Frank Engelbert's Blog, page 3

October 27, 2015

Participando do NaNoWriMo 2015

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O NaNoWriMo é um projeto criativo idealizado por Chris Baty, em 1999, para estimular as pessoas a escreverem livros. O nome é a abreviação de National Novel Writing Month (Mês Nacional de Escrever Livros) e basicamente explica o projeto: cada participante tem o objetivo de escrever, em um mês, a primeira versão de um livro, com mais de 50 mil palavras.


A primeira edição foi realizada no mês de julho, mas já na segunda edição passou a ser em novembro, por uma decisão baseada no clima no hemisfério norte, já que, segundo Baty, as pessoas estão mais propensas a ficar em casa e também não serão interrompidas pelos feriados de final de ano.  Talvez precisássemos adaptar a lógica para o Hemisfério sul e escolher um mês do nosso inverno, mas o que vale é o oficial, então novembro é o mês para se sentar e escrever.


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Eu tomei conhecimento do NaNoWriMo pelo livro que Chris Baty escreveu sobre o assunto: Not Plot? No Problem.


Na primeira metade do seu livro Baty conta como surgiu a ideia e as vantagens de escrever o primeiro draft de maneira muito rápida, sem pensar muito na história. O importante é ter um prazo e escrever sempre. No livro, ele inclusive recomenda que os participantes comecem sem planejamento algum. Quanto menos souber, melhor. Por isso o nome do livro.


Na segunda metade, Chris Baty faz uma guia diário/semanal da participação em um NaNoWriMo, então, quem tem vontade participar do evento, vale muito a pena.


Apesar de ter lido o livro, eu ainda não consegui participar. Sempre tinha alguma coisa acontecendo em novembro que eu sabia que iria me complicar para participar (claro que a maioria eram desculpas que eu inventei para mim mesmo, como sempre, óbvio). Mas, estimulado pelas ideias do livro, eu comecei a seguir o modelo e até fiz uma experiência e escrevi um primeiro draft em 30 dias, me forçando a escrever todos os dias (eu não segui a divisão baseada em todos os dias e escrevia mais nos finais de semana e menos no dia de semana por motivos de trabalho).


Na minha opinião, um dos grandes benefícios do projeto é justamente fazer você se obrigar a escrever todos os dias (ou quase todos os dias). Isso ajuda a criar um hábito. Depois que você se acostuma, não parece tão difícil escrever todos os dias um número grande de palavras.


Outro grande benefício é você desenvolver uma história até o final ou chegar perto dele, pelo menos. Às vezes não sabemos se uma história vale a pena e desistimos quando estamos no início, sem saber que depois ela pode tomar outros rumos e ficar muito melhor.


É evidente que você não terá um livro pronto quando completar as 50 mil palavras, mas você terá lago para trabalhar em cima e aprimorar. Esse também é uma das vantagens do projeto.


Claro que existem várias pessoas que criticam o NaNoWriMo, dizendo que produzir 50 mil palavras não significa produzir um livro. Mas, para mim, isso é muito óbvio. Por isso, acho que, apesar dos pontos negativos do NaNo, tudo que faça uma pessoa escrever mais merece crédito e respeito.


Então, fica apenas uma dica: se você acha que no final de novembro você terá um livro pronto, não participe. Isso não é verdade. Existe um longo trabalho pela frente. No próprio livro, Chris Baty afirma que depois dos 30 dias e das 50 mil palavras, o trabalho de reestruturar e reescrever ainda leva mais alguns meses. Ou seja, ele não está enganando ninguém. O problema é que algumas pessoas gostam de se enganar.


Esse ano eu decidi participar, então, no dia primeiro de novembro, começarei a escrever mais um livro. Eu tenho algumas ideias para algumas histórias e ainda não decidi qual delas vou usar para o projeto. Talvez eu siga mais uma vez a recomendação de Chris Baty e use a ideia que eu menos pensei a respeito. Assim vou descobrindo tudo sobre ela ao longo desses 30 dias.


Além de escrever a minha média de 1667 palavras por dia, vou tentar escrever alguns textos sobre o processo e publicar aqui. Espero conseguir tempo para tudo.


Boa sorte para todos que irão participar.


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Published on October 27, 2015 09:17

October 12, 2015

O motivo de eu abandonar livros

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Eu não costumo abandonar livro sem terminar. Por mais que eu não me empolgue, me sinta incomodado ou me arraste para terminar, eu sempre vou até o final.


Tenho dois motivos para sempre ler um livro até o final.


