O COMPLEXO DE PIGMALIÃO


Ouvi falar há dias de homens que são Facilitadores do Sagrado Feminino e um deles, que é artista plástico, disse-me que no seu trabalho pretendia “dar mais glamour à Deusa”, não achava eu que as representações das Deusas de Avalon eram demasiado “escuras”?... 
A minha tendência nestes casos, confesso, é para assumir aquela posição de “Porquê eu? Por que é que estas questões não são colocadas, por exemplo, à Kathy Jones?”.... Complicado explicar num país onde toda esta discussão passou ao lado antes do Sagrado Feminino se tornar moda…
Mas vejamos, desde o Deus da Bíblia criando Eva, uma mulher mais adequada para o seu programa com Adão do que a selvagem e indomável Lilith, até aos magos Math e Guydion que criam a donzela Blodeuwedd para o filho de Arianrod, na mitologia galesa (felizmente logo ela se põe a andar com o eleito do seu coração), passando pelos gurus da moda e pelo lobby da indústria farmacêutica, sem falar nos padres da igreja, nem nos talibãs, nem no Zeus de cuja cabeça saiu a sua filha Atena, o que é que mudou realmente? 
Não faço ideia de qual seja a abordagem dos homens que “facilitam” o Sagrado Feminino, mas imagino que muitas mulheres até devam achar o máximo serem a “deusa” do seu guru, que, provavelmente, qual Pigmalião, vai querer transformá-las na mulher perfeita, insuflando vida na estátua perfeita, tornando-se assim, à falta de útero, num criador que dá à luz com o poder do seu ideal de perfeição masculino para a mulher. 
Pois eu para estes casos extremos sempre recomendo a leitura/estudo da obra de Jean Markale (um homem, certo?) La Femme Celte, em inglês The Women of the Celts, nunca traduzido para português (se estiver enganada, digam, por favor, para celebrarmos). É ele, um homem, que, daquilo que eu sei, melhor desfaz estes equívocos de homens pretendendo ensinar mulheres a serem mulheres…
Não querendo ser sexista, nem ofender ninguém (isto não é nada de pessoal), só dizer que a proposta destes tempos saturados de androcracia é precisamente para desaprendermos toda a programação masculina que recebemos até aqui e aprendermos nós, por nós mesmas e/ou umas com as outras, a sermos Mulheres. Seria aliás decente pensar que o mesmo estariam os homens a fazer uns com os outros (mas aqui desconfio que na sua grande maioria eles continuam a achar-se os perfeitos “reis da criação”, valha-nos a Deusa…). Quanto a mim, essa seria mesmo a melhor maneira de servirem a Deusa e o Sagrado Feminino (e Masculino!) nestes tempos e cultura em que se morre à míngua dum Homem que realmente o saiba ser e que tenha uma ideia justa do seu lugar na relação entre os sexos. E que a Deusa nos abençoe a tod@s.    

Imagens: Google                                                                                                        
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Published on May 31, 2018 06:49
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Luiza Frazão
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