil, que fabricam livros para o grande público, feitos de modo a vender e engordar marcas, efémeros, tão perecíveis quanto a trama do papel que lhes dá forma. É puro negócio editorial; porém, no caso de «Baiôa sem Data para Morrer» vestido de objecto literário para tentar abranger um público leitor mais amplo, do pouco exigente ao mais ou menos exigente. Daí que as presenças de Valter Hugo Mãe e Alberto Manguel nas sessões de lançamento não surpreendam; já as palavras destes e as vénias de alguns dos jornalistas de literatura do nosso meio, bom, no mínimo dão que pensar.

É aqui que, a meu ver, surge o elemento mais plástico em tudo isto: a comparação, feita por Manguel, com Juan Rulfo e «Pedro Páramo», obra maior da literatura sul-americana e mundial, que curiosamente nas suas quase 200 páginas abre muitos mais fendas para o pensamento sobre a morte e a vida do que as 448 do romance de Couceiro. Disse o intelectual argentino: «Recordou-me uma literatura universal, como o romance do grande Juan Rulfo, "Pedro Páramo". É uma viagem até à morte (…) e dá uma força tão extraordinária a este romance, que eu acabei de o ler numa noite.» Não é, de todo, um «Pedro Páramo», nem disso se aproxima. A comparação até será injusta para Rui Couceiro, que, a meu ver, com este livro não se quis aproximar dos calcanhares de tais gigantes. Se quis, falhou por completo; creio que a intenção não era essa.

A ti Zulmira Veneranda Encerrabodes, uma das personagens centrais do romance, é exemplo lapidar da inconsistência do texto. Mulher de poucos estudos, alentejana de gema, coscuvilheira, vê muita televisão (adora as novelas da tarde) e lê revistas de sociedade, baptiza as gentes da aldeia e guarda uma lista de nomes possíveis para os recém-nascidos, todos brasileiros (Taís, Joice, Érica, Amanda, Tainara, Ronaldo, Liedson, Cléber, Vanderlei — gostaria de futebol? — e Ariosto). Por motivos insondáveis, lê também Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco, cujas obras completas tem em casa, compradas através do Círculo de Leitores (terá parado de ler literatura na década de noventa?), é «especialista em informática e em internet na chamada ótica do utilizador», voraz utilizadora de sites e aplicações, a que recorre, entre outras coisas, para tentar «induzir pulsões libidinosas nos velhos» em «salas de encontros virtuais para seniores», comunicar com um amor que lhe serve de consolo após a morte do marido e ver séries em castelhano na Netflix. Ah, claro: e guardava num armário da cozinha o pénis embalsamado do marido morto (aproveitando uma erecção pós-mortem) com o qual fazia amor sempre que a carne lho pedia. (Olá, Perpétua de Tieta do Agreste?) Tudo isto apesar de ser beata até ao tutano. Que tosca manta de retalhos. E a lógica? A congruência? A espessura? Pois. Nem sequer graça: a personagem é uma tentativa de monstro de Frankenstein composto de referências aleatórias e profusamente maquilhadas para, presumo, que o grotesco se dissipe.

O que poderia ser um elemento de imensa força literária, a morte, surge aqui com uma leveza tão etérea, uma tal tibieza estilística e semântica, que quase parece desprezo, mas acima de tudo é a grande fraqueza de um romance que vai crescendo na direcção da morte anunciada das personagens e que, a partir desse momento, as trata como pano de fundo desfocado numa fotografia na qual, em primeiro plano, está o vazio desses fins vácuos.

O livro vive da ideia omnipresente da morte (dos homens e das mulheres, das famílias, das aldeias, do interior português, dos mitos, dos vícios e desnorte de um jovem citadino à procura de si numa aldeia moribunda), e é no momento final das personagens que mais se sente as tremuras da mão do autor. São todas mortes banais, algumas pouco mais que inusitadas («no essencial, pode o leitor crer que o que aqui vou narrando é verídico», clama o narrador a páginas tantas, como já afirmara antes e repetirá várias vezes até ao fim do livro, noutra das marcas evidentes da ingenuidade e fraqueza do texto); em nenhuma delas há segundas leituras, murros no estômago do leitor, nada lhe dizem, ao leitor, em nada o mudam; e essa possibilidade de mudança também não acontece sequer na meditação sobre a morte e a vida, o fim e o princípio, explícita e rudimentar, que subjaz a tudo isto e a alguns dos comentários do narrador dirigidos ao leitor (cujo excesso é uma das gorduras que mais sobejam). Em cada homicídio dos «Crimes Exemplares», de Max Aub, em cada acto macabro dos irmãos do «Caderno Grande», de Agota Kristof, ou nas mortes subtis e tão elegantes de «Montedemo», de Hélia Correia, para citar alguma da literatura que palmilha estes campos, há mais intensidade, subtileza, fundura e subtexto do que em todas as deste livro. Em «Baiôa sem Data para Morrer» a morte é mais-que-esperada, parece ser fulcral, mas aborrece e desilude quando chega.

