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July 6 - July 28, 2024
há algo profundamente errado com o modo como entendemos o sucesso.
O lugar e a época em que crescemos fazem diferença. A cultura a que pertencemos e os legados transmitidos por nossos ancestrais moldam os padrões de nossas realizações de formas inimagináveis. Em outras palavras, não basta querer saber como são as pessoas de sucesso. Somente perguntando de onde elas são poderemos deslindar a lógica por trás de quem é ou não bem-sucedido.
O sucesso é o resultado do que os sociólogos denominam “vantagem cumulativa”.
no princípio, ele não era fora de série – apenas começou um pouquinho melhor do que os demais.
O sucesso é uma combinação de talento e preparação. O problema com essa forma de pensar é que, quanto mais a fundo os psicólogos analisam as carreiras dos talentosos, menor parece o papel desempenhado pelo talento e maior se mostra a importância da preparação.
Essa pesquisa indicou que, quando uma pessoa tem capacidade suficiente para ingressar numa escola de música de alto nível, o que a distingue dos demais estudantes é seu grau de esforço.
quem está no alto não apenas se dedica mais do que os outros – dedica-se muito mais.
Dez mil horas equivalem a cerca de três horas por dia, ou 20 horas por semana, de treinamento durante 10 anos.
A prática não é aquilo que uma pessoa faz quando se torna boa em algo, mas aquilo que ela faz para se tornar boa em algo.
Essas são histórias de pessoas que receberam uma oportunidade especial de trabalhar muito e a agarraram e que, por acaso, estavam entrando na maioridade numa época em que aquele esforço extraordinário era recompensado pela sociedade.
“Nada num indivíduo é tão importante quanto o QI, exceto talvez a ética”,
muitas pesquisas tentaram descobrir de que maneira o desempenho num teste de QI como o de Raven se transforma em sucesso na vida real.
Em geral, quanto maior a pontuação alcançada, mais tempo a pessoa estudará, mais dinheiro tenderá a ganhar e – acredite se quiser – mais tempo viverá.
Depois que alguém alcança um QI em torno de 120, quaisquer pontos adicionais não parecem se converter em vantagem mensurável no mundo real.
Ser um advogado de sucesso não requer apenas QI. É preciso também ter o tipo de mente fértil de Poole, trabalhar com afinco como Bill Joy e ser ambicioso como um vencedor do Prêmio Nobel.
“Vimos, com uma ponta de decepção, que intelecto e realização estão longe da correlação perfeita”,
inteligência prática inclui elementos como “saber o que dizer e para quem, saber quando dizê-lo e saber como dizê-lo para obter o máximo de efeito”.
É uma questão prática: é saber como fazer algo, sem necessariamente saber por que se sabe aquilo nem ser capaz de explicar isso. É de natureza pragmática, ou seja, não se trata do conhecimento pelo conhecimento.
O QI é um indicador, em grande medida, de habilidade inata.12 Mas a destreza social é construída por conhecimento. É um conjunto de capacidades que precisam ser aprendidas.
As pessoas não se tornam bem-sucedidas sem ajuda. A sua origem importa. Elas são produtos de lugares e ambientes específicos.
não é quanto ganhamos que nos deixa satisfeitos, e sim o fato de estarmos realizando uma atividade a que atribuímos importância.
O trabalho árduo só representa uma sentença de prisão quando não é significativo.
se você trabalhar com esforço, fizer valer os seus direitos e usar sua mente e imaginação, poderá moldar o mundo aos seus desejos.
Não foi necessariamente o mais inteligente da turma, bastou que fosse inteligente o suficiente.
acidente típico envolve sete erros humanos consecutivos.
“discurso mitigado”, isto é, uma tentativa de modificar ou abrandar o sentido do que está sendo dito.
Essa diferença proporciona às crianças asiáticas duas vantagens. A primeira é que aprendem a contar com muito mais rapidez. As crianças chinesas de quatro anos sabem contar, em média, até 40, enquanto as americanas nessa idade contam apenas até 15 e só chegam ao 40 aos cinco anos.
Ou seja, as crianças americanas de cinco anos já estão um ano atrás das asiáticas na habilidade matemática mais elementar.
A regularidade de seu sistema numérico também permite às crianças asiáticas realizar funções básicas, com...
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Peça a uma criança ocidental de sete anos que some, de cabeça, trinta e sete mais vinte e dois. Ela terá que converter as palavras em números (37 + 22), para depois cuidar da matemática: 2 + 7 = 9 e 30 + 20 = a 50, o que perfaz 59. Peça a uma criança asiática que some três-dez-sete e dois-dez-dois. A equação...
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No caso das frações, dizemos três quintos. Em chinês, é, literalmente, ‘de cinco partes, pegue três’. Isso é definir uma fração de modo conceitual. É distinguir o denominador do numerador.”
Depois de vermos os efeitos surpreendentes de questões como a distância do poder e os números que podem ser pronunciados em menos de um quarto de segundo, não podemos deixar de nos perguntar quantas outras heranças culturais interferem nas tarefas intelectuais da atualidade.
Às vezes pensamos que ser bom em matemática é uma capacidade inata. A pessoa a tem ou não. Para Schoenfeld, porém, mais do que uma capacidade, trata-se de uma atitude. Domina a matemática quem se dispõe a tentar.
Conseguiríamos identificar quais países são melhores em matemática apenas examinando quais culturas nacionais dão mais ênfase ao esforço e ao trabalho duro.
Assim, que países lideram as duas listas? A resposta não irá surpreendê-lo: Cingapura, Coreia do Sul, China (Taiwan), Hong Kong e Japão. O que eles têm em comum, é claro, é o fato de serem culturas moldadas pela tradição da rizicultura irrigada e do trabalho significativo.
Os vitoriosos são aqueles que receberam oportunidades – e que tiveram força e presença de espírito para agarrá-las.
Marita necessita apenas de uma chance, porque as pessoas em seu mundo raramente obtêm até mesmo uma única oportunidade de sucesso na vida. E veja a que lhe foi dada: alguém levou um pouquinho dos arrozais para South Bronx e explicou a ela o milagre do trabalho significativo.
Eles são produtos da história, da comunidade, das oportunidades e dos legados. Seu sucesso não é excepcional nem misterioso. Baseia-se numa rede de vantagens e heranças, algumas merecidas; outras, não; algumas conquistadas, outras obtidas por pura sorte – todas, porém, cruciais para torná-los o que são. O outlier, no fim das contas, não está tão à margem assim.

