Denise Bottmann's Blog, page 65
September 9, 2012
a dobradinha FBN/Martin Claret III
eis o que a fbn aceitou cadastrar e oferecer em seu programa nacional do livro de baixo preço, para abastecer 2.700 bibliotecas públicas de norte a sul do país, à livre escolha delas:
reproduzo abaixo o que venho divulgando faz anos e que apresentei à presidência e à coordenação da fundação biblioteca nacional, quando eu soube das irregularidades em seu programa de abastecimento das bibliotecas públicas (e com verba pública, claro):
31/01/2009
jack london na claret
mais um cotejo que estava no fundo do baú: jack london, white fang.
caninos brancos teve várias traduções no brasil, desde a primeira feita por monteiro lobato até a mais recente de rosaura eichenberg.
a insaciável claret recorreu ao infatigável nassetti, garfando a tradução portuguesa de olinda gomes fernandes, pela editora civilização, porto, 1969. a tradução de olinda traz o nome de colmilhos brancos, mas a inclemente claret preferiu a forma consagrada no brasil, caninos brancos mesmo.
este plágio traz as substituições habituais na claret - alterações cosméticas da primeira frase; troca de termos menos usuais, como "arrostar" por "enfrentar", "cabedal" por "couro macio", "terra ártica" por "terra do pólo norte" e assim por diante.
Capítulo I.
- civilização:
[...] Um vento recente arrancara às árvores o seu manto de geada, e elas pareciam inclinar-se umas para as outras, negras e agoirentas, na luz agonizante. Reinava sobre a paisagem um silêncio imenso. Aquela região era desolada, sem vida, sem movimento, tão só e gelada que a palavra tristeza não chegava para a descrever. Havia nela uma sugestão de riso, mas de um riso mais terrível que qualquer tristeza - um riso sem alegria, como o sorriso da esfinge, um riso frio como o gelo e com algo do horror da infalibilidade. Era a sabedoria despótica e incomunicável do riso eterno perante a futilidade e os esforços da vida. Era a terra árctica, agreste e gelada. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] Um vento recente arrancara às árvores o seu manto de geada, e elas pareciam inclinar-se umas para as outras, negras e agourentas, na luz agonizante. Reinava sobre a paisagem um silêncio imenso. Aquela região era desolada, sem vida, sem movimento, tão só e gelada que a palavra tristeza não era suficiente para a descrever. Havia nela uma sugestão de riso, mas de um riso mais terrível que qualquer tristeza - um riso sem alegria, como o sorriso da esfinge, um riso frio como o gelo e com algo do horror da infalibilidade. Era a sabedoria despótica e incomunicável do riso eterno perante a futilidade e as agruras da vida. Era a terra do pólo Norte, agreste e gelada. (pietro nassetti)
Capítulo III
- civilização:
[...] Henry sentou-se no trenó e ficou a observar. Não podia fazer mais nada, já perdera de vista o companheiro; mas, de vez em quando, aparecendo e desaparecendo por entre os grupos isolados de árvores, lobrigava o Desorelhado. Calculou que o cão estava perdido. Dir-se-ia que o próprio animal tinha consciência do perigo em que se encontrava, mas corria traçando um extenso círcuo exterior, enquanto a alcateia de lobos se movimentava num círculo interior e mais acanhado. Tornava-se fútil admitir a possibilidade de o cão ultrapassar o círculo formado pelos seus perseguidores e conseguir alcançar o trenó. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] Henry sentou-se no trenó e ficou a observar. Não podia fazer mais nada, já perdera de vista o companheiro; mas, de vez em quando, aparecendo e desaparecendo por entre os grupos isolados de árvores, lobrigava o Desorelhado. Calculou que o cão estava perdido. Dir-se-ia que o próprio animal tinha consciência do perigo em que se encontrava, mas corria traçando um extenso círcuo exterior, enquanto a alcatéia de lobos se movimentava num círculo interior e mais acanhado. Tornava-se fútil admitir a possibilidade de o cão ultrapassar o círculo formado pelos seus perseguidores e conseguir alcançar o trenó. (pietro nassetti)
