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After World War I, French poet and literary theorist André Breton began to link at first with Dadaism but broke with that movement to write the first manifesto of surrealism in 1924.
People best know this theorist as the principal founder. His writings include the Surrealist Manifesto (Manifeste du surréalisme), in which he defined this "pure psychic automatism."
Um curto e interessante livro, numa bela edição (bilíngue, vermelha e cheia de ilustrações) da sobinfluencia. Na defesa da arte como um protesto contra o real, Breton e Rivera (aliados ideologicamente a Trotsky - um incômodo, no mínimo) propõe uma arte independente e revolucionária, no contexto de um projeto antistalinista e antifascista, e é claro, internacionalista ("todas as pátrias são uma mesma desonra" de Breton me agrada bastante). O manifesto também serve como texto fundador da Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente (F.I.A.R.I), que comentarei sobre mais a frente. Diagnosticando o cenário "intolerável" de 1938, Breton e Rivera declaram que a arte está sob ameaça - especialmente sob o ponto de vista das "leis específicas" que regem a criação artística enquanto manifestação "mais ou menos espontânea" - a ameaça é clara, as "leis" não são especificadas. Denunciando a repressão nazifascista à liberdade artística e um mesmo tipo de repressão na União Soviética (mascarada pela arte "oficial" realista), Breton e Rivera esclarecem que não irão cair em qualquer discurso conservador "democrático", e sim denunciar a URSS como cruel inimiga do comunismo. Contra-atacam então com uma "oposição artística" em nome da verdadeira arte, aquela que busca expressar as necessidades interiores da humanidade e libertar a classe proletária que luta por emancipação. Até aqui, um comentário é importante. O que estava em jogo na URSS, desde a década de 20 (pelo menos), era a criação e proposta de uma arte (em todas as suas mídias, vide o debate do cinema soviético) que pudesse romper com os mecanismos ideológicos da sociedade burguesa da qual ela buscava se emancipar. Esse debate é de extrema importância, continua até hoje apesar da ausência de condições concretas de experimentação em larga escala (pela falta de uma revolução corrente que se proponha a fazê-la, nos vemos limitados a discussões teóricas - que são cruciais, não me entendam mal; inclusive shoutout pros situacionistas por suas contribuições nessas discussões sobre arte e cultura). Entretanto, a via soviética, especialmente após a virada da década de 30, se centrou numa pobre sobrepolitização dos níveis teórico e cultural (vide o esquema ciência burguesa x ciência proletária, que ignora a autonomia relativa das instâncias, suas eficácias próprias e suas relações sobredeterminadas, como diz Poulantzas). Desta forma, tudo aquilo que excedia às problemáticas diretrizes do realismo soviético eram descartadas como fascista, pequeno-burguês e contra-revolucionário. Continuemos então no texto. Neste ponto, Breton e Rivera apresentam uma formulação que é de fato importante de ser posta em pauta: a revolução comunista não teme a arte. Deixando um pouco de lado às pobres frases sobre o "curso natural" e a "necessidade" (oriundas dos problemas teóricos trotskistas, pelo que me parece - o velho apego soviético aos historicismos), a proposta é muito interessante: devido ao (constante) desmoronamento da sociedade capitalista, o choque entre o homem e as formas sociais apresentam o artista enquanto um aliado em potencial da revolução que se propõe a emancipá-lo. Levando em conta a instância cultural da formação social no modo de produção capitalista, é relevante a investida revolucionária na luta de classes que é travada nessa instância. E mais importante, não tomá-la enquanto instrumental para uma "diretiva estrangeira" (e eis aqui o problema da propaganda, que nos põe diante do conflito entre a estetização da política pelos fascistas e a politização da arte pelos revolucionários, como diz Benjamin). Lutar contra a sujeição de toda atividade intelectual, "toda insubordinação em arte" (fórmula que, curiosamente - ou não, aparece completada por "exceto contra a revolução proletária" nos Arquivos Trotsky). Breton e Rivera partem então para a especulação política de sua prática artística: o "Estado revolucionário", num regime socialista centralizado (caso necessário para o desenvolvimento das forças produtivas - a adição dessa condição é interessante num bom sentido), tem o direito de se defender contra a reação burguesa disfarçada de arte ou ciência - mas há a defesa de uma grande diferença entre as medidas