O caso mais recente é o das eleições na Região Autónoma da Madeira, mas o histórico de previsões eleitorais falhadas é já longo. Por exemplo, a poucos dias das eleições legislativas de 2022, a previsão mais frequente da comunicação social portuguesa era de empate técnico. Nenhuma sondagem previu uma maioria absoluta. O mesmo erro tem-se repetido um pouco por todo o mundo. A TV quer dar-nos a ilusão de que consegue antecipar o futuro mas esconde a complexidade dos estudos de opinião. Luís Paixão Martins, o autor de Como Perder uma Eleição, que tem neles um dos seus instrumentos de trabalho, traça-lhes a evolução histórica — uma história fascinante e pouco conhecida — e faz a autópsia do que está a correr mal, analisando à lupa um caso concreto recente. Chegou a altura de denunciar que temos um problema com as sondagens. Ou melhor, com a bola de cristal em que a comunicação social as transformou. Os media servem-nos doses cada vez maiores de sondagens. Aquilo que passa por informação transformou-se em conteúdo político. Uma bola de cristal atrevida e avariada.
Uma análise muito interessante, curiosa e documentada sobre o mundo das sondagens e o modo como estas (ainda) reflectem (ou não) as intenções de voto da população em estudo, bem como os resultados eleitorais esperados para essa mesma população.
Luis Paixão Martins não se furta a algum sarcasmo, mas assume o que diz sem rodeios. E fá-lo de forma clara. Como Mentem as Sondagens está escrito com muita clareza. Eu talvez preferisse um pouco mais de cientificidade, mas é a minha formação matemática a falar. Entendo perfeitamente a opção do autor para chegar a um público mais vasto, e desta forma alertar e educar, para os perigos das inferências imediatistas, tão próprias do mundo vertiginoso de hoje.
Uma obra tão importante quanto acessivel para nos ajudar a voltar a tomar as rédeas do nosso voto, sem ir atrás de interpretações de estudos que os media publicam. É tão normal haver indecisos como extrapolar uma conclusão que um inquérito bem feito nunca mostrou (quanto mais um inquérito mal feito).
Enquanto pessoa com um ódio de estimação por sondagens, isto foi música para os meus ouvidos. Trabalho muitíssimo importante, que vai desde aos primórdios das sondagens (que já agora, desde os anos 30 que falham redondamente), e também foca na sociologia por detrás - qual é o problema? As sondagens, ou o que fazem com elas?
No fundo, tal como o autor disse - “as sondagens divertem, mas mentem”. São uma falsa almofada para os partidos, ou dormirem bem, ou mudarem completamente a sua estratégia.
Deixámos uma amostra amplamente enganadora mediar o nosso debate político. Para bem de nós, enquanto eleitores, é imperativo uma regularização mais cuidado das empresas de sondagens.
Quando adquiri este livro não fazia ideia do turbilhão político que se avizinhava, porém, fiquei curioso por se centrar numa temática que há vários anos me vem deixando intrigado, o impacto na sociedade (vulgo, opinião Publica) e a leviandade como são interpretadas muitas vezes as sondagens.
Tendo lido hoje o derradeiro capítulo, não posso deixar de verificar o interessante impacto que este livro, (lançado em finais de outubro pela Zigurate) tem tido. Durante esta a semana David Dinis, diretor adjunto do Expresso, escreve um interessante artigo de opinião (https://expresso.pt/.../2023-12-05-Po......) com a sua visão concordando e descordando em partes, e apontando para a capa do Expresso de hoje onde apresenta uma sondagem SIC / Expresso sem a distribuição de indecisos algo, a meu ver, mais interessante para compreender o atual cenário político nacional. Com a proliferação das redes sociais, hoje todos temos uma voz ativa. Ver para além das Sondagens e dos títulos dos jornais, pensar no “como” em vez do no “o quê” e fazer cada vez mais a pergunta “porquê?”, é algo que deve ser promovido tanto nos jovens como nos adultos para melhor compreensão do que se passa na nossa sociedade. Pois, este não é só um livro sobre política, nem mesmo de comunicação, mas principalmente um livro sobre sociologia e sem dúvida um livro essencial para pensarmos por nós próprios.
Quem levou à vitória Sócrates, Cavaco e Costa a falar de comunicação política e principalmente da maneira como os media usam as sondagens de forma errada, tendenciosa e fogem do seu verdadeiro objetivo.
"Ou seja, sondagens são úteis quando têm um número de observações suficientemente elevado, o que não tem sido o caso. Comentar sondagem a sondagem é apenas adicionar ruído.
Recebi este livro como prenda de Natal e tinha-o agendado como leitura não ficção deste mês de Fevereiro. Esgotava-se o mês e eu procrastinava a sua leitura até que, este fim de semana, talvez embalado pelo arranque de mais uma campanha eleitoral, arremeti-me ao prazer de devorar as suas 170 páginas.
Num estilo cúmplice e empático, Luis Paixão Martins volta a uma obra recheada de exemplos reais, em Portugal e no mundo, fruto da sua vasta experiência como jornalista e consultor de comunicação. "Como mentem as sondagens" analisa de forma sistematizada todo o processo de criação, por vezes criativo, das sondagens, apresentando um contexto histórico, desde os tempos em que o ícone Gallup celebrizava o mantra de que as 'polls' serviam para "medir o pulso às democracias".