Último capítulo
- civilização:
[...] A este não se podia censurar o seu juízo errado. Passara toda a vida a tratar seres humanos, produtos de uma civilização que os enfraquecera, que levavam vida fácil e descendiam de muitas gerações criadas de igual modo. Comparados com Colmilhos Brancos, não passavam de entes frágeis e débeis, incapazes de se agarrarem à vida com força suficiente. Ele vinha directamente da selva; no meio onde se criara, os fracos não subsistem; e não havia quaisquer contemplações. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] A este não se podia censurar o seu juízo errado. Passara toda a vida a tratar seres humanos, produtos de uma civilização que os enfraquecera, que levavam vida fácil e descendiam de muitas gerações criadas de igual modo. Comparados com Caninos Brancos, não passavam de entes frágeis e débeis, incapazes de se agarrarem à vida com força suficiente. Ele vinha diretamente da selva; no meio onde se criara, os fracos não subsistem; e não havia quaisquer contemplações. (pietro nassetti)
em tempo: outra coisa absolutamente obrigatória nos livros é a ficha catalográfica. esqueci de comentar que a claret não é dada a tais vezos, sequer a colocar o nome original da obra na página de créditos.
em compensação, ela nunca se esquece de especificar "copyright desta tradução: editora martin claret, ano tal", nem de estampar cinicamente, na primeira página, o soturno selo da abdr: "cópia não autorizada é crime: respeite o direito autoral".
sobre o escândalo que é esse programa de aquisição de acervos da fbn, ver aqui.

reproduzo abaixo o que venho divulgando faz anos e que apresentei à presidência e à coordenação da fundação biblioteca nacional, quando eu soube das irregularidades em seu programa de abastecimento das bibliotecas públicas (e com verba pública, claro):
31/01/2009
jack london na claret
mais um cotejo que estava no fundo do baú: jack london, white fang.
caninos brancos teve várias traduções no brasil, desde a primeira feita por monteiro lobato até a mais recente de rosaura eichenberg.
a insaciável claret recorreu ao infatigável nassetti, garfando a tradução portuguesa de olinda gomes fernandes, pela editora civilização, porto, 1969. a tradução de olinda traz o nome de colmilhos brancos, mas a inclemente claret preferiu a forma consagrada no brasil, caninos brancos mesmo.
este plágio traz as substituições habituais na claret - alterações cosméticas da primeira frase; troca de termos menos usuais, como "arrostar" por "enfrentar", "cabedal" por "couro macio", "terra ártica" por "terra do pólo norte" e assim por diante.
Capítulo I.
- civilização:
[...] Um vento recente arrancara às árvores o seu manto de geada, e elas pareciam inclinar-se umas para as outras, negras e agoirentas, na luz agonizante. Reinava sobre a paisagem um silêncio imenso. Aquela região era desolada, sem vida, sem movimento, tão só e gelada que a palavra tristeza não chegava para a descrever. Havia nela uma sugestão de riso, mas de um riso mais terrível que qualquer tristeza - um riso sem alegria, como o sorriso da esfinge, um riso frio como o gelo e com algo do horror da infalibilidade. Era a sabedoria despótica e incomunicável do riso eterno perante a futilidade e os esforços da vida. Era a terra árctica, agreste e gelada. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] Um vento recente arrancara às árvores o seu manto de geada, e elas pareciam inclinar-se umas para as outras, negras e agourentas, na luz agonizante. Reinava sobre a paisagem um silêncio imenso. Aquela região era desolada, sem vida, sem movimento, tão só e gelada que a palavra tristeza não era suficiente para a descrever. Havia nela uma sugestão de riso, mas de um riso mais terrível que qualquer tristeza - um riso sem alegria, como o sorriso da esfinge, um riso frio como o gelo e com algo do horror da infalibilidade. Era a sabedoria despótica e incomunicável do riso eterno perante a futilidade e as agruras da vida. Era a terra do pólo Norte, agreste e gelada. (pietro nassetti)