Manguel afirma que este é «um livro que não tem nem uma gota de amargura, de maldade, regozijante (sic), alegre», o que talvez seja verdade, e aqui reside uma das suas fraquezas mais evidentes. É uma faca sem fio, não magoa, não corta, não toca. A banalidade da morte surge na descrição de quase todos os actos mortais mas também na consequência que estes acarretam para quem fica: apesar da mudança gerada na vida dos sobreviventes (a loucura de Maria da Luz, a tristeza nos viúvos), tudo é demasiado raso, quase desumanizado, descrito sem emoção. Tantas mortes e tão pouco fogo. O leitor assiste, impávido, talvez até divertido, a tal mortandade. Passa por nós e ficamos incólumes. O livro paira sobre os terrenos da morte sem nunca ousar pisá-los.

Muito mais haveria a dizer, e nada disso interessa. «Baiôa sem Data para Morrer» não é um texto literário; também não é um romance comercial fabuloso, mas pouco mais que sofrível; a Porto Editora faz do romance e de Rui Couceiro o que bem entender; mas não nos queiram vender a ideia de que aqui nasce literatura, porque é mentira e injusto para quem queima as pestanas e enegrece as unhas à procura dela.
Profile Image for Álvaro Curia.
Author 2 books508 followers
July 22, 2022
O Alentejo é uma terra de onde todos somos, mesmo sem o saber. Podemos ter nascido e feito vida nos antípodas das planícies alentejanas. Mas uma vez na vida que tenhamos passado pelo Alentejo já não há nada a fazer. É dessa terra que passamos a ser. E é isso mesmo que percebemos neste livro. Mostrou-me a minha casa, reconstruída com tanto esmero por esse tal Baiôa, mostrou-me a minha aldeia, Gorda e Feia, os campos em torno, o rio com a sua importante ponte e toda uma galeria de personagens que se tornaram amigos íntimos. Não apenas porque me foi contado sobre elas mais até do que era suposto saber, mas porque todas me devolveram essa ideia de proximidade que é raro, mas tão recompensador, ver acontecer nos livros.

Estamos aqui perante opções controversas. Abandonar o conforto metálico da metrópole, que nos facilita a vida em troca de uma pressão constante no peito. O jovem professor que parte em busca de nada, apenas com a curiosidade de ver como ficou a reconstrução da casa dos seus avós, nessa tal Gorda e Feia alentejana.

A partir do momento em que lá chega e por lá decide ficar um tempo, o livro é um rendilhado de acontecimentos, um enredo onde não importa que saibamos o que sucede no final, pois não há final mais conhecido do que a morte. A minha leitura deste livro foi voraz pois tem tudo de que gosto: o inusitado, o equilíbrio entre o real e o mágico, uma certa melancolia da planície e um sentido de humor delicioso.

No mundo do real, este livro fala-nos também de um país de costas voltadas para o seu interior, em apneia num sobrepovoado litoral de preços astronómicos.

