Nerds & Encrenqueiros discussion

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2001
Leitura Coletiva
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2001:A Space Odyssey
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by
Lauren
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rated it 4 stars
Aug 03, 2014 03:21PM

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O app do Kindle (pelo menos para android) sincroniza o audiolivro com o texto e exibe uma marcação nas palavras conforme a narração. Eu tenho lido dessa maneira e senti um bom aumento no meu ritmo de leitura.
Isso me veio a cabeça por que o livro desse mês está incluso tanto o texto como o audiolivro no pacote do "Kindle Unlimited", quem quiser experimentar, o primeiro mês é grátis. :D


Com dois dos meus temas preferidos (exploração espacial e evolução dos hominídeos) em uma só narrativa e estrelando um dos vilões mais cool da literatura fantástica, o Hal 9000, a leitura do 2001: A Space Odyssey foi uma experiência prazerosa multimídia em que o livro e o filme se confundiam constantemente(co-fundiam, rá! take that). A cadência mais vagarosa, a enorme distância temporal coberta pela história, o visual primoroso do Kubrick e a trilha sonora que insistia em me vir à mente, todos elementos desta leitura.
Tem um quê de misticismo típico dos anos 70 (foi publicado em 1968) que me atrai (vide livros como The Tao of Physics: An Exploration of the Parallels between Modern Physics and Eastern Mysticism e até mesmo o Contact) mas que faz com que ele seja um tantinho datado. Única razão de eu não ter dado 5 estrelas ao livro.
Enfim, fiquei com vontade de ler o 2010: Odyssey Two.

A capa do livro em si, bem como lombada e parte exterior das folhas, é uma surpresa a parte, o que colabora para a leitura da obra e já representa parte do mistério descrito por Clarke - admito que antes de encontrar as edições da Aleph eu não prestava tamanha atenção à capa, mas à sinopse, contudo seus relançamentos me fizeram observar melhor este "detalhe".
À obra, então.
Ela perpassa por uma terra já formada e dois pequenos ajuntamentos quase-humanos. Espécie provavelmente anterior à humana, contudo que já contava com seu "potencial" genético, que precisava apenas [SPOILER ON/] com a ajuda de uma inteligência observadora e científica [/SPOILER OFF] de alguns passos para seu pleno desenvolvimento.
A narrativa inicial a respeito da sobrevivência de um grupo, suas especificidades quanto à alimentação e luta por território são incríveis e animadoras. Perpassa ainda pela problemática da "recordação" e laços de parentesco ainda não emergidos da "sopa primordial" - termo furtado da área de biológicas sobre o ambiente primordial que deu origem à vida - do que viria a ser chamado humano.
Inicialmente a narrativa começa demasiado distante de seus fins. Mas com um pequeno toque de curiosidade sobre a justificativa desta narrativa o leitor já embarca numa aventura ao desconhecido que vaga, segundo o autor, por mundos.
A narrativa pré-histórica - da espécie propriamente humana - dá lugar a descobertas espaciais e a descrição ímpar de uma viagem até a lua e o que seria, imagina em 1968, uma base avançada internacional lunar, bem como a descoberta de um objeto na face escura da lua - fruto de inúmeras testagens do ambiente, típico comportamento humano de verificação.
A ideia não é esgotar o livro antes da leitura - espero que o leitor se sinta chamado por esta apresentação -, contudo alguns dados são importantes. Principalmente dois personagens, Bowman e Poole, que são responsáveis pela fase 1 do projeto de aproximação e investigação de Saturno - destino do "pulso" lançado da lua pelo objeto descoberto.
Parte da trama se enleva sobre HAL 9000, a inteligência artificial treinada na Terra com intuito de ser "infalível", contudo que guarda segredos da missão e [SPOILER ON/] tem que arcar com as consequências de portar segredos e interagir com uma pequena população humana que desconhece estes segredos [/SPOILER OFF] apresenta o relato de falha na antena de comunicação com a base em nosso planeta.
Diante desta problemática, Bowman se encontra em uma nova situação, inesperada e que exige muito de seu treinamento.
Ocorre, então, depois de uma narrativa de um passeio espacial por Júpiter, a descrição de Saturno e suas luas de uma maneira tão envolvente que é de estarrecer que um escritor consiga fazer isto com um leitor. Isto se apresenta até o aparecimento do próximo "monólito" que também outra função a ser descoberta na leitura.
O final do livro levou-me à reflexão sobre os limites da inteligência - humana ou não-humana / vide HAL 9000, bem como sobre o que ocorrerá em 2010.
Agora aos apontamentos, a obra conta com a descrição de HAL 9000 espacial - há duas outras versões na Terra que servem de "Who Watches the Watchmen?" - furtando um termo de Moore em Watchmen. A descrição de Bowman e Poole, o histórico que os formou ou a natureza de sua relação não é pormenorizada e, pela minha pequena experiência em ficção-científica, parece uma lacuna generalizada na área - o que inclui o aqui já descrito Asimov. Mas isto pode ser fruto de minhas experiências com livros de ficção fantástica, vide Bradley, Goodkind e Cornwell, quando os personagens tem suas vidas descritas e escolhas justificadas. O que não caberia neste livro, cuja saga rumo ao desconhecido é mais importante.
Mesmo com esta lacuna, é possível imagina a nave, a estação lunar, a sensação do voo espacial, os monólitos, a aproximação de Jápeto - lua de Saturno - e até mesmo a voz impassível de HAL. O "clima" tenso entre Poole, Bowman e HAL. As comunicações com a terra com seus chiados. A vastidão do espaço e outros acontecimentos pós-Saturno que prefiro não citar, mas que são indescritíveis por um mero leitor como eu.