Capítulo III
- civilização:
[...] Henry sentou-se no trenó e ficou a observar. Não podia fazer mais nada, já perdera de vista o companheiro; mas, de vez em quando, aparecendo e desaparecendo por entre os grupos isolados de árvores, lobrigava o Desorelhado. Calculou que o cão estava perdido. Dir-se-ia que o próprio animal tinha consciência do perigo em que se encontrava, mas corria traçando um extenso círcuo exterior, enquanto a alcateia de lobos se movimentava num círculo interior e mais acanhado. Tornava-se fútil admitir a possibilidade de o cão ultrapassar o círculo formado pelos seus perseguidores e conseguir alcançar o trenó. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] Henry sentou-se no trenó e ficou a observar. Não podia fazer mais nada, já perdera de vista o companheiro; mas, de vez em quando, aparecendo e desaparecendo por entre os grupos isolados de árvores, lobrigava o Desorelhado. Calculou que o cão estava perdido. Dir-se-ia que o próprio animal tinha consciência do perigo em que se encontrava, mas corria traçando um extenso círcuo exterior, enquanto a alcatéia de lobos se movimentava num círculo interior e mais acanhado. Tornava-se fútil admitir a possibilidade de o cão ultrapassar o círculo formado pelos seus perseguidores e conseguir alcançar o trenó. (pietro nassetti)
Último capítulo
- civilização:
[...] A este não se podia censurar o seu juízo errado. Passara toda a vida a tratar seres humanos, produtos de uma civilização que os enfraquecera, que levavam vida fácil e descendiam de muitas gerações criadas de igual modo. Comparados com Colmilhos Brancos, não passavam de entes frágeis e débeis, incapazes de se agarrarem à vida com força suficiente. Ele vinha directamente da selva; no meio onde se criara, os fracos não subsistem; e não havia quaisquer contemplações. (olinda gomes fernandes)
- claret:
[...] A este não se podia censurar o seu juízo errado. Passara toda a vida a tratar seres humanos, produtos de uma civilização que os enfraquecera, que levavam vida fácil e descendiam de muitas gerações criadas de igual modo. Comparados com Caninos Brancos, não passavam de entes frágeis e débeis, incapazes de se agarrarem à vida com força suficiente. Ele vinha diretamente da selva; no meio onde se criara, os fracos não subsistem; e não havia quaisquer contemplações. (pietro nassetti)
em tempo: outra coisa absolutamente obrigatória nos livros é a ficha catalográfica. esqueci de comentar que a claret não é dada a tais vezos, sequer a colocar o nome original da obra na página de créditos.
em compensação, ela nunca se esquece de especificar "copyright desta tradução: editora martin claret, ano tal", nem de estampar cinicamente, na primeira página, o soturno selo da abdr: "cópia não autorizada é crime: respeite o direito autoral".sobre o escândalo que é esse programa de aquisição de acervos da fbn, ver aqui.
Published on September 09, 2012 17:16
a dobradinha FBN/Martin Claret II
eis o que a fbn aceitou cadastrar e oferecer em seu programa nacional do livro de baixo preço, para abastecer 2.700 bibliotecas públicas de norte a sul do país, à livre escolha delas:
reproduzo abaixo o que venho divulgando faz anos e que apresentei à presidência e à coordenação da fundação biblioteca nacional, quando eu soube das irregularidades em seu programa de abastecimento das bibliotecas públicas (e com verba pública, claro):
I. alceste:
18/02/2009
εθριπεδεσ να μαρτιν ψλαρετ - αλψεστε
um bom tempo atrás, a clássicos jackson publicou eurípides nas famosas traduções, acompanhadas de introdução e notas, de j. b. de mello e souza. essas traduções continuam ativas no catálogo da ediouro.
como a μαρτιν ψλαρετ tem uma compulsão irrefreável em se apropriar do alheio, ela resolveu copiar alceste, electra e hipólito da jackson/ediouro e tascou o nome de seu inseparável colaborador πιετρο νασσεττι.