Primeiro, acho que todo livro merece respeito. Às vezes não somos o público certo daquele livro ou simplesmente não gostamos daquele estilo e ficamos criticando sem propósito. Mas gosto sempre de lembrar que uma pessoa acreditou naquela estória e dedicou grande parte do seu tempo à ela. Por isso, todo autor tem o meu respeito.


Segundo, eu aproveito para aprender. Eu aprendo com qualquer livro que leio e leio os mais variados gêneros, porque acredito que existem coisas interessantes em qualquer gênero, sem falar que, para mim, o que vale é uma boa história bem contada.


Bom, mas isso era antes.


Ultimamente, eu tenho deixado livros de lado antes de terminar. Na verdade, eu tenho uma lista enorme de coisas que eu ainda quero ler, então, na minha cabeça, não estou abandonando, estou colocando aquele livro para o final da lista.


Mas acho que eu consegui detectar um padrão entre os livros que estão indo para o final da lista: o que me incomoda são livros onde as coisas simplesmente não acontecem.


Eu não tenho problemas com livros mais lentos. O problema é a falta de coisas interessantes acontecendo. Algum conflito que me deixe curioso em ler a página seguinte ou um personagem interessante que eu queira conhecer melhor. Às vezes o problema é o autor ficar em cima de um mesmo ponto por muitas páginas. Aqueles momentos em que você pensa: “ok, já entendi que a pessoa está angustiada, agora vamos seguir em frente.”


Para mim é o mesmo motivo que me faz abandonar ou seguir uma série de TV.


Precisamos sempre de algo que nos faça ver o próximo episódio ou virar a próxima página. Cada vez mais é isso que eu busco em uma estória.


E você? O que te faz continuar lendo um livro ou vendo uma série?


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Published on October 12, 2015 11:07

August 7, 2015

Se, ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa

Se, ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa, eu iria perder horas, talvez dias, assentando o primeiro tijolo.


Ele teria que ser perfeito, no lugar certo, da cor certa, e colocado com a quantidade certa de cimento.


Ele teria que ser um tijolo que as pessoas olhassem e já enxergasse toda a qualidade da casa que seria construída a partir dele.


Eu colocaria o tijolo no lugar e ficaria contemplando, tentando me convencer de que aquele é o melhor tijolo para aquela casa, mesmo sem saber direito como a casa ficará quando estiver pronta.


Depois de um tempo, eu chegaria a conclusão de que aquele não era mesmo o tijolo certo.


Mais do que isso, eu começaria a ter certeza de que não sou capaz de escolher o primeiro tijolo e, muito menos, colocá-lo no lugar certo, o que naturalmente me levaria a conclusão de que eu não sou capaz de construir nenhuma casa e estou apenas perdendo meu tempo com aquele trabalho. Afinal, se não consigo nem colocar um tijolo direito, como eu poderia construir uma casa inteira.


Depois de um tempo, eu abandonaria meu tijolo e tentaria esquecer que um dia achei que ele poderia começar a construção de uma casa.


Tempos depois, quando a vontade de construir uma nova casa me incomodasse novamente, eu começaria com um novo tijolo e pensaria que, dessa vez, conseguiria ver a casa pronta no final.


Com o primeiro tijolo colocado, eu iria levantar a primeira parede inteira antes de partir para segunda. Iria rebocá-la, pintá-la e até já penduraria os quadros. Só depois disso é que eu pensaria em levantar a segunda parede.


Claro, que, mesmo com uma parede totalmente pronta e acabada, eu iria sempre ficar na dúvida se sou capaz de construir a casa toda e, provavelmente, abandonaria a obra assim, inacabada.


Depois de persistir e continuar construindo as outras paredes, eu ficaria sempre com pena de mexer naquela primeira, já que ela estava pronta e tinha até quadros pendurados nela.


Então, quando eu descobrisse que a primeira parede não combina em nada com as outras que eu construí em seguida, ao invés de reformá-la, eu desistiria de construir a casa.


Mas, acima de tudo, se, ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa, eu iria perder muito tempo pensando em construir a casa, ao invés de começar a construí-la.


E, de tanto pensar, eu desistiria de construir a minha casa, colocando na minha cabeça que já existem tantas outras casas prontas no mundo, bem melhores que aquela que eu pensei em construir.


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Published on August 07, 2015 10:15

Se ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa

Se ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa, eu iria perder horas, talvez dias, assentando o primeiro tijolo.