Talvez seja isso mesmo, esta leitura: um respirar fundo para quem está constantemente a prender o ar, uma promessa de futuro. Talvez, como Baiôa, possamos dar-nos o valor de uma pausa e perceber que no momento em que estamos não temos data para morrer.
Profile Image for Jose Garrido.
Author 2 books17 followers
October 24, 2024
Nem li o livro numa noite, como o terá feito Alberto Manguel, nem estou de acordo com a comparação que fez com o 'Pedro Páramo', mas gostei, bastante.
Gostei, principalmente, pela linguagem utilizada e pelo humor, constante, que Rui Couceiro incluiu laboriosamente em quase todas as páginas do romance.
É, para mim, um daqueles livros do “caminho” muito mais do que da “estação de chegada”. Quase um encadeamento de estórias do quotidiano dos personagens que habitam aquela aldeia moribunda – e talvez mais dos seus fantasmas do que dos sobreviventes. Uma colagem de crónicas, às vezes de um só capítulo, outras, de mais, que se suportam, galhardamente a si mesmas.
Recordou-me a minha relação com os Diários do Torga que estiveram, bastantes anos, no chão, ao lado da cama, e nos quais pegava com frequência para ler com prazer e sem cuidar de marcar a página…
Profile Image for Manuela.
171 reviews
August 21, 2022
Um jovem professor instala-se na pequena aldeia alentejana Gorda-e-Feia para aí lidar com os meandros do envelhecimento dos que o rodeam, da desertificação e, sobretudo, da morte. Infelizmente,  todas as expectativas com o livro afundaram-se logo nos capítulos iniciais porque estava à espera de algo verdadeiramente inesquecível do ponto de vista narrativo, geográfico e de personagens marcantes. Ao invés, encontrei um livro que bem poderia ser um conjunto de sucessivos posts de redes sociais, já que tanto se alude a isso no conteúdo da história. Por um lado, demasiado descritivo, e embora eu goste de detalhes nos romances, neste pareceu-me que era tudo muito desnecessário e sem acrescento à história, como se fosse apenas para dar mais umas páginas. Por outro lado, essa descrição repetitiva não dá essência às personagens, aos lugares e não nos cria desassossego. Também não me identifico muito com este tipo de escrita onde a voz do narrador se dirige aos leitores e isso pode dizer mais da minha embirração do que outra coisa qualquer.
Profile Image for João Pinto.
118 reviews
March 14, 2023
Percebi logo nas primeiras páginas que "Baiôa sem Data Para Morrer" seria um livro de leitura lenta e cuidada. Aqui lê-se Portugal na sua forma mais bonita e genuína. Uma história cativante, sensível, recheada de ironias e com personagens marcantes. Senti-me triste muitas vezes e muitas vezes dei por mim a sorrir ao longo da história. Passei muitas horas a refletir sobre a vida e a morte, sobre a humanidade e sobre um país de costas voltadas para o interior.
Profile Image for Margarida Galante.
442 reviews39 followers
September 8, 2023
Gorda-e-Feia é o lugar, no Alentejo profundo, onde se passa esta história. Imaginário ou real, este é um lugar igual a tantos outros que existem no interior de Portugal. Aldeias isoladas, abandonadas, onde já não vive ninguém ou onde vivem meia dúzia de pessoas de idade avançada. Aldeias que vão desaparecer quando os seus habitantes morrerem.

O narrador desta história é um professor, com cerca de 30 anos, que tem uma vida profissional incerta e se encontra numa espécie de  crise existencial. Incentivado pela mãe, decide ir até à aldeia dos seus avós, quando esta recebe a notícia que a velha casa dos seus pais, que estava ao abandono, tinha sido recuperada. Espera encontrar a quietude que lhe permita dar um rumo à sua vida mas encontra muito mais.

Joaquim Baiôa, um velho faz-tudo com setenta e muitos anos, dedica-se a recuperar as casas abandonadas da aldeia, na esperança de fazer retornar alguns dos seus donos e assim combater a desertificação e o desaparecimento da aldeia. Antes que a morte venha, tudo fará para que a sua aldeia não morra.

Além de Baiôa, uma personagem da qual é impossível não gostar, existem outras personagens maravilhosas. O coxo Zé Patife, o taberneiro/barbeiro/dentista Adelino, a Fadista da vida trágica e das cantorias, e a Ti Zulmira, rendida às maravilhas da internet.

Uma história sobre o abandono do interior, o envelhecimento, a solidão, mas também sobre amizade e entreajuda. Uma história sobre a morte e sobre o que fazemos da vida antes que ela chegue. Porque sabemos que "não somos nada" e um dia chegará a nossa hora.

Gostei muito da escrita, da narrativa e das personagens, gente comum e real. A história tem um pouco de realismo mágico em alguns dos episódios, mas também existe humor e ironia.
É uma história que se desenvolve lentamente, ao ritmo que associamos ao Alentejo. Confesso que essa lentidão inicialmente não me agradou muito, no entanto, com o avançar da história, achei que esse ritmo fazia sentido.

