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Gente Feliz com Lágrimas

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Uma saga que irresistivelmente arrasta o leitor ao longo de cinco mundos, vividos e pensados através da obsessiva busca da felicidade que move os seus protagonistas. Concebida polifonicamente como a descrição dos vários modos de viver a amargura que medeia entre o abandono da terra e o retorno ao domínio do que é familiar, esta peregrinação possível em tempos de escassez de aventura é a definitiva lição de que o regresso se não limita a perfazer o círculo e constitui uma visão fascinante do Portugal que todos, de uma maneira ou de outra, conhecemos.

480 pages, Paperback

First published January 1, 1988

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About the author

João de Melo

54 books37 followers
Nasceu na ilha de São Miguel (Açores) em 1949, onde completou a instrução primária, após o que prosseguiu os seus estudos no continente. Em 1967 passou a residir e a trabalhar em Lisboa. Depois de participar na guerra colonial em Angola entre 1971 e 1974 (tema de duas das suas obras mais significativas, a antologia “Os Anos da Guerra” e o romance “Autópsia de Um Mar de Ruínas”), trabalhou na vida sindical, foi editor de autores portugueses e crítico literário. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pela qual veio a licenciar-se em 1981 com o curso de Filologia Românica. Professor dos ensinos secundário e superior durante vários anos, foi convidado pelo governo português para o cargo de conselheiro cultural junto da embaixada de Portugal em Espanha (que desempenhou durante 9 anos, entre 2001 e 2010). Em 2003, em Madrid, criou a “Mostra Portuguesa” (de que realizou 7 edições), sendo o maior evento cultural português fora de fronteiras. Tem traduzidos para espanhol os seguintes livros da sua autoria: “Gente feliz con lágrimas”, “Antología del cuento portugués” (Alfaguara), “Cronica del principio y del agua y otros relatos”, “Mi mundo no es de este reino”, “Mar de Madrid” e “Autopsia de un mar de ruinas” (Linteo Ediciones).

