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Por que damos ouvidos a fofocas? Porque é muito mais fácil, além de ser muito mais prazeroso, identificar e classificar os erros dos outros do que reconhecer nossos próprios erros.
As pessoas tendem a estimar a importância relativa das questões pela facilidade com que são puxadas da memória — e isso é amplamente determinado pela extensão da cobertura na mídia.
Isso é a essência das heurísticas intuitivas: quando confrontados com uma questão difícil, muitas vezes respondemos a uma mais fácil em lugar dela, normalmente sem perceber a substituição.11
A expressão tantas vezes utilizada em inglês, pay attention,6 cabe bem aqui: você dispõe de um orçamento de atenção limitado para alocar às suas atividades e, se tenta ir além desse orçamento, fracassa.
Uma das descobertas significativas dos psicólogos cognitivos em décadas recentes é que passar de uma tarefa a outra8 é trabalhoso, sobretudo sob a pressão do tempo13.
O Sistema 1 exerce maior influência no comportamento quando o Sistema 2 está ocupado,
Preocupação demasiada sobre estar executando bem uma tarefa às vezes atrapalha o desempenho ao carregar a memória de curto prazo com pensamentos ansiosos desnecessários4.
A evidência é persuasiva: atividades que impõem altas exigências ao Sistema 2 requerem autocontrole, e a aplicação de autocontrole é exaustiva e desagradável.
Inteligência não é apenas a capacidade de raciocinar; é também a capacidade de encontrar material relevante na memória e mobilizar a atenção quando necessária.
Ele traça uma acentuada distinção entre as duas partes do Sistema 2 — de fato, a distinção é tão acentuada que ele as chama de “mentes” separadas. Uma dessas mentes (ele a chama de algorítmica) lida com pensamento lento e cálculos exigentes. Algumas pessoas são melhores do que outras nessas tarefas de capacidade cerebral — são os indivíduos que se destacam em testes de inteligência e são capazes de passar de uma tarefa para outra de modo rápido e eficiente. Entretanto, Stanovich argumenta que inteligência elevada não torna as pessoas imunes a vieses. Há outra capacidade envolvida, que ele
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Como cientistas cognitivos têm enfatizado em anos recentes, a cognição é corporificada; você pensa com seu corpo3, não apenas com seu cérebro.
Um jeito confiável de fazer as pessoas acreditarem em falsidades é a repetição frequente, pois a familiaridade não é facilmente distinguível da verdade.
A tensão cognitiva, seja qual for sua origem, mobiliza o Sistema 2, que tem maior probabilidade de rejeitar a resposta intuitiva sugerida pelo Sistema 1.
O humor evidentemente afeta a operação do Sistema 1: quando estamos desconfortáveis e infelizes, perdemos o contato com nossa intuição.
“Familiaridade engendra apreço. Esse é um efeito de mera exposição.”
Contrariamente às regras dos filósofos da ciência, que aconselham testar hipóteses tentando refutá-las,
Quando a informação é escassa, o que é uma ocorrência comum, o Sistema 1 opera como uma máquina tirando conclusões precipitadas.
A combinação de um Sistema 1 que busca coerência com um Sistema 2 preguiçoso significa que o Sistema 2 vai endossar muitas crenças intuitivas, as quais refletem intimamente as impressões geradas pelo Sistema
a consistência da informação que importa para uma boa história, não sua completude.
Bom humor e conforto cognitivo são os equivalentes humanos das avaliações de segurança e familiaridade.
Todorov em seguida comparou os resultados das disputas eleitorais com as classificações de competência que os alunos de Princeton haviam feito, baseadas em uma breve exposição de fotografias e fora de qualquer contexto político. Em cerca de 70% das eleições para senador, congressista e governador, o vencedor foi o candidato cujo rosto recebera uma classificação maior de competência. O resultado surpreendente foi rapidamente confirmado em eleições nacionais na Finlândia, eleições regionais na Inglaterra e diversas disputas eleitorais na Austrália, na Alemanha e no México4.
A definição técnica de heurística é um procedimento simples que ajuda a encontrar respostas adequadas, ainda que geralmente imperfeitas, para perguntas difíceis. A palavra vem da mesma raiz que heureca.
“Ainda nos lembramos da pergunta a que está tentando responder? Ou será que a substituímos por uma mais fácil?”
resultados extremos (tanto altos como baixos) têm maior probabilidade de serem encontrados em amostras pequenas do que nas grandes.
“Para o olho não treinado”, observa Feller, “a aleatoriedade se apresenta como regularidade ou tendência de agrupamento”.
A mão quente está inteiramente nos olhos de quem vê, que é invariavelmente muito rápido em perceber ordem e causalidade no aleatório. A mão quente é uma ilusão cognitiva maciça e popular.
“A amostra de observações é pequena demais para se fazer qualquer inferência. Não vamos seguir a lei dos pequenos números.”
