Setas que guiam o caminho de Mateus e João, pai e filho. O caminho percorrido por eles é o de Santiago, mas também é o caminho interior para o passado. Após se separar de Gisele, Mateus passa pouco tempo com o filho, e espera ansioso pelos momentos que podem desfrutar juntos. A peregrinação para Compostela é um dos períodos mais íntimos da relação dos dois, e foi este o momento que Mateus escolheu relembrar. "A pele da terra" é o retrato de um relacionamento fragmentado, mas íntimo e decisivo, entre pai e filho. Mateus vê em João muito de si mesmo, mas também percebe aquilo que os diferencia. A proximidade física que a viagem proporciona faz com que as conversas, ditas e não ditas, mostrem a força dos laços familiares que influenciam nossas vidas. O fim da Trilogia do Adeus representa a potência contida em todo encerramento e em toda possibilidade de reinvenção. Literatura que se mescla de forma lírica com o cotidiano, esta trilogia é uma obra singular na literatura brasileira contemporânea.
João Anzanello Carrascoza (Cravinhos, interior de São Paulo, 1962) é um escritor e professor universitário brasileiro.
Estreou-se com o livro Hotel Solidão (1994). Publicou vários livros de contos, como Duas tardes (2002), Espinhos e alfinetes (2010), Amores mínimos (2011), O volume do silêncio (2006, prêmio Jabuti) e Aquela água toda (2012, prêmio APCA).
Em seu primeiro romance, Aos 7 e aos 40 (Cosac Naify, 2013), Carrascoza escreveu que “o presente é feito de todas as ausências”. Em Caderno de um ausente (Cosac Naify, 2014), essa ideia se materializa de forma contundente, alçada por um lirismo poucas vezes visto na literatura brasileira.
"What is living? walk without pause towards eventide" Adonis
The closure of the Farewell Trilogy. I this book, instead of João or Beatriz, the story is told by Matheus, Beatriz's brother. He and his son, João, named after his grandpa, are on the walk of Compostela. That's the opportunity for Matheus to spend time with the son he barely saw growing up.
"A buen camino is not bueno through all el camino."
Conversely, instead of a father who teaches everything he can to his children, here, Carrascoza presents us an absent father, hurt by not being part of his son's routine. Matheus desires a neverending trip, in which he'll be with João forever. However, the more they walk, the more he learns about life and also teaches his son. Surprisingly, he soon starts to recognize his father's features in his son's face, the complete cycle. All the ones who lived before us carved in the character we have become.
"I said that with each step we know more about the path, although less time to enjoy this knowledge."
Another incredible book of Carrascoza about parenthood, life, love, learning and the end of the path which is always closer than we thought.
"Is there much until we arrive, dad? (...) There's less than what you imagine."
Mais uma excelente obra do mestre Carrascoza. Agora ele incorpora Mateus, filho de João (Caderno de um Ausente) e irmão de Bia (Menina Escrevendo com Pai), numa viagem por cidades e vilarejos espanhóis. A maneira como Mateus sente, vive aquela viagem com o seu filho, desejando que ela jamais chegue ao fim, é tocante, sendo uma ilustração da nossa peregrinação aqui, junto das pessoas que amamos, peregrinação essa que, um dia, chegará ao fim.
Leituras de 2024 . Trilogia do Adeus 3 A pele da terra [2015] João Anzanello Carrascoza (🇧🇷 1962-) Alfaguara, 2017, 107p. _____________________________ “(…) leva tempo para sermos quem já somos. Leva tempo para o caminho já feito se fazer, plenamente, em nós. Leva tempo para o dia que atravessa nossos passos atravessar-nos inteiramente. Leva tempo para a paisagem, a mesma, lá adiante, se tornar o que ela já é, quando distante dos nossos olhos. Leva tempo para morrer em nós o que, há muito, estava morto. Leva tempo — esses anos todos! — para você se transformar naquele que sempre foi em mim. Leva tempo para as palavras sentidas alcançarem o destino que as espera — o de palavras ditas. Leva tempo para a dor ser a dor que ela é, quando se transforma em nossa dor. Leva tempo. Para acabar. O que já nasceu. Acabado” (pág 59). . Findando a Trilogia do Adeus, “A pele da terra” é a narrativa de Mateus, filho de João, irmão de Bia, sobre sua epopeia pelo Caminho de Compostela, que trilha junto com seu filho João (ele batizara o garoto com o mesmo nome do pai). . Sob o longo caminho historicamente sagrado, ambos vão-se dizendo sem nem sempre fazê-lo, tudo aquilo que os torna e mantém ligados na vida e como essa ligação eterna é capaz de construir histórias próprias de vida. . O caminho de Compostela, que é um projeto que anelo fazer algum dia, é o local ideal para se construir laços. Márcio, um amigo meu, que teve tal privilégio, nas muitas conversas que tivemos, revelou a mágica transcendência que é percorrer aquelas centenas de quilômetros, muitos deles ao lado de desconhecidos, para no final haver a percepção da transição e transformação de algo banal em algo especial e singelo. Ciclo fechado, círculos e laços construídos. . Esta é uma metáfora poderosa, que João Anzanello Carrascoza opera tão bem, para fechar este ciclo de livros deliciosos, que tanto falam de saudade, de esperança e de laços reais e eternos.