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5 stars
134 (28%)
4 stars
181 (38%)
3 stars
117 (24%)
2 stars
25 (5%)
1 star
14 (2%)
Displaying 1 - 30 of 55 reviews
Profile Image for Luís.
2,351 reviews1,313 followers
July 27, 2023
This novel portrays the feeling of exile of the Azorean people's diaspora, but also of all the thousands of Portuguese who have spread across the various continents, carrying within themselves the world in which they grew up, without being separated from it and without being able to return to it, because nothing remains the same, swallowed by the voracity of time. Capitalized again, the strength of living on the island remains ingrained in most Azoreans who emigrate to Canada, America, and other overseas destinations.
That's a portrait of Portuguese society, with many ridiculous situations.
Profile Image for Ana.
744 reviews113 followers
September 18, 2017
Estava à espera de gostar tanto deste livro e afinal... não. É muita miséria, muita tristeza, muito problema de infância mal resolvido, muita introspeção, que resulta num livro difícil de digerir. Não que eu prefira as histórias cor-de-rosa, mas aqui, tudo parece negro demais (muitas lágrimas e pouca felicidade, ao contrário do que o título parece prometer).
Embora, aqui e ali, haja passagens muito bonitas, sobretudo na descrição das paisagens das ilhas, que me conseguiram transportar para lá, a prosa pareceu-me densa e a história dar voltas e reviravoltas, para ir repisar ideias já discutidas, numa espécie de longo monólogo interior de alguém a precisar de fazer psicanálise. Reconheço-lhe o mérito, mas decididamente, este não é o meu género...
Profile Image for Elisabete.
7 reviews3 followers
August 16, 2010
Nunca pensei que tal acontecesse, mas é um dos meus livros preferidos.
Explora a condição humana. Dá para senti-lo nas entranhas.
Profile Image for Neni.
22 reviews17 followers
January 22, 2014
De uma tristeza atroz, ainda assim incrivelmente bonito. Um livro que jamais esquecerei.
Profile Image for Natacha Martins.
308 reviews35 followers
April 10, 2011
Gente Feliz Com Lágrimas é um livro triste, muitas vezes violento e tão estranhamente próximo que se torna por vezes incómodo. Nele é narrada a história de Nuno e da sua família. Nuno é açoriano e o quarto filho de uma família onde as crianças nascem a um ritmo acelerado, "roubando" aos irmãos mais velhos a infância e a pouca ternura que os pais lhes dispensavam.
O livro está dividido em cinco partes. Na primeira parte Maria Amélia, Luís e Nuno contam-nos a infância dura que tiveram, numa família que gravitava em torno dos humores da figura paterna, um homem violentíssimo e duro, que espancava os filhos e os considerava apenas como braços para trabalhar que cedo tinham de começar a merecer o pão que comiam. A mãe era uma mulher que, ao contrário do que seria de esperar, não era submissa, mas sim desligada dos inúmeros filhos que lhe iam crescendo no ventre, era mesquinha e a versão feminina do marido para as filhas que com ela ficavam a gerir a casa. Este casal era, de certa forma, perfeito um para o outro, todo o amor que sentiam era direccionado para eles próprios, os filhos eram uma consequência da paixão animalesca que viviam.
Desta forma, Maria Amélia, a primogénita, tornou-se a única figura maternal que muitos dos irmãos conheceram. Com 4 ou 5 anos já tomava conta dos irmãos que iam nascendo a um ritmo alucinante, cozinhava e geria a casa. Nos intervalos dessas tarefas levava porrada da mãe se se distraia nalgum devaneio de criança ou se a sua tenra idade lhe dificultava a execução de algumas tarefas. Tornou-se uma menina triste e uma adulta amargurada e de olhos cansados.
Luís, o segundo filho, era um miúdo de bom coração que tentava proteger os irmãos travando a violência do pai. Começou, como todos os irmãos, a ajudar o pai nas tarefas diárias que a quinta exigia. E tal como todos os irmãos sentiu desde cedo a mão pesada do pai.
Nuno nasceu pequenino, o gémeo que sobreviveu, e cresceu frágil, magro, de pele clara e com os olhos azuis da mãe. Tão diferente do pai e dos irmãos foi sempre perseguido pelo pai que o achava um inútil que pouco contribuía para a economia da família.
Para fugirem aos trabalhos desumanos da quinta e à falta de amor dos pais, Maria Amélia ingressou num convento em Lisboa, Nuno num seminário, também no Continente e, Luís voluntariou-se para a tropa acabando por ser enviado para guerra na Guiné. Maria Amélia acabou por ser expulsa do convento gerido por freiras pouco caridosas e formou-se enfermeira ficando livre da influência dos pais. Nuno tem o mesmo destino, sendo expulso do seminário por se ter começado a interessar por política e a questionar em demasia. Torna-se professor e mais tarde um escritor relativamente bem sucedido, é o intelectual da família, de quem acaba por se afastar.
Nas restantes partes do livro, a história é narrada na perspectiva de Nuno, que entretanto se casou com Marta, a mulher que sempre idealizou mas por quem acaba por se desencantar. Conhecemos a sua vida e a dos irmãos que se encontram todos a viver no Canadá, para onde os pais também foram e onde acabam por morrer. Tanto Nuno como os irmãos vivem uma vida superficial, uma felicidade que nunca poderá ser livre de lágrimas, são todos eles "gente feliz com lágrimas".

É um livro pesado, muitas vezes doloroso e estranhamente comovente porque é desesperante a forma como todas aquelas crianças procuravam um gesto de ternura, de como mesmo sendo maltratadas não conseguiram nunca odiar os pais, tendo até tornado os seus últimos anos de vida o menos dolorosos possível. Que este pai me tenha conseguido surpreender com alguns gestos de genuína afeição no meio de tanta violência e descontrolo e que esses gestos tenham sido guardados nas memórias de infância daqueles adultos como se se tratassem de preciosidades é de cortar o coração. É na realidade um livro de cortar o coração e real demais.
O que me fez mais confusão foi o facto de eles nem serem uma família considerada pobre. Tinham algumas posses, eram proprietários de algumas terras e possuíam muitos animais. Trabalhavam muito é certo e tinham muitos filhos, mas a pobreza neste caso não era desculpa para a violência a que as crianças eram sujeitas desde cedo, forçadas a trabalhos pesados e a responsabilidades completamente desadequadas às suas idades. Não existiam atenuantes para a falta de amor daquele pai e daquela mãe e isso foi o que mais confusão me fez. Isso e o facto de toda a vizinhança saber do tratamento que era dado às crianças da família e nada fazer para além de criticar, virar costas ao pai e mais tarde ostracizar os filhos por serem filhos de quem eram.
É um livro muito duro mas que está escrito com algum sentido de humor e onde a crítica social está bem evidenciada. Retrata uns Açores agrestes, onde a natureza quase selvagem tornava a vida de gente já muito pobre ainda mais difícil. Bonitos e magníficos mas onde era extremamente duro viver e cujos habitantes eram eles próprios duros e tristes e cansados e desesperados.

