Os Amores da Senhora do Labirinto: Ariadne, Poderosa Deusa Minoica

No Mito doMinotauro, se não fossem as intervenções da humilde princesa Ariadne, Teseu - oherói grego - não teria tido qualquer hipótese. Embora muitas vezes retratadacomo uma simples donzela, a verdade é que dar apoio a um protagonista era amenor das suas qualidades. Proveniente dos céus, as origens de Ariadne acenam-nosa partir da névoa primordial da Creta minoica da Idade do Bronze, onde era adeusa-mãe dominante no panteão minoico - a importantíssima deusa da fertilidadeque se crê ter respondido a títulos como deusa da terra, tecelã da vida esenhora do labirinto.

AriadneDeusa minoica da fertilidade

Com odestino dos mortais nas suas mãos, Ariadne era considerada uma deusa brilhante,muitas vezes comparada a Deméter - cujas origens celestes também eram de Creta.De certa forma, Ariadne é análoga tanto à deusa das colheitas como à sua filhaPerséfone - rainha do submundo. Antes do patriarcado, o papel da deusa-mãe eraprimordial - nas sociedades agrícolas, a religião estava centrada nafertilidade e tudo estava centrado na religião. Como a Creta minoica era umasociedade matrilinear em que as mulheres levavam uma vida independente, comotodas as deusas do panteão minoico, Ariadne governava sozinha, sem um consortemasculino. Perto do fim da civilização minoica - com a influência dos micénicosa ser sentida - Ariadne começou a ser acompanhada por um jovem consortemasculino. A sua insígnia, o labirinto - uma estrutura quadrada ou circular commúltiplos circuitos em espiral até ao centro e vice-versa - figura de formaproeminente na sua mitologia e acredita-se que tenha sido um local de iniciaçãoonde as e os mortais passavam de um reino para outro, com o deus-touro - oMinotauro (semelhante a Hades) - a ocupar o seu centro mais profundo e escuro.

MicénicosPatriarcais

O declínioda civilização minoica foi acompanhado pela expansão dos micénicos - como éfrequentemente o caso quando uma cultura se sobrepõe a outra - quando osmicénicos ultrapassaram os minoicos em cerca de 1400 a.C., reformularam osmitos minoicos; os deuses invasores casaram com as deusas indígenas,substituindo os elementos matricêntricos por elementos patriarcais. Aoreescreverem a mitologia, os gregos micénicos provocaram a supressão sistémicado culto das deusas, o que encorajaria a difamação generalizada das mulheres.Mas a reformulação patriarcal dos contos não se ficou pelos micénicos,prosseguiu a bom ritmo nas culturas grega e romana. Ao rever os mitos querodeiam Ariadne, o objetivo deste artigo é expor os tropos patriarcais que têmacompanhado os seus muitos disfarces durante milhares de anos.


Pasífae concebe o Minotauro

Ariadne émais conhecida por um mito da era micénica em que a importantíssima deusa-mãe éreduzida a uma despretensiosa princesa que oferece ajuda ao invasor Teseu, olendário primeiro rei herói de Atenas. A história começa quando Poseidon - deusda terra e do mar - oferece um touro branco raro ao rei Minos de Creta, naexpetativa de que este seja sacrificado em sua honra. Sempre ávido de ter otouro premiado como reprodutor na sua manada, Minos tenta enganar o deus,sacrificando um touro menor em honra de Poseidon. Como tudo vê e tudo sabe,Poseidon, enfurecido, lança um feitiço sobre a rainha de Minos, Pasífae, paraque ela se apaixone perdidamente pelo impressionante touro branco como a neve.O feitiço resultou. De facto, o desejo de Pasífae pelo touro era tão forte queela pediu a ajuda do famoso artesão Dédalo para criar uma vaca de madeira comuma cobertura de pele de vaca para poder copular com o animal. O produto da suaunião foi o Minotauro, um monstro que era um cruzamento entre um humano e umtouro. Sem cuidados e sem amor, o Minotauro foi confinado ao labirinto - quefoi, mais uma vez, projetado pelo perene inventor.

