Deana Barroqueiro's Blog: Author's Central Page, page 27
March 13, 2016
A nova edição da Casa das Letras-Leya
Já está nas livrarias a nova edição do D. Sebastião e o Vidente, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya. Para festejar o seu 10º aniversário. Foi o meu maior sucesso, com várias edições esgotadas e cerca de 17.000 exemplares vendidos. Espero que haja agora novas gerações de leitores (os que há 10 anos não gostavam de ler e presentemente já gostam).
Published on March 13, 2016 11:19
Efeméride 2006: !º edição de D. Sebastião e o Vidente
Entrevista feita nos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, para apresentação da 1ª edição do romance D Sebastião e o Vidente. Em voz-off, Paulo Rebelo Gonçalves, um amigo muito querido.
Published on March 13, 2016 10:59
Efeméride 2006-2016
2006 Lançamento da 1º edição do D. Sebastião e o VidenteEspero que a minha actual Editora Casa das Letras não me leve a mal, o recordar hoje, o nascimento e apresentação do D. Sebastião e o Vidente, há 10 anos, nos Jerónimos, naquele dia que foi um dos mas felizes da minha vida, pelo que serei sempre grata à Porto Editora.
Published on March 13, 2016 09:46
March 5, 2016
AGENDA 2016 - Março na FIL
Dia 6 de Março, às 17.30, na FIL – Parque das Nações
Deana Barroqueiro vai estar à conversa com Miguel Real e António Pedro Vasconcelos, na Feira Internacional de Turismo, Pavilhão 2C, no “stand” de Viseu (nº 22), sobre histórias e personagens da nossa História.
É um bom pretexto para visitar a Feira que oferece muitas actividades e tem muitos atractivos.
Published on March 05, 2016 04:05
March 4, 2016
«Há muita gente que reage estupidamente quando se fala em Descobrimentos».
Entrevista a Deana Barroqueiro, escritoraMarch 4, 2016 - Clarim, Macau
A escritora de romances históricos Deana Barroqueiro tem novo livro na calha. O Clarim foi ouvi-la falar dessa sua nova obra e do desinvestimento nas áreas da Educação e da Cultura por parte do Estado Português, que, no decorrer de 2015, não assinalou devidamente duas importantes efemérides: os 600 anos da tomada de Ceuta e os Quinhentos anos da morte de Afonso de Albuquerque. E é por aí mesmo que iniciamos a nossa conversa.
O CLARIM
– O que acha do Governo de um país que ignora efemérides destas?DEANA BARROQUEIRO – Demonstra ignorância. Refiro-me ao Governo anterior, pois o actual ainda mal teve tempo de respirar. Foi dos mais medíocres em termos culturais que a minha longa vida presenciou. Substituir um Ministério da Cultura por uma Secretaria de Estado da Cultura é querer um povo inculto, ignorante, incapaz de se inteirar da sua mediocridade e do Governo que os governa. Um Governo que só pensa no próprio estatuto e não no interesse comum.
CL
– Os povos nem sempre convivem bem com a sua História. Concorda com esta afirmação?D.B. – Em absoluto. Portugal é um bom exemplo disso, embora essa atitude seja mais frequente nos países que foram colonizados. Têm esse péssimo hábito de imiscuir a história actual com a história passada e não conseguem digerir esse facto, esquecendo algo de fundamental, e que é: conhecer o passado auxilia a entender o presente, permitindo uma melhor projecção no futuro. Evitam-se asneiras anteriores, por exemplo. Uma nação é composta de passado, presente e futuro. Estou a falar de continuidade, e se cortamos uma parte ficamos incompletos. No caso português, urge fazer as pazes com determinados aspectos do nosso passado. E se houve violência, a verdade é que também houve imensa coisa positiva. É isso que é importante realçar.
CL
– Será que a violência de que fala tinha razão de ser? Justificava-se?D.B. – A violência no tempo de Afonso de Albuquerque, já que serve de exemplo, era uma “violência necessária”, ou seja era a fruta da época. Todos os povos a praticavam. Impunha-se o poder através do medo. Como é que acha que os muçulmanos, no seu processo de islamização do continente asiático, tratavam os povos com quem se deparavam? Para lá desse lado tenebroso, não esqueçamos, houve actos de grande generosidade e até actos verdadeiramente revolucionários para a época. Por exemplo, nas regiões sob a jurisdição de Albuquerque os indianos estavam impedidos de praticar o sati – o sacrifício ritual das viúvas nas piras dos maridos defuntos – e aos infractores eram aplicadas penas duríssimas. Além disso, não esqueçamos que Albuquerque foi o grande promotor dos casamentos mistos. Não só entre portugueses desclassificados, ou seja, os degredados e bandidos, mas também entre os soldados comuns. O almirante oferecia terras e postos administrativos a quem casasse com as mulheres indígenas cristianizadas. Mas o mais admirável era a sua incorruptibilidade. Era um indivíduo de uma honestidade e de uma lealdade a toda a prova. Por isso foi posteriormente amarfanhado, aviltado, e, na hora da morte, viu-se substituído por aqueles que tinha mandado acorrentados, como ladrões, para o Reino e que depois D. Manuel – certamente influenciado por maus conselheiros, amigos desses corruptos – libertou, reconduzindo-os nos cargos anteriores ou premiando-os com outros postos de chefia. Mas disso não falam os detractores dos feitos dos portugueses; por desconhecimento, ou porque não lhe interessa, pois a «lenda negra» vende sempre mais. Se fossemos a comparar a violência daquela época com a da agora, então é que não há justificação alguma. Além disso, se compararmos o que os portugueses de mal fizeram pelo mundo, por exemplo, com o que de mal fizeram espanhóis, holandeses ou ingleses, parecemos uns anjos. Essa dor, essa animosidade, essa má vontade, está um bocado fora do contexto, não faz sentido. Assumir os erros e as virtudes, faz parte do reencontro de um povo com a sua história e a história dos demais.
CL
– Qual foi para si o factor mais admirável nessa descoberta iniciada há 600 anos?D.B. – Foram muitos; é difícil escolher. O contorno dos continentes foi em grande parte descoberto e desenhado pelos portugueses, que ali deixaram uma vasta toponímia. Grande parte das ilhas e lugares onde os portugueses aportaram foram na realidade descobertas, no sentido em que não havia lá ninguém. Era um descobrir para a Europa, como é óbvio. Mas há ainda muita gente que reage estupidamente quando se fala em Descobrimentos, maldosamente deturpando o sentido. Já no século XVI a presença das pessoas nesses locais “descobertos” não era escamoteada, como as crónicas coevas o confirmam. Os cronistas fazem essa própria crítica.
