Mulherzinhas (Portuguese Edition)

by Louisa May Alcott

Há muitas Beths no mundo, tímidas e quietas, sentadas nos cantos até que sejam necessárias, vivendo para os outros tão alegremente que ninguém percebe seu sacrifício até que o pequeno grilo na lareira para de cricrilar, e a presença doce e ensolarada desapareça, deixando para trás silêncio e sombra.

Beth parou de ter medo dele naquele momento e sentou-se ali, conversando como se o conhecesse por toda a vida, pois o amor expulsa o medo, e a gratidão pode vencer o orgulho.

Dinheiro é uma coisa boa e útil, Jo, e espero que minhas meninas jamais sintam muita falta dele ou sejam tentadas por sua abundância.

De vez em quando, neste mundo prosaico, as coisas acontecem à moda encantadora dos livros – e que conforto isso é.

Nisso teve mais sucesso, pois era uma daquelas criaturas geradas com alegria que agradam sem esforço, fazem amigos em todos os lugares e vivem com tanta graça e desenvoltura que almas menos afortunadas são tentadas a crer que se trata de gente sob uma estrela da sorte. Todos gostavam dela, pois entre seus bons dons estava o tato. Ela tinha um senso instintivo do que era agradável e apropriado, sempre dizia a coisa certa para a pessoa certa, fazia o que era adequado à hora e ao local e era tão senhora de si que as irmãs costumavam dizer: “Se Amy for para o tribunal sem ensaiar antes, saberá exatamente como se comportar”.

— Jo March, você é perversa o bastante para irritar um santo! Não quer fazer visitas neste estado, espero — disse Amy, olhando-a com espanto. — Por que não? Estou limpa, fresca e confortável, o que é um tanto apropriado para uma caminhada poeirenta em um dia quente. Se as pessoas se importam mais com minhas roupas que comigo, não quero vê-las. Pode se arrumar pelas duas, seja tão elegante quanto quiser. Ser refinada é agradável para você. Para mim, não, e ornamentos apenas me causam preocupação.

O tio do sr. Tudor se casara com uma senhora inglesa que era prima de terceiro grau de um lorde vivo, e Amy tinha muito respeito por toda a família, pois, apesar de ter nascido e se criado nos Estados Unidos, tinha aquela reverência por títulos que assombra os melhores de nós – aquela lealdade inconsciente à primeira confiança em reis que colocou a nação mais democrática sob o sol em agitação com a vinda de um rapaz real de cabelos amarelos, alguns anos atrás, e que ainda tinha algo a ver com o amor que o jovem país tem pelo velho, como aquele de um grande filho pela mãezinha soberba, que o carregou enquanto podia e o deixou ir com uma bronca de despedida quando ele se rebelou.

Como Goethe, que, quando tinha uma alegria ou uma dor, a colocava em uma canção, Laurie decidiu embalsamar sua dor amorosa em música e compor um réquiem que atormentaria a alma de Jo e derreteria o coração de todos os ouvintes.

Há verdade nela, Jo… Esse é o segredo; humor e páthos a tornam viva, e por fim você encontrou seu estilo. Escreveu sem pensar em fama e dinheiro e colocou o coração no texto, minha filha. Você experimentou a amargura, agora vem a doçura; faça seu melhor e fique feliz como nós estamos com seu sucesso.

O que é que essa obra tem? O que a torna tão especial? Não é uma epopeia avassaladora, não nos transporta a cenários magnéticos, não narra trepidantes aventuras nem move paixões profundas. De fato, o grosso da narração transcorre em um entorno doméstico, mantém praticamente as mesmas personagens e mostra um devir dos dias quase sempre pacato. Mesmo assim, suas páginas destilam verdade e mostram um vívido retrato das diferentes facetas da condição humana.