A históriaque conduziu à malevolência do Minotauro para com os atenienses é ilustrativade uma época de grande tensão entre a Creta minoica e Atenas; quando Creta eraa potência do Egeu e Atenas um mero estado incipiente. Reza a lenda que o filhodo rei Minos, Andrógenes, foi traiçoeiramente assassinado pelos atenienses porter ficado com todos os prémios dos Jogos Pan-atenaicos. Como represália pelasua morte, Atenas tinha de enviar todos os anos sete rapazes e sete raparigascomo tributo a Creta. Essencialmente reféns, os jovens atenienses desarmadoseram colocados no labirinto, onde ou se perdiam irremediavelmente nas suasintermináveis passagens sinuosas ou eram devorados pelo Minotauro devorador dehomens ali confinado. Este pesado tributo prolongou-se durante anos, até que Teseu,filho de Egeu, rei de Atenas, se ofereceu para ser uma das sete vítimasmasculinas. 


Ariadne eTeseu

Finalmente,Ariadne entra no mito. Filha de Minos e Pasífae e, portanto, irmã do Minotauro,ela fica imediatamente apaixonada pelo herói ateniense e troca a sua famíliapelo estrangeiro de Atenas. Ariadne arma então Teseu com uma espada para queeste possa matar o seu irmão, o Minotauro. Depois, para escapar ao complexolabirinto de Dédalo, dá-lhe um novelo de fio, aconselhando-o engenhosamente aatar uma ponta à entrada e a deixar o fio desenrolar-se à medida que se vaiaprofundando nos caminhos serpenteantes do labirinto. Sempre a estrelaprincipal, Teseu consegue destruir o Minotauro e segue o fio até à entrada, ondeAriadne, apaixonada por ele, o espera. A partir daí, partem juntos para Atenas,mas antes de lá chegarem fazem um desvio pela ilha de Dia (Naxos), onde Teseudecide abandonar Ariadne.

Muitos foramos que se pronunciaram sobre as possíveis razões que levaram o herói grego aabandonar a sua salvadora minóica. Tanto Hesíodo (cerca de 750 a.C.-650 a.C.)como Plutarco (50 a.C.-120 a.C.) inventam que Teseu deixou Ariadne porqueestava apaixonado por Egle, a deusa da boa saúde. Na peça perdida de Eurípides(480 a.C.-406 a.C.), Teseu, o tema sugere que Teseu - tal como Eneiasque abandona Dido na Eneida - deixou a princesa minoica por provocaçãoda própria Atena (a deusa padroeira de Atenas), porque tinha uma carreira heroicapela frente e a exótica Ariadne poderia ser uma distração. Na mesma linha, oautor e académico latino Higino (64 a.C.-17 d.C.) sugere que Teseu pensava queAriadne lhe traria desgraça em Atenas - presumivelmente por ser estrangeira. Anoção de identidade grega começou a tomar forma com o advento da conquista e/oucolonização em terras estrangeiras, a partir do século VIII a.C., quandocomeçaram a definir-se - xenofobicamente - em relação a todos os outros povos.


Ariadne eMedeia

Nestaaltura, a história começa a assemelhar-se a um outro mito da era micénica, emque a falta de paridade entre o casal é uma caraterística marcante. Em Jasão eos Argonautas, Medeia - outra deusa e princesa de uma terra estrangeira(Cólquida - atual Geórgia) - também age contra os seus interesses, abandonandoa sua família real pelo herói grego Jasão, que acaba por a abandoná-la. Para seapoderar do Tosão de Ouro, Medeia ajuda Jasão em todas as etapas do seucaminho, mesmo à custa do seu pai e do assassínio do seu irmão. Embora as suashistórias sejam diferentes em substância, ambas as mulheres partilham aexploração como tema recorrente, quando são postas de lado depois de teremesgotado a sua utilidade para os heróis gregos hegemónicos. Demonstrando afalta de paridade entre os gregos e as suas conquistas, as mulheres -frequentemente os despojos de guerra - representam os subjugados das terrasvencidas, enquanto Teseu e Jasão desempenham o papel de invasores descuidados -símbolo dos gregos micénicos colonizadores - que pilham os recursos dosvencidos enquanto fogem com os seus bens mais valiosos. O facto de seremvencidas não é, no entanto, a única semelhança entre as duas mulheres.

