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Quintana de Bolso - Rua dos Cataventos & Outros Poemas

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Sua estreia na poesia data de 1940, com a publicação de "A rua dos cataventos". O livro obtém ótima repercussão e seus poemas logo passam a figurar em manuais escolares e antologias. Trata-se de um livro de sonetos, onde a cadência prosaica, cheia de informalidade e de índices afetivos, programaticamente ressaltados pelo poeta, são moldados pela métrica, pelo ritmo e pelas rimas, produzindo um contraste inusitado entre forma e fundo, entre a matéria (movente) e o tratamento artístico (fixo) que Quintana lhe dedica.

Informações retiradas da edição impressa no verão de 2006:

Coleção L&PM Pocket, volume 71

Este livro foi editado originalmente com o título de Antologia Poética. Em 2004 o título foi modificado para Quintana de bolso, sem nenhuma modificação no seu conteúdo.

Primeira edição na Coleção L&PM Pocket: agosto de 1977

Os poemas incluídos nesta Antologia foram selecionados de vários livros, todos editados pela Editora Globo.

168 pages, Mass Market Paperback

First published January 1, 1997

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About the author

Mario Quintana

119 books123 followers
I was born in Alegrete, on the 30th of July 1906. I believe that was the first thing that happened to me. And now they have asked me to speak of myself. Well! I always thought that every confession that wasn’t altered by art is indecent. My life is in my poems, my poems are myself, never have I written a comma that wasn’t a confession. Ah! but what they want are details, rawness, gossip...Here we go! I am 78 years old, but without age. Of ages, there are only two: either you are alive or dead. In the latter case, it is too old, because what was promised to us was eternity. I was born in the rigor of the winter, temperature: 1 degree °C; and still I was premature, which would leave me kind of complexed because I used to think I wasn’t ready. One day I discovered that someone as complete as Winston Churchill was born premature - the same thing happened to Sir Issac Newton! Excusez du peu... I prefer to cite the opinion of others about me. They say I am modest. On the contrary, I am so proud that I think I never reached the height of my writing. Because poetry is insatisfaction, an affliction of self-elevation. A satisfied poet doesn’t satisfy. They say I am timid. Nothing of the sort! I am very quiet, introspective. I don’t know why they subject the introverts to treatment. Only for not being as annoying at the rest?

It is exactly for detesting annoyingness, the lengthiness, that I love synthesis. Another element of poetry is the search for the form (not of the form), the dosage of words. Perhaps what contributes to my safety is the fact that I have been a practitioner of pharmacy for five years. Note that the same happened with Carlos Drummond de Andrade, Alberto de Oliveira, Erico Verissimo - they well know (or knew) what a loving fight with words means.

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Profile Image for Veridiana Ferreira.
64 reviews26 followers
January 7, 2018
"...
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão."

Isso é justamente o que me encanta em Quintana: a forma como ele trata de grandes temas e sentimentos com as mais simples palavras. Vou voltar a muitos desses poemas!
Profile Image for Marcelo Bahia.
86 reviews63 followers
December 18, 2014
Mário Quintana já falava do viés de confirmação muito antes de os cientistas cognitivos abraçarem o mundo:

"DOS SISTEMAS
Já trazes, ao nascer, tua filosofia.
As razões? Essas vêm posteriormente,
Tal como escolhes, na chapelaria,
A fôrma que mais te assente..."

Quintana de Bolso é uma compilação abrangendo poesias selecionadas das principais obras de Mário Quintana. Este é um ótimo ponto de partida para quem nunca teve contato com um livro do autor e finalmente decidiu conhecê-lo melhor. Por ser uma coletânea de diversas obras, ainda há a vantagem de auxiliar o leitor a escolher o seu próximo livro de acordo com o que mais lhe apetecer.

Dizer que os textos de Quintana são capazes de hamornizar com perfeição o erudito com o cotidiano já se tornou lugar-comum. Para que tentar descrever sua poesia, se ele mesmo já o fez de forma notável?

"DEDICATÓRIA
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão...
E de súbito descobre que a única novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policial - social - política.
E os jornais sempre proclamam que "a situação é crítica"!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão."
5 reviews
April 4, 2008
A poesia de Quintana é tão próxima. Ela é doce, aconchegante, simples e sublime.
Profile Image for bia.
63 reviews3 followers
February 10, 2022
quintana é leve, mas denso... como uma lágrima.
Profile Image for maria vitória .
69 reviews17 followers
June 23, 2020
IX

É a mesma ruazinha sossegada,
Com as velhas rondas e as canções de outrora...
E os meus lindos pregões da madrugada
Passam cantando ruazinha em fora!

