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Pobre moça... Temo que ele não a deixará em paz. Evie estremeceu em um reflexo de prazer quando o sentiu beijar a lateral de seu pescoço. – C-como devo lidar com ele? – Com frequência – disse ele, entre beijos.
Meu amor, tentei por trinta anos. Mas, apesar dos meus mais dedicados esforços... – um beijo docemente erótico roçou os lábios dela – você ainda tem os olhos inocentes daquela flor de estufa com quem eu fugi para me casar. Não pode tentar parecer ao menos um pouco entediada? Desiludida?
O pior tipo de solidão, pensou Pandora, irritada, era ser a única pessoa que não estava se divertindo em meio a uma multidão.
Não vejo por que fazer tanto esforço para agarrar um marido que nunca vai gostar de mim.
Minhas próprias filhas já me asseguraram mais de uma vez que qualquer jovem bem-intencionada e de personalidade forte pode se ver em apuros de vez em quando.
Trenear pegou a mão pequena da esposa. – Ninguém vai forçá-la a nada. Aconteça o que acontecer, ela e Cassandra sempre poderão contar com minha proteção. Lady Trenear encarou o marido com ternura e empolgação, e sorriu. – Você é um homem tão bom. Nem precisou pensar a respeito, não é?
No casamento do meu irmão, distribuíram fatias do bolo para todas as jovens solteiras e disseram que, se colocássemos embaixo do travesseiro, sonharíamos com nosso futuro marido. Eu comi meu bolo. Até o último farelo. Fiz planos para minha vida que não envolvem me tornar esposa.
O sorriso dela deixou Gabriel zonzo. Maldição.
Ela é agradável aos olhos? Gabriel foi até um aparador na parede e se serviu de conhaque. – É deslumbrante – murmurou.
Essas moças excluídas são criaturas perigosas. É preciso cautela para se aproximar delas. Ficam sentadas quietinhas, nos cantos, parecendo abandonadas e desamparadas, quando na verdade são sereias capazes de levar homens à derrocada. Você não vai nem perceber o momento em que uma delas roubar seu coração de dentro do peito... e então será dela para sempre. Uma moça deixada de lado nunca devolve seu coração.
O casamento costuma ser a pior coisa que acontece a uma mulher. Por sorte, isso nunca as detém.
Obrigada – disse ela, a voz abafada. – Significa muito para mim que meus sentimentos sejam importantes para você. – É claro que são, meu bem.
Sei que você preferiria estar em casa, protegida e segura, meu bem, mas estou feliz por ter concordado em vir.
Algumas pessoas são a prova viva de que o universo é injusto.
Perdoe-me – disse ele em voz baixa, olhando para ela. – Tinha a intenção de esperá-la aqui, vestido apropriadamente. Não quero que pense que sua visita não é importante para mim.
Quando ela e Cassandra eram crianças, fantasiavam com um pai belo, que as encheria de afeto e conselhos e as mimaria só um pouco. Um pai que talvez as deixasse subir nos pés dele para dançar. E o homem diante dela se parecia muito com o que Pandora costumava imaginar.
Nunca estive em lugar nenhum, nem fiz nenhuma das coisas que sonhei fazer. Não terminei de me tornar eu mesma. E se me casar com o senhor, nunca serei nada além da esposa esquisita de lorde St. Vincent, uma dama que fala rápido demais e nunca sabe a ordem de prioridade dos convidados de um jantar. – Ela baixou a cabeça e engoliu em seco, com um nó na garganta.
É claro que você não se encaixa na sociedade de Londres. A maior parte daquelas pessoas não tem mais imaginação ou originalidade do que um carneiro. Elas só estão preocupadas com as aparências, e por isso, por mais enlouquecedor que pareça, você precisa prestar atenção em algumas das regras e rituais que tornam o contato com essas pessoas confortável. O fato a se lamentar é que a única coisa pior do que fazer parte da sociedade é viver à margem dela. E é por isso que talvez você tenha que permitir que eu a ajude a sair dessa situação, do mesmo modo como eu a tirei daquele banco.
E tudo o que dissermos será confidencial? – Deus, espero que sim – respondeu ele. – Meus segredos são muito mais chocantes do que os seus.
Pandora, meu amor – disse ele, os olhos cintilando em um misto de ardor e bom humor –, você beija como uma pirata.
Não vou deixá-la cair. – Ele passou os braços com firmeza ao redor do corpo dela. – Simplesmente relaxe.
Quando a água voltou a recuar, Pandora cogitou a hipótese de fugir para um terreno mais alto, mas a sensação de estar apoiada no corpo firme de Gabriel era tão agradável que ela hesitou, e logo veio outra onda. Pandora agarrou o braço dele com força e Gabriel a sustentou com mais firmeza ainda.
Sua mente desacelera em algum momento, meu amor? – perguntou ele, em um tom divertido. – Nem quando eu durmo – admitiu ela.
Aos olhos da lei, marido e esposa são uma única pessoa... e essa pessoa é o marido. Não suporto essa ideia. Por isso não quero me casar nunca.
Se fossem os seus direitos que estivessem ameaçados – retrucou Pandora –, você não consideraria detalhes. – Mas você é mulher. – E, portanto, inferior?
Você está dizendo que eu devo confiar a um homem o poder de, por toda a vida, tomar decisões por mim, do modo como eu desejaria que fossem tomadas, quando eu preferiria tomá-las eu mesma? – Com um toque sincero de perplexidade, Pandora perguntou: – Por que eu faria isso?
