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February 14 - February 16, 2023
Quem segurava a minha mão era a realidade: o Príncipe Casteel Da’Neer. Sua Alteza. O Senhor das Trevas.
— Devemos acreditar que ela é digna de ser a nossa Princesa quando nega você descaradamente diante do seu povo e cheira a Ascendidos? — exigiu saber Landell. Franzi o nariz. Eu não cheirava a... Ascendidos. Cheirava? — Quando ela se recusa a escolher você? — O que importa é que eu a escolho — disse Casteel, e o meu coração idiota deu um pulo dentro do peito, embora eu não o tivesse escolhido. — E isso é tudo o que importa.
— Faça isso e será a ruína do nosso reino — rosnou ele. — Eu não vou escolher essa vadia cheia de cicatrizes. Estremeci. Eu realmente estremeci, com as bochechas ardendo como se tivesse levado um tapa na cara.
— Eu só quero que você saiba que não estou nem mesmo particularmente irritado por você questionar o que pretendo fazer. O modo como você falou comigo não me incomoda. Não sou inseguro para me preocupar com a opinião de homens inferiores. — O rosto de Casteel estava a meros centímetros do lupino de olhos arregalados. — Se fosse só isso, eu teria deixado para lá. Se tivesse parado depois da primeira vez que se referiu a ela, eu teria deixado que você saísse daqui apenas com o seu ego exageradamente inflado. Mas então você a insultou. Você a fez estremecer e depois a ameaçou. Eu não vou me
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— Você deve achar que foi um exagero — disse ele, soltando no prato o guardanapo amassado e manchado de sangue. — Não foi. Ninguém fala de você ou com você assim e continua vivo.
— Não há nenhum lado seu que não seja tão bonito quanto a outra metade. Nem sequer um centímetro que não seja deslumbrante. — Ele ergueu os cílios, e a intensidade no seu olhar prendeu a minha atenção. — Isso era verdade na primeira vez em que eu disse a você, ainda é verdade hoje e será amanhã.
— Uma cela é uma cela, não importa o quanto seja confortável — eu disse a ele.
— Também tenho certeza de que chegamos à conclusão de que você nunca foi livre, Princesa
— Acho que você sequer reconheceria a liberdade se ela fosse oferecida a você.
— Não vá ainda — sussurrou Casteel, segurando o meu braço. Algo no seu tom de voz me deteve. Olhei para ele. — Estamos prestes a receber uma visita. Brigue comigo o quanto quiser mais tarde. Provavelmente vou gostar. Mas não brigue comigo na frente dele.
— Meu lado animal não anula o meu mortal — respondeu ele. — Eu não sou incapaz de sentir emoções.
Há muitas pessoas diferentes de vários lugares que não conheci e não sei nada a respeito. Não quer dizer que seja certo fazer suposições. — Isso é verdade — respondeu ele,
Os preconceitos eram ensinados e aprendidos. Talvez não fosse minha culpa, mas também não era aceitável.
— O que aconteceu hoje à noite é comum? — Qual parte? O pedido de casamento ou a cirurgia de peito aberto?
— Se alguém é idiota o suficiente para insultar e ameaçar você na frente de Cas, é bem provável que eu não seja próximo dessa pessoa para início de conversa.
Mas ele é a única coisa em todos os reinos que você, e somente você, nunca precisará temer.
Você já terminou de falar? Ou está com tanto medo de que eu possa derrotar você que não vai mais calar a boca? — Eu gosto de ouvir o som da minha voz.
— E a verdade é que você gosta do meu tipo de insanidade.
— Tem alguma coisa muito errada com você! — Provavelmente, mas quer saber de uma coisa? — Ele ergueu a cabeça do chão. — É a parte que você mais gosta.
Sua tristeza me era familiar. Estava sempre ali, acompanhando cada passo e respiração dele. Muitas vezes, eu me perguntava como ele conseguia rir e me provocar. Como podia ser tão ridiculamente irritante enquanto sentia tanta tristeza.
— Porque saber que Hawke é uma parte do meu nome, uma parte de mim, importa para você.
— Eu sou Hawke — disse ele depois de um momento. — E sou Casteel. Não sou duas pessoas diferentes, não importa o quanto você queira acreditar nisso.
— Você fica tão incrivelmente bonita quando está com raiva.
— Eu não vou dormir no chão. E, antes que diga alguma coisa, nem você. — Ele deslizou para a cama com uma graça invejável. — Não importa o que você pensa que sabe a meu respeito, espero que perceba que eu nunca a forçaria a nada nem a persuadiria a fazer algo do tipo. Nunca vou fazer nada que você não queira, e não é só porque sei como é — disse ele categoricamente, e eu senti um aperto no peito. — Mas porque nunca fui esse tipo de pessoa.