Concluíndo, é um livro que está escrito numa linguagem extremamente rica e poética, cuja história é do mais angustiante que já li e que recomendo sem qualquer hesitação.
Profile Image for Sara Jesus.
1,640 reviews123 followers
September 10, 2020
Uma narrativa que relata a vida difícil de uma família açoriana. Acompanhamos o crescimento dos vários irmãos e o modo como lidam com os traumas da sua infância. Principalmente a jornada de Nuno que ao contrário dos seus irmãos não consegue ser bem sucedido.
Profile Image for Ana.
743 reviews173 followers
February 29, 2016
É humanamente impossível não descerrar a última página desta obra e não continuar a sentir que se foi abalroado por uma hecatombe de “um sofrido sofrimento e de uma miséria miserável” (pág. 313). O nó na garganta, o peso no peito, tudo se mantém.
Não foi uma leitura fácil. Muito menos leve e agradável. Ponderei muitas vezes não terminá-la. Mas fui avançando, sabendo que seria mais do mesmo – uma narrativa carregada de violência, de maus-tratos, de incompreensão, de frustração, de muita falta de afeto, de contínuos desejos de evasão e de um presente e futuro cinzelados pelo passado. Uma narrativa que nos atropela, nos esmaga, mas que o faz através de uma escrita poderosamente bela, que suaviza e amarga momentos que, por exemplo, descrevem o amor que Nuno faz com a sua mulher, Marta ou relatam de forma crua e intensa o diálogo que os dois mantêm e que nos anuncia o final do seu casamento.
A obra está dividida em seis páginas, em seis “Livros” e através deles vamos conhecendo os elementos de uma família açoriana. Vivem daquilo que o campo e os animais lhes providenciam e, tal como muitos outros insulares, zarpam das suas terras em busca de uma vida melhor no continente americano. Apenas Nuno não foi tocado por esse desejo e viverá a maior parte da sua vida no continente, em Lisboa.
No “Livro primeiro”, entramos nas recordações de três irmãos – Luís Miguel, o mais velho, Maria Amélia, a rapariga mais velha, e Nuno Miguel, o quarto dos irmãos e aquele que será o protagonista desta história. E essas recordações marcarão o ritmo do que se seguirá nos restantes “Livros”. E marcarão o seu tom, um tom tão amargurado, tão doloroso, tão sofrido (mas infelizmente tão familiar naqueles tempos e quem sabe nos de hoje…), que desejei e tudo fiz para sacudi-lo e tirá-lo de cima de mim. É um “livro” penosamente longo, demasiado longo, na minha opinião, pois se o autor o tivesse escrito em menos páginas, o efeito no leitor seria o mesmo, já que alguém com o poder de escrever com uma escrita assim perfeita fá-lo-ia facilmente. É um “Livro” que nos recorda um país debaixo da mão de ferro de um ditador caquético e de uma religião castigadora, um país de gente que existia para reproduzir, para criar mão-de-obra gratuita e subtrair-lhes alimento em benefício de um monte de notas passadas a ferro e escrupulosamente guardado debaixo do colchão. É ainda um “Livro” que nos marca a ferro quente uma dor doentia perante uns pais que são piores que animais, que os tratam melhor que aos próprios filhos.
Nos restantes “Livros” prossegue a saga das referidas personagens, de uma gente que não consegue ser feliz, mas que raramente verte lágrimas sentidas, que se acomodou a uma existência miserável, a uma existência que pouco difere da que deixou na infância açoriana. É certo que o dinheiro agora abunda, mas não consegue ser sinónimo de felicidade.
Esta foi a minha primeira experiência no mundo dos livros de João de Melo. Encantou-me a sua escrita, rendi-me a passagens lindíssimas, mas confesso que tenho receio de pegar noutra obra sua… O excesso de dor, de sofrimento, de miséria humana retraem-me…
E fico-me por aqui…

