No que é considerada a obra-prima de Angela Lago, a autora nos apresenta uma releitura do livro bíblico “Cântico dos Cânticos”, que agora recebe um tratamento gráfico à altura. A edição foi repensada de maneira que mantivesse a circularidade pretendida pela autora neste livro-imagem, podendo ser lida de trás para frente ou de cima para baixo, ora lendo a história do homem ora a da mulher. Para construir esse poema visual, Angela Lago se inspira na estética do mundo árabe, criando ilustrações complexas que causam ilusões de ótica. O toque final é a capa dourada em papel metalizado.
Angela Maria Cardoso Lago (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1945 - idem, 2017). Autora e ilustradora de narrativas e de poemas dedicados ao público infantil. Passa a infância em sua cidade natal, estudando nos colégios Sion, Santa Marcelina e Sacré-Coeur de Jesus até terminar o colegial, em 1963. Forma-se na Escola de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), em 1968, na qual leciona no ano seguinte. Tendo recebido bolsa de estudo, passa três meses em Denver, Colorado, Estados Unidos, para fazer um curso de psicopedagogia infantil. Vive fora do Brasil na década de 1970, em razão do trabalho do marido. Na Venezuela, onde permanece de 1970 a 1973, trabalha como professora da Escola de Serviço Social da cidade de Puerto Ordaz. Em seguida, após alguns meses em Londres, transfere-se para Edimburgo, e frequenta o curso de artes gráficas no Napier College, de 1973 a 1975. De volta ao Brasil, começa a se dedicar à literatura infantil, atividade em que reúne sua experiência com crianças e a produção literária, iniciada com poemas publicados no Suplemento Literário de Minas Gerais, dirigido por Murilo Rubião (1916-1991). Em 1980, são lançados os dois primeiros livros com textos e ilustrações de sua autoria: O Fio do Riso e Sangue de Barata. Em 1985, depois de dez anos de atividade, fecha seu ateliê de programação visual para publicidade. Ainda no fim da década de 1980, incorpora o computador a seu processo de criação, diversificando as técnicas usadas na produção de ilustrações, que incluem bico de pena e tinta acrílica. Nos anos 1990, quando lança mais de dez livros - entre os quais Festa no Céu (1995) e ABC Doido (1999) -, trabalha como artista convidada em faculdades da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde então, dedica-se com exclusividade à literatura, tendo publicado cerca de 30 títulos, além daqueles em que atua apenas como ilustradora. Algumas de suas obras são lançadas primeiramente no exterior, como é o caso de João Felizardo, o Rei dos Negócios, editado em 2006 no Brasil, após ter sido publicado no México em 2003.
Muito bonito — mas fique avisado, não há texto neste livro. Constitui-se somente de ilustrações para o Cântico de Salomão. Até os dados bibliográficos e o que seria a folha de rosto foram banidos, junto com os textos promocionais normalmente ditos ‘de orelha’, para o verso da sobrecapa, escondidos por uma dobradura.