Chief Inspector Henrique Monroe of the Lisbon Police Department is not your usual cop. Eccentric, elliptical – and stunningly observant – his peculiar behavior at crime scenes is legendary. But his colleagues put up with it because, in the end, Monroe's the best of the best. But he has a double-sided secret. And when he's called to investigate the brutal slaying of well-connected Portuguese businessman Pedro Coutinho, it's not just the murder case that will unravel – but his own identity, too. As Monroe's investigations lead him deep into a torrid world of shady political corruption and sexual violence, the details of the case trigger memories from his childhood in rural Colorado – memories he has travelled far, and worked hard, to hide. His behavior becomes even more upsetting and inappropriate than usual, and even his family – his wife, his brother and his two young boys – start to fear for the man they thought they knew. (less)
Richard Zimler was born in Roslyn Heights, New York, in 1956. He has a bachelor's degree from Duke University (1977) and a master's degree in journalism from Stanford. In 1990, he moved to Porto, Portugal, where he taught journalism for sixteen years at the university level. In 2017, the city of Porto awarded Zimler its highest distinction, the Medal of Honor. At the ceremony, Porto's mayor described the novelist as "A citizen of Porto who was born far away, who makes the city greater and grander... Zimler projects Porto out into the world and brings the rest of the world to us."
Richard has published twelve novels over the last 22 years, and his works have been translated into 23 languages. His most recent novel is THE INCANDESCENT THREADS, which was a finalist for the National Jewish Book Awards in the USA. In chronological order, his novels are: The Last Kabbalist of Lisbon, Unholy Ghosts, The Angelic Darkness, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams, Teresa Island (only in Portugal and Brazil), The Night Watchman, The Gospel According to Lazarus (The Lost Gospel of Lazarus in paperback) and The Incandescent Threads. His novels have appeared on bestseller lists in 12 different countries. Five of his books have been nominated for the prestigious International Dublin Literary Award: Hunting Midnight, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams and The Night Watchman.
Richard has also published six children's books in Portugal. He writes his children's books in Portuguese and his novels in English.
The Last Kabbalist of Lisbon, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Seventh Gate and The Incandescent Threads form the "Sephardic Cycle," a group of inter-connected - but fully independent - novels about different branches and generations of a Portuguese Jewish family. You do not need to read them in any order. Each book stands on its own. You can read the first chapters of all his books at his website: www.zimler.com
Richard's latest novel, The Incandescent Threads, is published by Parthian Books. It was a Number 1 Bestseller and Book of the Year in Portugal. It was also chosen as one of the Books of 2022 by the Sunday Times and Jewish Chronicle. Here is a brief synopsis:
From the acclaimed author of The Last Kabbalist of Lisbon and The Warsaw Anagrams comes an unforgettable, deeply moving ode to solidarity, heroism and the kind of love capable of overcoming humanity’s greatest horror.
Maybe none of us is ever aware of our true significance....
Benjamin Zarco and his cousin Shelly are the only two members of their family to survive the Holocaust. In the decades since, each man has learned, in his own unique way, to carry the burden of having outlived all the others, while ever wondering why he was spared.
Saved by a kindly piano teacher who hid him as a child, Benni suppresses the past entirely and becomes obsessed with studying kabbalah in search of the ‘Incandescent Threads’ – nearly invisible fibres that he believes link everything in the universe across space and time. But his mystical beliefs are tested when the birth of his son brings the ghosts of the past to his doorstep.
Meanwhile, Shelly – devastatingly handsome, charming and exuberantly bisexual – comes to believe that pleasures of the flesh are his only escape, and takes every opportunity to indulge his desires. That is, until he begins a relationship with a profoundly traumatised Canadian soldier and artist who helped to liberate Bergen-Belsen – and might just be connected to one of the cousins’ departed kin.
Across six non-linear mosaic pieces, we move from a Poland decimated by World War II to modern-day New York and Boston, hearing friends and relatives of Benni and Shelly tell of the deep influence of the beloved cousins on their lives. For within these intimate testimonies may lie the key to why they were saved and the unique bond that unites the
Foram várias as surpresas: passa-se em Portugal, mais concretamente em várias zonas de Lisboa, é um policial (apesar de ser muito mais do que isso) e prendeu-me logo desde o início.