e nós leitorinhos, em nossa irrefreável compulsão masoquista, pagamos caro por mais um lesa-memória e perdemos mais uma chance de ir formando um mínimo de bagagem cultural.
eurípides, alceste
introdução
1. tem esta bela tragédia de eurípedes, por principal objetivo, a exaltação do amor conjugal que atinge o mais sublime heroísmo.
alceste, laodâmia e penélope, esposas de admeto, protesilau e ulisses, respectivamente, constituem o tríptico das mais nobres figuras figuras femininas que a lenda grega nos apresenta. das três, porém, coube à incomparável rainha de feres praticar o rasgo de abnegação que lhe assegura a primazia entre as esposas modelares. (j. b. mello e souza)
2. tem esta bela tragédia de eurípedes, por principal objetivo, a exaltação do amor conjugal que atinge o mais sublime heroísmo.
alceste, laodâmia e penélope, esposas de admeto, protesilau e ulisses, respectivamente, constituem o tríptico das mais nobres figuras figuras femininas que a lenda grega os apresenta. das três, porém, coube à incomparável rainha de feres praticar o rasgo de abnegação que lhe assegura a primazia entre as esposas modelares. (πιετρο νασσεττι)
1. Ó palácio de Admeto, onde me vi coagido a trabalhar como servo humilde, sendo embora um deus, como sou! Júpiter assim o quis, porque tendo fulminado pelo raio meu filho Esculápio, eu, justamente irritado, matei os Ciclopes, artífices do fogo celeste. E meu pai, para me punir, impôs-me a obrigação de servir a um homem, a um simples mortal! Eis por que vim ter a este país; aqui apascentei os rebanhos de meu patrão, e me fiz protetor deste solar até hoje. Sendo eu próprio bondoso, e servindo a um homem bondoso, — o filho de Feres — eu o livrei da morte, iludindo as Parcas. Estas deusas prometeram-me que Admeto seria preservado da morte, que já o ameaçava, se oferecesse alguém, que quisesse morrer por ele, e ser conduzido ao Hades.
Tendo posto a prova todos os seus amigos, seu pai, e sua velha mãe, que o criou, ele não achou quem consentisse em dar a vida por ele, e nunca mais ver a luz do sol! Ninguém, senão Alceste, sua dedicada esposa; e agora, no palácio, conduzida a seus aposentos nos braços de seu marido, vai desprender-se sua alma, porque é hoje que o Destino exige que ela deixe a vida. Eis por que, para me não macular, eu abandono estes tetos queridos. Vejo que já se aproxima Tânatos, o odioso nume da Morte, para levar consigo Alceste à merencória mansão do Hades. E vem no momento preciso, pois aguardava apenas o dia fatal em que a mísera Alceste deve perder a vida. (j. b. mello e souza)
2. Ó palácio de Admeto, onde me vi coagido a trabalhar como servo humilde, sendo embora um deus, como sou! Júpiter assim o quis porque tendo fulminado pelo raio meu filho Esculápio, eu, justamente irritado, matei os Cíclopes, artífices do fogo celeste. E meu pai, para me punir, impôs-me a obrigação de servir a um homem, a um simples mortal! Eis por que vim ter a este país; aqui apascentei os rebanhos de meu patrão, e me fiz protetor deste solar até hoje. Sendo eu próprio bondoso, e servindo a um homem bondoso — o filho de Féres —, eu o livrei da morte, iludindo as Parcas. Estas deusas prometeram-me que Admeto seria preservado da morte, que já o ameaçava, se oferecesse alguém, que quisesse morrer por ele, e ser conduzido ao Hades.