CL
– Com é que surgiu essa sua paixão pelos romances históricos que valorizam os feitos dos portugueses de antanho?D.B. – Respondo com uma pergunta. Será que é possível conhecer um pouco de História de Portugal e da Literatura Portuguesa sem ficar completamente apaixonado e maravilhado? Acho que não. Temos uma História e uma Literatura, em todos os períodos, verdadeiramente rica e fabulosa. Fui durante muitos anos professora de Literatura Portuguesa no Ensino Secundário e tínhamos um programa riquíssimo, que depressa viria a ser destruído, com a perda de todo o conteúdo e a triunfante entrada do facilitismo repugnante que ainda impera. Ou seja, enquanto era um programa a sério eu era obrigada a estudar História para poder leccionar literatura de viagens. A partir da Idade Média verificamos que temos autênticos génios em todos os géneros literários e em todos os tipos de literatura, além dos factos históricos em si. Comecei a fazer escrita criativa quando ainda não se falava de escrita criativa. Ensinei os meus alunos a escrever contos, apenas com o material dos programas obedecendo à veracidade dos factos, os que os obrigava a explorar todas as técnicas narrativas. Quando se optou pelo no facilitismo no Ensino, vim-me embora, e resolvi fazer aquilo que mais amava na vida, a escrita, a minha escrita. Optei pelo romance histórico, precisamente porque era considerado um género menor, quando é, na realidade, o género literário mais difícil de concretizar. Quando este é levado a sério.
CL
– Como assim?D.B. – Para escrever um romance histórico intelectualmente honesto é preciso estudar muitíssimo. Não se pode enganar o leitor. Romances históricos feitos em seis meses ou num ano, peço imensa desculpa mas considero-os uma fraude.
CL
– Mas há muita gente a fazer isso…D.B. – Sim, mas é outra coisa. Romance histórico não é, de certeza. Como dizia o Almeida Garret, vão buscar «uns figurões», uns nomes à História, pintam-nos, acachapam-nos – «grudam-nos», como ele diz, e bem, «no papel da moda» – e, pronto, está a coisa feita. Infelizmente isso acontece com a cumplicidade das editoras e eu lamento imenso que tal aconteça, porque depois quem faz romances a sério, com anos e anos de trabalho – nenhum livro dos meus tem menos de três ou quatro anos de trabalho – é metido no mesmo saco dos “escritores de romances históricos a metro”. Considero isso muito injusto.
CL
– Quer falar-nos do seu próximo romance?D.B. – A trama desse romance tem lugar no século XVII, no período da Restauração e pós-Restauração. Um período difícil que coincide com a decadência do Império Português. Nele aplico, tal como nos romances anteriores, a minha componente literária, neste caso o barroco, próprio do século XVII. É um romance a quatro vozes, todas elas distintas, com um linguajar muito próprio, representativo da mentalidade da época. São eles: Brás Garcia de Mascarenhas, autor da grande epopeia do século XVII, “O Viriato Trágico”, e um dos guerreiros da Restauração. Temos depois a poetisa Soror Violante do Céu, que dá a perspectiva das mulheres e dos freiráticos, que era uma das componentes do século XVII que não se pode deixar de fora. Temos ainda Francisco Manuel de Melo, outro ponto de vista, completamente guerreiro, embora além militar fosse também político e escritor. E termino com a voz do padre António Vieira, que dará a parte diplomática.
CL
– Já tem título?D.B. – Não. Essa questão fica habitualmente a cargo do editor. Digo que estou na parte final, mas a minha parte final é sempre muito comprida. Estou com quatrocentas e cinquenta páginas, mas isso ainda é dois terços do total. É impossível meter a nossa riquíssima História em poucas páginas.Joaquim Magalhães de Castro
A escritora de romances históricos Deana Barroqueiro tem novo livro na calha. O Clarim foi ouvi-la falar dessa sua nova obra e do desinvestimento nas áreas da Educação e da Cultura por parte do Estado Português, que, no decorrer de 2015, não assinalou devidamente duas importantes efemérides: os 600 anos da tomada de Ceuta e os Quinhentos anos da morte de Afonso de Albuquerque. E é por aí mesmo que iniciamos a nossa conversa.
O CLARIM
– O que acha do Governo de um país que ignora efemérides destas?DEANA BARROQUEIRO – Demonstra ignorância. Refiro-me ao Governo anterior, pois o actual ainda mal teve tempo de respirar. Foi dos mais medíocres em termos culturais que a minha longa vida presenciou. Substituir um Ministério da Cultura por uma Secretaria de Estado da Cultura é querer um povo inculto, ignorante, incapaz de se inteirar da sua mediocridade e do Governo que os governa. Um Governo que só pensa no próprio estatuto e não no interesse comum.
CL
– Os povos nem sempre convivem bem com a sua História. Concorda com esta afirmação?D.B. – Em absoluto. Portugal é um bom exemplo disso, embora essa atitude seja mais frequente nos países que foram colonizados. Têm esse péssimo hábito de imiscuir a história actual com a história passada e não conseguem digerir esse facto, esquecendo algo de fundamental, e que é: conhecer o passado auxilia a entender o presente, permitindo uma melhor projecção no futuro. Evitam-se asneiras anteriores, por exemplo. Uma nação é composta de passado, presente e futuro. Estou a falar de continuidade, e se cortamos uma parte ficamos incompletos. No caso português, urge fazer as pazes com determinados aspectos do nosso passado. E se houve violência, a verdade é que também houve imensa coisa positiva. É isso que é importante realçar.