Henrique Monroe, inspector chefe da polícia judiciária, é chamado para investigar o homicídio de Pedro Coutinho, a um luxuoso apartamento em Lisboa. É a partir deste assassinato na alta sociedade, que é muito mais que aquilo que parece, que tudo se desenrola.
Ao mesmo tempo a personagem principal, Henrique, tem a sua própria vida pessoal e os seus próprios medos e marcas que irão ser abalados à medida que o caso vai sendo investigado.
Muito mais que um policial, é um policial psicológico com muitos temas relevantes à mistura como assédio sexual, corrupção e política.
As personagens são todas muito complexas e vão crescendo e evoluindo ao longo do livro. A melhor parte para mim.
Muito sobre a vida, sobre vidas difíceis, onde desistir não deve ser uma hipótese, sobre segundas oportunidades, sobre emoções, sobre como esconder quem somos verdadeiramente, sobre sobreviver, sobre o medo de viver, sobre marcas do passado que ficam para sempre, sobre confianca, aceitação, perdão. Mas também sobre saúde mental 💔 e sobre o conflito amor-ódio.
"Talvez as nossas segundas oportunidades sejam os únicos fantasmas que alguma vez nos aparecem."
De vez em quando tenho necessidade de ler um policial. Talvez seja uma forma de exorcizar os meus demónios, ao sofrer com histórias onde seres traumatizados e desequilibrados, consumidos por desejos e inquietações, são incapazes de controlar o seu lado negro. No entanto, ultimamente desencantei-me por este género literário devido às overdoses, de personagens sem alma e enredos monótonos, às quais sucumbi de tédio e decepção, lendo alguns daqueles policiais saídos das linhas de montagem de “fábricas” do norte da Europa e América. E eis que, neste desalento “criminal” em que vivo, surge um policial escrito por Richard Zimler. De quem gosto como escritor e que admiro como pessoa pela coragem de, naturalmente, expor uma parte da sua vida privada a qual, numa sociedade prisioneira de tradições e falsos conceitos de normalidade e moralidade, continua a ser objecto de desdém. "...se há coisa que aprendi na vida é que temos de aproveitar o amor, venha ele de onde vier, e na forma que escolher assumir." Neste contexto, é óbvio que A Sentinela foi uma prioridade nas minhas leituras, iniciando-o logo que me entrou em casa…
Desde a primeira página, fui enleada num crescendo de emoção e entusiasmo, pela qualidade da escrita, pela riqueza de caracterização de personagens, pela angustia gerada com os temas abordados. O tema central é dolorosamente perturbador: as perversidades e violência, por acção ou omissão, de que são vítimas as crianças, por parte daqueles de que esperam protecção e afecto. Até esta leitura, sempre me aborreceram as personagens, de livros ou filmes, que se dividiam em múltiplas personalidades, porque me pareciam uma fantasia mal concebida. No entanto, com Henrique e Gabriel, porque os vi “nascer”, senti que era possível e a única forma de sobreviver quando o sofrimento torna a vida intolerável. Pelas páginas deste romance passam as várias formas que o ser humano tem de escapar à dor, seja evadindo-se para outro ser, seja criando uma dor física que atenue a da alma. A acção decorre em Portugal, o que contribuiu para uma maior empatia e entrega à leitura; pela referência geográfica que despertam memórias de lugares e vivências; pelo contexto social e político onde a corrupção e a impunidade é soberana. "Portugal...é o país onde as regras não passam de sugestões!"
Este é um livro difícil de ler, porque nos confronta com os piores horrores que um ser humano pode cometer contra outro, no entanto, transmite-nos uma mensagem de esperança ao recordar-nos que com amor tudo pode ser ultrapassado.