Tendo posto a prova todos os seus amigos, seu pai e sua velha mãe, que o criou, ele não achou quem consentisse em dar a vida por ele, e nunca mais ver a luz do sol! Ninguém, senão Alceste, sua dedicada esposa; e agora, no palácio, conduzida a seus aposentos nos braços de seu marido, vai desprender-se sua alma, porque é hoje que o Destino exige que ela deixe a vida. Eis por que, para me não macular, eu abandono estes tetos queridos. Vejo que já se aproxima Tânatos, o odioso nume da Morte, para levar consigo Alceste à merencória mansão do Hades. E vem no momento preciso, pois aguardava apenas o dia fatal em que a mísera Alceste deve perder a vida. (πιετρο νασσεττι)
imagem: sinodal.com.br
II. electra:
19/02/2009
εθριπεδεσ να μαρτιν ψλαρετ - ελεψτρα
electra, além de prantear o pai, demonstra seu pesar em cair nas garras de μαρτιν ψλαρετ e seu fâmulo πιετρο νασσεττι.
eurípides, electra:
a. trad.: j.b. de mello e souza (jackson/ediouro)
b. plágio: pietro nassetti (martin claret)
a. o trabalhador - ó veneranda argos, da terra por onde corre o ínaco e de onde, outrora, comandando mil navios de guerra, até as plagas de tróia velejou o rei agamêmnon! tendo vencido a príamo, que reinava sobre a terra ilíada, ele retornou a argos, deixando em ruínas a cidade ilustre de dárdano; e depositou nos altos templos numerosos despojos daqueles bárbaros. foi feliz, lá na ásia, sim! - mas, aqui, de regresso ao lar, pereceu vítima da astúcia de sua esposa clitemnestra, e sob o golpe de egisto, filho de tiestes. pereceu o detentor do cetro antigo de tântalo; e é egisto quem manda agora nesta terra, e possui a tíndaris, esposa do atrida. este deixara em sua casa, ao partir para tróia, seu filho orestes e sua filha electra. um velho, que fora mestre do pai, conseguiu levar consigo orestes, quando egisto ia matá-lo; e confiou-o, na terra de focéia, a estrófio, para que o criasse; mas a jovem electra permaneceu no lar paterno. logo que atingiu a puberdade, os mais ilustres helenos pediram-lhe a mão; mas o usurpador, receando que do consórcio da princesa com um árgio eminente nascesse um descendente que vingasse um dia a morte de agamêmnon, preferiu conservá-la solteira.
b. o trabalhador - ó veneranda argos, da terra por onde corre o ínaco e de onde, outrora, comandando mil navios de guerra, até as plagas de tróia velejou o rei agamemnon! tendo vencido a príamo, que reinava sobre a terra ilíada, ele retornou a argos, deixando em ruínas a cidade ilustre de dárdano; e depositou nos altos templos numerosos despojos daqueles bárbaros. foi feliz, lá na ásia, sim! - mas, aqui, de regresso ao lar, pereceu vítima da astúcia de sua esposa clitemnestra, e sob o golpe de egisto, filho de tiestes. pereceu o detentor do cetro antigo de tântalo; e é egisto quem manda agora nesta terra, e possui a tíndaris, esposa do atrida. este deixara em sua casa, ao partir para tróia, seu filho orestes e sua filha electra. um velho, que fora mestre do pai, conseguiu levar consigo orestes, quando egisto ia matá-lo; e confiou-o, na terra de foceia, a estrófio, para que o criasse; mas a jovem electra permaneceu no lar paterno. logo que atingiu a puberdade, os mais ilustres helenos pediram-lhe a mão; mas o usurpador, receando que do consórcio da princesa com um árgio eminente nascesse um descendente que vingasse um dia a morte de agamêmnon, preferiu conservá-la solteira.
e por aí vai, um embuste do começo ao fim.
imagem: richmond, electra, wikimedia.commons
III. hipólito:
20/02/2009
εθριπεδεσ να μαρτιν ψλαρετ - ηιπολιτο
eurípides, hipólito.

