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“Acelerar sem fim, em contrapartida, é o que um processador faz, pois ele não trabalha narrativamente, mas apenas aditivamente. Narrativas não se deixam acelerar arbitrariamente. A aceleração destrói as suas estruturas próprias de sentido e tempo.”

“É por isso que você se pergunta, obsessivamente, o que a criança que você foi pensaria do adulto que você se tornou. Pensava, porque você sempre teve essa sensação de que sua vida se desenrolou fora de você, a despeito de você, e de que você a viu se construir à distância, como se ela não tivesse a ver com você.”

Quando você percebe que não está levando a vida que desejava viver e, mais que isso, está sendo punido pela vida que leva. Então você começa a procurar pelas escolhas erradas em seu passado. Em que momento você pôs os pés no labirinto?

Será que Faye algum dia compreenderá isso? Quem sabe? Enxergar claramente a nós mesmos é projeto para uma vida inteira.

Desde o início, ele sabia que Thomas nunca seria “tudo” para ele. Por isso chamava o amor deles de “quartos separados”. Ele vivia com Thomas com a íntima consciência de que eles se separariam, mais cedo ou mais tarde. A separação era uma força essencial no relacionamento deles (...)

"Como poderia ser uma decisão, se você nem sequer considerou dizer não? O sim já estava lá, esperando por você, inevitável, a soma de todos aqueles anos de anseio, esperança e obsessão. Você jamais decidiu que sua vida seria assim - a vida simplesmente ficou desse jeito."

"Se conseguisse fazer todas essas coisas direitas, talvez o dia melhorasse. Talvez conseguisse salvar o dia. Talvez isso o tornasse um garoto menos decepcionante. Talvez ele pudesse apagar o que havia acontecido mais cedo (...)"

"(...) e sente estar testemunhando a própria vida a alguns passos de distância, como se não a estivesse vivendo, mas avaliando e julgando uma vida que, por um acaso estranho e infeliz, é dele."

"'Sim, claro", ele disse, sorrindo para mim, "Mas não tem problema, Odran, eu tenho uma história de solidão. Você não tem?"

"E, em tudo isso, ele enxerga o tormento de sua própria infância. É uma dor dilacerante. Desorienta-o, pois já não consegue se aproximar daquele garotinho rechonchudo e desdentado para consolá-lo. Ele gostaria de pousar a mão em seu pequeno ombro e, com um sorriso, dizer que não há motivo para temer. Nesses momentos, ele aperta o casaco ao redor do corpo, curva os ombros e segue."

"Precisamos de tempo. Precisamos dividir mais momentos juntos. Viver lado a lado, viajar, descobrir o mundo juntos, até que nossos pensamentos se alinhem de forma natural, como uma resposta instintiva de familiaridade e afeto. Precisamos de tempo para aceitar, com delicadeza, a dura verdade de que não estamos mais sozinhos.”

"Ele era, ao mesmo tempo, milhões de vidas, mas, acima de tudo, apenas uma. E já não ansiava por entender mais nada."

Continuemos a nos amar neste pântano de contradições.
Continuemos a nos dar as mãos na rua,
beijos nos trens e abraços na grama.
Continuemos a nos vestir de mulheres,
a nos vestir de homem.
Continuemos a perdoar e a amar,
e não nos afastemos do trabalho lento e eficaz do amor…
mesmo que pareça piegas.
A verdade é que há coisas que deixaram de ser óbvias.

— Não sei, bom, costumo voltar para casa caminhando, vivo bem longe daqui e sinto que a cidade é minha cúmplice quando a percorro, me dá mais tempo para ficar a sós. Estar sozinha, sozinho, me dá espaço para me comover, para me emocionar um pouco, não sei, é uma bobagem.

"Era estranho ter tanto medo, perceber a vida de forma tão obscura, perceber-me tão desfigurada e, ao mesmo tempo, ter consciência de que, se fosse vista com olhos adequados, eu mesma, segurando a mão de meu primeiro amante, era a promessa de um futuro melhor."

"Entendo que eles podiam ter tido uma vida fora da droga. Uma vida em que teriam sido felizes. Uma vida em que eu poderia tê-los conhecido. Uma vida simples que, sem dúvida, não mereceria ser relatada, mas uma vida completa."

"Você pode me fazer um favor?" "Outro?" Mungo assentiu. "Se ela te perguntar se você a ama, apenas diga 'sim'. Ela merece."

A Sra. Campbell tinha dito uma vez que o perdão de Mungo era bíblico, mas Jodie não ligava muito para a Bíblia; ela achava estúpido da parte dele ser tão facilmente explorado. Achava um pouco triste, um pouco fraco. Seu irmão tinha todo esse amor e perdão por uma mulherzinha egoísta, que só pensava em si mesma, o tempo todo.

"‘Nada,’ disse James. ‘Eu só gosto de olhar para você. É engraçado, de certa forma. Passamos a vida toda morando um de frente para o outro, separados pelos montes de lixo.’"