O autor explica como as sondagens são feitas, quais são as suas fontes de enviesamento, como são interpretadas e divulgadas pelos media, e como podem influenciar o comportamento dos eleitores. Dividido em seis interessantes capítulos, onde são analisados alguns problemas que afectam as sondagens como a selecção das amostras, a construção dos questionários, a distribuição de indecisos, o tratamento mediático dado pela comunicação social, a volatilidade da previsão e a instrumentalização para efeitos de influência dos eleitores. Luís Paixão Martins propõe ainda algumas soluções para melhorar a qualidade e a transparência das sondagens, como a regulação, a fiscalização, a inovação e acima de tudo,a literacia para a qual este livro é um enorme contributo.
Numa altura em que somos bombardeados diariamente por sondagens, estudos de opinião e 'tracking polls', a fazerem caminho a aberturas noticiosas e comentários em horário nobre, alguns deles contraditórios, sabe sempre bem encontrar refúgio onde sabemos estar seguros: no conhecimento e na comida da mãe.
Na Chez Iola, este domingo, as sondagens apontavam maioria absoluta a uma coligação entre milho cozido e cavalas com molho de vilão. Pouco tempo depois, surgia nova sondagem, após uma distribuição de indecisos, a dar um empate técnico entre bifes de atum e ovas de espada. Delicioso.
Para dizer a verdade, comecei a ler este como "trabalho de casa", para antecipar muito do que vai ser o meu trabalho até às próximas eleições de 10 de março de 2024. Apesar de estar habituada a lidar com sondagens, foi refrescante ler sobre elas sem ter de as ler diretamente, e, especialmente, com algum humor. Gostei particularmente do ênfase que Luís Paixão Martins dá aos indecisos, que são tão fundamentais como interpretamos ou nos dão a interpretar sondagens. Como jornalista de dados, gostei de ver referências à minha profissão e aos seus processos e cuidados específicos, que não são sempre considerados. Além disso, também gostei do uso da linguagem, do português simples e, sobretudo, das notas de rodapé, que me fizeram rir alto em mais do que uma ocasião (ketchup vs. mostarda, por exemplo). No geral, recomendo. É uma leitura muito mais leve do que antecipei e estou contente que, mesmo que um pouco por trabalho de casa, tenha acabado por ler "Como Mentem as Sondagens".
demorei horrores a ler porque - e com toda a honestidade - números e conceitos estatísticos não é comigo. ou passei horas a tentar perceber as comparações, ou parava porque não me apetecia estar a fazer o esforço de digerir.
ainda assim, a minha experiência pessoal e preferência não tiram o mérito a esta obra tão necessária e sintomática de um de muitos problemas de fundo da cobertura jornalística da política nacional. o aprofundar de problemas sociais, do que importa aos portugueses e, transversalmente, de como os políticos se propõem a resolvê-los é algo totalmente escasso. as eleições são comunicadas como tendências de instagram ou corridas de carros e quem tem paciência só para ler o título das publicações por aí fica.
trouxe-me uma nova camada de consciencialização sobre o conteúdo informacional que consumo. portanto, mesmo que sofrida, foi uma leitura absolutamente pertinente.
Gosto de livros que me mostram o que há para além da cortina (muitas vezes de fumo). Este “Como Mentem as Sondagens” faz precisamente isso com muita classe.
Nas palavras de quem sabe, Luís Paixão Martins, recebemos simultaneamente um curso sobre sondagens e estudos de opinião e uma elaboração sobre como estas hoje em dia são sobrevalorizadas e instrumentalizadas (consciente ou inconscientemente) pelos políticos e pelos media.
A pouco tempo de novas eleições legislativas esta deve ser uma leitura obrigatória para quem pretenda ver um pouco além da cortina. Muito interessante, pedagógico e educativo, por isso mesmo muito recomendado.
Ao longo da obra, Luís Paixão Martins fala-nos sobre a origem das sondagens e explica, de forma muito simples mas detalhada, o modo como a sua divulgação e simplificação por parte dos media apenas contribui para adicionar ruído e para tirar conclusões precipitadas (e até falsas) que acabam por, propositadamente ou não, influenciar o sentido de voto dos eleitores. A qualidade das amostras, a distribuição de indecisos e a construção dos questionários foram tópicos particularmente interessantes. Uma leitura muito importante durante a pré-campanha eleitoral por que estamos a passar e um apelo à reflexão, cautela e cepticismo dos eleitores (e dos jornalistas).
Leitura obrigatória para quem queira saber interpretar e filtrar as conclusões bombásticas de sondagens.
Ao longo de 160 páginas ficamos a conhecer a história das maiores vitórias e falhanços das sondagens (cá e nos Estados Unidos), mas o conteúdo mais valioso está exatamente onde o livro termina, onde LPM nos abre a porta de um novo mundo e vislumbramos o segredo da comunicação para a próxima década.
"O passado da comunicação é aquele em que a identidade define a marca. No futuro, (...) as interações da marca serão mais importantes para a marca que a sua própria identidade."
O autor conseguiu, de uma forma simples mas eficaz, traduzir a complexidade e denunciar intenções da transmissão de informação da bolha mediática, da qual nos abstemos de pensar mas que é necessário entendermos e fazer parte.
“No mundo mediático contemporâneo, os indicadores de uma sondagem político-eleitoral não pretendem retratar o presente, mas ajudar a desenhar o futuro.”