Ele teria que ser perfeito, no lugar certo, da cor certa, e colocado com a quantidade certa de cimento.


Ele teria que ser um tijolo que as pessoas olhassem e já enxergasse toda a qualidade da casa que seria construída a partir dele.


Eu colocaria o tijolo no lugar e ficaria contemplando, tentando me convencer de que aquele é o melhor tijolo para aquela casa, mesmo sem saber direito como a casa ficará quando estiver pronta.


Depois de um tempo, eu chegaria a conclusão de que aquele não era mesmo o tijolo certo.


Mais do que isso, eu começaria a ter certeza de que não sou capaz de escolher o primeiro tijolo e, muito menos, colocá-lo no lugar certo, o que naturalmente me levaria a conclusão de que eu não sou capaz de construir nenhuma casa e estou apenas perdendo meu tempo com aquele trabalho. Afinal, se não consigo nem colocar um tijolo direito, como eu poderia construir uma casa inteira.


Depois de um tempo, eu abandonaria meu tijolo e tentaria esquecer que um dia achei que ele poderia começar a construção de uma casa.


Tempos depois, quando a vontade de construir uma nova casa me incomodasse novamente, eu começaria com um novo tijolo e pensaria que, dessa vez, conseguiria ver a casa pronta no final.


Com o primeiro tijolo colocado, eu iria levantar a primeira parede inteira antes de partir para segunda. Iria rebocá-la, pintá-la e até já penduraria os quadros. Só depois disso é que eu pensaria em levantar a segunda a parede.


Claro, que, mesmo com uma parede totalmente pronta e acabada, eu iria sempre ficar na dúvida se sou capaz de construir a casa toda e, provavelmente, abandonaria a obra assim, inacabada.


Depois de persistir e continuar construindo as outras paredes, eu ficaria sempre com pena de mexer naquela primeira, já que ela estava pronta e tinha até quadros pendurados nela.


Então, quando eu descobrisse que a primeira parede não combina em nada com as outras que eu construí em seguida, ao invés de reformá-la, eu desistiria de construir a casa.


Mas, acima de tudo, se ao invés de escrever um livro, eu decidisse construir uma casa, eu iria perder muito tempo pensando em construir a casa, ao invés de começar a construí-la.


E, de tanto pensar, eu desistiria de construir a minha casa, colocando na minha cabeça que já existem tantas outras casas prontas no mundo, bem melhores que aquela que eu pensei em construir.


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Published on August 07, 2015 10:15

July 21, 2015

Jo Nesbø, o Boneco de Neve e a Pesquisa

Boneco-de-neve


Recentemente eu li o livro Boneco de Neve, do norueguês Jo Nesbø. Que na verdade é o sétimo livro da série policial que tem Harry Hole como protagonista.


Não vou copiar aqui a sinopse e nem fazer uma resenha. Já existem várias na internet. Uma que achei boa é a do blog Psychobooks.


Já tinha lido algumas críticas aos vários clichês de literatura policial que o autor usa, mas não acho que seja algo que atrapalhe. Policial com vícios e problema de relacionamento existem vários mesmo, mas o que prevalece é a trama toda. E acho que o Jo Nesbø constrói muito bem a história e o mistério.


O ponto que me incomodou um pouco e gostaria de comentar é a pesquisa toda que o autor fez e acabou usando na sua obra.


Em vários momentos do livro, Jo Nesbø acabou exagerando ao colocar pesquisa na narrativa. É claro que toda a informação médica sobre a doença que envolve os personagens é importante para a trama e foi bem usada (apesar de eu ainda sentir um pouco forçado em alguns momentos ). Mas certas informações acabam sendo tão desnecessária que acabam nos tirando da história e nos colocando em uma palestra.


Apenas um exemplo para não estragar a leitura de ninguém: a informação de quem foi o inventor da bomba de gás lacrimogênio, além de detalhes do seu funcionamento.


Por que o Jo Nesbø achou que a gente precisava saber disso?


Para mim, esse tipo de informação que não acrescenta nada à história ou ao personagem, acaba quebrando o ritmo da obra.


Acredito que alguns autores, depois que tanto pesquisar sobre os assuntos que estarão dentro dos seus livros, sentem a necessidade de usar todo o conteúdo que achou interessante. E, na verdade, temos que saber o que relamente é importante para a história e nos desapegar de detalhes que, por mais curiosos e interessantes que possamos acha-los, não ficarão interessantes naquele momento da narrativa.


