A Hora da Estrela
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Read between June 7 - July 24, 2025
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Mas não é só isso: é um convite para escrever à mão.
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“O arquivo supõe o arquivista; uma mão que coleciona e classifica”[1], escreve Arlette Farge em O sabor do arquivo.
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“Transgredir, porém, os meus próprios limites me fascinou de repente. E foi quando pensei em escrever sobre a realidade, já que essa me ultrapassa”[11]
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“Se ainda escrevo é porque nada mais tenho a fazer no mundo enquanto espero a morte. A procura da palavra no escuro. O pequeno sucesso me invade e me põe no olho da rua.”[12]
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Num texto de 1927, Freud escreve sobre o humor dizendo que ele “não é resignado, mas rebelde”[25]; não importa quão desfavoráveis sejam as circunstâncias reais, o eu capaz de humor se rebela contra elas: “O eu se recusa a ser afligido pelas provocações da realidade, a permitir que seja compelido a sofrer. Insiste em que não pode ser afetado pelos traumas do mundo externo; demonstra, na verdade, que esses traumas para ele não passam de ocasiões para obter prazer.”[26]
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“A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A verdade é irreconhecível.”[29]
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há diversos modos de ler um livro, diversos modos de visualizá-lo no espaço em que se distribuem suas páginas e de organizá-lo na nossa cabeça – e certamente cada leitor tem o seu;
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“É. Parece que estou mudando de modo de escrever. Mas acontece que só escrevo o que quero – e preciso falar sobre a moça senão sufoco. Escrevo em traços ríspidos.”[42]
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Esse eu que é vós pois não aguento ser apenas mim, preciso dos outros para me manter de pé,
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Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma.
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O que me atrapalha a vida é escrever.
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Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.
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Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir.
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Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.
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Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.
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Tudo isso eu disse tão longamente por medo de ter prometido demais e dar apenas o simples e o pouco.
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Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era.
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Porque, por pior que fosse sua situação, não queria ser privada de si, ela queria ser ela mesma.
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saudade do que poderia ter sido e não foi.
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Em todo caso o futuro parecia vir a ser muito melhor. Pelo menos o futuro tinha a vantagem de não ser o presente, sempre há um melhor para o ruim.
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Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir, havia existências mais delicadas e até com um certo luxo de alma.
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ter futuro era luxo.
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O último dia é belo para quem o sabe viver, é um dos mais belos da vida.
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Pois é também a partir da morte e graças à morte que se descobre o esplendor da vida. É a partir da morte que se lembram dos tesouros que a vida contém, com todos os seus infortúnios viventes e todos os seus gozos.
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É também um mar de questões imensas e humildes que não demandam respostas: demandam a vida.
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Volta sem cessar a lembrança disso que sabemos em forma de clichê: que somos pó. Que somos átomos. E, se não esquecêssemos que somos átomos, viveríamos e amaríamos diferentemente. Mais humildemente, mais vastamente. Amando os “tu és” do mundo, igualmente. Sem projeto.
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O segredo é: lembrar-se a cada instante da graça que é ter.
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Nos textos de Clarice Lispector, encontram-se todas as lições de saber, mas de saber viver, não de saber-saber.
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Nós somos muito mais que o que nosso nome próprio nos autoriza a crer que somos.
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Sei que o romance se faria muito mais romance de concepção clássica se eu o tornasse mais atraente, com a descrição de algumas das coisas que emolduram uma vida, um romance, um personagem etc. Mas exatamente o que não quero é a moldura.
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“Uma pessoa leu meus contos e disse que aquilo não era literatura, era lixo. Concordo. Mas há hora para tudo. Há também a hora do lixo.
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Mas, de escrever o que escrevo, não me envergonho: sinto que, se eu me envergonhasse, estaria pecando por orgulho.” (Clarice Lispector, Para não esquecer, p. 30).
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“Tem gente que cose para fora, eu coso para dentro.”
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Assim como o murmúrio e a reza, o silêncio desloca o homem do esquecimento de si próprio e faz com que viva o “oco da alma”. O silêncio provoca a angústia de se descobrir como simples estar-no-mundo, entregue a si mesmo, desamparado da firmeza que o senso comum lhe oferece. O silêncio constitui a manifestação extremada da linguagem esvaziada, mas que emite novas significações.
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o desafio é dizer sim com Clarice Lispector, para continuarmos inventando o mundo.
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Mais do que um minuto de silêncio, ela merece a vida.