a. mello e souza (jackson)*
b. pietro nassetti (claret)
a. vênus:
(...) há tempo indo hipólito, da casa
de piteu, visitar a ática terra,
e ver e assistir aos venerandos
mistérios; o viu fedra, nobre esposa
de seu pai, e então por arte minha
um furioso amor concebeu n'alma.
e antes de vir aqui, no mais sublime
do rochedo de palas, donde avista
esta terra trezênia, um templo a vênus
levantou: porque amava amor ausente.
os vindouros dirão que ali a deusa,
pelo amor a hipólito, foi posta.
coa morte dos palântidas, fugindo
do sangue derramado à triste mancha,
teseu com a consorte aqui aporta,
para cumprir seu anual desterro.
assim a miseranda, suspirando,
e das setas de amor atravessada
morre em silêncio; o mal ninguém lho sabe.
mas este amor não me convém que afrouxe:
mostrá-lo-ei a teseu, será sabido.
ao meu duro adversário autor da morte
será seu mesmo pai; pois que netuno
anuiu a teseu, por dom, três vezes
todo o voto outorgar que lhe fizesse.
sim é ilustre fedra; porém morre:
pois o seu mal a mim mais não me importa,
que de sorte punir meus inimigos,
que um ponto não se ofusque a minha glória.
b. vênus:
(...) há tempo indo hipólito, da casa
de piteu, visitar a ática terra,
e ver e assistir aos venerandos
mistérios; o viu fedra, nobre esposa
de seu pai, e então por arte minha
um furioso amor concebeu n'alma.
e antes de vir aqui, no mais sublime
do rochedo de palas, donde avista
esta terra trezênia, um templo a vênus
levantou: porque amava amor ausente.
os vindouros dirão que ali a deusa,
pelo amor a hipólito, foi posta.
co'a morte dos palântidas, fugindo
do sangue derramado à triste mancha,
teseu com a consorte aqui aporta,
para cumprir seu anual desterro.
assim a miseranda, suspirando,
e das setas de amor atravessada
morre em silêncio; o mal ninguém lho sabe.
mas este amor não me convém que afrouxe:
mostrá-lo-ei a teseu, será sabido.
ao meu duro adversário autor da morte
será seu mesmo pai; pois que netuno
anuiu a teseu, por dom, três vezes
todo o voto outorgar que lhe fizesse.
sim é ilustre fedra; porém morre:
pois o seu mal a mim mais não me importa,
que de sorte punir meus inimigos,
que um ponto não se ofusque a minha glória.
* na verdade, mello e souza adverte em seu prefácio que se trata de uma tradução portuguesa antiga de autoria desconhecida
imagem: valérie dréville no papel da fedra de racine
sobre o escândalo que é esse programa de aquisição de acervos da fbn, ver aqui.
Published on September 09, 2012 16:54
a dobradinha FBN/Martin Claret I
eis o que a fbn aceitou cadastrar e oferecer em seu programa nacional do livro de baixo preço, para abastecer 2.700 bibliotecas públicas de norte a sul do país, à livre escolha delas:
reproduzo abaixo o que venho divulgando faz anos e que apresentei à presidência e à coordenação da fundação biblioteca nacional, quando eu soube das irregularidades em seu programa de abastecimento das bibliotecas públicas (e com verba pública, claro):
10/04/2008
max weber: pioneira vs claret
a ética protestante e o espírito do capitalismo.
mais da metade da ética protestante é composta de eruditíssimas notas. nelas, o copidesque nem se deu muito ao trabalho de mexer. já o texto, mais valia nem ter mexido.
tradução original de m. irene szmrecsányi e tamás szmrecsányi (pioneira, 1983, 3a. ed.), p. 144:
Alberti, Pandolfini, e os demais de sua espécie são representantes daquela atitude que, a despeito de toda obediência externa, era internamente emancipada da tradição da Igreja. Com toda a sua semelhança à ética cristã do tempo, na realidade, equivalia de maneira ampla ao caráter pagão da antigüidade, que Brentano acha que omiti, na sua significação para o desenvolvimento do moderno pensamento econômico (e também da moderna política econômica). Que eu não trato de sua influência aqui, é bem verdade. Isto estaria deslocado num estudo sobre a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
tradução atribuída a pietro nassetti (martin claret, 2007, edição revisada [?]), p. 154:
Alberti, Pandolfini, e os demais de sua espécie são representantes daquela atitude que, apesar da obediência externa, era totalmente* emancipada da tradição da Igreja. Com toda a sua semelhança à ética cristã do seu tempo, na realidade, equivalia de maneira ampla ao caráter pagão da Antigüidade, que Brentano acha que omiti, na sua significação para o desenvolvimento do moderno pensamento econômico (e também da moderna política econômica). Que eu não trato de sua influência aqui, é bem verdade. Isto estaria deslocado em um estudo sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
* quanto à troca de "internamente" por "totalmente", parece confirmar que o revisor pouco se importa se isso anula o sentido da contraposição entre externo e interno no humanismo de alberti. talvez o scan não estivesse muito nítido e o "revisor" passou o olho batido e pensou que era "inteiramente"...