Dei 4 estrelas para ele mas foi uma nota complicada, não saiu 4 estrelas na hora, precisei pensar bastante a respeito do que eu li.
A história é muito bem descrita, porém, o desenvolvimento é lento e meio monótono. Acho que o fato do livro ter sido criado com o foco no roteiro de um filme pode ter influenciando nisso, ainda mais um filme do Kubrick, especialista em filmes com visuais fantásticos.
Como a Lauren, misturei muito filme com o livro, mas tem algumas boas diferenças entre eles, e acho que a trilha sonora me fez gostar mais do filme.
Agora em termos de ficção e física o livro é fantástico, ele descreve todos os detalhes, todas as manobras são corretas e as rotinas são perfeitas. E é aqui que eu decidi que o livro vale 4 estrelas. Realmente é impressionante o realismo da ciência do livro, fiquei muito curioso sobre a sequência.

Primeiramente, parabéns pelas resenhas! Acho que concordo com tudo que vocês abordaram.
Sou péssimo para dar notas, não tenho um critério muito bom. Mas, para esse livro, não teve como não dar 5 estrelas. Por ser um fã de Ficção Científica e pela boa condução do livro, não teve como ser diferente. Destaco também uma atenção especial a edição da Aleph, que o Abraão comentou. Ela está muito caprichada (a sobrecapa e o livro todo preto, fazendo as vezes de monólito). Apesar de não ter lido no idioma original, achei a tradução de Fábio Fernandes muito boa, faz a leitura fluir bem. Sem contar que tem alguns extras, incluindo 2 contos.
Tive também uma experiência de leitura bem legal, que peço licença para compartilhar com vocês. Li o livro apenas em casa, totalmente focado e próximo do PC. A cada sessão de leitura, lia ao menos um capítulo e sempre fazia pausas para pesquisar imagens e, pasmem, até artigos da Wikipédia e afins sobre alguns termos científicos / espaciais. Isso só tornou a leitura ainda mais agradável e a imersão em certas descrições ainda mais fascinantes! E, ao finalizar cada capítulo, fazia minhas anotações referentes à ele. Acabou se tornando um exercício bacana e também me serve de "cola" para futuras discussões, já que minha memória recente não é das melhores, hehehe. Vamos lá!
Uma das coisas que mais me chamou atenção no livro, é o fato dele narrar desde a pré-história até um futuro mais distante e tudo isso com imensa qualidade nas descrições. Sinceramente, não me recordo de outra obra literária ou cinematográfica que tenha feito algo assim com tamanha qualidade ou sem se tornar um tanto galhofa. Um dos meus trechos favoritos está no Capítulo 6: Ascensão do Homem, onde é narrado o processo evolutivo do planeta e da humanidade. Mostrando a criação e evolução das ferramentas e armas. E também o dilema das armas e das guerras de humanos contra humanos, já que sem elas, talvez a humanidade não tivesse evoluído tanto e desbravado tanto. Isso me remeteu ao filme "O Dia Em Que A Terra Parou" (1951), que traz um destes questionamentos.