Mas parece que a luz está cansada...
E, não sei como, tudo tem, agora,
Essa tonalidade amarelada
Dos cartazes que o tempo descolora...

Sim, desses cartazes ante os quais
Nós às vezes paramos, indecisos...
Mas para quê?... Se não adiantam mais!...

Pobres cartazes por aí afora
Que inda anunciam: - ALEGRIA - RISOS
Depois do circo já ter ido embora!...

XVII

Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...

...
Profile Image for spepp.
56 reviews7 followers
Read
June 10, 2023
Lido pela coletânea Quintanares.
Favoritos : III, XIII, XX, XXVII, XXIX, XXXV

O cara era realmente tão bom que chega a ser injusto, quase chorei no último poema.
Profile Image for Luisa.
9 reviews2 followers
June 12, 2017
Eu desisti do livro depois desse poema:

DA AMIZADE ENTRE MULHERES
Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...

Alguém tem um livro de poesia feminista pra me indicar?
Profile Image for Harvey Hênio.
626 reviews2 followers
October 25, 2024
O gaúcho Mario Quintana (1906/1994) foi tradutor, escritor e poeta. Era conhecido como o poeta das “coisas simples” mas essa simplicidade era apenas aparente sendo seu estilo eivado de malícia, ironia, profundidade e, de acordo com especialistas, marcado por perfeição técnica.
Teve grande atuação como jornalista por toda a sua vida profissional. Como poeta produziu obras primas como “A rua dos cataventos” (1940), “O aprendiz de feiticeiro” (1950) e “Espelho mágico” (1951) e traduziu mais cento e trinta obras da literatura mundial entre elas os clássicos “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust e “Mrs. Dalloway” de Virginia Woolf
Este pequeno livro, parte integrante da bela coleção chamada “L&PM POCKET é uma bela oportunidade de conhecer a obra poética desse grande mestre da poesia.
Confesso preferir a literatura em prosa à poesia mas, de tempos em tempos, faço questão de conferir os clássicos como uma forma de me aproximar um pouco do gênero.
A qualidade da poesia presente nesse pequeno e objetivo livro chama a atenção e nos cativa de cara. Vale a pena reproduzir alguns exemplos do impecável e brilhante trabalho do mestre Mario Quintana presentes nessa obra.

Esses inquietos ventos

Esses inquietos ventos andarilhos
Passam e dizem: “Vamos caminhar.
Nós conhecemos misteriosos trilhos,
Bosques antigos onde é bom cismar…

E há tantas virgens a sonhar idílios!
E tu não vieste, sob a paz lunar,
Beijar os seus entrefechados cílios
E as dolorosas bocas a ofegar…”

Os ventos vêm e batem-me à janela:
“A tua vida, que fizeste dela?”
E chega a morte: “Anda! Vem dormir…

Faz tanto frio… E é tão macia a cama…”
Mas toda a longa noite inda hei de ouvir
A inquieta voz dos ventos que me chama!

O umbigo

O teu querido umbiguinho,
Doce ninho do meu beijo
Capital do meu Desejo,
Em suas dobras misteriosas,

Ouço a voz da natureza
Num eco doce e profundo,
Não só o centro de um corpo,
Também o centro do mundo!


Soneto póstumo

– Boa Tarde… – Boa Tarde! – E a doce amiga
E eu de novo, lado a lado vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos…

E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia… nem sei como a diga…
Que fomos outros que nos encontramos!

Não há remédio: é separar-nos pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
-Até breve! – Até breve! – E, com espanto

Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que a tanto já morreram…
E que, um dia se quiseram tanto!




Espelho mágico (livro publicado em 1951 em que o mestre tece “pérolas de sabedoria”.

DAS BELAS FRASES
Frases felizes... Frases encantadas...
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas...
Como há pacóvios bem vestidos.

DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que triste os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Das Ilusões
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida…
Que extraordinária sensação de alívio!

Dos Nossos Males
A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais…

Da Eterna Procura
Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada…
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.

Do Pranto
Não tente consolar o desgraçado
Que chora amargamente a sorte má.
Se o tirares por fim do seu estado,
Que outra consolação lhe restará?

Da amizade entre mulheres
Dizem-se amigas… Beijam-se… Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
for muito velha, ou muito feia…

Da Felicidade
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!

Do Amoroso Esquecimento
Eu, agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Da discrição
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo de teu amigo
Possui amigos também…

Da Preguiça
Suave preguiça, que do mau-querer
E de tolices mil ao abrigo nos pões…
Por causa tua, quantas más ações
Deixei de cometer!

