Joel Neto's Blog, page 35

May 28, 2014

Vive la France (a verdadeira)


A França pôs-se um dia nas mãos de Pétain, mas também acolheu Beckett e Jacques Brel, e quanto a mim não há matéria de desagravo mais merecedora da nossa indulgência. Posto isto, quase todos os sinais que hoje nos chegam da terra de Marianne dão-nos conta de um país confuso, não apenas com a sua posição na Europa e no Mundo, mas também com aquilo que constitui a sua identidade e o distingue. No domingo, nas eleições Europeias, venceu Marine Le Pen, o que de repente traz para o Mediterrâneo a dianteira no recrudescimento de um ódio em que lideravam nórdicos, centro-europeus e países da antiga Cortina de Ferro. Na segunda-feira, e com o beneplácito da federação nacional de futebol, a Adidas pegou no autocarro que transportou a selecção gaulesa em 2010, por ocasião do terrível Mundial da África do Sul, e destruiu-o numa espécie de exorcismo público. É marketing? É marketing, sim senhor. Mas é marketing com recurso à superstição, e a última coisa que se espera da pátria de Sartre e de Foucault é que sirva de propaganda ao obscurantismo, assim como a última coisa que se espera da terra do “Liberdade, Fraternidade, Igualdade” é que sirva de bandeira à xenofobia e ao racismo. Vivemos tempos difíceis de decifrar, mas uma coisa é evidente: o mundo é melhor quando a França é melhor, e o futebol não escapa a isso também. O espectáculo da Adidas foi de um mau-gosto desolador. Já não bastava os novos filmes franceses imitarem todos os de Hollywood?

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Published on May 28, 2014 03:14

May 27, 2014

Acho melhor não desligar o alarme ainda...

O Melville já protege a casa com um certo garbo, e portanto chegou a altura de premiá-lo. Leva a sua primeira placa de Cuidado Com o Cão, em tributo à fera em se se está a tornar. Parabéns, Melville! Melville? Adormeceu...


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Published on May 27, 2014 03:47

May 26, 2014

Tomem lá um pontapé

Não votei Marinho e Pinto. Mas só pelo gosto de ver os partidos tradicionais a celebrar vitoriazinhas e até derrotas retumbantes, os políticos-comentadores indignados com o "recrudescimento do populismo" (como se não fossem o seu mais visível efeito) e a elite pátria em geral a tentar perceber onde falharam os seus agentes nas irmandades, nas finanças e nos motéis de borda de estrada – só por isso teria valido completamente a pena. Grandes eleições, eis o que isto foi.

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Published on May 26, 2014 11:59

May 22, 2014

Pior do que as opiniões, só os gostos

Mas "opiniões" como? Como é que isso são "opiniões"? Um homem que disse um dia uma tolice – sei lá: que Ricardo Araújo Pereira está esgotado, que Cristiano Ronaldo é um vaidoso mau de bola, que Jane Austen não passa de uma escritora light – e depois achou que não lhe restava senão defender isso até ao fim, concentrando os protestos da audiência com um misto de garbo e tremor, não é um homem de opiniões: é apenas um tolo. Desta sorte anda o nosso debate público – nos cafés, no Facebook, na televisão, nos jornais mais sérios e nas próprias universidades. Como é que se pode sequer conversar, hoje em dia?


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Published on May 22, 2014 02:53

May 21, 2014

Um dia vou viver só disto – e começa a ser urgente

Concluída, enfim, a catalogação de notas trazidas das viagens das últimas semanas. “Cerrados” entra na fase final da sua primeira redacção. A luz que brilha ao fundo do túnel, ainda que ténue, é a do prelo. Este romance escreve-se em cinco anos, trabalhando a tempo inteiro. Espero não pagar demasiado caro o facto de tê-lo escrito em três, trabalhando nele apenas metade do dia.


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Published on May 21, 2014 05:55

May 18, 2014

Os gestos dos meus antepassados

Horta sachada. Tomateiros, milho doce, nabos – está tudo viçoso e saudável, apesar da ausência em Lisboa. Os caracóis têm andado no feijão verde e os pombos nas alfaces, mas já foram tomadas medidas. Tudo está bem quando acaba bem.


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Published on May 18, 2014 06:20

May 16, 2014

Pirâmide invertida

Não sei se é ou não um "provérbio chinês" (de qualquer maneira, agora parece que é tudo provérbio chinês), mas a verdade é que esse aforismo segundo o qual "o medíocre discute pessoas, o comum discute factos e o sábio discute ideias" não passa de uma tontice. Tanto quanto à literatura diz respeito, a procura é precisamente a contrária: menos ideias e mais factos, menos factos e mais pessoas. A literatura, como a Segurança Social, é menos serva da filosofia do que da vida.

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Published on May 16, 2014 06:04

May 13, 2014

Até como elo de ligação a uma ideia de casa

Chegada tormentosa, com pinturas em casa, obras na estrada e uma série demasiado extensa de assuntos pendentes. Não obstante, o Melville não perdeu uma só rotina: continua a dormir quieto, a comer a horas e a sentar-se para receber a comida ou esperar que eu lhe limpe as patas ao entrar em casa. Fiz um intervalo na jornada para levá-lo a correr aos pastos do Galão, e era o mesmo Melville de sempre: tonto, folião e terno. Tornou-se muito importante na nossa vida, este bicho – até como elo de ligação a uma ideia de casa, noto-o agora. Não podíamos pedir melhor de uma epifania.


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Published on May 13, 2014 15:58

May 11, 2014

E ainda mais uma vez os meus amigos

À noite celebrámos o Ano Novo com os Letartre e os David-Macau. Não tínhamos podido fazê-lo no fim de 2013, por motivos geográficos. O Réveillon é quando o homem quiser, não?


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Published on May 11, 2014 12:34

Ainda os meus amigos

Golfe na Aroeira, com o Luís Barreira e o Vítor Lopes. Não exagerarei se disser que foi a primeira coisa de que tive saudades, ao partir para os Açores: dos jogos na Aroeira e do convívio com os golfistas da Aroeira. Mantém-se o mais saudoso, apesar de tudo o resto.


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Published on May 11, 2014 12:32