MAs, independente desses exageros de informações (e descrições como a Mari e a Alba do Psychobooks colocaram muito bem), Boneco de Neve continua sendo uma boa indicação para quem gosta de um bom livro policial.


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Published on July 21, 2015 12:04

July 15, 2015

Novo Livro Lançado

capa


Meu novo livro já está disponível na Amazon.


Dessa vez é um livro de contos que eu escrevi usando músicas como inspiração. Cada letra de música serviu de base ou ponta-pé inicial para a criação da história, do cenário e dos personagens.


Abaixo, o prefácio do livro, que conta um pouco como essa ideia nasceu.


 


“A ideia para escrever estes contos nasceu há muito tempo. Mais precisamente, em 1996.


Não a ideia de cada um, mas a ideia de escrever histórias inspiradas em músicas.


Desde aquela época eu já tentava escrever. Tinha muita vontade de escrever, mas sempre esbarrava na dúvida: escrever o quê?


Eu já tinha me decidido a escrever apenas contos na minha vida. Eu gostava muito dos contos do Stephen King, do Ray Bradbury e do Jorge Luis Borges e já tinha escrito alguns também. Naquele momento, tinha decidido escrever contos pelo motivo ingênuo de achar mais fácil, pensando que não exigiria muito de mim.


Ok, eu era muito novo, não sabia muita coisa sobre escrever. Perdia muito mais tempo com essas preocupações do que realmente escrevendo, que era o que eu deveria realmente fazer.


Então, eu sabia que queria escrever contos, mas eu não conseguia pensar em nada para escrever. Na verdade, eu pensava, mas descartava achando que não seria uma boa ideia.


Mais uma vez era a juventude e a inexperiência falando mais alto e me impedindo de simplesmente escrever. Ficava pensando mais em como era difícil ter ideias do que colocá-las no papel.


De onde eu tiraria as ideias? E como eu saberia que ideia realmente merecia ser escrita?


Um dia, eu estava ouvindo o CD “Let’s Go”, do Rancid, mais especificamente a música St. Mary, e a letra da música fez brotar uma imagem na minha cabeça. O refrão dizia: “Now Mary is at the door with a loaded forty–four in her hand. Shooting down the law that shot down her dear departed man.” Eu me lembro de ter ficado pensando durante dias nessa cena. Era uma cena forte, mas a letra da música não dava maiores indicações do que acontecia depois com essa tal Mary. E nem deixava claro o que levou ela a estar nessa situação.


Naquele momento, pensei: “eu posso escrever uma história inspirada nessa música”. Eu poderia criar uma história por trás dessa letra, uma cena que representasse a ideia por trás da letra da música. Em seguida, já pensei no projeto todo. Eu poderia pegar outras músicas, para escrever outros contos. Assim, eu sempre teria de onde tirar ideias e juntaria vários contos, interligados de alguma forma.


Mais uma vez, era eu pensando mais do que escrevendo. Mas não percebi isso naquele momento.


Sentei para escrever e, novamente, minha inexperiência me derrubou. Tentei começar várias vezes, mas nada parecia tão forte quanto aquele refrão. Não parecia que iria sair uma história interessante dali.


Depois de algumas tentativas frustradas, sempre achando que o primeiro parágrafo não estava perfeito, do jeito que deveria ser, desisti.


E esqueci daquele projeto por um bom tempo.


Em 2002, conversando com o meu irmão sobre praticar mais a escrita e produzir mais coisas como forma de exercício, acho que mencionei alguma coisa sobre a vontade de escrever histórias baseadas em músicas, ou foi ele quem falou algo do gênero e eu me lembrei da minha experiência frustrada em 1996.


Concordamos que seria interessante experimentarmos e criamos uma forma de desafio entre nós dois. Escolhemos o disco London Calling, do The Clash, e combinamos que cada um iria escrever um conto inspirado em uma música, na ordem do disco, de forma alternada. A cada semana, um entregaria um conto finalizado para o outro ler e criticar.


Não fizemos o disco inteiro e, infelizmente, não guardei aqueles contos, mas lembro que eu comecei escrevendo a primeira história. Era uma ficção científica sobre uma base espacial chamada London, que ficava na órbita da Terra. Pessoas eram convocadas para irem viver nessa London.


As histórias que escrevi naquela época eram semelhantes, em sua essência, às que estão neste livro. A maioria era fantasia, terror ou ficção científica, sempre influenciada pelos meus autores de fantasia preferidos.


