Cultivando um Coração de Virtudes (Portuguese Edition)
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Explorando mais a fundo, fiquei surpreso ao descobrir a escassez de livros que introduzem e discutem os temas morais na literatura infantil de uma maneira acessível a pais e professores. A própria Oxford University Press publicou introduções muito úteis à história da Literatura Infantil, como Literatura Infantil: Uma História Ilustrada e esplêndidas coleções editadas de Contos de Fadas e histórias infantis como Os Contos de Fadas Clássicos, de lona e Peter Opie e O Livro Oxford de Contos de Fadas Modernos, editado por Alison Lurie. Mas é difícil de encontrar livros que se preocupam com ...more
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A crítica literária da literatura infantil moderna é um campo de estudo relativamente novo que ainda não acumulou um corpus de interpretação substancial ou expressivo. Mas a maior parte do material disponível é voltada aos especialistas.4 Psicólogos e educadores fizeram estudos, mas abordando principalmente as questões especiais das disciplinas e quase sempre com uma inclinação marcadamente sociocientífica e secular. As teorias psicológicas sobre o desenvolvimento infantil geralmente governam esses estudos. Olhando assim, é fácil pressupor que os especialistas em ética poderiam fazer melhor. ...more
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“Estou quase inclinado a definir como fato que a história infantil apreciada apenas por crianças é uma história infantil ruim. As boas duram. A valsa de que você desfruta somente quando está valsando é uma valsa ruim”.
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Acredito que meus dois filhos sejam não apenas melhores leitores, mas pessoas melhores por causa daquele momento especial que passávamos todas as noites antes de dormir lendo os Contos de Fadas dos irmãos Grimm e os de George MacDonald ou histórias folclóricas e os contos engraçados do Oriente Médio e da Armênia que minha avó imigrante me contava quando eu era criança. Penso que a disposição de meu filho para ir a uma vila remota da Armênia no verão de 1996, a fim de concluir a reconstrução de uma igreja antiga derrubada por um terremoto foi assistida pelo fato de eu ter lhe contado as ...more
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“Uma criança balança as pernas ritmicamente por excesso de vida, não por sua ausência. Por terem vitalidade abundante, por serem espiritualmente impetuosas e livres, as crianças querem que as coisas sejam repetidas e inalteradas. Sempre dizem ‘de novo’” porque há prazer nessa coisa ou atividade. “Pode ser”, conclui Chesterton, “que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca tenha se cansado de criá-las. Pode ser que Ele tenha o eterno apetite da infância, pois pecamos e envelhecemos, e nosso Pai é mais jovem que nós. A repetição na Natureza pode não ser uma mera recorrência; pode ...more
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Quando Mendal já era o notável e odiado rabino de Kotzak, retornou uma vez à pequena cidade onde nasceu. Lá, visitou o professor que lhe ensinara o alfabeto quando ainda criança e lera os cinco livros de Moisés com ele. Mas ele não foi para ver o professor que lhe instruíra mais adiante, e, ao encontrá-lo por acaso, o homem perguntou a seu antigo aluno se ele tinha algum motivo para se envergonhar de seu professor. Mendal respondeu: “Você me ensinou coisas que podem ser refutadas, pois, de acordo com uma interpretação, podem significar isso, de acordo com outra, aquilo. Mas meu primeiro ...more
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Os grandes Contos de Fadas e histórias de fantasia capturam o significado da moralidade mediante representações vívidas da luta entre o bem e o mal, em que os personagens precisam fazer escolhas difíceis entre o certo e o errado ou os heróis e vilões contestam o próprio destino de mundos imaginários. As grandes histórias evitam o didatismo e fornecem à imaginação informações simbólicas importantes sobre a forma do nosso mundo e respostas apropriadas aos seus habitantes.
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É por ouvir sobre madrastas más, crianças perdidas, reis bondosos mas desorientados, lobos que amamentam meninos gêmeos, filhos mais novos que não recebem sua herança, mas devem seguir seu próprio caminho no mundo, e filhos mais velhos que desperdiçam sua herança... que as crianças aprendem ou desaprendem o que é uma criança e o que é um pai, qual elenco de personagens pode haver no drama em que nasceram e quais são os caminhos do mundo. Prive as crianças das histórias e você as deixará despreparadas e hesitantes em suas ações e palavras.