A moral principal da pesquisa de priming é que nossos pensamentos e nosso comportamento são influenciados, muito mais do que sabemos ou queremos, pelo ambiente do momento.
Definimos a heurística de disponibilidade como o processo de julgar a frequência segundo a “facilidade com que as ocorrências vêm à mente”
são menos confiantes em uma escolha quando lhes é pedido para apresentarem mais argumentos para defendê-la
A mídia não só molda o interesse do público, mas também é por ele moldada.
Embora seja comum, a previsão por representatividade não é estatisticamente o ideal. O best-seller de Michael Lewis, Moneyball, é uma história sobre a ineficácia desse modo de predição.
Julgar a probabilidade com base na representatividade tem importantes virtudes: as impressões intuitivas que isso produz são frequentemente — na verdade, normalmente — mais precisas do que conjecturas fortuitas seriam.
As chaves essenciais do raciocínio bayesiano disciplinado podem ser resumidas de forma simples: • Ancore seu julgamento da probabilidade de um resultado numa taxa-base plausível. • Questione a diagnosticidade de sua evidência.
A substituição acrítica de probabilidade por plausibilidade apresenta efeitos perniciosos nos julgamentos quando os cenários são usados como ferramentas para fazer previsões.
“Adicionaram um brinde vagabundo a um produto caro e tornaram o negócio todo menos atraente. Menos é mais nesse caso.”
O exemplo do táxi ilustra dois tipos de taxas-base. Taxas-base estatísticas são fatos sobre uma população à qual um caso pertence, mas não são relevantes para o caso individual. Taxas-base causais mudam sua opinião de como o caso individual veio a ocorrer.
A relutância dos participantes em deduzir o particular do geral só se comparava à sua predisposição a inferir o geral do particular.
Eis aqui as instruções para o modo como chegamos lá em quatro passos simples: 1. Comece com uma estimativa para a GPA média. 2. Determine a GPA que se equipara com sua impressão da evidência. 3. Calcule a correlação entre sua evidência e a GPA. 4. Se a correlação é 0,30, desloque 30% da distância da média para a GPA correspondente. O primeiro passo lhe fornece a linha de base, a GPA que você teria previsto se não lhe contassem nada sobre Julie além do fato de que ela é aluna do último ano da graduação. Na ausência de informação, você teria previsto a média. (Isso é similar a designar a
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resultados extremos têm muito maior probabilidade de serem observados em amostras pequenas. Há mais sorte nos resultados de pequenas amostras,
Há mais sorte nos resultados de pequenas amostras,
Líderes que tiveram sorte nunca são punidos por terem assumido risco demasiado. Pelo contrário, passam a ser vistos como alguém com talento e visão para prever o sucesso, e gente sensata que duvidou deles é vista retrospectivamente como medíocre, tímida e fraca. Alguns poucos golpes de sorte podem coroar um líder inconsequente com um halo de presciência e coragem.
Isso era estranho: o que fazia uma pessoa comprar e a outra vender? O que os vendedores achavam que sabiam que os compradores não sabiam?
Investidores individuais previsivelmente afluem para empresas que chamam sua atenção porque estão no noticiário. Investidores profissionais são mais seletivos em reagir às notícias4. Essas descobertas fornecem alguma justificativa para o apelido de “smart money” (dinheiro inteligente) que os profissionais das finanças aplicam a si mesmos.
“A situação forneceu um indício; esse indício deu ao especialista acesso à informação armazenada em sua memória, e a informação fornece a resposta. A intuição não é nada mais, nada menos que reconhecimento.
A oportunidade para que profissionais desenvolvam perícia intuitiva depende essencialmente da qualidade e velocidade do feedback, bem como de oportunidade suficiente para praticar.
Em um ambiente menos regular, ou de baixa validade, as heurísticas do julgamento são invocadas. O Sistema 1 é com frequência capaz de produzir respostas rápidas para perguntas difíceis por substituição, criando coerência onde não há nenhuma.
A consequência da negligência com a competição é a entrada excessiva: mais competidores ingressam no mercado do que o mercado é capaz de sustentar lucrativamente, de modo que o resultado médio deles é prejuízo15.
O procedimento é simples: quando a organização está quase chegando a uma importante decisão, mas não se comprometeu formalmente, Klein propõe juntar para uma breve reunião um grupo de indivíduos que estejam informados sobre ela. A premissa da reunião é um curto comunicado: “Imaginem que estamos um ano no futuro. Implementamos o plano tal como existe hoje. O resultado foi um desastre. Queiram por favor reservar de cinco a dez minutos para escrever um breve histórico desse desastre.” A ideia de Gary Klein para o pré-mortem normalmente evoca entusiasmo imediato.
Eyal Zamir apresenta o argumento provocativo de que a distinção traçada no direito entre restituição de perdas e compensação por ganhos perdidos pode ser justificada por seus efeitos assimétricos