Um excelente primeiro livro de Rui Couceiro, que vou querer continuar a acompanhar. Espero que o próximo não demore muito.
Profile Image for Ana Marinho.
585 reviews32 followers
January 15, 2023
"Vivia em agonia, sentindo o desespero do fim através das mortes dos outros, torturas permanentes para ele que ficava e não sabia ainda por quanto tempo."
Que livro lindíssimo. Achei-o pura poesia. A beleza das suas palavras suavizam o tema central: a morte. É triste, mas tão bonito que uma pessoa se vicia na história, não quer parar de ler. Todas as personagens me foram queridas e todas as despedidas tristes, como se me fossem próximos. Emocionei-me com estas pessoas de um interior quase esquecido pelo seu país. Com o Alentejo de pano de fundo senti que tudo se tornou mais mágico. O Alentejo, esta zona que amo e me é tão querida, enche esta história de cores, cheiros e temperaturas únicas.
De facto, "somos apenas o tempo que temos" ❤️
Profile Image for Francisco Eustáquio.
65 reviews2 followers
July 16, 2022
Uma narrativa que se estende como os campos do alentejo que retrata: a perder de vista e sem pressas. A escrita cria atmosfera do espaço e do tempo. 

Na leitura somos um pêndulo entre as dicotomias criadas: solidão/amizade, urbanidade/ruralidade, abandono/reconstrução vida/morte. 

Um campo de reflexão sobre a vida e muito do que ela contém.

Gostei muito da escrita que me ora me divertiu, ora me entristeceu mas nunca me deixou indiferente.

Um excelente ponto de partida para um autor que continuarei a acompanhar.
Profile Image for mariana.
140 reviews9 followers
April 30, 2024
vamos fingir que nunca aconteceu
Profile Image for Eduardo.
68 reviews29 followers
July 18, 2023
Livro #2 das férias de 2023.

Quando comecei a ler Baiôa sem Data Para Morrer, senti que estava de novo a ler A Aparição de Virgílio Ferreira ou O Delfim de José Pires Cardoso, porque algo é transversal a estas obras: um jovem que chega a uma localidade no interior de Portugal, que parece dominada pela velhice social.

Mas Baiôa sem Data Para Morrer consegue prender-nos às páginas por uma série de fatores diferenciadores: uma voz adaptada à realidade de hoje, que coloca em duelo a velhice social e a desertificação do interior com a aceleração que trouxe o digital e o FOMO imposto pelas redes sociais. Para acalmar a velocidade urbana nada como encontrar a serenidade rural.

Porém, a personagem principal - na casa dos 30 anos - e cujo nome nunca chegamos a saber, é confrontada com uma herança delegada a um dos habitantes da aldeia de Gorda-E-Feia, na fictícia Vila Ajeitada: uma herança essa que parece ditar o fim daquela mesma aldeia onde quer abrandar o scroll que faz pela vida.

Com um misticismo aliado ao mistério, algo de ciência que se aproxima do fictício sem abdicar do realismo, o livro prende-nos pelas histórias da gente desta aldeia. As personagens materializam-se facilmente, com os seus vincos e segredos. Os capítulos curtos ajudam a manter o ritmo da leitura.

"O futuro, esse, só conta quando se é jovem, porque é do tamanho das searas da minha infância."

