Orlando: Uma biografia (Portuguese Edition)
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Read between February 9 - February 25, 2024
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dedo da morte ser posto, de tempos em tempos, sobre o tumulto da vida para evitar que ela nos esfacele? Seríamos feitos de tal forma que precisamos experimentar a morte em pequenas doses diárias para poder continuar exercendo o ofício de viver? E,
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depois, que estranhos poderes seriam esses que se infiltram nas nossas mais secretas passagens e alteram nossos mais preciosos bens sem que o desejemos? Exaurido pela enormidade de seu sofrimento, teria Orlando morrido por uma semana e voltado depois à vida? E, se esse é o caso, de que natureza é a morte e de que natureza é a vida? Tendo esperado por mais de meia hora por uma resposta a essas questões sem que nenhuma fosse dada, continuemos com a história.
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Pois embora esses não sejam assuntos sobre os quais um biógrafo possa proveitosamente se estender, fica bastante claro para aqueles que fizeram a parte do leitor, ao deduzir,
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de simples pistas deixadas aqui e ali, todo o limite e o contorno de uma pessoa viva; que podem ouvir, naquilo que apenas murmuramos, uma voz viva; que podem ver, quando, com frequência, nada dizemos a respeito, exatamente como ele é; que sabem, sem uma palavra para guiá-los, precisamente o que ele pensava (e é para leitores assim que escrevemos)... fica claro, pois, para um tal leitor, que Orlando era estranhamente composto de muitos humores – melancolia, indolência, paixão, gosto pela solidão, para não
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A natureza, que nos tem pregado tantas e estranhas peças, utilizando-se, para nos criar, de materiais tão desiguais quanto a argila e o diamante, o arco-íris e o granito, e com frequência acomodando, num mesmo receptáculo, os mais incongruentes, pois o poeta tem cara de açougueiro e o açougueiro, de poeta; a natureza, que se compraz com a mistificação e o mistério, de maneira que agora mesmo (1º de novembro de 1927) não sabemos por que subimos para o andar de cima,