CL
– Será que a violência de que fala tinha razão de ser? Justificava-se?D.B. – A violência no tempo de Afonso de Albuquerque, já que serve de exemplo, era uma “violência necessária”, ou seja era a fruta da época. Todos os povos a praticavam. Impunha-se o poder através do medo. Como é que acha que os muçulmanos, no seu processo de islamização do continente asiático, tratavam os povos com quem se deparavam? Para lá desse lado tenebroso, não esqueçamos, houve actos de grande generosidade e até actos verdadeiramente revolucionários para a época. Por exemplo, nas regiões sob a jurisdição de Albuquerque os indianos estavam impedidos de praticar o sati – o sacrifício ritual das viúvas nas piras dos maridos defuntos – e aos infractores eram aplicadas penas duríssimas. Além disso, não esqueçamos que Albuquerque foi o grande promotor dos casamentos mistos. Não só entre portugueses desclassificados, ou seja, os degredados e bandidos, mas também entre os soldados comuns. O almirante oferecia terras e postos administrativos a quem casasse com as mulheres indígenas cristianizadas. Mas o mais admirável era a sua incorruptibilidade. Era um indivíduo de uma honestidade e de uma lealdade a toda a prova. Por isso foi posteriormente amarfanhado, aviltado, e, na hora da morte, viu-se substituído por aqueles que tinha mandado acorrentados, como ladrões, para o Reino e que depois D. Manuel – certamente influenciado por maus conselheiros, amigos desses corruptos – libertou, reconduzindo-os nos cargos anteriores ou premiando-os com outros postos de chefia. Mas disso não falam os detractores dos feitos dos portugueses; por desconhecimento, ou porque não lhe interessa, pois a «lenda negra» vende sempre mais. Se fossemos a comparar a violência daquela época com a da agora, então é que não há justificação alguma. Além disso, se compararmos o que os portugueses de mal fizeram pelo mundo, por exemplo, com o que de mal fizeram espanhóis, holandeses ou ingleses, parecemos uns anjos. Essa dor, essa animosidade, essa má vontade, está um bocado fora do contexto, não faz sentido. Assumir os erros e as virtudes, faz parte do reencontro de um povo com a sua história e a história dos demais.
CL
– Qual foi para si o factor mais admirável nessa descoberta iniciada há 600 anos?D.B. – Foram muitos; é difícil escolher. O contorno dos continentes foi em grande parte descoberto e desenhado pelos portugueses, que ali deixaram uma vasta toponímia. Grande parte das ilhas e lugares onde os portugueses aportaram foram na realidade descobertas, no sentido em que não havia lá ninguém. Era um descobrir para a Europa, como é óbvio. Mas há ainda muita gente que reage estupidamente quando se fala em Descobrimentos, maldosamente deturpando o sentido. Já no século XVI a presença das pessoas nesses locais “descobertos” não era escamoteada, como as crónicas coevas o confirmam. Os cronistas fazem essa própria crítica.
CL
– Com é que surgiu essa sua paixão pelos romances históricos que valorizam os feitos dos portugueses de antanho?D.B. – Respondo com uma pergunta. Será que é possível conhecer um pouco de História de Portugal e da Literatura Portuguesa sem ficar completamente apaixonado e maravilhado? Acho que não. Temos uma História e uma Literatura, em todos os períodos, verdadeiramente rica e fabulosa. Fui durante muitos anos professora de Literatura Portuguesa no Ensino Secundário e tínhamos um programa riquíssimo, que depressa viria a ser destruído, com a perda de todo o conteúdo e a triunfante entrada do facilitismo repugnante que ainda impera. Ou seja, enquanto era um programa a sério eu era obrigada a estudar História para poder leccionar literatura de viagens. A partir da Idade Média verificamos que temos autênticos génios em todos os géneros literários e em todos os tipos de literatura, além dos factos históricos em si. Comecei a fazer escrita criativa quando ainda não se falava de escrita criativa. Ensinei os meus alunos a escrever contos, apenas com o material dos programas obedecendo à veracidade dos factos, os que os obrigava a explorar todas as técnicas narrativas. Quando se optou pelo no facilitismo no Ensino, vim-me embora, e resolvi fazer aquilo que mais amava na vida, a escrita, a minha escrita. Optei pelo romance histórico, precisamente porque era considerado um género menor, quando é, na realidade, o género literário mais difícil de concretizar. Quando este é levado a sério.
CL
– Como assim?D.B. – Para escrever um romance histórico intelectualmente honesto é preciso estudar muitíssimo. Não se pode enganar o leitor. Romances históricos feitos em seis meses ou num ano, peço imensa desculpa mas considero-os uma fraude.
CL
– Mas há muita gente a fazer isso…D.B. – Sim, mas é outra coisa. Romance histórico não é, de certeza. Como dizia o Almeida Garret, vão buscar «uns figurões», uns nomes à História, pintam-nos, acachapam-nos – «grudam-nos», como ele diz, e bem, «no papel da moda» – e, pronto, está a coisa feita. Infelizmente isso acontece com a cumplicidade das editoras e eu lamento imenso que tal aconteça, porque depois quem faz romances a sério, com anos e anos de trabalho – nenhum livro dos meus tem menos de três ou quatro anos de trabalho – é metido no mesmo saco dos “escritores de romances históricos a metro”. Considero isso muito injusto.
CL
– Quer falar-nos do seu próximo romance?D.B. – A trama desse romance tem lugar no século XVII, no período da Restauração e pós-Restauração. Um período difícil que coincide com a decadência do Império Português. Nele aplico, tal como nos romances anteriores, a minha componente literária, neste caso o barroco, próprio do século XVII. É um romance a quatro vozes, todas elas distintas, com um linguajar muito próprio, representativo da mentalidade da época. São eles: Brás Garcia de Mascarenhas, autor da grande epopeia do século XVII, “O Viriato Trágico”, e um dos guerreiros da Restauração. Temos depois a poetisa Soror Violante do Céu, que dá a perspectiva das mulheres e dos freiráticos, que era uma das componentes do século XVII que não se pode deixar de fora. Temos ainda Francisco Manuel de Melo, outro ponto de vista, completamente guerreiro, embora além militar fosse também político e escritor. E termino com a voz do padre António Vieira, que dará a parte diplomática.
CL
– Já tem título?D.B. – Não. Essa questão fica habitualmente a cargo do editor. Digo que estou na parte final, mas a minha parte final é sempre muito comprida. Estou com quatrocentas e cinquenta páginas, mas isso ainda é dois terços do total. É impossível meter a nossa riquíssima História em poucas páginas.Joaquim Magalhães de Castro
Published on March 04, 2016 04:06
February 27, 2016
Nova Edição de D. Sebastião e o Vidente
Está pronta para seguir para as livrarias uma nova edição, revista, do meu romance D. Sebastião e o Vidente, com a chancela da Casa das Letras/Leya. Para festejar o seu 10º aniversário, pois foi em 2006 que a Porto Editora o escolheu para se lançar na ficção, apresentando-o com imensa pompa, brilho e circunstância no Mosteiro dos Jerónimos. Foi o meu maior sucesso, com várias edições esgotadas e cerca de 17.000 exemplares vendidos. Espero que haja agora novas gerações de leitores (os que há 10 anos não gostavam de ler e presentemente já gostam).