Profile Image for Marta Clemente.
736 reviews19 followers
May 13, 2024
Joaquim Baiôa é um septagenário a quem foi revelado um segredo... Baiôa conhece a data de morte dos poucos residentes da sua aldeia alentejana, Gorda e Feia. Tem na sua posse uma lista onde consta a data de morte de todos, excepto dele próprio. Ao seu nome, no local da data de morte, corresponde um quadradinho em branco. Com medo de ser imortal e de que tenha que ficar sozinho, empreende uma missão quase impossível. Reparar todas as casas da aldeia para tentar que está seja repovoada por gente nova. E assim aparece o nosso narrador! O nosso professor com 30 anos, professor sem poiso certo com uma incrível dependência do seu smartphone e das redes sociais. A casa do seu avô foi reconstruída por Baiôa, e incentivado pela sua mãe, decide ir ocupa-la durante algum tempo.
Cria amizade com todas estas personagens e descreve-nos ao longo do livro as suas vidas, as suas mortes, e uma série de episódios entre o cómico e o trágico.
Gostei da escrita. Gostei de um certo realismo mágico alentejano que por ali aparece. Achei bastante engraçada a referência à minha cidade, a Guarda, numa viagem que o professor faz com Baiôa. Achei engraçada a referência ao meu restaurante preferido da cidade, a "Pensão Aliança" e à sua maravilhosa vitela jarmelista. Enfim, foi uma boa leitura!
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Gens.
95 reviews
April 3, 2023
Realmente foi um livro que me dececionou, a premissa era excelente. O autor aproveitou-a tão mal que até dói. A única personagem que se salva era o Baiôa. Hasta.
Profile Image for Sara Espirito Santo.
10 reviews1 follower
October 3, 2022
Comecei a ler este livro na paisagem ideal para acompanhar a narração: o Alentejo profundo. De repente, estava a ler histórias de personagens que poderiam ser as pessoas com quem me cruzava com a regularidade possível nestas paisagens meio desertas. Neste cenário, foi ainda mais fácil mergulhar neste livro e entendê-lo. Entendê-lo e senti-lo a fundo. Uma obra que aponta de forma clara a beleza natural da paisagem a contrastar diariamente com a vida das personagens que vai desaparecendo e sucumbindo à inevitável certeza da velhice e da morte. Com descrições por vezes longa demais mas equilibradas com sentido de humor - tantas vezes sorri sozinha - é uma leitura que recomendo, nomeadamente, porque nos recorda a importância de cuidar dos mais velhos e da sua história, que se confunde com a história de cada um de nós e do nosso país.
Profile Image for Andreia Ferreira.
66 reviews
May 21, 2023
4.5
As primeiras páginas fizeram-me colocar em causa todas as críticas que li sobre o livro. Pareciam-me demasiado poéticas, quase forçadas. Mas depressa me apercebi da enorme beleza desta história que conta a vida dos últimos habitantes de uma aldeia alentejana.
Grande primeiro romance de Rui Couceiro. Um dos melhores que li este ano.
Profile Image for Maluquinha dos livros.
307 reviews134 followers
August 17, 2022
A altura para pegar neste não foi a melhor. Acredito que teria apreciado mais este livro no outono, com uma mantinha e um chá. É um livro que requer atenção, já que a escrita do autor não é muito fácil…
Mas decidi pegar nele após um livro que me marcou muito e numa altura em que a atenção andava noutras coisas ( férias, praia, amigos e aniversários…), o que foi um erro.
Foi uma leitura aos soluços, o que não me deixou criar grande ligação com as personagens.
Profile Image for João Mendes.
280 reviews15 followers
June 27, 2025
Rui Couceiro não é um mau escritor. A escrita é fácil e, por vezes, prazerosa de seguir. A narrativa tem ritmo, é certo, mas ainda estou na dúvida se isso é um feito do autor ou apenas uma consequência dos capítulos serem pequenos.

Por falar em capítulos, diria que aproximadamente um terço deles é palha. Dá a ideia de que alguns capítulos eram páginas soltas que o autor ia escrevendo quando não tinha inspiração para avançar a história e que, por algum motivo, acabaram na versão final do livro. Não acrescentam nada e não cumprem nenhum propósito que não seja o de aumentar o volume do livro.

Nota-se demasiado o processo de escrita. Percebe-se que houve fases do livro escritas em momentos diferentes. Por exemplo, nos primeiros capítulos as personagens principais terminam quase todas as suas afirmações dizendo "palavra de honra". Os leitores ficam a pensar que essa é uma característica da fala daquelas personagens, mas passado uns capítulos o autor abandona essa ideia e mais nenhuma personagem volta a usar a expressão "palavra de honra" no seu discurso.

Por falar em discurso.... Eu acredito que o autor tenha feito o esforço de se deslocar ao Alentejo profundo para escrever este romance, mas duvido muito que tenha falado com alguém. Descreve as personagens como elas são: pobres, isoladas e sem instrução. No entanto, o discurso direto que lhes atribui, é digno de um colóquio na Academia das Ciências feito por um Catedrático em fim de carreira. Não faz sentido e apenas contribuiu para que ache toda a história menos real.

Grande parte do livro versa sobre a morte. Tema difícil e duro que mesmo os maiores nomes da literatura têm dificuldade em dominar. O Rui falhou completamente. Faz todo um livro em torno da morte e não é capaz de tocar, de revolver as entranhas, de nos fazer sentir aquelas mortes. Dava por mim a passar os olhos por uma frase que narrava a morte de uma das personagens que me eram mais queridas como se nada fosse. Como se estivesse a descrever um passeio no parque. Este livro tem descrições mais viscerais sobre a relação que o narrador tem com o seu telemóvel do que sobre a morte (que é o tema central do livro). Medíocre, para ser simpático.
Profile Image for Andreia Morais.
449 reviews32 followers
Read
December 10, 2023
TW: Morte, Saúde Mental, Referência a Violência Doméstica

Fiquei muito entusiasmada com a premissa, mas distanciei-me da concretização, porque dispersa por acontecimentos que não me parecem centrais para a história. Por norma, até aprecio narrativas lentas, sem personagens heroínas, que se focam na banalidade do quotidiano. Nem sempre leio para encontrar essa representação, mas gosto quando a ficção nos apresenta contextos credíveis. Em Baiôa Sem Data Para Morrer não senti isso. Ou, melhor, até via várias destas situações a acontecerem, mas não precisava de descrições tão exaustivas para compreender a mensagem.