NOTA – 08/10

http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/
Profile Image for Isabel.
194 reviews11 followers
February 2, 2017
Um livro que dói!..., mas que apesar disso, proporciona uma leitura maravilhosa e sentimentos de esperança e de fé e de fascínio e de revolta... Esta ambiguidade entre sofrimento e felicidade, está sempre presente ao longo do livro, exatamente como o título sugere (o melhor título de livro que conheço). Não é um livro fácil, mas vale muito a pena sofrer as suas penas e apreciar as suas maravilhas. É um pouco como aqueles longos caminhos íngremes de piso irregular e escorregadio, rodeados de paisagens deslumbrantes. É um pouco como esses caminhos difíceis, sim, mas é muito mais do que isso.
Profile Image for Raquel Oliveira.
36 reviews4 followers
December 19, 2021
Um murro do estômago. Principalmente, no de qualquer açoriano. É um livro profundamente triste, que deve ser lido em tempos de glória! (caso contrário, não se aguenta). Retrata com profunda beleza a miséria humana. O que é ser-se humano. Mas, e principalmente, o que é ser-se açoriano. A nossa (também o sou) narrativa pessoal não ficará completa sem lermos esta obra de João de Melo.
Profile Image for Adoração dos Livros .
15 reviews28 followers
September 16, 2022
No início até estava a gostar, mas a partir do meio, passou a ser uma valente seca... custei a acabá-lo e passei muitas páginas em enviesado puffff
Profile Image for Francisca Viegas.
206 reviews90 followers
March 28, 2017
Tentei mesmo ler este livro.
Quatro meses, a lê-lo, e não passei de um quarto do livro.
Não sei muito bem o que é que me aborreceu mais: se as choraminguices do autor, se a prosa.
Achei um romance denso demais, mas é possível que seja apenas a altura no qual o estou a ler.
Vou tentar voltar a lê-lo daqui a uns tempos.
Profile Image for O Mundo é Bué Cenas.
221 reviews13 followers
April 4, 2023
Livro 1 completamente maravilhoso - 5 estrelas.

A partir daí, foi descendo meia estrela a cada novo livro.

É assim que se estraga um livro bem escrito.
Profile Image for Cat .classics.
260 reviews115 followers
June 13, 2023
A escrita é soberba!
No entanto, senti que a segunda metade do livro me arrastou para um registo tão diferente do da 1a metade, que tive muito mais dificuldade em acabar.
5 estrelas para a qualidade literária do autor.
5 estrelas para a minha experiência de leitura da 1a metade.
3 estrelas para a minha experiência de leitura da 2a metade.
Profile Image for Adelaide Silva.
1,246 reviews68 followers
January 5, 2024
4,5* Retrato de uns Açores na 2.ª metade do sec. XX onde a natureza ainda era quase selvagem, onde era duro de viver e as suas gentes tiveram de emigrar para as Américas, principalmente para o Canada. Um livro de uma tristeza profunda, um relato da exploração humana, violento e incomodo mas com algum sentido de humor.
Não é um livro fácil de ler, gostei principalmente da primeira parte
Profile Image for Cris Vieira.
47 reviews9 followers
February 22, 2024
demoramos a sentir que o livro vale a pena, mas de facto vale. penso que é daqueles que é melhor irmos com confiança numa recomendação.

relações familiares cruéis, contexto económico complicado, durante a ditadura

explora bem as relações entre os irmãos e de cada um consigo mesmo, durante e após a sua infância. é bem articulado, sem saltos inusitados no tempo ou tema.

Aviso de conteúdo: abuso infantil, violência, morte, machismo
Profile Image for Ricardo Alves.
99 reviews16 followers
August 24, 2014
Quando é que percebemos que um romance é um grande romance? Quando ao fim das primeiras vinte ou trinta páginas verificamos duas coisas: o autor dando muito (ou tudo...) de si, dádiva que recebemos por vezes até com algum pudor; e quando o estilo é um profundo e honesto trabalho sobre a escrita, muitas vezes na corda bamba, pois a literatura com L tem de estar sempre nesse patamar elevado em que o autor a si próprio se desafia.
Vem isto a propósito do romance de João de Melo, Gente Feliz com Lágrimas (1988), saga (ou anti-saga) duma família açoriana. Irmãos com infâncias fechadas e trabalhosas, tiranizadas pelas idiossincrasias paternas; a saída da ilha (uma fuga, no fundo), seminário e convento, guerra em África, emigração para a América, desenraizamento. Alguns triunfos com amargos de boca, na escrita ou na vida. A narrativa flui a várias vozes, a personagem principal, Nuno, seminarista expulso, depois professor e escritor; mas também alguns irmãos, cada um dando a sua perspectiva ao leitor; Nuno e Marta, depois, (ex-)marido e (ex-)mulher; e Nuno e o seu duplo, Rui Zinho, pseudónimo com que assina a obra literária.
É um dos grandes romances portugueses do século XX, de extrema poeticidade, elaborando sobre a passagem do tempo, onde, apesar das lágrimas, se vai à procura de alguma felicidade imaginada, construída para além dos traumas
Profile Image for Maria Silva.
238 reviews2 followers
November 29, 2022
Esta leitura é uma viagem em prosa poética aos Açores, num tempo em que as famílias viviam com grandes dificuldades económicas. Narra a história de uma família pobre, numerosa, onde os filhos eram braços de trabalho. O pai exerce autoridade com violência, a mãe não tem opinião própria. Dois dos filhos, o Nuno e a Amélia, seguem a vida religiosa, mas foram expulsos e seguiram outro caminho na vida civil.
O Nuno reencontra a mulher do seu imaginário, com a que tem dois filhos. Ele é um intelectual literário. Amélia viaja para a África e é enfermeira. Os outros filhos e os pais emigram para o Canadá, passam pelas dificuldades dos emigrantes da época, mas acabam por ter uma vida melhor. Exceto o Nuno, que só viaja para o Canadá para assistir à morte da mãe (entretanto o pai já tinha morrido de um cancro).

