Quo Vadis: narrativa histórica dos tempos de Nero (Portuguese Edition)

by Henryk Sienkiewicz

Dizendo isto, fez sinal ao médico e estendeu-lhe o braço. O hábil grego envolveu-o rapidamente num anel de ouro e abriu a artéria no pulso. O sangue jorrou sobre o coxim e inundou Eunice, que sustinha a cabeça de Petrónio. — Senhor — disse ela, inclinando-se para ele — pensavas que ia abandonar-te? Se os deuses me oferecessem a imortalidade, se César me desse o império, mesmo assim seguir-te-ia! Petrónio ergueu-se, sorriu-lhe e roçou-lhe os lábios. — Vem comigo — disse. E acrescentou: — Amaste-me verdadeiramente, minha divina!... Eunice estendeu ao médico o seu braço rosado. Um instante depois, o sangue de ambos casava-se e perdia-se um no outro.

Assim passou Nero, como passam a tempestade, o fogo, a guerra, a peste... E desde então, das colinas do Vaticano, reina sobre a cidade e o mundo a basílica de Pedro. Não longe da antiga porta Capena, ergue-se hoje uma capela minúscula onde pode ler-se, meio apagada, esta inscrição: «Quo vadis, Domine?»