É um livro demasiado extenso, com algumas incoerências e que acaba por se tornar maçador na sua minúcia. Queria muito ter gostado, mas a promessa inerente à premissa é explorada de uma forma superficial e perde vigor. Acho que a escrita tem potencial e gosto da ideia de comunidade que Baiôa alimenta, unindo forças por um compromisso que se torna comum, mas estava à espera de ser arrebatada.
Profile Image for Andreia Fernandes.
2 reviews
July 18, 2022
Adorei este livro! Foi magnífico descobri-lo, assim como ao autor e à sua escrita sedutora e poética. As personagens são absolutamente maravilhosas e não consegui parar de ler durante um fim de semana inteiro. Acho que o melhor que posso dizer sobre ele é que é um livro de uma humanidade fora do normal. Essa humanidade está em cada frase do narrador e em cada personagem. Devorei o livro e espero poder ler mais deste autor em breve. Recomendo! Muito!!
Profile Image for Helena.
1 review1 follower
July 20, 2022
Não li o livro numa noite, como Alberto Manguel, mas não podia estar mais de acordo com o que esse grande senhor disse sobre este livro quando afirmou que lhe fez lembrar Pedro Páramo, de Juan Rulfo. Aqui está, para quem quiser ver https://www.youtube.com/watch?v=lH4vE...