Ao contrárioda sua homóloga da Cólquida, Ariadne não é conhecida pela vingança, mas numapassagem sobrevivente atribuída à Ariadne desprezada de Teseu, de Eurípides,encontra-se a frase: "e, no entanto, contarei uma história digna de sercensurada..." O poeta helenístico Catulo (84 a.C.-54 a.C.) desenvolve estetema no seu poema épico 64, onde, inspirando-se em Medeia, Ariadne apela àvingança contra o seu herói grego. Antes de partir para Creta, Teseu tinhaprometido ao pai que, se a sua missão fosse bem sucedida, içaria uma velabranca em vez da vela negra que, nos anos anteriores, simbolizava os catorzejovens atenienses sacrificados. Por causa da maldição de Ariadne, quando Teseudeixa a princesa perturbada, esquece-se de içar a vela branca. Ao ver a velanegra, Egeu - acreditando que o seu filho estava morto - atira-se de cabeçapara o mar, que passaria a chamar-se em sua honra: o Egeu. Tal como os deusesna Medeia de Eurípides ajudam Medeia na sua busca de vingança, tambémCatulo conta como Júpiter vem em defesa de Ariadne. No entanto, Ariadne não éboa em questões de vingança. Quando Medeia se vingou de Jasão, destruiu a suanoiva, a sua descendência e o seu futuro, ao passo que o ato de vingança deAriadne faria de Teseu rei de Atenas.

Para alémdas semelhanças entre as duas mulheres desprezadas, como netas que são do deusSol, Hélio, ambas possuem poderes sobrenaturais e, como tal, representam tambémdivindades vencidas - há quem sugira que Medeia pode também ter sido uma deusapré-patriarcal. No seu livro seminal The Masks of God: The OccidentalMythology, Joseph Campbell afirma que: "Consiste simplesmente emchamar demónios aos deuses dos outros povos, alargar a hegemonia dos seuspróprios homólogos ao universo e depois inventar todo o tipo de grandes epequenos mitos secundários... para validar não só uma nova ordem social mastambém uma nova psicologia". No fundo, o Mito do Minotauro é sobre ummonstro cretense, mais parecido com um touro do que com um humano, que devoraos jovens atenienses. Não se perde de vista o facto de os touros na Creta minoicaserem não só objectos de veneração, como também, muito possivelmente,utilizados nos seus rituais sagrados. No entanto, denegrir um animal sagradoera apenas parte do seu descrédito. Mais poderosa ainda foi a marginalização deAriadne, transformando a grande deusa mãe minoica numa donzela apaixonada que ésubserviente ao herói grego Teseu. Reduzida a um mero canal para o sucesso deTeseu, a verdade é que, se não fosse a ajuda de Ariadne, Teseu seria um meropós-escrito - nem rei nem herói. No entanto, Teseu é a estrela desta história -Ariadne é apenas uma pequena atriz. Depois de renunciar à sua família e à suapátria, Teseu abandona-a - enquanto ela dorme - deixando-a a morrer na ilhaestranha e desolada. Em algumas versões, Ariadne, de coração partido,suicida-se.


Consorte deDionísio

Nestaaltura, entra em cena o folião e bon vivant, Dionísio - deus das vindimas. Deacordo com uma tradição, Teseu foi obrigado a deixar Ariadne devido a ameaçasfeitas pelo deus Dionísio - que queria Ariadne para si. Deixada sem grandeescolha, Ariadne aceita. Por outras palavras, uma Ariadne adormecidaassemelha-se a uma Perséfone inconsciente a colher flores enquanto é levadapelo senhor do submundo - o seu próprio tio Hades - para se casar no abismo.Visto desta forma, o casamento é uma violação, que é precisamente como ohistoriador Pausânias (115 d.C. - 180 d.C.) expressa o casamento de Dionísio eAriadne: "Ariadne adormecida, Teseu faz-se ao mar e Dionísio chega paraviolar Ariadne". Aqui, Ariadne é como todas as raparigas gregas, cujoscasamentos - arranjados pelos pais com estranhos, normalmente com o dobro ou otriplo da sua idade - devem ter sido sentidos como uma espécie de violação.Pensa-se que tenha tido origem na Trácia ou na Ásia Menor, Dionísio é umadivindade estrangeira que se crê estar entre um dos mais antigos deusesctónicos (subterrâneos) conhecidos pelo seu papel na fertilidade.

Ariadne, quejá não é uma princesa minoica, é de novo uma deusa da fertilidade, cujo sono -sugestivo do período de dormência da terra - é análogo ao de Perséfone, quepassa alguns meses por ano no subsolo. Ao contrário da história de amor entre oherói grego e a sua ajudante apaixonada, a união entre Ariadne e Dionísioconsolida-se todos os anos. Além disso, Dionísio oferece a Ariadne um presentedos deuses: uma coroa de ouro, outrora de Afrodite - forjada por Hefesto - compedras preciosas vermelhas em forma de rosas, seria eventualmente colocadaentre as estrelas, tornando-se a Corona Borealis (Coroa de Luzes) no céunoturno.