“La pluma es lengua del alma: cuales fueren los conceptos que en ella se engendraren, tales serán sus escritos”(El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La ManchaMiguel de Cervantes 1605)Caríssimo leitor(a)
«D. Sebastião e o Vidente» foi o meu primeiro romance histórico de longo fôlego, a obra que a Porto Editora escolheu, em 2006, para iniciar o seu projecto editorial de ficção. Constitui um marco no percurso da minha escrita, porque, embora já tivesse publicado sete romances juvenis e dois livros de contos, foi este livro, premiado e com várias edições esgotadas, que me tornou conhecida como romancista. “D. Sebastião e o Vidente” representou não um corte com a obra anterior, mas um ponto de viragem, uma mudança em termos de objectivos, de destinatários e de maturidade da escrita. Teve uma longa gestação (cerca de três anos) e um parto difícil, com muitas versões destruídas. Talvez porque, inconscientemente, a antiga professora de literatura que ainda me habita se insurgisse contra a liberdade da escritora e lutasse para impor a sua vontade, ansiosa por partilhar com os leitores esse tesouro extraordinário de personagens, sucessos e obras do Renascimento português, que lhe serviram de modelo.Creio que o tema do sebastianismo me surgiu de uma visão pessimista de Portugal, do marasmo do nosso presente e da incerteza do nosso futuro colectivo. Acabávamos de entrar no terceiro milénio da nossa era, um tempo que se esperava de grande Descoberta, Progresso e Conhecimento, para maior felicidade do homem; contudo, no mundo, sopravam cada vez mais fortes os ventos do desencanto, da violência, da pobreza e da superstição. Portugal, avesso à mudança, continuava à espera de um D. Sebastião que o viesse salvar do pântano da mediocridade e imobilismo em que vegetava. Neste contexto, assume primordial importância no romance um narrador que dialoga, num registo irónico e crítico, com o leitor/a, permitindo-lhe estabelecer uma relação de distanciação e/ou proximidade entre as duas épocas, cotejando o passado com o presente. «A Literatura e a História não dividem o seu património», afirma uma máxima chinesa, porque uma obra literária dá sempre testemunho de um determinado tempo, espaço e civilização. E esse conhecimento é, na minha concepção, a mais-valia do romance histórico. Assim, o leitor é convidado a sair do seu tempo pessoal e a mergulhar num outro tempo, efabulado, porém, recriado a partir de uma rigorosa investigação de fontes documentais, que se reflecte na contextualização da acção, da linguagem, das mentalidades, dos lugares e dos costumes do século XVI.De igual modo, as personagens históricas do rei D. Sebastião (o mais desejado e caluniado de Portugal) e de Miguel Leitão de Andrada (um fidalgote de Pedrógão Grande, com fama de vidente e autor da Miscelânea, uma das fontes do romance) são retratadas de forma realista, por vezes crua, mas humanizada, procurando fazer-lhes a justiça que lhes foi negada. Duas vidas entrelaçadas pelo Destino, desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir, que reflectem o espírito da época, esse binómio do idealismo-materialismo, magistralmente encarnado em D. Quixote e Sancho Pança, de Miguel de Cervantes. D. Sebastião é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão privado de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto (alimentado pela corrupção dos cortesãos e dos políticos) que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visões de Miguel Leitão de Andrada. E como todo o autor de romances históricos é por natureza um criador de mitos, ofereço aos meus leitores uma complexa intriga palaciana, feita de conspiração, mistério e revelação… que, dez anos depois da sua criação – uma década preenchida pela trilogia de romances de viagens e descobrimentos, «O Navegador da Passagem», «O Espião de D. João II» e «O Corsário dos Sete Mares: Fernão Mendes Pinto» –, surge em nova edição, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya. Se a leitura vos proporcionar algumas horas de prazer e contribuir para um melhor conhecimento deste período da nossa História, o romance terá cumprido a sua missão e a autora seguirá novo caminho, na senda da sua escrita.
Deana Barroqueirohttp://deanabarroqueiro.blogspot.com
Published on February 27, 2016 05:47
February 18, 2016
Uma fotografia “assombrosa” e mais um português premiado no World Press Photo 2015
LUCINDA CANELAS 18/02/2016 - 10:30
O maior concurso de fotojornalismo do mundo foi dominado pela crise dos refugiados. A imagem do ano encontra-os, de madrugada, na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Mário Cruz, fotógrafo da Agência Lusa, ganhou um dos primeiros prémios.
É uma fotografia a preto e branco, cheia de grão e com pouco contraste. A falta de luz é testemunha da precaridade da situação – dois refugiados na fronteira entre a Sérvia e a Hungria fazem passar um bebé pelo buraco na vedação de arame farpado.
Warren Richardson, o fotógrafo australiano que com esta imagem acaba de receber o prémio principal do World Press Photo 2015, acompanhava há horas um grupo de 200 pessoas que tentavam atravessar a fronteira e que tinham passado toda a noite a fugir da polícia. Não podia usar flash porque se o fizesse denunciaria os refugiados. Eram três da manhã e só a lua lhes permitia ver onde punham os pés. Richardson tinha passado os últimos dias acampado ali, entre os refugiados.
“Eles mandaram as mulheres e as crianças primeiro, depois os homens com filhos e os mais velhos. Devo ter estado com este grupo umas cinco horas. Passámos a noite toda a brincar ao gato e ao rato com a polícia”, disse Richardson, um freelancer que tem a Hungria por base, quando explicou em que circunstância fez aquela que é agora a Fotografia do Ano 2015, segundo o júri do mais importante concurso de fotojornalismo do mundo. “Estava exausto quando tirei a fotografia”, recorda o australiano, citado no comunicado que anuncia os premiados.