Também me fez lembrar Garcia Márquez e posso dizer que este é um dos autores mais entusiasmantes que li nos últimos anos.
Personagens como a Ti Zulmira, Zé Patife, Mr. Beardsley ou a Fadista são para mim inesquecíveis. Já para não falar do próprio Baiôa e do Dr. Bártolo! Vou continuar a acompanhar sem nenhuma dúvida :)
Profile Image for Carolina Portilho.
41 reviews7 followers
September 28, 2024
Começo dizendo que daria 3,5 estrelas, mas aqui só é permitido 3 ou 4, portanto não foi possível. Diria que 4 estrelas é demasiado positivo pra essa obra, que tem alguns aspectos maçantes e repetitivos, desestimulantes, para receber tal pontuação. Mas, também, 3 estrelas é demasiado negativo pras qualidades do livro: a boa escrita, as reflexões, as pitadas de ironia e, principalmente, a efetividade na qual o autor conseguiu reproduzir a lentidão de uma vida no interior, no próprio livro e na leitura. Por vezes, foi justamente isso que deixou a leitura repetitiva e desestimulante. Mas, ao mesmo tempo, não consigo imaginar que isso não tenha sido proposital. Uma reprodução da vida na própria literatura. Achei a leitura prazerosa, mas não daqueles prazeres imediatos e dopaminérgicos. É justamente um prazer lento, que te desacelera, traz reflexões. Enche o cotidiano com observações interessantes. Gostei, principalmente, da forma como o autor descreve certos acontecimentos, personagens e o próprio vilarejo, que parece ser um dos protagonistas em cena, assim como a morte. O que não me agradou foi a forma como muitas aleatoriedades se alongam desnecessariamente, ao mesmo tempo em que o final parece acelerado, como se fosse necessário terminar o livro em determinada página, mas não houvesse mais espaço para fazê-lo de forma elaborada (como foi escrito a maior parte do livro). Outro aspecto que me desagradou foi certos comentários que me parecem impróprios, pejorativos. Mas sempre venho a pensar se não seria apenas um narrador-personagem criado com essas complexidades nada bonitas propositalmente, justamente para captar a humanidade errática. Por fim, ainda assim gostei bastante do teor da escrita, e desejo ler a próxima obra do autor.
416 reviews14 followers
September 11, 2022
Uma meia desilusão, não tanto pelo livro, ele próprio, mas muito mais pelas loas com que foi acolhido (Alberto Manguel, por exemplo, desfez-se em ditirâmbicos encómios, suspeito que tem de mudar a medicação ou procurar um outro fornecedor). Não, não estamos perante um grande livro, mas, sem dúvida, perante um livro grande. E aqui temos um primeiro mas: admito que Rui Couceiro tenha desejado “mostrar serviço”, faltando-lhe a ousadia de atirar metade do texto para o caixote do lixo. O segundo mas tem a ver com o “registo”: é indispensável um talento desmedido (que o Autor não demonstra - ainda?) para ser Bolaño e este texto pulsa e salta incoerentemente entre a ligeireza e a ponderação, alternando a piada fácil e repetitiva com a filosofice quase de fancaria. Paradoxalmente, pressinto que Rui Couceiro vai conseguir equilibrar-se entre estes extremos e é, por isso, que não hesito em dizer que aguardo o segundo romance com muita curiosidade - e com até com esperança - porque eu quero gostar e quero gostar de gostar.
Ah! E também porque o Rui Couceiro tem “caneta”!
Profile Image for Rita (the_bookthiefgirl).
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December 30, 2024
Em 2024 li os dois livros de um escritor que se revelou, desde o seu romance de estreia, revestido de um talento nato. Rui Couceiro, portuense de gema, é jornalista e abandonou uma tese de doutoramento para escrever “Baiôa sem Data para Morrer”, sem saber que este já ia falar a muita gente.
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Como falar deste livro? “Baiôa sem data para morrer” é um livro sobre o Alentejo, terra que já serviu de inspiração para “Levantado do Chão” de Saramago, que prendeu a diva Amália com o seu encanto, terra onde todos pertencemos sem nos darmos conta. Terra que constitui a génese da nossa paz, o recanto onde podemos fazer um “slow down” e uma restrospetiva da nossa vida. Quem passa pelo Alentejo, não pode ficar indiferente ao encanto das paisagens áridas, as oliveiras, a gente simples e humilde.
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Sob as palavras do nosso narrador, lemos Portugal na sua forma mais genuína. A partir do momento que saboreamos a escrita cuidada e irónica de Couceiro, embrenhamo-nos neste mundo, na casa reconstruída por Baiôa, a aldeia Gorda e Feia e a sua gente velha, cheia de histórias por trás, que desde logo se tornaram nossas amigas. Uma história cativante, sensível que nos convida a refletir sobre a vida e a morte, sobre a humanidade e sobre um país de costas voltadas para o interior.
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“Somos apenas o tempo que temos e o passado faz-se cada vez mais longo.”
Profile Image for Livros_escolhas_e_relaxar Marcia  Tavares .
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February 28, 2024
Foi um livro especial que gostei muito de ler.
Fez-me reviver muitas situações da minha infância, quando ia para casa dos meus avôs em aldeias do interior. 🏘️🌳 Agora, embora a minha mãe ainda trabalhe na cidade, os meus pais cada vez passam mais tempo na aldeia que era dos meus avôs. Lá, toda a gente se conhece, na maioria são todos familiares. Sempre que um carro se aproxima, vemos logo pessoas a espreitar. Toda a gente comenta tudo sobre a vida uns dos outros, e nos enterros, as pessoas estão presentes.
Quando no livro o narrador dedica ali umas duas páginas a uma viagem à Guarda, minha cidade (embora esteja longe há muitos anos), é linda🥰. Fiquei toda contente ao ler essa parte!

Gorda-e-Feia é uma aldeia como tantas outras do interior do Alentejo, que está a ficar com a população envelhecida e desertificada. Um idoso de Baioa quer combater o fim da aldeia reconstruindo as casas já abandonadas e esquecidas por familiares já mortos ou deslocados.

O nosso narrador, um professor que muda de escola anualmente e até de sítio, tem uma vida dedicada ao seu telemóvel e redes sociais. Tem insónias e vê a oportunidade de a casa dos seus avôs ter sido reconstruída como um novo começo.

É muito interessante ver a interação dele com a população envelhecida, a amizade que fez alguns deles, as reuniões na taberna do Adelino, os jantares na casa da Ti Zulmira, as leituras da obra do Dr. Bártolo. Retrata as várias assimetrias que existem numa cidade como Lisboa e no Alentejo/interior, onde até a rede de internet é escassa. O nosso narrador teve de aprender a viver sem o telemóvel, a passar tempo a observar, a conversar, e a não estar sempre a pensar na próxima publicação. Sendo a população envelhecida, é natural as mortes se sucederem. O livro fala muito de mortes.