Interessantes também alguns trechos do Capítulo 7, que abordam assuntos bem atuais. Como a superpopulação e epidemias de vírus mutáveis, o Newspad (iPad?). E bem engraçados alguns diálogos, que nos colocam em perspectiva, como "que universo pequeno" (uma evolução da nossa expressão "que mundo pequeno", usado quando encontramos alguém um localidades não habituais). "A Terra se pondo" na Lua. Reflexão interessante a questão da arte pela sanidade, entre outros.
O ritmo mais lento do livro, em alguns pontos, não me soou monótono. Achei bem legal a descrição da rotina dos astronautas, por exemplo. E qual não foi a tensão na parte da AEV (Atividade Extra Veicular), os diálogos entre Bowman e Hal, o embate, etc. Mesmo não sendo grande entendedor de astrofísica, achei geniais coisas como: usar a gravidade de Júpiter como "estilingue" para alcançar Saturno.
Para mim, um dos pontos mais altos do livro foi o momento em que Bowman se viu sozinho, "carregando a Terra em suas costas", ao ser nomeado o "embaixador" da humanidade. Essa sensação de ir, literalmente, até onde nenhum homem chegou antes, é magnífica. Traz uma tensão, curiosidade, um maravilhamento enorme! Os trechos em que ele passa pelo "estacionamento orbital" foi mais um dos pontos altos do livro. A parte do quarto de hotel "mimetizado", baseado nas transmissões de rádio e TV da Terra, foi bem legal também!
Já as partes que focam nas estrelas e alguns eventos, foram um pouco mais difíceis de compreender, até mesmo pela falta de referências. Mas ao final da leitura, gostei muito do livro. Sou ateu, mas confesso que o modo como o livro tratou as mudanças de corpo, o suposto descarte de um corpo material, a questão da "Criança-Estrela" me fascinaram bastante e cheguei até ao ponto de fazer uns rabiscos malucos numa folha de papel, hehehe. E esta questão foi a que mais me deixou feliz, pois o livro me despertou certos pensamentos, certas teorias (tudo dentro do universo do livro, a princípio). Realmente me colocou para pensar, transcendendo a leitura e seu simples entendimento para a criação de alguns "E se...?".
Se quiserem, posso até escrever mais e até postar o link da imagem com meus rabiscos, hehehe. Mas queria perguntar: vocês leram os contos "A Sentinela" e "Encontro no Alvorecer"? Eles vieram como Extras na edição mais atual da Aleph. Apesar de terem sido escritos antes, preferi ler eles depois de 2001 e não me arrependi! Eles enriqueceram demais a obra para mim e me colocaram para pensar ainda mais! Achei que eles dão um peso bem legal à obra, já que não são simples resumos de 2001, mas sim histórias menores que, apesar de terem sido escritas antes, acrescentam muito e fazem a mente pipocar e repensar sobre o 2001. Se não leram, recomendo fortemente.




Achei muito interessante essa maneira de registro durante uma leitura. Principalmente os "rabiscos malucos" - de certa maneira, você vai criando uma arte nova, toda sua. Bem, bem legal.