Em 2014, quando estava pensando seriamente em publicar meus livros e estava no processo de reescrevê–los e editá-los, comecei a me sentir frustrado por não ter nenhuma história finalizada. Não conseguia ver nada pronto e isso estava me incomodando. Não conseguia sentir que eu era capaz de terminar algo e dar por finalizada uma história. Além disso, já estava tempo demais em cima de duas ou três histórias e precisava me afastar um pouco delas. Decidi que precisava criar outras coisas, nem que fossem apenas como exercício, para aprender um pouco mais sobre reescrever, revisar e editar histórias. Quando pensei em exercício, lembrei da ideia inicial do projeto que eu tinha tido em 1996.


E foi assim que comecei a escrever os contos que agora fazem parte deste livro. Mais como brincadeira e treinamento do que para publicá-los.


A ordem em que eles foram escritos não foi exatamente essa. Tentei colocar eles em uma ordem que satisfizesse minha relação com as músicas que serviram de inspiração.


Apesar de ter sido o pontapé inicial da ideia, o conto inspirado na música do Rancid, que abre o livro, não foi o primeiro a ser escrito e nem considero o que eu mais gosto. Mas como teve um significado importante, resolvi usá-lo como título da obra.


Não preciso nem dizer que as músicas foram escolhidas baseadas no meu gosto pessoal, seja a música em si ou a banda ou artista que a compôs.  E o segundo critério, ainda mais importante, foi buscar alguma coisa na letra que me inspirasse e me motivasse a escrever um conto sobre ela. Vale lembrar que não são, necessariamente, as minhas músicas preferidas destas bandas e nem todas as minhas bandas favoritas estão representadas aqui. Quem sabe um dia escrevo contos para homenagear todas elas.


Todos os contos são curtos, com o objetivo de serem consumidos de uma forma mais rápida mesmo, da mesma forma como se consome música. Parte da ideia original do projeto era fazer a literatura ser mais acessível como a música é.


O mais legal é que você não precisa conhecer a letra e nem ouvir a música antes de ler o conto, mas, muitas vezes, é interessante observar como algum detalhe da música ou da banda foram inseridos na história. Infelizmente, por questões de direitos autorais, não posso reproduzir as letras no livro. Mas, para ajudar a esclarecer algumas dessas inspirações, incluí depois de cada conto uma nota, explicando em que parte da letra me inspirei para ter a ideia da história e algumas outras curiosidades do processo criativo destes contos.


Leia, ouça e divirta-se.”


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Published on July 15, 2015 05:38

July 3, 2015

Falsa Ajuda

O que sempre me incomodou no processo que querer escrever é a falta de dicas e sugestões de outros autores brasileiros. Acho de suma importância a troca de experiências sobre escrita, publicação, edição, etc. Ajudar e ser ajudado durante todo o processo é fundamental.


Escrever é um trabalho difícil, que exige muita dedicação, muito cuidado, várias tentativas, inúmeros erros, na busca por melhora constante.


Por isso, sempre me interesso por depoimentos de autores que dividem com os outros um pouco das suas experiências, das suas técnicas ou apenas dão algum tipo de dica, contribuindo de alguma forma para o aprimoramento daqueles que buscam escrever.


Mas o que mais me choca são alguns autores que, quando são solicitados a dar alguma dica, fazem comentários absurdos sem nenhuma função prática. Talvez querendo passar uma imagem de um ser divino, que consegue escrever sem esforço.


Acabei de ver que um autor participante da Flip 2015, foi capaz de dar a seguinte dica para quem quer ser escritor:


“Escrever é inscrever.”


O que isso significa? Nem ao menos faz sentido?


Acho que a literatura, como qualquer outra forma de arte, nem sempre precisa fazer sentido. É transmissão de sentimento. Mas para dar uma dica, você precisa transmitir conhecimento, não ficar fazendo jogo de palavras sem propósito.


Lamentável que ainda existem pessoas que espalham esse tipo de falsa ajuda.


Se não é capaz de ajudar, pelo menos não atrapalhe.


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Published on July 03, 2015 11:59

July 1, 2015

Sempre difícil, sempre

Hemingway já dizia: “The first draft of anything is shit”. Ou seja, a primeira versão de qualquer coisa é uma porcaria.


A frase de Hemingway me dá duas lições:


1. Não se importe com o que você escreveu. Reescreva, edite, corte e jogue fora. A segunda versão sempre será melhor.


2. Não pense demais para colocar as primeiras palavras no papel, elas não valem nada, ainda. Só passarão a ter valor depois que você voltar a elas e reescrevê-las.