A narrativa tem tanto de belo como de triste. Belo na descrição das paisagens e no texto poético. Triste, não só devido à falta de amor dos pais pelas suas crianças, assim como a vida do Nuno, que nunca se livrou do passado.

Vidas difíceis, tempos difíceis. Fez-me pensar que, o ser humano adapta-se a tudo, ou quase a tudo.
Não encontrei gente feliz nesta leitura, mas sim lágrimas e dor.
Profile Image for Maria.
315 reviews33 followers
June 29, 2010
para além do título, que sempre achei lindo, poético e tão real..., gostei bastante deste livro.
Profile Image for Maria Quintinha.
234 reviews5 followers
June 8, 2011
O primeiro de poucos que não consegui acabar. Chato....
Profile Image for Cátia Santos.
34 reviews
June 17, 2015
Wonderful writing but it can get to you: it's a sad book about some sad memories. It's like an odissey of azorean tears and regrets. Wonderful but sad.
Profile Image for Sara Ferreira.
5 reviews3 followers
January 7, 2023
Um retrato muito interessante do que significa viver numa ilha, e como o contexto insular nos molda para a vida.
Profile Image for Ana Rita Ramos.
261 reviews4 followers
Read
September 1, 2019
Este livro é daqueles em que o ditado "primeiro estranha-se, depois entranha-se" se aplica na perfeição. Acho que tem demasiadas descrições que tornam algumas partes um pouco exaustivas. Contudo, é interessante de se ler. Destaco como muito bom o livro quarto tanto pela construção como pela linguagem. É, sem dúvida, a minha parte de eleição!
Profile Image for Ana Sofia Filipe.
268 reviews2 followers
May 19, 2019
Genericamente e face às minhas expectativas, é um livro que me desiludiu.
Um dos muito poucos que não consegui terminar de ler. Dei uma hipótese generosa até à página 264.
A sua escrita (demasiado) descritiva consegue, de facto, transportar-nos para o cenário da narrativa. Vemo-nos e sentimo-nos naquele espaço, lado a lado com as personagens, por vezes a experienciar o mesmo que elas. Já fui algumas vezes aos Açores e é um arquipélago encantador, repleto de paisagens idílicas, algumas das quais aqui relatadas.
O enquadramento histórico - a vertente dos militares, muitas vezes pobres camponeses jogados em cenários de guerra de que desconheciam e nada entendiam; a vertente política, com um regime ditatorial, de miséria imposta; a vertente religiosa, demonstrando o cânone dos falsos princípios, da estrutura patriarcal da família e consequentemente da sociedade, com conivência entre Igreja e Estado - é interessante e bem envolvido na ficção.
Houve momentos de maior violência em que há um engolir em seco, desde a violência de um pai (direta e física) à violência (psicológica) de uma mãe, ambos negligentes, que nos incomoda e desconforta.
No entanto, é excessivo. O livro parece não ter para oferecer se não uma leitura cansativa, repetitiva, circular, com descrições a mais. O mesmo episódio é contado vezes sem conta, apenas alterando datas ou intervenientes, mas é a mesma violência, a mesma miséria, o mesmo sofrimento. Não prefiro livros cor-de-rosa nem sou apologista de contos de fadas irreais, mas há um grande cansaço nesta leitura. E ainda que a linguagem e a escrita permitam salvar um pouco o leitor, não considerei brilhante ou genial a ponto de me deixar envolver.
Um livro de 500 páginas com uma estrutura formal inovadora, principalmente para a época da sua publicação, com diversos livros a diferentes vozes, mas ainda assim não estimulante o suficiente. Até a própria divisão da obra dessa forma parece-me desadequada, despropositada e pouco eficaz.
Um livro enfadonho.
Profile Image for Manuela.
172 reviews
July 7, 2018
"Gente feliz com lágrimas" tem 30 anos e o que poderá já não ser actual nas ilhas e em Lisboa, ali descritas de forma poética, e distante nos factos históricos de Portugal, será intemporal naquilo sobre o qual o autor escreve, parece-me.