Na longa lista dos prémios deste ano, distribuídos por oito categorias, volta a haver um português. Mário Cruz, da agência Lusa, fotografou os talibés no Senegal e na Guiné-Bissau, rapazes entre os cinco e os 15 anos que vivem em escolas islâmicas e que, a pretexto de receberem uma educação corânica, são obrigados a mendigar pelas ruas, entregando os seus ganhos diários – dinheiro, arroz, açúcar – aos professores, que muitas vezes lhes batem e os violam. Alguns são confiados a estes falsos mestres pelos pais, sem meios para lhes garantirem outro tipo de educação, muitos são raptados.
"Talibes, Modern-day Slaves" MÁRIO CRUZAs fotografias que valeram a Mário Cruz, de 28 anos, o primeiro prémio na categoria de Temas Contemporâneos, um ensaio sobre uma forma de escravatura contemporânea a que deu o nome deTalibés, Modern-day Slaves, acabam de ser publicadas pela revista norte-americana
Newsweek
, são a preto e branco e mostram, por exemplo, crianças a dormir sobre um chão de cimento numa escola islâmica em Saint Louis, no Senegal, onde vivem mais de 30 “discípulos”. Noutra vê-se um adolescente de 15 anos, Abdoulaye, num quarto com uma grade que o impede de fugir ao seu marabu (professor).Fugir foi precisamente o que fizeram os meninos que o fotógrafo encontrou na margem de um rio, também em Saint Louis, numa zona conhecida como a cidade dos talibés, dado o elevado número de rapazes que trocam os abusos de que são alvo nas escolas islâmicas pelas ruas, vivendo também na miséria mas em liberdade. A imagem captada por Mário Cruz parece transformá-los em espectros, como se os seus corpos não tivessem peso e não pudessem ser tocados, como se estivessem junto à água, à espera que algo aconteça.
Outra das fotografias desta série viaja até Bafatá, na Guiné-Bissau. Foi tirada num centro de acolhimento para rapazes que escaparam aos seus marabus ou que lhes foram retirados pelos tribunais, nos raros casos em que estes professores são julgados. Só em 2014 este centro recebeu 45 talibés fugidos da escravatura. No texto publicado no site da revista norte-americana, Mário Cruz acrescenta que, segundo dados recentes da ONG Human Rights Watch, mais de 30 mil rapazes são forçados a mendigar só na região de Dacar. São na maioria senegaleses mas, em virtude do crescente tráfico de pessoas, o número de meninos de países vizinhos como a Guiné-Bissau tem vindo a aumentar.
Cruz, que já viu o seu trabalho elogiado pelo New York Times – o prestigiado diário americano chegou a publicar na sua edição impressa internacional algumas das fotografias de Roof, série em que acompanha pessoas que, por vários motivos, vivem hoje em edifícios abandonados de Lisboa –, já recebeu também o maior prémio de fotojornalismo português, o Estação Imagem, em 2014, com a reportagem Cegueira Recente. O repórter da Lusa junta-se, agora, aos outros quatro portugueses que também já foram distinguidos pelo World Press Photo: Eduardo Gageiro (retrato do general Spínola, 1974), Carlos Guarita (indústria de armamento, 1994), Miguel Barreira (bodyborder nas ondas da Nazaré, 2007) e Daniel Rodrigues (rapazes a jogarem à bola na Guiné-Bissau, 2013).
O maior concurso de fotojornalismo do mundo foi dominado pela crise dos refugiados. A imagem do ano encontra-os, de madrugada, na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Mário Cruz, fotógrafo da Agência Lusa, ganhou um dos primeiros prémios.

É uma fotografia a preto e branco, cheia de grão e com pouco contraste. A falta de luz é testemunha da precaridade da situação – dois refugiados na fronteira entre a Sérvia e a Hungria fazem passar um bebé pelo buraco na vedação de arame farpado.
Warren Richardson, o fotógrafo australiano que com esta imagem acaba de receber o prémio principal do World Press Photo 2015, acompanhava há horas um grupo de 200 pessoas que tentavam atravessar a fronteira e que tinham passado toda a noite a fugir da polícia. Não podia usar flash porque se o fizesse denunciaria os refugiados. Eram três da manhã e só a lua lhes permitia ver onde punham os pés. Richardson tinha passado os últimos dias acampado ali, entre os refugiados.
“Eles mandaram as mulheres e as crianças primeiro, depois os homens com filhos e os mais velhos. Devo ter estado com este grupo umas cinco horas. Passámos a noite toda a brincar ao gato e ao rato com a polícia”, disse Richardson, um freelancer que tem a Hungria por base, quando explicou em que circunstância fez aquela que é agora a Fotografia do Ano 2015, segundo o júri do mais importante concurso de fotojornalismo do mundo. “Estava exausto quando tirei a fotografia”, recorda o australiano, citado no comunicado que anuncia os premiados.
Na longa lista dos prémios deste ano, distribuídos por oito categorias, volta a haver um português. Mário Cruz, da agência Lusa, fotografou os talibés no Senegal e na Guiné-Bissau, rapazes entre os cinco e os 15 anos que vivem em escolas islâmicas e que, a pretexto de receberem uma educação corânica, são obrigados a mendigar pelas ruas, entregando os seus ganhos diários – dinheiro, arroz, açúcar – aos professores, que muitas vezes lhes batem e os violam. Alguns são confiados a estes falsos mestres pelos pais, sem meios para lhes garantirem outro tipo de educação, muitos são raptados.
"Talibes, Modern-day Slaves" MÁRIO CRUZAs fotografias que valeram a Mário Cruz, de 28 anos, o primeiro prémio na categoria de Temas Contemporâneos, um ensaio sobre uma forma de escravatura contemporânea a que deu o nome deTalibés, Modern-day Slaves, acabam de ser publicadas pela revista norte-americana
Newsweek
, são a preto e branco e mostram, por exemplo, crianças a dormir sobre um chão de cimento numa escola islâmica em Saint Louis, no Senegal, onde vivem mais de 30 “discípulos”. Noutra vê-se um adolescente de 15 anos, Abdoulaye, num quarto com uma grade que o impede de fugir ao seu marabu (professor).Fugir foi precisamente o que fizeram os meninos que o fotógrafo encontrou na margem de um rio, também em Saint Louis, numa zona conhecida como a cidade dos talibés, dado o elevado número de rapazes que trocam os abusos de que são alvo nas escolas islâmicas pelas ruas, vivendo também na miséria mas em liberdade. A imagem captada por Mário Cruz parece transformá-los em espectros, como se os seus corpos não tivessem peso e não pudessem ser tocados, como se estivessem junto à água, à espera que algo aconteça.Outra das fotografias desta série viaja até Bafatá, na Guiné-Bissau. Foi tirada num centro de acolhimento para rapazes que escaparam aos seus marabus ou que lhes foram retirados pelos tribunais, nos raros casos em que estes professores são julgados. Só em 2014 este centro recebeu 45 talibés fugidos da escravatura. No texto publicado no site da revista norte-americana, Mário Cruz acrescenta que, segundo dados recentes da ONG Human Rights Watch, mais de 30 mil rapazes são forçados a mendigar só na região de Dacar. São na maioria senegaleses mas, em virtude do crescente tráfico de pessoas, o número de meninos de países vizinhos como a Guiné-Bissau tem vindo a aumentar.