Porque o casamento é mais do que um arranjo legal. Inclui companheirismo, segurança, desejo, amor. Nenhuma dessas coisas é importante para você? – Todas são – disse Pandora, e baixou os olhos para a areia diante deles. – E é por isso que jamais conseguiria sentir qualquer uma delas por um homem se eu fosse propriedade dele.
Pandora, aquela mulher de pensamentos e ambições radicais, brincava com a naturalidade de uma criança. Era linda. Complexa. Frustrante. Ele nunca conhecera uma mulher tão completa e determinadamente dona de si. Que diabo iria fazer?
Gostei dela. Seraphina sorriu para o irmão mais novo. – Na semana passada você disse que estava cansado de meninas. – Pandora é um tipo diferente de menina. Não é como as que têm medo de tocar em sapos e estão sempre falando dos cabelos.
Se você quiser um casamento tranquilo e um lar em ordem, peça em casamento qualquer uma das tolinhas de boa família que se jogam em cima de você há anos. Ivo está certo: Pandora é um tipo diferente de moça. Estranha e maravilhosa. Eu não ousaria prever... – Phoebe se interrompeu ao ver o irmão com o olhar fixo na figura distante de Pandora. – Seu tonto, você não está nem ouvindo. Já decidiu se casar com ela, e que se danem as consequências. – Não foi nem uma decisão – confessou Gabriel, desnorteado. – Não consigo pensar em uma única razão para eu querê-la tão desesperadamente.
“o casamento é um assunto importante demais para ser decidido com a razão”.
Nenhuma lista de qualidades femininas ideais jamais incluiu a frase “você beija como uma pirata”.
Estou encarando-a? Perdoe-me. Mas é que adoro o jeito como você ri.
Não gosta de elogios? – Não, fico constrangida. Nunca parecem verdadeiros. – Talvez não pareçam verdadeiros para você, mas isso não significa que não sejam.
Ivo, você não foi colocado no comando desse bando? É hora de demonstrar alguma liderança. – Isso é liderança – informou o menino. – Fui eu que os trouxe aqui.
Obrigada por ser tão franco comigo – disse ela, espontaneamente. – É bom ser tratada como adulta. – E logo acrescentou, com uma risadinha rápida e constrangida: – Mesmo que eu não me comporte sempre como uma. – Ser imaginativa e brincalhona não a torna menos adulta – comentou Gabriel, com gentileza. – Só faz de você uma adulta mais interessante.
Antes de ir para Heron’s Point, ela sabia exatamente o que queria, e também o que não queria, mas agora estava tudo enevoado. Achou que talvez Gabriel estivesse tentando se convencer de que gostava dela o suficiente para se casar. No entanto, acabara conhecendo o bastante sobre o comprometimento dele com a família e com as próprias responsabilidades para ter certeza de que ele jamais escolheria voluntariamente alguém como ela para desposar. A menos que fosse uma questão de honra, para salvar a reputação arruinada dela. Mesmo que Pandora não quisesse ser salva.
Você não está preocupada com princípios. – Gabriel se aproximou e a encurralou gentilmente contra a coluna. O sussurro provocante da voz dele entrava no ouvido direito dela como uma espiral de fumaça. – Está com medo de fazer algo indecente comigo e gostar.
Pandora, você não está fazendo jus a sua reputação de gêmea malcomportada. Arrisque-se. Viva uma breve aventura comigo.
Aquela era a melhor sensação, a mais aconchegante que já sentira. Precisava daquilo. Só por uns minutos.
Quero falar sobre como você é linda. Como cheira a flores brancas, janelas abertas e chuva na primavera. Sobre como é macia e doce... tão doce...
O lugar mais seguro do mundo para você é nos meus braços.
Prometi que não tiraria suas possibilidades de escolha. E sempre vou manter as promessas que lhe fizer.
Nenhuma mulher jamais o beijara como ela fazia, extraindo sensações e um fogo brando, como se sugasse mel direto do favo.
Quer saber por que adoro jogos de tabuleiro? Porque as regras fazem sentido, e são as mesmas para todos. Os jogadores têm oportunidades iguais. – A vida não é assim. – Com certeza não para as mulheres – disse ela em um tom ácido.
Não sorria para mim – disse ela. – Estou furiosa com você. – Eu sei. Lamento. – Vai lamentar ainda mais quando eu vomitar toda a frente da sua camisa. – Vale o risco.
Naquele momento, Pandora se deu conta de que morreria se não o tivesse. Era possível que realmente morresse de tristeza. Estava se tornando uma nova pessoa com ele – os dois estavam se tornando algo juntos – e nada sairia da forma como ela esperara. Kathleen estava certa: nenhuma decisão que tomasse seria perfeita. Sempre perderia alguma coisa.
Não sei o que há de errado – murmurou. Phoebe balançou a cabeça e desarrumou os cabelos do irmão em um gesto carinhoso. – Não há nada errado, seu tonto. Você entrou na vida dela como um raio. Qualquer pessoa se sentiria um tanto chamuscada.
Você está chorando porque quer se casar comigo – disse ele. – É isso? – Não. – Um soluço escapou do peito de Pandora. – Estou chorando porque não quero não me casar com você.
Lady Pandora Ravenel, vou fazê-la tão feliz que não vai nem se importar em perder seu dinheiro, sua liberdade e toda a sua existência legal.