temporárias de autodefesa revolucionária e a criação intelectual de uma sociedade - esta sim deve estar sobre um regime "anarquista" de liberdade individual, organizada em coletivos que trabalharão juntos por uma "amizade criadora livre" contra toda coação externa. A proposta é interessante, mas algumas coisas me saltam à vista de forma problemática: 1. caso a forma centralizada se apresente como necessária (eis um problema político não-solucionável por mera deliberação), como estabelecer a diferença entre a crítica e a investida reacionária? Esse é um problema que excede a questão artística, claro, mas que não é tratado por Breton e Rivera; 2. como fugir de um etapismo na hora de determinar o período das "medidas temporárias de autodefesa" e o período do "regime anarquista" para a criação intelectual? Podemos resumir a questão em "qual o critério?" e "quando ele será vigente?". A questão se complica ainda mais quando Breton e Rivera dizem que sua liberdade de criação não se trata de uma tolerância à indiferença política que serve a reação em nome de uma "arte pura" - a arte tem uma função ativa e consciente na preparação da revolução, sendo mediada subjetivamente, ou seja, o artista busca livremente encarnar seu conteúdo social e individual na arte em prol da luta emancipatória. Mais uma vez, temos um problema de "qual o critério". Breton e Rivera lançam então sua última crítica ao regime stalinista propondo que os artistas devem fugir do conforto repressor da arte oficial e se posicionar alhures, exercendo sua liberdade. Alhures, em um terreno que reuna revolucionários da arte (marxistas e anarquista pela liberdadade de criação, contra o policial reacionário) - na FIARI. A crítica ao realismo soviético é válida e importante, a saída internacionalista também - entretanto, como sabemos, o internacionalismo trotskista encontrou diversas limitações (que não cabem serem discutidas aqui). O que sabemos é da curtíssima duração da FIARI - não passa de 39. Então com o que ficamos? Além das limitações teóricas e práticas do projeto Breton-Rivera-Trostky, temos uma defesa notável da criação artística e seu encadeamento revolucionário: "a independência da arte para a revolução, a revolução para a libertação da arte" é uma fórmula interessante. E para um curto manifesto fundador de uma federação falida, sua longevidade que excede o fracasso de sua manifestação concreta é louvável. Aprendamos com tais fracassos e nos orientemos com as luzes deste manifesto para pensar a criação artística e a revolução.
1. A Borges le pareció equivocado este Manifiesto. Vio a la política como polizón del arte. Se nota en cada frase. Está la obsecuencia de Breton y la supuesta templanza de Trotski. No hace falta mucha lectura entre líneas para notar que es un rústico panfleto contra Stalin. La apología de la libertad artística es puro rehén de la maniobra obsecuente de Breton. Es lo que vio Borges. 2. Discute un problema imposible de resolver. La relación entre arte y política. Dos intratables en sinergia. Ambos indecibles. Quizás por eso han sido víctimas de la voluntad. La nietzscheana. Es lo que vio Borges. 3. La obsecuencia de Breton dijo mucho más de lo que Breton quiso decir. En una entrevista radial que Tarcus agrega al Manifiesto, Breton elogió las manos de Trotski. Como Heidegger hizo con Hitler. Más todavía, la descripción de Breton perfila el paradigma del psicópata narcisista: “Los ojos de un azul profundo, la frente admirable, el abundante cabello apenas plateado, la tez propia de una muchacha […]”, “[…] las manos matizan con inusual fineza tal afirmación, tal otra, y de toda su persona se desprende algo electrizante”, p. 54. La circulación de la obsecuencia es masiva. Es lo que vio Borges. 4. El final del Manifiesto, p. 80: “Lo que queremos: la independencia del arte ―para la revolución, la revolución ―para la liberación definitiva del arte”. En arte todo está permitido, pero Breton agregó “salvo que vaya contra la revolución proletaria”. Trotski censuró la salvedad para evitar que derive en abusos. Es decir, para evitar que el stalinismo use el Manifiesto. El problema filosófico del arte y la libertad no tiene solución. Pero no parece importar, la cuestión es política. Se trata de poner todo al servicio del poder, para conquistarlo o para conservarlo. Es lo que vio Borges. 5. Está por ahí esa escena que contó Jodorowsky sobre Breton. Imposible saber si es verídica o inventada. Jodorowsky abre apurado la puerta del baño. Breton en el inodoro. El grito sobreagudo del pontífice del surrealismo. En lugar de reírse, se asustó el surrealista. Se asustó y gritó. Es lo que vio Borges.