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O Armazém e Outras Estórias

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Com temas muitos distintos, que vão do amor, à solidão, à velhice, ao sexo, à morte, à amizade, à unreality TV até ao fantástico, “O Armazém e Outras Estórias” revela-nos a ansiedade e a insegurança que temos connosco próprios, que jamais ousaremos contar a alguém, e a certeza que estamos sozinhos mesmo quando rodeados pelos nossos mais queridos.
Em “O Armazém e Outras Estórias” pratica-se um requintado exercício de voyeurismo dos costumes, num desfile de fantasias, anseios, equívocos, manias e pequenos milagres que povoam o quotidiano de personagens maioritariamente anónimas. Num estilo fotográfico e linguagem elegantemente despudorada (já revelados em 2001 Instantâneos de Sapo) dá-se corpo a um universo que pode ser tão hilariante e patético, ou terno e improvável, quanto a vida de cada um de nós. Entre alguns dos contos mais emblemáticos destacam-se “A confidente” – o que poderá levar um indivíduo com fobia social que viaja numa carruagem do metro a sentir-se seguro para partilhar as suas angústias? –; “A porca”, em que um caso de amor alternativo tem um desfecho inesperado; e “Roy Blue está na cidade”, o qual revela o que mais se poderá ter, além de fama, para deixar a nossa marca no mundo.
São 18 estórias escritas numa perspectiva individual e intimista, ilustradas por João Raposo.

117 pages, ebook

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Patrícia Madeira

4 books2 followers

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Displaying 1 - 4 of 4 reviews
Profile Image for Sofia.
125 reviews
April 27, 2015
Podem ler o post completo aqui: www.folhasdepapel.wordpress.com

Embora com algum atraso, chegou a altura de partilhar a minha opinião sobre o tão aclamado livro de contos O armazém e outras estórias, assinado por Patrícia Madeira. Este livro foi-me gentilmente oferecido pela sua editora, tendo a oportunidade de contar com a edição especial de capa rija cuja ilustração me encantou.

Quem prefere romances literários está familiarizado com a sua estrutura (introdução, obstáculos, desfecho, clímax, papéis de cada uma das personagens, entre outros) e com a forma como a narrativa é montada. Independentemente da história e da criatividade do autor, há critérios que devem ser respeitados para que um romance literário se torne cativante. Por seu lado, nos contos a estrutura é mais aberta. Ao contrário do romance, nos contos a trama não tem conflitos secundários e, por ser tão conciso, pode tornar-se um verdadeiro desafio para quem o escreve.

É difícil atribuir valor (perceba-se: entender a verdadeira relevância) em contos, sejam eles quais forem, pelo que um dos principais critérios para o fazermos é o resgate de textos clássicos e de referência dentro do género, de forma a podermos retirar as ilações que pretendermos e conseguirmos dar a devida importância ao que acabamos de ler.

Nos contos de Patrícia Madeira, encontramos essa flexibilidade no que diz respeito aos temas abordados, à voz de narração, à estruturação de ideias e ao tom das histórias. Regra geral, estão presentes os elementos fundamentais de uma história: quem, onde, o quê, como, quando, sendo abordado ocasionalmente o porquê, se a narrativa o justificar. Os assuntos abordados são variados e, de forma geral, ilustram a visão da personagem que narra sobre pequenos acontecimentos do dia-a-dia. Esta análise sobre os pormenores do quotidiano espelha o olhar atento da escritora e o esforço em tornar interessante, dando-lhe um cunho pessoal, daquilo que no dia-a-dia nos passa despercebido.

A fantasia está latente de forma bastante perceptível em alguns dos textos, textos os quais se afastam um pouco do vouyerismo quotidiano. É interessante interpretar os esforços da autora em nos presentear com cenários fantasiosos e oníricos, dando-nos a sensação que estamos dentro de um sonho devido à falta de sentido nos acontecimentos que acompanhamos – isto acontece no primeiro conto do livro, “O armazém” - ou que assistimos a um episódio de twilight zone – em "A porca".

Os contos são concisos e conseguem alcançar o objectivo pretendido, embora tenha ficado com a sensação de que alguns deles nos cativam de forma insuficiente. Embora n”A porca” a surpresa no desfecho tenha sido enorme, noutros contos senti que a história havia sido retirada de um livro maior, faltando-lhe um pouco de contextualização e de efeito 'tchan' nos últimos parágrafos. Por outro lado, num dos contos em particular, “Roy Blue está na cidade”, a narrativa é muito completa, dando a impressão de que, no formato de romance literário, a história poderia viver por si.

Relativamente à forma de escrita, Patrícia Madeira é uma autora que mostra estar à vontade com a expressão literária, embora note ao longo do texto alguma incoerência no que diz respeito ao vocabulário usado: ora coloquial ora eloquente. Em todo o caso, este é um livro que chama a atenção e que pode ser tido como referência na montagem de uma obra variada e criativa.
Profile Image for Mónica Silva.
275 reviews48 followers
September 15, 2013
Opinião no blog http://howtoliveathousandlives.blogsp...

O Armazém e Outras Estórias consiste num conjunto de 18 pequenas estórias intimistas e refrescantes explorando temas como o amor, a solidão, o sexo, a morte e a amizade. Não sendo propriamente uma leitora ávida de contos, esta coletânea surpreendeu-me pela diversidade de temas abordados, pelo humor implícito em cada estória e pela escrita crua e realista que a autora emprega.

O conto inicial – O Armazém – tem um impacto brutal no leitor. É irreverente, sensual, algo perturbador e retrata precisamente o ambiente de toda a coletânea. Foi um começo decididamente brusco, mas essencial para mostrar o modo como a autora não tem medo de chocar e ultrapassar as convenções sociais, abordando o amor e a sexualidade nas suas formas mais diversas, tal como exemplifica nos contos A Porca, Esta cidade é pequena demais e Nove centímetros. Também Roy Blue está na cidade é um exemplar desta abordagem inusitada, na medida em que apresenta a contenda interior de um artista, lidando com o peso da fama e a necessidade intrinsecamente humana de deixar a sua marca no mundo.

Mas o conto que me rendeu verdadeiramente aos encantos da imaginação de Patrícia Madeira foi A Confidente. Uma estória simples mas pujante, que brinda o leitor com uma reflexão sobre a solidão e o isolamento, com um final arrepiante e inesperado.

A autora é bastante competente na sua abordagem do quotidiano, da amargura que advém do dia-a-dia, da rotina, da necessidade de sermos algo mais que por vezes impede a nossa ligação com os outros. Os contos Amo-vos muito e Eles vão ver na segunda-feira são tributos a este ideal, retratando sem pudor esta realidade. De igual modo, importa realçar o conto A Luz, sem dúvida um dos meus favoritos, pela honestidade com que evidencia a angústia do envelhecimento e o direito à dignidade mesmo na morte.

De um modo geral, esta foi uma leitura rápida e estimulante, em particular pela escrita singular de Patrícia Madeira: sempre com um toque de humor e cumplicidade, aliado a um tom tongue-in-cheek e uma ironia deliciosa subjacente. Acompanhada de belíssimas ilustrações pela mão de João Raposo, esta coletânea certamente promete satisfazer os fãs de pequenas estórias com grandes mensagens!
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