Do ovo de Colombo
Nos acontecimentos, sim, é que há destino:
Nos homens, não – Espuma de um segundo…
Se Colombo morresse em pequenino,
O Neves descobria o novo mundo!

Da calúnia
Sorri com tranquilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade…

De como perdoar aos inimigos
Perdoas… És cristão…Bem o compreendo…
E é mais cômodo, em suma.
Não desculpes, porém, coisa nenhuma,
Que eles bem sabem o que estão fazendo…

Excelente! Para ler e reler!
Profile Image for Matheus Cunha.
28 reviews
March 24, 2025
simplicidade que rebusque o efeito de sentir na projeção espectral dos sentidos e das experiências na forma de poesia. o lugar em que vivemos pode nos segredar a vida abrigada, de um pertencimento desconhecido, repleto pelo silêncio, a solidão dos detalhes. nesse não-lugar presente, a morte como lugar para repouso, uma “serena beleza com algo de eternidade” permite “Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema”. o transe imersivo entre profundidade e fluidez impulsiona o espírito para a criação emotiva que dá autoria para os sentimentos que despertam o poema e nos deixa a indagar que razão se encontra para o forte de se sentir, diante essa tanta existência no tempo.
Author 12 books2 followers
October 27, 2019
“Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!”

[Mario Quintana de Bolso, Das ilusões], de Mario Quintana (1906-1994)

Pena que às vezes levamos décadas para aprender que ilusões perdidas foram feitas para aliviar nosso fardo e não para nos sobrecarregar com sofrimentos desnecessários.
Profile Image for Leonardo Romano.
121 reviews
December 31, 2022
Poemas vem, vão;
Significam?
Se estabelecem?
Margeiam a vida e dela se nutrem,
mas nunca a substituem.
Esse rio verdadeiro que segue constante e olha pras margens
E vê nos poemas uma realidade,
Falsa porém.
Verdadeira, só a água.
Profile Image for Monica.
110 reviews
July 23, 2018
Tem vários poemas que são lindos demais, recomendo ler com o coração aberto e assas para que o senhor Mario te leve a voar.
Profile Image for Vianney.
149 reviews
March 7, 2022
Eu amo a percepção que ele tem da morte, das almas e do tempo! Vários poemas favoritos nessa antologia💓
Profile Image for Victor.
25 reviews14 followers
Read
July 1, 2020
Relendo esse tesouro da nossa poesia!

Quintana é único na literatura brasileira, o que fica evidente desde este que foi seu primeiro livro. Em 35 sonetos, com o rigor formal que futuramente abandonaria, o poeta trata com seu estilo singular de temas cotidianos. A fórmula que segue é simples e magistral: tendo como ponto de partida pequenos retratos ou relatos corriqueiros, Quintana desenha, por meio de uma ótica que destila o fantástico do trivial e de ricas construções visuais, poemas dotados de melancolia, sutileza, ironia e beleza. Alheio ao mundo "tradicional", em que não se encaixa jamais, o poeta direciona seu foco àqueles com que se identifica: "os loucos, os mortos e as crianças". Acima de tudo, Quintana reclama uma contemplação onírica e infantil, no melhor sentido da palavra, do mundo que nos cerca.

Genial resume.
Profile Image for Lilian.
77 reviews
November 29, 2016
“Minha morte nasceu quando eu nasci.
Despertou, balbuciou, cresceu comigo…
E dançamos de roda ao luar amigo
Na pequenina rua em que vivi.

Já não tem mais aquele jeito antigo
De rir e que, ai de mim, também perdi!
Mas inda agora a estou sentindo aqui,
Grave e boa, a escutar o que lhe digo:

Tu que és a minha doce Prometida,
Nem sei quando serão as nossas bodas,
Se hoje mesmo… ou no fim de longa vida…

E as horas lá se vão, loucas ou tristes…
Mas é tão bom, em meio às horas todas,
Pensar em ti… saber que tu existes!”
Profile Image for Camila.
23 reviews
January 4, 2022
Adoro sonetos, principalmente aqueles que trazem uma pitada de melancolia (se não de tragédia). Por isso, gostei especialmente dos sonetos que tratam da dualidade entre morte e vida, ou do sentir-se impelido ao movimento. Além disso, para um primeiro livro de poesia, Mário Quintana caprichou na construção das imagens. Gosto disso, poesia imagética e sentimental, mais do que abstrata.
Displaying 1 - 22 of 22 reviews

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