Tenho que me lembrar sempre disso.


Mas não é fácil.


Somos sempre levados a nos apegar ao que produzimos. E, principalmente em produção de textos, o ato de registrar frases e pensamentos em uma folha de papel é tão difícil, que achamos que aquilo vale ouro, que não deve ser desperdiçado. Antes mesmo de começarmos já achamos que o que vai aparecer escrito naquele papel em branco precisa ser perfeito, assim, de imediato.


Mesmo tendo escrito livros inteiros, sempre que preciso começar um novo trabalho, por menor que seja, acabo caindo nessa armadilha. Então, tenho que lembrar de Hemingway e saber que aquele início não é nada, mas pode virar tudo. Só depende de trabalho duro.


 


 


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Published on July 01, 2015 12:06

May 27, 2015

Fórmula ou Método para escrever

Diagrama da Jornada do Herói


Recentemente eu estava lendo vários textos sobre a Jornada do Herói e a estrutura em três atos. Como essa matéria aqui, de onde eu tirei esse diagrama do post.


Mas, ontem, eu comecei a ler um livro em que o autor defende que a estrutura em 3 atos é uma fórmula e, como toda boa fórmula, produz sempre o mesmo resultado. O autor então defende o uso de um método, que ele criou.


O método é interessante, pois coloca uma atenção não apenas no protagonista, mas também nos cenários, nos objetos, nas simbologias, nas tramas secundárias e também nos personagens coadjuvantes.


Ainda não terminei de ver todo o método, mas me parece interessante. Mesmo que não use da forma que está descrito no livro, com certeza vale como referência para construir histórias melhores.


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Published on May 27, 2015 09:29

May 19, 2015

O Terror e as Pessoas

livros


Fazia muito tempo que eu não lia terror, mas os dois últimos livros que eu li foram justamente desse gênero e são muito bons.


O primeiro deles foi o “Mortos Entre Vivos”, do sueco John Ajvide Lindqvuist, que também escreveu “Deixe Ela Entrar”, livro que o consagrou e foi adaptado para o cinema duas vezes, na Suécia e nos EUA (qualquer um dos dois vale a pena assistir). Depois de explorar o tema vampiros no seu primeiro livro, Lindqvuist resolveu usar zumbis no seu segundo, mas claro que sempre de uma forma fora do convencional.


O segundo livro foi o “Caixa de Pássaros”, que é o primeiro livro do americano Josh Malerman, indicado ao Prêmio Bram Stoker de melhor livro de estreia. O livro explora o pavor de ter um “monstro” que não ataca fisicamente, mas faz as pessoas enlouquecerem quando olham para “ele”.


Os dois livros trazem formas bem diferentes de se trabalhar o gênero do terror. No primeiro, os zumbis não estão atrás das pessoas. O que vemos no livro é como as pessoas lidam com o absurdo dos mortos simplesmente acordarem. E no segundo, o interessante é ver como elas lidam com um “vírus” ou “uma contaminação” que acontece através da visão e como precisam se adaptar para sobreviver.


Os dois livros apresentam um mundo distópico, onde a realidade foi alterada de uma forma drástica. Mas o mais interessante é observar a escolha dos autores em como apresentar esse mundo, através da vida de protagonistas bem interessantes.


Imagine que um belo dia os mortos da sua cidade começam a acordar. As pessoas serão impactadas de diferentes formas por essa nova realidade. E você pode escolher diferentes formas de mostrar isso, acompanhando a vida de uma pessoa ou de outra. No caso de Lindqvist, ele escolhe três pessoas totalmente diferentes que acabaram de ter suas vidas alteradas pelos mortos que voltaram à vida. E o mais interessante é ver esse cotidiano sendo alterado, a reação de cada um, e não os zumbis em si.


No outro caso, temos alguma coisa nova no nosso mundo, que ninguém sabe direito o que é, mas que está fazendo as pessoas se matarem quando elas olham para ela. As pessoas têm que ficar de olhos fechados se querem continuar vivas. Todo o mundo tem sua vida alterada por essa nova realidade e Malerman escolheu mostrar esse mundo através da luta de uma mulher, com dois filhos pequenos, tentando sobreviver e escapar dessa nova realidade.


A questão é: por mais que se criem mundos mirabolantes, distópicos, místicos ou fantasiosos, o interessante é ver como as pessoas lidam com isso. E esses dois livros fazem isso muito bem. Recomendo.


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Published on May 19, 2015 16:22