Último livro da Trilogia do Adeus. Aqui, Mateus (filho do João) escreve para o seu filho, João, que recebera este nome em homenagem ao avô.
Amei como o autor consegue, em um livro tão curto, traduzir todo o sofrimento do Mateus, que não conseguiu nos seus ideais ser um pai mais presente na vida do filho, por ter se separado da mãe dele, Gisele.
O segundo livro sem dúvidas foi o meu favorito (me deixou muito impactada), mas esse livro é sensível e bonito, assim como os dois primeiros livros da Trilogia.
"[...] o amor não é de uma vez só, o amor se torna amor aos poucos, o amor parecer ser sempre o mesmo, como a paisagem, mas o amor, imperceptivelmente, aumenta. O amor aumenta e se torna, como certas dores, maior do que suportamos."
A Pele da Terra encerra a Trilogia do Adeus proposta por João Anzanello Carrascoza. Os três livros contam a história de três gerações familiares e como elas se conectam através da história de seus protagonistas. Essa trindade revela a trança deixada pelo tecido familiar em cada geração e como cada antepassado se faz presente na pele dos que ficam. De um modo geral a narrativa proposta por João Anzanello é muito irregular, alguns trechos exageram na "sensibilidade" se tornando apenas piegas. No entanto, nos pontos altos ele deixa pedras preciosas de sabedoria e são esses momentos que tornam a leitura muito valiosa.
Quando a li a sinopse na parte de trás do livro, imaginei que esse volume, agora narrado por Mateus, filho do narrador do primeiro livro, João, iria trazer um compilado das grandes diferenças entre filho e pai através das mágoas e ressentimentos criados pela história de ausência dos dois. Fiquei feliz em constatar, com a leitura, que o João Anzanello escolheu um caminho mais próximo da verdade dura da vida: a de narrar (de forma muito poética) as repetições que reproduzimos dos erros dos nossos pais, mesmo que cientes do nosso próprio sofrimento causado por elas. Que texto maravilhoso pra encerrar a trilogia.
Dolorido entender, agora com a visão do Mateus, que seu pai foi uma pessoa ausente. Me fez lembrar sobre a reflexão do primeiro livro, que, de forma muito esperta, se chama "Caderno de um ausente", onde seu pai constata que toda presença é uma ausência. Se João, o pai, foi uma pessoa presente para Bia, a meia-irmã de Mateus que narra o segundo livro da trilogia, sua presença na vida de Bia significou, talvez não diretamente, mas por consequência, sua ausência na vida de Mateus.
O ritmo, a história, e as escolhas de palavras dessa trilogia são coisas lindas. Muito feliz em ter conhecido essa obra.
A “Trilogia do Adeus”, realmente faz pensar. Cada passagem maravilhosa que te faz refletir sobre a vida. Nesse ultimo livro, consegui me visualizar com meu pai vivendo o que Mateus e João viviam. A minha sorte, é que com meu pai, a relação é sempre muito boa. Amei e indico muito a historia completa!
Trilogia do Adeus finalizada. Não classifico com uma decepção a leitura dos três livros, entretanto, pensei que iria "ser revirado pelo avesso" e não aconteceu (my bad btw hahahahahaha). Caderno de um ausente (livro #1) é bastante superior aos dois livros que seguem, todavia, vale demais ler Carrascoza, pois uma das melhores escritas brasileiras contemporâneas.
Terminando a trilogia com João filho e filho de João, os laços tentando se encontrar. Se eu fosse ter qq resistência seria a de que infelizmente nem td trajeto familiar eh pavimentado de um amor tão fácil e fluido, lindo e poético. Mas acalenta o coração saber que alguns são e podem.
"O amor não é de uma vez só, o amor se torna amor aos poucos, o amor parece ser sempre o mesmo, como a paisagem, mas o amor, imperceptivelmente, aumenta. O amor aumenta e se torna, como certas dores, maior do que suportamos."
porra, nada se comparou ao primeiro livro, porque foi nele que eu chorei de soluçar. não me conectei tanto com os últimos dois cadernos… pareceu muito que eram palavras bonitas demais para eu conseguir sentir todas elas
3,5/5 Esperava uma história do ponto de vista do Mateus sobre a trajetória do seu pai João, mas me surpreendi com a abordagem que foi feita e consegui me conectar bastante.
Dos três livros, A Pele da Terra foi o que menos gostei. A história do Mateus com o João acabou sendo um complemento pro volume 1 e 2. Não que seja um livro ruim ou tenha uma péssima história, mas a esse ponto, já estamos apaixonados pelo João e pela Bia de uma maneira tão gostosa, que a viagem trilhada pelos meninos da família acaba sendo bastante coadjuvante e ofuscada pelos dois primeiros livros. Ainda assim, é uma boa leitura e é leve.