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Da mesma forma, podemos dizer que os valores são definidos pelo livre mercado ou pelo Estado e avaliam o que estamos enfrentando e como devemos permutar nossos produtos ou negociar nossos talentos; mas não podemos saber, exceto no contexto da história completa, por que o que parecia ser coragem em um personagem acabou se mostrando como uma bravata tola, enquanto o que parecia deslealdade em outro acabou provando ser a origem da fidelidade a um bem maior.
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A mera instrução em moralidade não é suficiente para nutrir virtudes. Pode até sair pela culatra, especialmente quando a apresentação é altamente exortativa, e a vontade do aluno é coagida. Em vez disso, uma visão convincente da bondade em si precisa ser apresentada de forma atraente e que atice a imaginação. Uma boa educação moral trata da dimensão tanto cognitiva quanto afetiva da natureza humana. As histórias são um meio insubstituível para esse tipo de educação moral — isto é, a educação do caráter.
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A palavra grega para caráter significa, literalmente, uma impressão. O caráter moral é uma impressão estampada no eu. O caráter é definido por sua orientação, consistência e constância. Hoje, frequentemente igualamos liberdade com moralidade e bondade. Mas isso é ingênuo porque a liberdade é transcendente e a precondição da própria escolha. Dependendo do seu caráter, o indivíduo será atraído pela bondade ou pela maldade. O comportamento moral e imoral é a liberdade promulgada para o bem ou para o mal.
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histórias nos fazem encarar a verdade nua e crua sobre nós mesmos e nos compelem a considerar que espécie de pessoas queremos ser.
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“A Bela e a Fera” ensina a lição simples, mas importante de que as aparências podem enganar e aquilo que é visto nem sempre é o que parece ser.
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verdade paradoxal que a história retrata é a de que a menos que a virtude esteja presente, a pessoa não será capaz de encontrar, apreciar ou aceitar a virtude nos outros.
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Por causa da ganância, ciúme e arrogância, o coração delas tornou-se como pedra. Assim, são transformadas em estátuas, mas conservam sua consciência para que possam contemplar a felicidade de sua irmã e admitir seus próprios erros.
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para ter uma vida bem-sucedida. Aqueles que ensinam a moralidade costumam introduzir aos alunos os princípios morais e até mesmo as próprias virtudes como se fossem instrumentos práticos para alcançar o sucesso. Quando dizemos às nossas crianças que padrões de utilidade social e sucesso material são as medidas de valor dos princípios morais e virtudes, não parece provável que nossa pedagogia vá transformar a mente ou converter o coração dos jovens. Como Buber observou em sua própria sala de aula, tudo o que conseguiremos será confirmar o desespero dos fracos, obscurecer a inveja dos pobres, ...more
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Muito do que se passa por educação moral falha em nutrir a imaginação moral. No entanto, somente uma pedagogia que desperta e estimula a imaginação moral persuadirá a criança ou o aluno de que a coragem é o teste final do bom caráter, que a honestidade é essencial para a confiança e a harmonia entre as pessoas, e que a humildade e o espírito magnânimo são bens maiores do que as recompensas conquistadas pelo egoísmo, pela arrogância ou pelos exercícios inescrupulosos de posição e poder.
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Depois que a criança lê A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen ou O Leão, A Feiticeira e O Guarda-roupa, de C. S. Lewis, sua imaginação moral provavelmente terá sido estimulada e aguçada. Essas histórias oferecem imagens poderosas do bem e do mal e mostram à criança como amar por meio dos exemplos de personagens que ela mesma passou a amar e admirar. Essa realidade estimulará sua imaginação a traduzir essas experiências e imagens em elementos constitutivos da autoidentidade e em metáforas que a criança usará para interpretar o próprio mundo que a cerca, tornando-se cada vez mais capaz de ...more
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Quando a imaginação moral é vigilante, as virtudes ganham vida, repletas de significância pessoal, existencial e social. Não precisamos tratar as virtudes como se fossem dados secos e sem vida de teorias morais ou a versão ética das regras de higiene das aulas de ciências; as virtudes podem levar a uma vida que atrai e desperta o desejo de possuí-las. Precisamos desesperadamente adotar formas de pedagogia moral que sejam fiéis à antiga e verdadeira vocação do professor — transformar pessoas em seres humanos maduros e completos, capazes de ficar frente a frente com a verdade sobre si mesmos e ...more
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valores certamente não são a resposta para o relativismo moral. Muito pelo contrário, a mera discussão sobre valores já favorece o relativismo moral.