"A Sentinela" é um livro que gira, aparentemente, à volta de um crime, mas que vai muito para além de um policial comum. Retrata o modo como as marcas de uma infância infeliz e sofrida se refletem em adulto, como é o caso do nosso protagonista, e dos vários escapes para se lidar com tal. Além disso, a atenção do leitor vai-se centrar noutros crimes para lá do inicial, realidades essas bem mais preocupantes. No fundo, este livro é isso: um retrato cruel e duro da sociedade dos nossos dias, onde a impunidade impera sobre os valores morais. Não dou 5* porque, apesar de não ter qualquer dúvida do país corrupto em que vivemos, por vezes a transmissão dessa mensagem no livro parece demasiado forçada. Recomendo!
Richard Zimler, de quem só tinha lido O Último Cabalista de Lisboa, esmera-se meste A Sentinela, cruzando géneros com o génio de quem domina as ferramentas que prendem o leitor à narrativa e às personagens.
À superfície, estamos perante um policial que se vai desenrolando em bom ritmo, na Lisboa da actualidade, com avanços e recuos na investigação de um crime, deixando o leitor suspenso das revelações do capítulo seguinte. Mas, lendo com mais profundidade, A Sentinela é uma obra que também denuncia a corrupção instalada na sociedade portuguesa, as teias de cumplicidades que fazem os poderosos protegerem-se uns aos outros, o verdadeiro bloco central de interesses ficcionado, mas longe da inverosimilhança. Penetrando ainda mais nesta obra, estamos perante um romance de descoberta interior, que procura nos traumas da infância as causas de alguns comportamentos menos ortodoxos dos adultos.
Do que gostei mais deste policial? Das personagens. A história é interessante mas o que mais me cativou foram as personagens e a ligações entre elas. Uma dura critica à sociedade e à impotência da justiça contra certa gente que faz o que quer e fica impune. Ou talvez não. A dupla Hank e G. são muito interessantes. Acho que mereciam uma sequela.
Richard Zimler já me tinha chamado a atenção com a sua obra "O último Cabalista de Lisboa". Afinal, quantos estrangeiros é que decidem estudar o nosso pequeno país e arriscam escrever sobre a nossa história? Muito poucos, suponho. Para além disso, toda a gente diz maravilhas da já referida obra, pelo que, quando vi este livro na loja e percebi que se passava também em Portugal, fiquei ainda com mais curiosidade.
Henrique "Hank" Monroe é detetive da Polícia Judiciária. Vive em Portugal, de onde é originária a sua mãe e é, aparentemente, uma pessoa o mais normal possível. Mas a verdade é que Hank tem segredos, que se prendem com o seu trágico passado no Colorado. E este livro, "A Sentinela" é tanto sobre a investigação de Monroe sobre o assassínio de um dono de uma empresa de construção como sobre esse passado.
A minha leitura deste livro foi... complicada. Não posso negar que é um livro interessante e bastante bem escrito, no geral, se bem que sofre um pouco por não "saber exatamente o que quer ser"; se livro de ação/thriller, se livro introspetivo sobre a natureza humana. Penso que o meu problema com este livro, para além do facto de ser tão realista que é deprimente é que o balanço entre estas duas vertentes não foi assim muito bem conseguido.
Hank tem uma panóplia de problemas psicológicos (psiquiátricos mesmo), que têm origem no seu passado. Basicamente, o pai de Hank era um sociopata e gostava de torturar os filhos e a mulher. Como resultado, Hank criou uma personalidade alternativa, uma espécie de guardião meio selvagem, cujo objetivo é proteger o seu irmão, Ernie. Gabriel, esta segunda personalidade, é um investigador nato que permite a Hank ser um ótimo inspetor. Mas Gabriel pode também causar problemas.
Por outro lado, temos o homicídio de Coutinho, o dono de uma empresa de construção civil que é, claro, corrupto e tudo o mais. A ligação entre o passado de Hank e uma das vítimas deste crime, a filha de Coutinho, faz com que o primeiro sinta que tem de resolver este caso.
Esta dualidade no enredo é interessante, sim, mas creio que não foi explorada de forma eficaz. Gabriel, a personalidade alternativa, aparece diversas vezes durante a história mas nunca temos oportunidade de o ver em ação. Como Hank "perde a consciência", também o leitor fica no escuro relativamente às ações de Gabriel. Esta personagem, que é, no fundo, parte integrante de Hank, nunca é explorada convenientemente e fiquei com a impressão de que só conhecemos metade do protagonista.