Sobre a infância, essa marca indelével nas nossas vidas, a relação com os nossos pais, se tivemos ou não direito a abraços, a ternura, a beijos de boa noite e a conforto emocional nos tempos em que construíamos o carácter, a personalidade e nos moldávamos às vivências, aos que nos rodeavam e projectávamos o futuro como uma herança disso tudo, mais a nossa própria individualidade. Sobre as relações, o casamento, a emancipação e carregar memórias deixando para trás as emoções. Tornar-nos distantes de um passado mas com ele sempre bem presente nessa busca inerente da felicidade.
Muitas vezes, o livro apresenta-se quase como um "nó na garganta" porque nos vai às gavetas das memórias.
O "primeiro livro" é arrebatadamente triste mas sempre tão esperançoso, nos relatos daqueles que protagonizam a história.
Tantos irmãos e três deles apresentam-nos as suas visões de como viveram a infância, o amor e ódio aos pais, a fuga para um novo mundo, que se revelaria desprezível a outros níveis. E se fossem os outros irmãos? O que nos contariam? E os pais? Que revelariam os seus relatos se o livro lhes desse voz?
Não terá sido afinal um só (Nuno), escondido num escritor, aquele que assumiu a visão sobre essa busca de felicidade, dele próprio e de todos os outros?
Um livro esmagador pela força das palavras que nos arrasa de tristeza, de dor, para depois pensarmos também no valor de abandonar os lugares, as pessoas. E de quantas vezes o fizemos na nossa própria vida para depois pensarmos num regresso. Ou talvez nem sempre tenha de existir esse regresso.
Profile Image for Sonia Almeida Dias (Peixinho de Prata).
671 reviews30 followers
March 11, 2016
Aparentemente entrei este ano novamente na fase de autores portugueses. Depois dum intenso uso do kindle, voltei a debruçar-me sobre os livros em papel que ainda tinha por ler lá em casa, bem como algumas compras de livros usados para refrescar novamente a lingua mãe. Este foi mais um desses livros, que estava perdido no tempo lá por casa.
É um livro bastante interessante, a história da diáspora açoreana, mas ao mesmo tempo muito mais que isso. É um olhar para o tempo da outra senhora, para uma infancia na pobreza, mas mais ainda, uma infancia numa familia disfuncional e a inadequação, insatisfação que para sempre daí advém.
É talvez demasiado grande, perdido por vezes em reflexões dificeis de seguir, e apesar do titulo estar muito bem conseguido, é depois repetido incansavelmente ao longo do livro, retirando-lhe a força.
Aconselhado a todos os que gostam de literatura portuguesa, que têm forças para ler um livro grande e nem sempre linear, e a todos os que gostam de conhecer realidades diferentes e ao mesmo tempo tão proximas de nós.
Profile Image for Gonçalo Ferreira.
283 reviews11 followers
November 17, 2018
"Sabia que ia precisar de dormir muitas horas seguidas para conseguir superar o tumulto do mar e dos barcos, o qual perdurava dentro de si como uma surdez que lhe envolvia não um mas todos os sentidos" (Capitulo primeiro "Um qualquer de nós" p.21 )

"Não sei dizer como nem quando os sonos da infância se converteram na insónia da minha vida. Habituei-me em definitivo às cinco velozes horas de dormir. Se tento ficar mais, tempo na cama,começa a doer-me a espinha.(...) O espírito entra num desassossego, tangido pela peregrina suposição de que o mundo possa estar à minha espera." (Capítulo quarto "Nuno Miguel" p.93)

"...comprometido com a mais antiga e lúcida de todas as disciplinas dos vivos: o início duma grande paixão pela vida." (Livro Segundo "A 3.ª pessoa do singular" IV, p.231)

"Porém um homem errante e cheio dessas vãs e obscuras aflições em que todos os homens se perdem quando partem para longe dos seus." (Livro Quinto, 1, p.382)

Displaying 1 - 30 of 55 reviews

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