Rita Lee foi a compositora mais censurada do Brasil, e essa perseguição estendeu-se do período do estabelecimento da Ditadura Militar – 1964 – no de seu fortalecimento com a promulgação do Ato Institucional número 5, em 1968, e continuou mesmo depois da redemocratização do país, em 1985. Teve inúmeras letras proibidas, em função de, principalmente, “atentarem contra a moral e os bons costumes”. A repressão à sua arte evidencia o fato de comportamentos e posturas libertárias serem sempre ameaçadores, independentemente dos contextos políticos nos quais se insiram, ainda mais se oriundos da escrita feminina, interditada há muitos séculos em sociedades machistas.
Esbarrei nesse título por acaso, e como sou uma grande fã da Rita (e da democracia), não tinha como não pegar para ler. Para além de todas as críticas possíveis, os documentos deixam mais que comprovado que os censores eram mesquinhos, hostis, levianos, ignorantes e intelectualmente fracos.
Norma Lima percorre a trajetória musical de Rita costurando os eventos políticos do nosso país e todos os absurdos que a ditadura militar da época oferecia. A autora cita as censuras que Rita sofreu e mostra o impacto dessas em suas músicas e em sua vida. Para quem já leu a autobiografia da diva algumas situações narradas já são conhecidas (a autora inclusive cita bastante a própria Rita), para quem não leu eu recomendo fortemente essas duas leituras!