Quanto ao mistério, tem contornos sinistros mas é relativamente fácil perceber o que se passou. O desfecho foi tipicamente português, por assim dizer, o que é... bem, deprimente.
O ritmo da narrativa é irregular, passando de envolvente a descritiva e introspetiva, o que fez com que, por vezes tivesse alguma dificuldade em continuar a leitura.
No fundo, este livro está bem construído q.b., tanto em termos de mistério como de "narrativa introspetiva", em que o protagonista sofre alterações e muda devido aos acontecimentos, mas as duas partes não "encaixam" a 100%: nem Hank nem o mistério recebem o tempo de antena que "merecem".
No geral, uma leitura algo desigual, com partes interessantes e partes algo aborrecidas. "A Sentinela" é um livro realista, algo chocante e muito introspetivo nalgumas partes e devo dizer que isso fez com que gostasse e não gostasse da leitura. É um livro algo incómodo.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Richard Zimler is the author of many books, including the impressive “The Warsaw Anagrams,” a mystery set in the Warsaw ghetto. Having enjoyed that particular novel very much I was thrilled to see that he had a new crime novel out and, as expected, it is something a little different from the ordinary.
Set in Portugal, where the author lives, the main character is Chief Inspector Hank (known as Henrique) Monroe. Monroe left his native Colorado, along with his brother Ernie, and they have made their home, and a new life, for themselves in Lisbon. Hank lives with his wife, Ana, and their two sons Nathanial and Jorge; while his artist brother Ernie lives alone in the countryside. From the start we know that both Hank and Ernie have been seriously damaged by a violent and abusive childhood and this is retold throughout, and alongside, the crime that Hank is investigating. This involves the murder of Pedro Coutinho; a wealthy and well connected property developer.
Before long, Hank finds himself under pressure to solve the crime of the wealthy victim. However, Portugal is suffering an economic crisis, which has seen wages slashed and people struggling financially. Zimler paints a realistic picture of the struggles facing average people – with Hank’s wife less than sympathetic at his doing unpaid overtime. Resentment is in the air and even members of the police department air their grievances at the crime scene. Hank has to try to discover why the victim was killed – was it due to financial irregularities or does the answer lie in the past?
This is not a typical crime novel. Hank Monroe and his family, especially his brother, are complex characters. Hank is viewed with suspicion by his superiors and has a tendency to exhibit odd behaviours, which means that his Director does not want any partner working with him for too long. In order to fully enjoy this book, you have to view it as something different and invest in the characters – the story of Hank and Ernie is every bit as important as the crime Hank is investigating. I suspect it will be a marmite book, with people either loving it, or simply not ‘getting it.’ Personally, I really enjoyed this and I hope that the hints at the end of this book suggesting there will be a sequel are not simply a hopeful wish on my part, as I would love to read another novel featuring Hank Monroe.
Lastly, I received this book from the publisher, via NetGalley, for review.
Eu sou sempre suspeita quando escrevo sobre Richard Zimler, porque sou sua fã desde o primeiro livro, O último cabalista de Lisboa. Por isso, já podem perceber que só vou dizer bem.
Para começar, este livro é um policial que começa com o assassínio de um homem influente em Lisboa. E prossegue com a investigação sobre o sucedido. Mas é muito, muito mais do que isso. É também o regresso à infância do detetive que segue o caso, uma infância passada na América do Norte profunda atormentada pelos pais que teve e que o ligou ao irmão com laços muito fortes.
E é de novo o regresso à investigação. E à descoberta de que há pessoas muito, muito más, mas que também há outras muito, muito boas. Mesmo que só existam na nossa imaginação.
Este não é o Zimler dos romances históricos. Mas é pelo menos tão bom quanto esses.