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Em nossa sociedade consumista, os valores morais podem até mesmo assumir as características de mercadorias materiais. Presumimos facilmente que a liberdade pessoal se trata de escolher valores para si em um mercado não regulamentado e em constante expansão de moralidades e estilos de vida. Escolher valores acaba não sendo muito diferente de comprar mantimentos no supermercado ou selecionar materiais de construção na loja de artigos para casa. Enquanto sociedade, estamos aprendendo a enxergar a moralidade e os valores como questões de gosto e satisfação pessoal. Para algumas pessoas, o ...more
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As virtudes definem o caráter da pessoa, seu relacionamento contínuo com o mundo e qual será o seu fim, e os valores, de acordo com seu uso comum, são os instrumentos ou componentes da vida moral que o “eu” escolhe para si e que o “eu” pode desconsiderar sem comprometer necessariamente sua identidade. Portanto, os valores são subordinados e relativos à autonomia do próprio eu,
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valores e decisões cujas reivindicações de legitimidade não se estendem além da volição individual são tão efervescentes quanto a espuma que flutua na crista das ondas. Não podem, assim, ser guias confiáveis ​​para a vida moral. Os grandes mestres de nossa cultura
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Agora, se prestarmos atenção às fontes antigas, reconheceremos que as virtudes estão relacionadas a uma realidade moral muito mais espessa e profunda. Veremos as virtudes como as qualidades de caráter de que precisamos, a fim de conduzir nosso caminho pelo complicado e misterioso mar de moralidade em que todos nós fomos colocados. Para tal jornada, um bolso cheio de valores não é nem o lastro suficiente, nem o substituto para velas, bússola ou sextante.
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Qual seria o resultado de uma educação que permitisse à criança inventar seu próprio alfabeto e sua própria matemática? Sem dúvida, teríamos confusão ou caos. Deveríamos ficar surpresos com o resultado dos esforços recentes para ajudar a criança a esclarecer seus próprios valores e, de fato, criar sua própria moralidade pessoal?
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O dicionário Oxford English define doutrinação como imbuir em aprendizado ou trazer ao conhecimento de algo, como um dogma. Chesterton argumentou que a autêntica educação moral não é possível, a menos que algo assim ocorra. Ele falou da responsabilidade de afirmar “a verdade de nossa tradição humana e passá-la adiante com voz de autoridade, uma voz inabalável. Essa é a única educação eternal; estar tão certo de que algo é verdadeiro que você ousa dizê-lo a uma criança”.11
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As verdadeiras corrupções da educação moral são, por um lado, uma moralização imperiosa, e por outro, a indulgência de argumentos espúrios e opiniões indisciplinadas. Não obstante, a educação moral válida e eficaz está vinculada à coerção ocasional e até mesmo a  algum tipo de violência, independentemente de a opinião ser “extraída” do aluno ou o dogma ser “inserido” nele.
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tanto. Os Contos de Fadas podem não se qualificar como hipóteses ou teorias científicas, porém ecoam as qualidades mais profundas da humanidade, da liberdade e da imaginação moral. Ao mesmo tempo, negam o determinismo psicológico e material que se esconde por trás de grande parte da ideia moderna de libertação humana, e tiram o crédito da arrogância da razão e da racionalidade que remove a fé e a confiança na verdade. Mais uma vez, eles nos mostram uma maneira de enxergar o mundo — um mundo em que tudo que existe não precisava existir, onde a verdadeira lei moral conota liberdade, e não ...more