Cruz, que já viu o seu trabalho elogiado pelo New York Times – o prestigiado diário americano chegou a publicar na sua edição impressa internacional algumas das fotografias de Roof, série em que acompanha pessoas que, por vários motivos, vivem hoje em edifícios abandonados de Lisboa –, já recebeu também o maior prémio de fotojornalismo português, o Estação Imagem, em 2014, com a reportagem Cegueira Recente. O repórter da Lusa junta-se, agora, aos outros quatro portugueses que também já foram distinguidos pelo World Press Photo: Eduardo Gageiro (retrato do general Spínola, 1974), Carlos Guarita (indústria de armamento, 1994), Miguel Barreira (bodyborder nas ondas da Nazaré, 2007) e Daniel Rodrigues (rapazes a jogarem à bola na Guiné-Bissau, 2013).
Published on February 18, 2016 09:56
January 20, 2016
Aniversário d'El-Rei D. Sebastião
Hoje, 20 de Janeiro, faz 562 anos que nasceu el-Rei D. Sebastião (1554-1578), na cidade de Lisboa. Este ano comemoro também o 10º aniversário da publicação do meu primeiro romance histórico de longo fôlego, precisamente, D. Sebastião e o Vidente. Em Março sairá uma nova edição, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya.
Deixo-vos aqui a minha Carta ao Leitor(a), que, como sempre, me permite manter com quem me lê uma conversa de amigos.
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“La pluma es lengua del alma: cuales fueren los conceptos que en ella se engendraren, tales serán sus escritos”(El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha Miguel de Cervantes 1605)
Caríssimo leitor(a)
«D. Sebastião e o Vidente» foi o meu primeiro romance histórico de longo fôlego, a obra que a Porto Editora escolheu, em 2006, para iniciar o seu projecto editorial de ficção. Constitui um marco no percurso da minha escrita, porque, embora já tivesse publicado sete romances juvenis e dois livros de contos, foi este livro, premiado e com várias edições esgotadas, que me tornou conhecida como romancista.
“D. Sebastião e o Vidente” representou não um corte com a obra anterior, mas um ponto de viragem, uma mudança em termos de objectivos, de destinatários e de maturidade da escrita. Teve uma longa gestação (cerca de três anos) e um parto difícil, com muitas versões destruídas. Talvez porque, inconscientemente, a antiga professora de literatura que ainda me habita se insurgisse contra a liberdade da escritora e lutasse para impor a sua vontade, ansiosa por partilhar com os leitores esse tesouro extraordinário de personagens, sucessos e obras do Renascimento português, que lhe serviram de modelo.
Creio que o tema do sebastianismo me surgiu de uma visão pessimista de Portugal, do marasmo do nosso presente e da incerteza do nosso futuro colectivo. Acabávamos de entrar no terceiro milénio da nossa era, um tempo que se esperava de grande Descoberta, Progresso e Conhecimento, para maior felicidade do homem; contudo, no mundo, sopravam cada vez mais fortes os ventos do desencanto, da violência, da pobreza e da superstição. Portugal, avesso à mudança, continuava à espera de um D. Sebastião que o viesse salvar do pântano da mediocridade e imobilismo em que vegetava.
Neste contexto, assume primordial importância no romance um narrador que dialoga, num registo irónico e crítico, com o leitor/a, permitindo-lhe estabelecer uma relação de distanciação e/ou proximidade entre as duas épocas, cotejando o passado com o presente. «A Literatura e a História não dividem o seu património», afirma uma máxima chinesa, porque uma obra literária dá sempre testemunho de um determinado tempo, espaço e civilização. E esse conhecimento é, na minha concepção, a mais-valia do romance histórico.
Assim, o leitor é convidado a sair do seu tempo pessoal e a mergulhar num outro tempo, efabulado, porém, recriado a partir de uma rigorosa investigação de fontes documentais, que se reflecte na contextualização da acção, da linguagem, das mentalidades, dos lugares e dos costumes do século XVI.
De igual modo, as personagens históricas do rei D. Sebastião (o mais desejado e caluniado de Portugal) e de Miguel Leitão de Andrada (um fidalgote de Pedrógão Grande, com fama de vidente e autor da Miscelânea, uma das fontes do romance) são retratadas de forma realista, por vezes crua, mas humanizada, procurando fazer-lhes a justiça que lhes foi negada. Duas vidas entrelaçadas pelo Destino, desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir, que reflectem o espírito da época, esse binómio do idealismo-materialismo, magistralmente encarnado em D. Quixote e Sancho Pança, de Miguel de Cervantes.
D. Sebastião é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão privado de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto (alimentado pela corrupção dos cortesãos e dos políticos) que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visões de Miguel Leitão de Andrada.
E como todo o autor de romances históricos é por natureza um criador de mitos, ofereço aos meus leitores uma complexa intriga palaciana, feita de conspiração, mistério e revelação… que, dez anos depois da sua criação – uma década preenchida pela trilogia de romances de viagens e descobrimentos, «O Navegador da Passagem», «O Espião de D. João II» e «O Corsário dos Sete Mares: Fernão Mendes Pinto» –, surge em nova edição, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya.
Se a leitura vos proporcionar algumas horas de prazer e contribuir para um melhor conhecimento deste período da nossa História, o romance terá cumprido a sua missão e a autora seguirá novo caminho, na senda da sua escrita.
Deana Barroqueiro
Deixo-vos aqui a minha Carta ao Leitor(a), que, como sempre, me permite manter com quem me lê uma conversa de amigos.