A morte deAriadne

Mas há umareviravolta na história. Na Odisseia de Homero, Ártemis - a deusa virgem dacaça e da castidade, conhecida por castigar brutalmente as mulheres rebeldes -mata uma Ariadne mortal pela sua infidelidade a Dionísio, que era,evidentemente, o seu marido desde o início. Na Odisseia, a frase é interpretadacomo "na denúncia de Dionísio", aparentemente Dionísio estava aborrecidopor Ariadne ter profanado a sua gruta com o seu amor por Teseu. Não importa queo próprio Dionísio fosse um notório sedutor. Patriarcal até ao âmago, a Odisseia- talvez originalmente composta na tradição oral já na Idade Média grega (entre1200-850 a.C.) - é, no fundo, uma história sobre as aventuras de Odisseu e assuas numerosas infidelidades nos dez anos que demora o seu de regresso,enquanto em casa anseia por ele a sua mulher, Penélope, que se contenta emtecer o tempo. A infidelidade de Ariadne, no entanto, pode ser explicada nocontexto da fertilidade e ocorre durante a época pouco fértil do ano, quando asemente do deus da fertilidade fica adormecida. Nessa altura, o casal dafertilidade separa-se e a deusa vai-se embora - talvez remetendo para uma eraanterior ao casamento, quando as mulheres tinham mais controlo sobre a sua vidareprodutiva. Finalmente, Ariadne dorme ou morre durante o período de dormência.Afinal de contas, para uma deusa da fertilidade, dormir e morrer sãopraticamente a mesma coisa.

Mas não seenganem, ao contrário da sua anterior manifestação no panteão minoico, Ariadneé agora apenas a esposa dum deus da fertilidade. Abundam os mitos sobre asfaçanhas e aventuras de Dionísio sem Ariadne, mas quando Ariadne é mencionadanesses mitos, é apenas em relação a Dionísio. Quando Dionísio volta para ela, oseu casamento é sacralizado todos os anos no meio de celebrações orgiásticas -Ariadne renasce e o planeta volta a ser fecundo. De acordo com o livro seminalde Walter Burkert, Greek Religion, a celebração do casamento sagradoentre Dionísio e Ariadne chamava-se Anthesteria e comemorava o facto de o reiTeseu ter oferecido a sua mulher, Ariadne, ao deus. Além disso, havia duasfestas de Ariadne na ilha de Naxos, uma alegre e outra lúgubre. "Ocasamento com Dionísio situa-se na sombra da morte", afirma Burkert. Comoem todas as festas da fertilidade, a morte - um aspeto da regeneração da vida -está implicada na folia.

A mortevolta a acenar-nos em outro mito associado ao casal da fertilidade, quandoDionísio se encontra em guerra com o seu némesis - Perseu, rei de Argo - e comos Argivos. Perseu, recorde-se, ficou famoso por ter decapitado a Medusa -enquanto ela dormia. Uma das três irmãs Górgonas, o olhar de Medusatransformava os homens em pedra. Há quem afirme que Medusa pode ter sido umadeusa pré-patriarcal, o que poderia ser razão suficiente para a sua morte pelopatriarca. De acordo com o poeta épico Nonos (cerca de 400-500 d.C.), na sua Dionisíaca,uma Ariadne "frágil" e evidentemente mortal é transformada em pedraquando Perseu, "furioso", a atinge por engano numa batalha com umalança. Há, no entanto, inconsistências nos mitos. Ao longo destes mitosposteriores, Ariadne é repetidamente referida como mortal, apesar de, noutratradição, Dionísio ter descido ao submundo para a recuperar e levá-la consigopara o Olimpo como sua esposa imortal. No entanto, ela prova ser mais mortal doque imortal quando, de acordo com Pausânias, a deusa é colocada para descansarnuma "urna de barro".

Finalmente,em Dionisíaca, Nonos revive a sua sombra chorosa: "Dioniso, esqueceste a tuaantiga noiva: desejas Aura e não te importas com Ariadne. Ó meu Teseu, a quem ovento amargo roubou! Ó meu Teseu, que Fedra (irmã de Ariadne) arranjou paramarido! Suponho que estava destinado que um marido perjuro sempre fugisse demim..... Ai de mim, se não tivesse um marido mortal, que morresse em breve;então poderia ter-me armado contra o apaixonado Dionísio..."