Foi uma leitura difícil, morosa :( Já há algum tempo q queria ler um livro deste autor americano mas radicado cá em PT há mais de 20 anos. Escolhi este livro por estar mais dentro do meu género preferido (policial) mais longe do género preferido do autor (romance histórico). A parte policial do livro até acaba por ser a menos relevante uma vez q o autor acaba por explorar bastantes temas/problemas da nossa sociedade atual. Não consigo explicar mas a escrita do autor não me cativou :( mas pronto, já li qq coisa do Richard Zimler :)
Num registo completamente diferente do habitual (o que só prova o talento e a versatilidade deste escritor) Zimler apresenta-nos Hank Monroe, americano de nascimento, Português de coração, inspetor da policia Judiciária e atualmente encarregue de investigar o homicídio de Pedro Coutinho, um rico construtor civil que aparece morto na sua própria casa. Mas este não é um policial típico e Monroe é tão mais que apenas o investigador que a minha atenção se desviou amiúde do crime para se centrar nesta personagem, nos seus dramas, na sua família, na sua personalidade fascinante.
Deste cedo sabemos que Hank e o seu irmão Ernie (outra personagem fascinante) foram vitimas de violência na infância e que isso os marcou profunda e inexoravelmente. E rapidamente descobrimos também que o Gabriel é fruto desse trauma e que é ele o protetor de todos os que rodeiam Hank. Ana, a mulher de Hank e os seus filhos Nati e Jorge (o doce e especial Jorge e o corajoso Nati) completam o seu círculo privado e são os seus pilares. A investigação do crime é interessante mas o verdadeiro fascínio deste livro é mesmo a carga emocional e a luta dos personagens. Não foi um livro fácil de ler. Duro. Real, demasiado real. Arrepiante. Volta e meia o nojo e a raiva eram tudo o que conseguia sentir. Temas como a pedofilia, a violência física e psicológica, o transtorno de identidade dissociativa, a corrupção, a crise, o amor, a lealdade, a intimidade, a cumplicidade são esmiuçados neste livro e nem sempre o resultado é aquele que esperamos. Zimler não é bondoso com o leitor e não nos conta um conto de fadas. Obriga-nos a olhar para o lado negro e a perceber que a realidade está ali ao nosso lado, enraizada no nosso mundo, por mais pequeno que ele seja, e que o “e foram felizes para sempre” simplesmente não existe fora dos livros infantis. Este é um livro corajoso. Não é novidade para quem me conhece que Richard Zimler é um dos meus escritores favoritos. Este livro é diferente de todos os outros do autor que já li mas arrisca-se a ser um dos meus favoritos.
Adoro policiais, sou uma leitora compulsiva deste género literário e quando muitas vezes me dizem que é um género menor, fico a pensar no que é que esta gente anda a Ler! Para quem já era, como eu fã do Richard Zimler ler esta sua incursão por este género é uma delicia, a forma como ele escreve, a densidade psicológica dada às personagens principais é arrebatadora, se a literatura policial é um género menor, recomendo que leiam este livro e revejam alguns conceitos e ideias. A Sentinela acaba por ter duas histórias dentro de uma história, por um lado a atual onde o nosso Portugal está tao bem retratado em tudo o que temos de bom e o que temos de mau, o escritor sendo estrangeiro consegue perceber muito bem esta nossa alma e principalmente este Portugal corrupto, mal gerido e desiludido mas que não desiste de lutar, de sobreviver, de acreditar e continuar a tentar e vir à tona da água e perceber que amanhã é outro dia e esse dia pode ser melhor. É neste Portugal que se dá o crime, um crime que fica sem culpado, que nos deixa um amargo na boca, que acaba em aberto porque a nossa sociedade está feia e sem dono, mas que por outro lado nos permite conhecer a outra parte da história, a do policia americano e do seu irmão, da sua família, dos seus traumas e histórias e nos apresenta o sentinela, ou neste caso a metade de uma mesma pessoa, de um mesmo anti herói. Esta é a melhor parte da história, aquela que é contada pelo laço inquebrável de dois irmãos. Recomendo
Foi a minha estreia com Richard Zimler. Com tão boas referências ao autor, andava ansiosa para ler um livro dele e, quando esta oportunidade surgiu, decidi agarrá-la.
Uma obra que não é policial mas também não é romance e esse foi um dos factores que fez com que o meu entusiasmo inicial se fosse evaporando um pouco. Para começar, não se centra na investigação propriamente dita, mas sim mais na figura de Monroe, o inspector-chefe que lidera o caso. Criou, a meu ver, alguma confusão a "mistura" entre os relatos da sua vida e do seu irmão Ernie (o que mais me entusiasmou), com o assassinato de Pedro Coutinho.