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“La pluma es lengua del alma: cuales fueren los conceptos que en ella se engendraren, tales serán sus escritos”(El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha Miguel de Cervantes 1605)
Caríssimo leitor(a)
«D. Sebastião e o Vidente» foi o meu primeiro romance histórico de longo fôlego, a obra que a Porto Editora escolheu, em 2006, para iniciar o seu projecto editorial de ficção. Constitui um marco no percurso da minha escrita, porque, embora já tivesse publicado sete romances juvenis e dois livros de contos, foi este livro, premiado e com várias edições esgotadas, que me tornou conhecida como romancista.
“D. Sebastião e o Vidente” representou não um corte com a obra anterior, mas um ponto de viragem, uma mudança em termos de objectivos, de destinatários e de maturidade da escrita. Teve uma longa gestação (cerca de três anos) e um parto difícil, com muitas versões destruídas. Talvez porque, inconscientemente, a antiga professora de literatura que ainda me habita se insurgisse contra a liberdade da escritora e lutasse para impor a sua vontade, ansiosa por partilhar com os leitores esse tesouro extraordinário de personagens, sucessos e obras do Renascimento português, que lhe serviram de modelo.
Creio que o tema do sebastianismo me surgiu de uma visão pessimista de Portugal, do marasmo do nosso presente e da incerteza do nosso futuro colectivo. Acabávamos de entrar no terceiro milénio da nossa era, um tempo que se esperava de grande Descoberta, Progresso e Conhecimento, para maior felicidade do homem; contudo, no mundo, sopravam cada vez mais fortes os ventos do desencanto, da violência, da pobreza e da superstição. Portugal, avesso à mudança, continuava à espera de um D. Sebastião que o viesse salvar do pântano da mediocridade e imobilismo em que vegetava.
Neste contexto, assume primordial importância no romance um narrador que dialoga, num registo irónico e crítico, com o leitor/a, permitindo-lhe estabelecer uma relação de distanciação e/ou proximidade entre as duas épocas, cotejando o passado com o presente. «A Literatura e a História não dividem o seu património», afirma uma máxima chinesa, porque uma obra literária dá sempre testemunho de um determinado tempo, espaço e civilização. E esse conhecimento é, na minha concepção, a mais-valia do romance histórico.
Assim, o leitor é convidado a sair do seu tempo pessoal e a mergulhar num outro tempo, efabulado, porém, recriado a partir de uma rigorosa investigação de fontes documentais, que se reflecte na contextualização da acção, da linguagem, das mentalidades, dos lugares e dos costumes do século XVI.
De igual modo, as personagens históricas do rei D. Sebastião (o mais desejado e caluniado de Portugal) e de Miguel Leitão de Andrada (um fidalgote de Pedrógão Grande, com fama de vidente e autor da Miscelânea, uma das fontes do romance) são retratadas de forma realista, por vezes crua, mas humanizada, procurando fazer-lhes a justiça que lhes foi negada. Duas vidas entrelaçadas pelo Destino, desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir, que reflectem o espírito da época, esse binómio do idealismo-materialismo, magistralmente encarnado em D. Quixote e Sancho Pança, de Miguel de Cervantes.
D. Sebastião é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão privado de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto (alimentado pela corrupção dos cortesãos e dos políticos) que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visões de Miguel Leitão de Andrada.
E como todo o autor de romances históricos é por natureza um criador de mitos, ofereço aos meus leitores uma complexa intriga palaciana, feita de conspiração, mistério e revelação… que, dez anos depois da sua criação – uma década preenchida pela trilogia de romances de viagens e descobrimentos, «O Navegador da Passagem», «O Espião de D. João II» e «O Corsário dos Sete Mares: Fernão Mendes Pinto» –, surge em nova edição, revista e melhorada, com a chancela da Casa das Letras/Leya.
Se a leitura vos proporcionar algumas horas de prazer e contribuir para um melhor conhecimento deste período da nossa História, o romance terá cumprido a sua missão e a autora seguirá novo caminho, na senda da sua escrita.
Deana Barroqueiro
Published on January 20, 2016 06:00
January 19, 2016
Try Art – Viagens com História e Artes é o novo conceito da Tryvel
É com imenso prazer e grande expectativa que vou participar neste fantástico projecto!
David Coelho, o criador da Tryvel
y Art – Viagens com História e Artes é o novo conceito da TryvelA agência de viagens Tryvel, com escritórios em Lisboa e no Porto, acaba de apresentar o seu novo projecto, a Try Art dedicada a viagens culturais temáticas, sejam ao nível da História, sejam relacionadas com as mais diversas artes.Este projecto destina-se a itinerários mais culturais, mas com carácter científico e todos os itinerários serão acompanhados por um especialista de uma determinada área, e a viagem será sobre a temática que esse especialista desenvolverá. Estão a trabalhar neste novo projecto da Tryvel vários escritores, historiadores de arte, especialistas em música, jornalistas, arqueólogos, antropólogos e cineastas. A ideia é, pegando nos destinos, apesar de conhecidos, mostrar-lhes numa perspectiva diferente, diversificando o foco de interesse e procurando novas áreas de conhecimento.
O catálogo vai estar disponível já no início do mês de Fevereiro. Do conjunto de viagens programadas ao longo do ano de 2016, destacam-se em Junho, “Os Caminhos de Santiago”, com o historiador Joel Cleto, “A Viagem à Rússia do Dr. Anastácio Gonçalves”, com a historiadora de arte Ana Mântua, ou os “BBC Prons – Londres Musical”, com André Cunha Leal, em Agosto.“O Egipto na Europa” – França e Itália, com o egiptólogo Luís Manuel de Araújo, em Agosto, “As Flores de Lótus” – Japão, com o jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos, em Setembro, “Algarve D’Além Mar” – Marrocos, com o professor catedrático João Paulo Oliveira e Costa, em Abril, “Terra dos Deuses, Pátria dos Heróis” – Grécia, em Setembro, com o arqueólogo Álvaro Figueiredo, “Missões Jesuitas” – Brasil, Paraguai e Argentina, em Setembro, com o Padre João Vila-Chã, também em Setembro, e “Corsário dos 7 Mares” – Malásia, Indonésia e Timor, com a escritora e romancista histórica, Deana Barroqueiro, em Outubro, são apenas algumas da vasta proposta da Tryvel.
De acordo com o director da Tryvel, que apresentou este novo conceito aos seus clientes, durante uma viagem que os levou à cidade do Porto, “Learn, Explore and Try” é “o nosso desafio para quem procura conciliar o prazer de viajar com enriquecimento cultural pessoal”.