Reduzida aum fantasma apaixonado, Ariadne lamenta o seu destino às mãos de dois homensindignos. Nem mesmo o casamento miseravelmente infeliz da sua irmã mais nova, Fedra,com Teseu, é suficiente para aliviar a sua dor. Reduzida a uma mulher cujaúnica fonte de felicidade é representada por um homem, a sombra de Ariadne em400-500 d.C. - quando Nonos escreveu estes versos - é muito diferente da grandedeusa-mãe independente que outrora fora, mais de dois mil anos antes.


Senhora doLabirinto

Honrada numareligião do solo que encorajava não só a reverência pela natureza mas também orespeito pelas mulheres, Ariadne foi subjugada por uma sociedade patriarcal querelegava a mulher enquanto exaltava o homem. Com a sua identidade rebaixada,foi usada como contraste para os homens que iria servir. Ariadne, porém, nãofoi a única grande deusa-mãe assim subjugada. Há quem acredite que, sob asformas arquetípicas da carnal Afrodite, da ciumenta Hera e até da patriarcal Atena,se encontram vestígios da tradição da grande deusa-mãe de onde surgiram. Muitosestudiosos têm-se debruçado sobre a tese de que, por detrás do grande panteãoolímpico - tal como imaginado por Hesíodo e Homero -, se encontra uma base dasreligiões das grandes deusas mais antigas. Se for lido com atenção, este factopode ser evidente na mitologia de Ariadne, quando, de vez em quando, sevislumbra a sua manifestação primeira, tal como foi imaginada na névoaprimordial da pré-história.


Em espiraisque imitavam o seu labirinto, as mulheres rodopiavam, dançando ritmicamente. Osseus movimentos foram concebidos para estimular a fecundidade, à medida quegesticulavam e giravam em harmonia com o movimento do próprio planeta. Nocentro do círculo estava a sacerdotisa de Ariadne - a sua encarnação física naTerra. Embebida em pompa, ela era a deusa - vestida com camadas de ouro e umtraje caleidoscópico que só uma divindade poderia usar. Concebidos para incluiros adeptos num ambiente íntimo com as suas divindades, os templos minoicos eramtão não hierárquicos como a sua sociedade. Mas será que os festivais dafertilidade se realizavam nos templos ou ao ar livre? As mulheres entoavamcânticos enquanto dançavam à volta da personagem de Ariadne? Os homensparticipavam na cerimónia? Só podemos adivinhar. Mesmo num dia de céu limpo, avisão do passado ao longo de várias épocas é nebulosa. Uma coisa é certa: nodomínio primordial e indispensável da fertilidade, eram as mulheres quemandavam.

 

"Conforme versão publicada em outubro de 2020 Ancient Origins Premium."

Referências

Brindel, J.1980. Ariadne: A Novel of Ancient Crete. St. Martin’s Press.

Burkert, W.1985. Greek Religion. Harvard University Press.

Eisner, R.1977. Some Anomalies in the Myth of Ariadne. The Classical World. Vol. 71, No.3.

Herberger,C. 1972. The Thread of Ariadne. Philosophical Library.

Perry, L.2013. Ariadne’s Thread. Moon Books.

Rigoglioso,M. 2010. Virgin Goddesses of Antiquity. Palgrave Macmillan.

Webster, T.1966. The Myth of Ariadne from Homer to Catullus. Greece & Rome. Vol. 13,No. 1.

Fonte do texto 

Fontes das imagens:

Imagem 1 - https://www.goddessariadne.org/page-5

Imagem 2 - Pasífae por Júlio Romano 

Imagem 3 - https://jdaviesreazor.com/2008/12/10/ariadne-mistress-labyrinth/

Imagem 4 - Dionysos and Ariadne. Detail from the side A of an Attic red-figure calyx-krater. (ca. 400-375 BC). From Thebes.

Imagem 5 - 

Ariadne asleep at Hypnos's side. Detail of ancient fresco in Pompeii

Imagem 6 - rocha do Minotauro na gruta de Skotino, Creta, que para algumas pessoas está na origem da criação do mito do Minotauro. (Foto da autora do blogue, 2023

Imagem 7 - fresco do palácio de Cnossos (foto da autora do blogue 2015)

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Published on September 02, 2023 03:17
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