A dada altura vi-me "obrigada" a deixar este livro de lado e pegar noutro para ver se recomeçava com outro entusiasmo. É estranho estar a escrever o que escrevo sobre este livro, sabendo que é garantidamente bom. Porque o é! Soa a contraditório até.
Provavelmente (eufemisticamente falando), não o li na melhor altura e isso fez com que não o apreciasse da melhor forma. Quero acreditar que sim, até porque gostei do estilo de escrita do autor.
A nível pessoal, é um livro que nunca, mas nunca esquecerei. Deixou uma marca indelével em mim. Ficará sempre associado aos últimos dias de vida da minha Mãe. Foi o livro que me acompanhou sempre, enquanto a ia visitar.
A Sentinela não é um policial comum: o protagonista não é o assassino, nem vítima, mas simplesmente O inspector Henrique Monroe e o seu alter ego: Gabriel, ou Sentinela.
O assassinato de um empresário da construção civil, abastado e com grandes influências por parte da classe política levam à cena do crime o inspector Monroe e Lucy, polícia que investiga, pela primeira vez, este género de crime.(...)
Not what I usually ready but it was brilliant. Such a unique style of writing with characters that were so interesting. The development of these characters was wonderful to watch, and it touched me so many time throughout the story. Highly recommend.
A Sentinela, como todos os outros livros de Richard Zimler é excelente. Um policial, diferente do habitual, que nos envolve da primeira à última página.
A friend gave this to me to read but didn't say anything about it other than it was set in Lisbon. I really enjoyed it--the mystery, the setting, the characters, the twists. I'll be looking others by this author.
Sou suspeito porque gosto muito dos livros do Zimler e este não desiludiu... Com um enredo violento e onde o abuso e a violência com menores e as suas consequências na sua personalidade enquanto adultos está permanentementr presente, A Sentinela é um romance imperdível que nos ajuda a reflectir sobre os fantasmas que cada um carrega e que são tantas vezes imperceptíveis até para quem connosco convive
Gostei bastante de "A Sentinela", um livro que não posso considerar um policial puro, pois vai além disso, por um lado, mas por outro nos apeteceria por vezes que a investigação policial fosse mais intensa. É que há neste livro um crime para investigar, um suicídio para explicar e uma infância terrivelmente difícil de dois irmãos muito especiais, luso descendentes mas passada nos EUA; assim sendo há pano para mangas mas o que realmente sobressai no livro é a personagem do inspector Monroe, encarregue da resolução dos dois primeiros casos e protagonista do terceiro, na qual tem um alter-ego - G - que é a "sentinela". A mistura dos vários "enredos" não só não é complicada, como se aceita perfeitamente. É também um retrato de um Portugal contemporâneo, politica e socialmente corrupto e que é uma crítica severa mas muito actual nos tempos que correm. Zimler não hesita em denunciar situações pouco recomendáveis em vários campos e mostra como é difícil a própria Justiça lidar com tais melindrosos assuntos, já que muitas vezes, o "polvo" tem ramificações muito elaboradas. Livro que se lê muito bem e que retrata situações que só um escritor como Richard Zimler (americano por naturalidade, mas português por vivência), poderia relatar tão bem.
A Sentinela, de Richard Zimler, é um policial surpreendente, lúcido e corajoso. Mais do que abordar a realidade portuguesa atual, Zimler deixa-nos um retrato profundo do ser humano, das suas fragilidades e do seu lado indizível. O caminho iniciático para a idade adulta, esse precipitar em poços profundos, donde somos resgatados pela luz de se ser único na vida de alguém.
Adorei! Qualquer semelhança com a realidade da política e da sociedade portuguesa não é pura coincidência, é mesmo um retrato muito fiel. Escandalosa e habilidosamente fiel.
Com um estilo de escrita do tipo policial Zimler conduz o leitor pelos labirintos mais obscuros da condição humana apontando sempre para uma possibilidade de redenção. Tendo Lisboa como pano de fundo o autor procura mostrar e demonstrar a pirâmide de poder portuguesa, corporativa e fora da alcancei da lei e do estado de direito.