David Coelho, o criador da Tryvely Art – Viagens com História e Artes é o novo conceito da TryvelA agência de viagens Tryvel, com escritórios em Lisboa e no Porto, acaba de apresentar o seu novo projecto, a Try Art dedicada a viagens culturais temáticas, sejam ao nível da História, sejam relacionadas com as mais diversas artes.Este projecto destina-se a itinerários mais culturais, mas com carácter científico e todos os itinerários serão acompanhados por um especialista de uma determinada área, e a viagem será sobre a temática que esse especialista desenvolverá. Estão a trabalhar neste novo projecto da Tryvel vários escritores, historiadores de arte, especialistas em música, jornalistas, arqueólogos, antropólogos e cineastas. A ideia é, pegando nos destinos, apesar de conhecidos, mostrar-lhes numa perspectiva diferente, diversificando o foco de interesse e procurando novas áreas de conhecimento.
O catálogo vai estar disponível já no início do mês de Fevereiro. Do conjunto de viagens programadas ao longo do ano de 2016, destacam-se em Junho, “Os Caminhos de Santiago”, com o historiador Joel Cleto, “A Viagem à Rússia do Dr. Anastácio Gonçalves”, com a historiadora de arte Ana Mântua, ou os “BBC Prons – Londres Musical”, com André Cunha Leal, em Agosto.“O Egipto na Europa” – França e Itália, com o egiptólogo Luís Manuel de Araújo, em Agosto, “As Flores de Lótus” – Japão, com o jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos, em Setembro, “Algarve D’Além Mar” – Marrocos, com o professor catedrático João Paulo Oliveira e Costa, em Abril, “Terra dos Deuses, Pátria dos Heróis” – Grécia, em Setembro, com o arqueólogo Álvaro Figueiredo, “Missões Jesuitas” – Brasil, Paraguai e Argentina, em Setembro, com o Padre João Vila-Chã, também em Setembro, e “Corsário dos 7 Mares” – Malásia, Indonésia e Timor, com a escritora e romancista histórica, Deana Barroqueiro, em Outubro, são apenas algumas da vasta proposta da Tryvel.
De acordo com o director da Tryvel, que apresentou este novo conceito aos seus clientes, durante uma viagem que os levou à cidade do Porto, “Learn, Explore and Try” é “o nosso desafio para quem procura conciliar o prazer de viajar com enriquecimento cultural pessoal”.
Published on January 19, 2016 13:14
January 5, 2016
O estranho caso do sumiço dos livreiros
Hong Kong As autoridades da vizinha Região Administrativa Especial querem saber se algum dos cinco livreiros desaparecidos foi detido pelas autoridades do Continente. O caso continua a incendiar os ânimos na antiga colónia britânica.O secretário para a Segurança em exercício da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, Jonh Lee Ka-chiu, garante que as forças de segurança da antiga colónia britânica está a conduzir uma investigação “aprofundada e profissional”, com o objectivo de esclarecer o desaparecimento de Lee Bo, o responsável pela livraria de Hong Kong cujo paradeiro é desconhecido desde meados da semana passada.A polícia da RAEHK visualizou as imagens das câmaras de vigilância instaladas na zona da livraria onde Lee foi visto pelo última vez. As autoridades da antiga colónia britânica interrogou ainda as últimas pessoas com as quais o livreiro contactou: “Através de um mecanismo estabelecido, a polícia de Hong Kong pode apresentar questões às agências de aplicação da lei do interior da China sobre se houve pessoas de Hong Kong que foram detidas” , afirmou o mesmo responsável. John Lee Ka-chiu garantiu ainda que as forças de segurança de Hong Kong já conduziram tais averiguações junto das autoridades do Continente: “A polícia de Hong Kong já fez isto (…) Estamos à espera de uma resposta”, garantiu o dirigente.O desaparecimento de Lee Bo e de outros quatro livreiros associados à publicação de obras críticas do Partido Comunista tem desencadeado uma onda de revolta e preocupação face à suspeita de que foram ilegalmente detidos pelas autoridades da China.Aproximadamente meia centena de pessoas, incluindo figuras públicas como deputados, manifestaram-se no domingo junto ao Gabinete de Ligação da República Popular da China em Hong Kong para exigir respostas sobre o paradeiro dos desaparecidos e pediram que os desaparecimentos sejam investigados.O mais recente caso envolve Lee Bo, um dos responsáveis da livraria Causeway Books. No estabelecimento podem encontrar-se obras críticas do regime e do Partido Comunista chinês e, portanto, popular entre muitos turistas provenientes do interior da China, dado que lhes veem vedado o acesso a este tipo de leituras.Lee Bo, de 65 anos, foi visto pela última vez na quarta-feira, dia 30 de Dezembro, no armazém da Mighty Current, a casa editora proprietária da livraria. O desaparecimento de Lee decorreu semanas depois de quatro dos seus associados terem desaparecido em circunstâncias idênticas.Gui Minhai – que tem passaporte sueco e é dono da casa editora – desapareceu enquanto estava de férias na Tailândia em meados de Outubro. O mesmo aconteceu a três outros funcionários associados à livraria ou à editora :Lam Wing-kei, Lui Bo e Cheung Jiping.A mulher de Lee Bo afirmou que o marido lhe telefonou a partir da cidade vizinha de Shenzhen na noite em que desapareceu, tendo-lhe dito que “estava a colaborar com a investigação” relativa aos colegas desaparecidos, e achou estranho que tenha falado em mandarim em vez de cantonês.Os misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as autoridades do Continente tenham recorrido a agentes clandestinos e a métodos ilícitos para operar a detenção dos livreiros, o que constituiria uma grave violação do princípio “Um país, dois sistema”.A ativista Agnes Chow, de 19 anos, do movimento estudantil ‘Scholarism’ – um dos grupos que participou nos protestos pró-democracia que tomaram as ruas de Hong Kong em Novembro de 2014 – publicou um vídeo apelando a uma maior cobertura por parte do caso dos cinco livreiros desaparecidos dos ‘media’ internacionais que se tornou viral.A livraria Causeway Books, entretanto de portas fechadas, vende obras muito críticas do regime comunista, proibidas no interior da China.Ponto Final | 5 de Janeiro de 2016 às 9:43 am | Categorias:
Published on January 05, 2016 10:46
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