Uma coisa que acho que está a acontecer é que pessoas das grandes cidades e até estrangeiros andam a tentar comprar um cantinho nestas aldeias para fugir do stress. Quando vou às aldeias que eram dos meus avôs, já não conheço toda a gente.

Um livro para ler calmamente, que nos faz refletir e nos transporta para situações do quotidiano.
Profile Image for Carla Ferreirinho.
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June 10, 2023
BAIÔA SEM DATA PARA MORRER é o romance de estreia de Rui Couceiro e foi uma agradável surpresa.
O autor tem uma escrita fluida, irónica e com sentido de humor.
Conta a história de um jovem professor que decide abandonar Lisboa para ir viver em Gorda e Feia, uma aldeia do interior do Alentejo, para tentar recuperar a sanidade mental.
Este professor está cansado de andar de terra em terra, sem poder assentar, criar raízes e sem conseguir a sua independência e construir uma família.
Acaba por ter uma depressão profunda e cansado de psicólogos e medicação, resolve agarrar a oportunidade que lhe surge de voltar à terra de origem dos seus pais e instala-se na casa reconstruída que foi dos seus avós.
Ao longo do livro vamos acompanhando a relação do professor com os habitantes da aldeia e conhecendo a história de vida de cada um.
Baiôa, um velho sábio com mais de 80 anos, que dá titulo ao livro, sonha não deixar morrer a sua terra e luta de todas as formas possíveis contra o impossível, contra o fim da aldeia e dedica-se a reconstruir as velhas casas em ruínas, para convencer os seus proprietários a regressar.
O falecido médico que era um cientista, deixou uma tabela onde previa a data da morte de todos os residentes da aldeia exceto de Baiôa.
O livro realça a beleza natural da paisagem que contrasta com a vida dos habitantes que vai envelhecendo, retrata temas como solidão, abandono, amizade, vida e morte e faz-nos pensar sobre a importância da identidade e da memória.
É um romance muito interessante que nos prende até à última página.
Profile Image for Helena Costa.
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September 16, 2022
O que mais me impressinou neste livro foi a força das personagens, com as quais me foi impossível não estabeler uma ligação que sinto que vai perdurar e que é o que a maioria das pessoas comenta quando se fala comigo sobre este livro. Por outro lado, o livro é um incontrolável page turner, que me fez viajar até Gorda-e-Feia, um cenário que fiquei com vontade de visitar. Um livro que nos faz pensar sobre a importância da identidade e da memória, através do inesquecível Joaquim Baiôa e da sua demanda por uma certa eternidade. Ao não querer deixar morrer a sua aldeia, Baiôa está a tentar ele próprio não morrer, e salvar a memória dos seus, a sua identidade. Não só recomendo, como anseio pelo próximo livro do autor.
Profile Image for Léo Berger.
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October 8, 2024
“Soube então claramente que não queria ser um meio de para prazer algum, um caminho para nada que não fosse recíproco, e que haveria de ser ela própria um fim.”

“Há quem beba vinho para ignorar o presente e não ver o futuro, há quem chore o presente porque ele não reflete senão o passado.”

“Pagava em desespero o pecado da tristeza.”

“O passado já morreu, mas, em certa medida, fica em nós.”

“Um país é sobretudo o seu osso.”

“Ainda que acreditasse que todos partem inteiramente, estava certo de que dos levados e dos idos ficavam as memórias, e ao invés de algum tipo de consciência, mesmo que diáfana, por parte daqueles cujos corpos deixam de funcionar, e talvez isso fosse já uma forma de ficar um pouco.”
Profile Image for Susana.
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January 13, 2023
Gostei bastante, mas não adorei. Está bem escrito e as personagens são interessantes, mas torna-se por vezes demasiado repetitivo. Sendo essencialmente um livro focado em personagens, não o é bem, talvez por se focar mais nas suas ações do que na sua natureza. Talvez o leia novamente daqui a alguns anos.

Guardo uma frase, de que muito gostei: 'Espero que neste país as árvores não saibam que crescem para o fogo e que sonhem com vidas longas.'
Profile Image for Dreia.
86 reviews2 followers
March 11, 2023
Very well written but unnecessarily long and lacking depth. The narrator, a witty and eloquent young man, describes a series of events, some significant, but a large portion is completely pointless. I wanted to like this book but the content is too much on the surface of something that could be much deeper and meaningful.
Displaying 1 - 30 of 47 reviews

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