Antes de mais nada, devo começar por dizer que sou um indefectível leitor das obras de Richard Zimler (já li praticamente todas), pela simples razão de que adoro tanto as suas histórias como, acima de tudo, a maneira como ele as conta. Como tal, fazer um comentário isento sobre este autor é-me muito difícil, pois não considero nenhum dos seus romances maus, ainda que haja um ou outro do qual não gostei tanto: é o caso de À Procura de Sana e de Meia-Noite ou o Princípio do Mundo, não por estarem mal escritos ou por não serem interessantes (nunca corremos esse risco com os romances de Zimler!), mas apenas porque não me falaram tanto ao coração como os outros.
Depois de ter lido aqueles que podemos chamar de romances histórico-policiais de Zimler (os quais são ambientados em diferentes períodos históricos - seja a Lisboa de 1506, a Índia seiscentista ou a Berlim do pré-Segunda Guerra Mundial - e em que existe sempre uma personagem que tenta desvendar um mistério, normalmente resultado de um assassínio), assim como os seus romances-apenas -policiais-e-não-históricos (À Procura de Sana e agora este A Sentinela) devo dizer que prefiro os da primeira categoria.
Nesta história, acompanhamos uma investigação policial "oficial", levada a cabo por Henrique Monroe, um inspector-chefe da Polícia Judiciária portuguesa (e cujo apelido se justifica por ser luso-americano), ao contrário das restantes histórias de Zimler (nas quais acompanhamos geralmente uma pessoa comum que, movida por um desejo pessoal de justiça, tenta desvendar um crime). Somos também aqui brindados com uma incursão de Zimler na Psicologia, uma vez que este tal Henrique Monroe possui um distúrbio de personalidade que é resultado de certas circunstâncias ocorridas durante a sua infância.
Talvez por serem aqui abordadas estas duas vertentes distintas (a do crime que o inspector tenta desvendar e o seu distúrbio de personalidade) que Zimler tenta unir com a personagem de Monroe, acabei por achar a narrativa de A Sentinela um pouco dispersa e que me deixou a mim um pouco desorientado... O estilo da narrativa é claramente "zimleriano", mas achei a parte do "mistério policial" menos interessante que a parte das vivências dos dois irmãos Monroe (e a origem do já referido distúrbio de personalidade) e que daria por si só um romance perturbador, mas sem qualquer sombra de dúvida bastante interessante, sem precisar da bengala da parte "policial". De resto, Zimler tem muito jeito para a descrição de afectos e sentimentos e aqui, como não poderia deixar de ser, os laços familiares que unem Henrique ao seu irmão Earnie e aos seus filhos e mulher, são maravilhosamente descritos ao ponto de nos deixarem embevecidos.
Mas enfim, concedo que o objectivo inical de Zimler foi não só escrever um romance em que aborda afectos, mas sim um policial de estilo "clássico" em que pudesse fixar, tal qual uma fotografia instantânea, um retrato fiel do período negro de crise (económica e não só) por que o nosso país estava a passar naquele momento particular (nosso país e dele, que cá vive e deve sentir-se frustrado por ver que neste país a classe política é corrupta, um país no qual os interesses dos poderosos triunfam sobre a justiça e um país em que os portugueses não sabem usar a democracia a seu favor).
Concluindo, acho que, como todos os livros do Zimler, este vale a pena ser lido, apesar de não ser um dos meus preferidos de sempre. (A Sétima Porta foi o de que gostei mais até hoje!).
Para quem conhece os policiais de Paul Auster e a subtileza de Michael Cunningham e gostasse de ver reunidos ambos os estilos num só livro, certamente não ficará desiludido com este.
É uma história interessante, sendo que a personagem principal tem particularidades de personalidade, traduzidas na Sentinela. Não gostei do final, uma vez que achei pobre face à história central - não principal.
Este é um policial onde a personagem principal é um inspetor com uma infância terrível. E no meio desse conflito, aborda-se a corrupção e a justiça podre do nosso país. Fica um travo agridoce, no final. Não pela forma como é escrita, eu adoro ler Zimler, mas o assunto. É o que é, não é verdade?