trad. m. irene szmrecsányi e tamás szmrecsányi (pioneira, 1983, 3a. ed.), p. 186:
é bem sabido que essa atitude possibilitou ao pietismo tornar-se uma das principais forças a favor da idéia de tolerância. Neste ponto, podemos inserir algumas observações a respeito. Sua origem histórica no Ocidente, se omitirmos a indiferença humanística do Iluminismo, que, em si mesma, teve grande influência prática, pode ser encontrada nas seguintes fontes principais: 1) as razões puramente políticas (arquétipo: Guilherme de Orange); 2) o mercantilismo (especialmente claro para a cidade de Amsterdã, mas também típico de numerosas cidades, terratenientes e governantes que recebiam os membros de seitas por considerarem-nos valiosos para o progresso econômico; 3) a ala radical da religião calvinista. A predestinação tornou fundamentalmente impossível que o Estado verdadeiramente promovesse a religião através da intolerância. Deste modo, ele não poderia salvar uma única alma. Apenas a idéia da Glória de Deus dava à Igreja a ocasião de reclamar sua ajuda na supressão da heresia.
tradução atribuída a pietro nassetti (martin claret, 2007, edição revisada[?]), p. 196:
como se sabe, essa atitude possibilitou ao pietismo tornar-se uma das principais forças em favor da idéia de tolerância. Nesse ponto, podemos inserir algumas observações a respeito. Sua origem histórica no Ocidente, se omitirmos a indiferença humanística do Iluminismo, teve influência prática,* podendo ser encontrada nas seguintes fontes principais: 1) as razões puramente políticas (arquétipo: Guilherme de Orange); 2) o mercantilismo (especialmente claro para a cidade de Amsterdã, mas também típico de numerosas cidades, terratenientes e governantes que recebiam os membros de seitas por considerá-los valiosos para o progresso econômico; 3) a ala radical da religião calvinista. A predestinação tornou impossível que o Estado verdadeiramente promovesse a religião por meio da intolerância. Desse modo, ele não poderia salvar uma única alma. Apenas a idéia da glória de Deus dava à Igreja a ocasião de reclamar sua ajuda na supressão da heresia.
* essa supressão também demonstra a alarmante falta de entendimento do hipotético revisor apressado: o sujeito, na oração interpolada, é evidentemente a indiferença humanista do iluminismo, não a origem histórica do pietismo no ocidente.
além da cópia ilícita e adulterada, tem como entender weber desse jeito?
atualização em 16/2/12 - obs.: estes são apenas alguns exemplos a título ilustrativo, extraídos de um extenso cotejo feito entre as traduções, com outras traduções e com o original. veja aqui.
imagens: http://www.wikipedia.pt/; www.npr.org
sobre o escândalo que é esse programa de aquisição de acervos da fbn, ver aqui.