Casteel era o vilão e o herói, o monstro e o matador de monstros.
— Mas, só para você saber, se quiser os meus lábios em alguma parte do seu corpo, eu estou mais do que disposto a satisfazê-la. Meu queixo caiu. — E a minha disposição se estende às minhas mãos, aos meus dedos e ao meu pau... — Ah, meus Deuses — eu o interrompi. — Não precisa se preocupar com isso. Eu jamais vou solicitar os seus... os seus serviços. — Serviços? — Ele inclinou a cabeça na minha direção. — Isso me parece tão sacana.
Por que você tinha que me contar que Hawke era o seu nome do meio?
— Porque você precisava saber que nem tudo era mentira.
— Você é tão incrivelmente violenta, minha Princesa.
— Na verdade, é uma honra proteger algo que o Príncipe valoriza tanto — respondeu ele. — E, já que eu nunca sei ao certo o que você vai fazer de um segundo para o outro, não é nem de longe entediante. A não ser quando você está dormindo.
— Nada vive para sempre. Tudo pode ser morto se você tentar com bastante afinco.
— Ignorar algo não faz com que não seja verdade, Penellaphe.
— Os apelidos são reservados para os amigos. Não acredito que você nos considere amigos.
Nós não somos como eles. E tudo o que peço é que, na próxima vez em que achar que não sou melhor que um Ascendido, você se lembre dos nomes nessas paredes.
— Você não se dá o devido valor, Princesa. Você é muito importante para o reino, para o povo e mais ainda para os Ascendidos. É a cola que mantém todas as mentiras juntas.
— Então o casamento não será... verdadeiro? Houve um momento de silêncio antes de ele dizer: — Tão verdadeiro quanto você acredita que qualquer coisa a meu respeito seja.
— Como serei livre se nos casarmos? — Vou conceder o divórcio se for o que você quiser.
— Incomum é que dois Atlantes que não se amam se casem. Mas quando as pessoas mudam, assim como o amor, elas podem se divorciar.
— Não vou forçá-la a se casar comigo, Poppy. O que eu já tenho que forçar a você é... bastante desagradável, dado tudo o que foi tirado de você antes mesmo de me conhecer. — O peito dele subiu com uma respiração pesada. — Se você se recusar, não sei o que vou fazer. Terei que encontrar outra maneira de libertar o meu irmão e de escondê-la para que ninguém, incluindo o meu próprio povo, possa colocar as mãos em você.
— É admirável. — O quê? — A sua absoluta falta de medo ao falar comigo, com qualquer um de nós, apesar de saber o que somos — disse ele. — E do que somos capazes. Sustentei o olhar dele. — Não sou tola o bastante para não ter medo quando sei que qualquer um de vocês poderia me matar antes mesmo que eu tivesse a oportunidade de dar um último suspiro. Mas temer o que vocês são capazes de fazer não quer dizer que eu tenha medo de vocês.
— Ainda assim, você é incrivelmente corajosa
— Só para você saber, a Penellaphe não precisa de proteção. Ela é mais que capaz de lidar com as coisas sozinha. Mas é com o meu futuro que você está saindo agora. Cuide bem dela. A sua vida depende disso.
O mundo, não importa como pareça grande, geralmente é menor do que imaginamos.
No momento em que as portas se abriram, o cheiro de mofo que chegou até o meu nariz deixou o meu coração repleto de alegria. Livros. Fileiras e mais fileiras de livros.
Os seus olhos são da cor de uma primavera Atlante, das folhas beijadas pelo orvalho.
— De Sangue e Cinzas. Casteel pousou o punho sobre o coração. — Nós ressurgiremos.
— Eu nasci no primeiro reino. — A voz de Casteel ecoou como o vento e a neve, atingindo os cavaleiros, que se viraram, um a um, para olhar na direção dele. — Criado a partir do sangue e das cinzas de todos aqueles que pereceram antes de mim. Ressuscitei para recuperar o que é meu. Eu sou aquele que você chama de Senhor das Trevas
— Não importa quantas mortes eu tenha presenciado, nunca é fácil. — Ele baixou os cílios, encobrindo o olhar. — Nunca é menos chocante. Fico grato por isso, pois acho que, se a morte parar de me chocar algum dia, posso parar de valorizar a vida. De modo que acolho o choque e o sofrimento.
— Ele não está machucado — respondeu Kieran. — Pelo menos, não fisicamente. Emocionalmente, acho que você o deixou em pedaços.
— A vingança é sua, se você quiser — disse ele. — E, se não, eu serei a sua lâmina, a coisa que vai acabar com a existência miserável dele. Você decide.

