Nerds & Encrenqueiros discussion
Leitura Coletiva
>
As Brumas de Avalon (Março/2016)
date
newest »


Mas aí a autora resolveu dar uma guinada abordando a lenda através da perspectiva das mulheres, especialmente a Morgana (que é com frequência retratada como vilã). Achei (e continuo achando) genial.
A narrativa maior - como é o caso de todo conto arthuriano, provavelmente -se trata na verdade da formação da Inglaterra, dessa sopa de valores celtas, cristãos e germânicos. O escopo é épico (adoro!), os temas pesados (religião, sexo, destino), o texto bem escrito.
Não lembro de detalhes mas os personagens são bem claros pra mim, me marcaram. Curiosa pra saber a opinião de todos.

Estou atrasada para a discussão, mas acabei de acabar o livro e tenho MUITO a dizer.
1. Eu preciso primeiro falar do que ficou mais na minha cabeça durante toda a minha leitura: foi foda ler esse livro sabendo dessa notícia (original aqui), foi mesmo. Acho que qualquer um que não saiba disso ficaria chocado, mas esse era um livro que as mulheres da minha família extremamente matriarcal amavam de todo o coração. Como a nossa crença na espiritualidade passa muito pelo encontro com a natureza e pela reverência ao feminino, este livro sempre foi apresentado para mim como uma ficção que tinha muito de verdade. Mas eu, diferente das outras mulheres da minha família, não tinha lido o livro antes de saber. Eu ainda dei 4 estrelas para ele, porque tentei o máximo distanciar o que eu sinto pela autora do livro em si, mas levando em conta que (view spoiler) , foi muito muito difícil. Meu estômago revirou e eu simplismente saí do mundo de avalon várias vezes sem querer fazê-lo por causa disso.
Aliás, separar autores que não achamos legais das suas obras é um assunto que há muito tempo venho querendo conversar com pessoas como vocês. Como vocês fazem isso? Por exemplo: o Orson Scott Card. Eu descobri, depois de já ter lido 9 livros do Enderverse dele, que ele é uma pessoa bem homofóbica. Essa pessoa resumiu bem o que eu senti: é impossível eu amar menos os livros dele porque soube disso. Eu ainda acho eles fantásticos e das melhores obras de Ficção Científica que eu já li (eu amo SciFi voltado para os personagens e para intrigas políticas/ questões morais). Mas desde então não consegui mais comprar nenhum livro dele. Não vou mentir que tenho vontade, mas quando eu penso em fazer isso, vêm vários comentários odiosos dele que eu li, e simplesmente não consigo. Diferente do Brandon Sanderson, que emitiu a opinião dele (totalmente contrária a minha com relação à homossexualidade) com muito respeito e sempre com a cabeça aberta. Enfim, adoraria entrar nessa discussão com vocês...
2. É impossível negar como (para a época) esse livro deve ter sido uma das obras de Fantasia mais claramente feministas! Adorei, em especial, como ela colocou várias dessas discussões (em especial quanto à escolha da mulher com relação ao parceiro, numero de parceiros, e ao aborto) de uma maneira muito orgânica – eu pelo menos senti que nada da estória estava a serviço do feminismo, mas que o feminismo estava a serviço de dar complexidade à estória. Ainda assim, é duro como as questões de consentimento não foram exploradas. (view spoiler) Tudo bem, também senti que foi tudo muito condizente com a época Arturiana, mas ainda assim...
3. Gostei muito como o world-building foi sutil. Eu conseguia enxergar tudo que era necessário eu enxergar, mas era uma estória completamente voltada para os personagens – e nenhum esforço e tempo foram gastos em tentar explicar coisas desnecessárias sobre o mundo. Foi lendo isso que eu percebi o que foi tão difícil para mim na leitura de Hyperion – nada dito foi desnecessário, ou floreio exagerado. E tudo foi lindo. Esses personagens, todos eles, ficaram comigo profundamente – até os menores e secundários (como o Cai, irmão do Artur, que mal apareceu na estória!)
É isso!
1. Eu preciso primeiro falar do que ficou mais na minha cabeça durante toda a minha leitura: foi foda ler esse livro sabendo dessa notícia (original aqui), foi mesmo. Acho que qualquer um que não saiba disso ficaria chocado, mas esse era um livro que as mulheres da minha família extremamente matriarcal amavam de todo o coração. Como a nossa crença na espiritualidade passa muito pelo encontro com a natureza e pela reverência ao feminino, este livro sempre foi apresentado para mim como uma ficção que tinha muito de verdade. Mas eu, diferente das outras mulheres da minha família, não tinha lido o livro antes de saber. Eu ainda dei 4 estrelas para ele, porque tentei o máximo distanciar o que eu sinto pela autora do livro em si, mas levando em conta que (view spoiler) , foi muito muito difícil. Meu estômago revirou e eu simplismente saí do mundo de avalon várias vezes sem querer fazê-lo por causa disso.
Aliás, separar autores que não achamos legais das suas obras é um assunto que há muito tempo venho querendo conversar com pessoas como vocês. Como vocês fazem isso? Por exemplo: o Orson Scott Card. Eu descobri, depois de já ter lido 9 livros do Enderverse dele, que ele é uma pessoa bem homofóbica. Essa pessoa resumiu bem o que eu senti: é impossível eu amar menos os livros dele porque soube disso. Eu ainda acho eles fantásticos e das melhores obras de Ficção Científica que eu já li (eu amo SciFi voltado para os personagens e para intrigas políticas/ questões morais). Mas desde então não consegui mais comprar nenhum livro dele. Não vou mentir que tenho vontade, mas quando eu penso em fazer isso, vêm vários comentários odiosos dele que eu li, e simplesmente não consigo. Diferente do Brandon Sanderson, que emitiu a opinião dele (totalmente contrária a minha com relação à homossexualidade) com muito respeito e sempre com a cabeça aberta. Enfim, adoraria entrar nessa discussão com vocês...
2. É impossível negar como (para a época) esse livro deve ter sido uma das obras de Fantasia mais claramente feministas! Adorei, em especial, como ela colocou várias dessas discussões (em especial quanto à escolha da mulher com relação ao parceiro, numero de parceiros, e ao aborto) de uma maneira muito orgânica – eu pelo menos senti que nada da estória estava a serviço do feminismo, mas que o feminismo estava a serviço de dar complexidade à estória. Ainda assim, é duro como as questões de consentimento não foram exploradas. (view spoiler) Tudo bem, também senti que foi tudo muito condizente com a época Arturiana, mas ainda assim...
3. Gostei muito como o world-building foi sutil. Eu conseguia enxergar tudo que era necessário eu enxergar, mas era uma estória completamente voltada para os personagens – e nenhum esforço e tempo foram gastos em tentar explicar coisas desnecessárias sobre o mundo. Foi lendo isso que eu percebi o que foi tão difícil para mim na leitura de Hyperion – nada dito foi desnecessário, ou floreio exagerado. E tudo foi lindo. Esses personagens, todos eles, ficaram comigo profundamente – até os menores e secundários (como o Cai, irmão do Artur, que mal apareceu na estória!)
É isso!
Não esqueçam de marcar Spoilers. Boa leitura!