reproduzo abaixo o que venho divulgando faz anos e que apresentei à presidência e à coordenação da fundação biblioteca nacional, quando eu soube das irregularidades em seu programa de abastecimento das bibliotecas públicas (e com verba pública, claro):
10/04/2008
max weber: pioneira vs claret
a ética protestante e o espírito do capitalismo.
mais da metade da ética protestante é composta de eruditíssimas notas. nelas, o copidesque nem se deu muito ao trabalho de mexer. já o texto, mais valia nem ter mexido.
tradução original de m. irene szmrecsányi e tamás szmrecsányi (pioneira, 1983, 3a. ed.), p. 144:
Alberti, Pandolfini, e os demais de sua espécie são representantes daquela atitude que, a despeito de toda obediência externa, era internamente emancipada da tradição da Igreja. Com toda a sua semelhança à ética cristã do tempo, na realidade, equivalia de maneira ampla ao caráter pagão da antigüidade, que Brentano acha que omiti, na sua significação para o desenvolvimento do moderno pensamento econômico (e também da moderna política econômica). Que eu não trato de sua influência aqui, é bem verdade. Isto estaria deslocado num estudo sobre a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
tradução atribuída a pietro nassetti (martin claret, 2007, edição revisada [?]), p. 154:
Alberti, Pandolfini, e os demais de sua espécie são representantes daquela atitude que, apesar da obediência externa, era totalmente* emancipada da tradição da Igreja. Com toda a sua semelhança à ética cristã do seu tempo, na realidade, equivalia de maneira ampla ao caráter pagão da Antigüidade, que Brentano acha que omiti, na sua significação para o desenvolvimento do moderno pensamento econômico (e também da moderna política econômica). Que eu não trato de sua influência aqui, é bem verdade. Isto estaria deslocado em um estudo sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
* quanto à troca de "internamente" por "totalmente", parece confirmar que o revisor pouco se importa se isso anula o sentido da contraposição entre externo e interno no humanismo de alberti. talvez o scan não estivesse muito nítido e o "revisor" passou o olho batido e pensou que era "inteiramente"...
trad. m. irene szmrecsányi e tamás szmrecsányi (pioneira, 1983, 3a. ed.), p. 186:
é bem sabido que essa atitude possibilitou ao pietismo tornar-se uma das principais forças a favor da idéia de tolerância. Neste ponto, podemos inserir algumas observações a respeito. Sua origem histórica no Ocidente, se omitirmos a indiferença humanística do Iluminismo, que, em si mesma, teve grande influência prática, pode ser encontrada nas seguintes fontes principais: 1) as razões puramente políticas (arquétipo: Guilherme de Orange); 2) o mercantilismo (especialmente claro para a cidade de Amsterdã, mas também típico de numerosas cidades, terratenientes e governantes que recebiam os membros de seitas por considerarem-nos valiosos para o progresso econômico; 3) a ala radical da religião calvinista. A predestinação tornou fundamentalmente impossível que o Estado verdadeiramente promovesse a religião através da intolerância. Deste modo, ele não poderia salvar uma única alma. Apenas a idéia da Glória de Deus dava à Igreja a ocasião de reclamar sua ajuda na supressão da heresia.
tradução atribuída a pietro nassetti (martin claret, 2007, edição revisada[?]), p. 196:
como se sabe, essa atitude possibilitou ao pietismo tornar-se uma das principais forças em favor da idéia de tolerância. Nesse ponto, podemos inserir algumas observações a respeito. Sua origem histórica no Ocidente, se omitirmos a indiferença humanística do Iluminismo, teve influência prática,* podendo ser encontrada nas seguintes fontes principais: 1) as razões puramente políticas (arquétipo: Guilherme de Orange); 2) o mercantilismo (especialmente claro para a cidade de Amsterdã, mas também típico de numerosas cidades, terratenientes e governantes que recebiam os membros de seitas por considerá-los valiosos para o progresso econômico; 3) a ala radical da religião calvinista. A predestinação tornou impossível que o Estado verdadeiramente promovesse a religião por meio da intolerância. Desse modo, ele não poderia salvar uma única alma. Apenas a idéia da glória de Deus dava à Igreja a ocasião de reclamar sua ajuda na supressão da heresia.
* essa supressão também demonstra a alarmante falta de entendimento do hipotético revisor apressado: o sujeito, na oração interpolada, é evidentemente a indiferença humanista do iluminismo, não a origem histórica do pietismo no ocidente.
além da cópia ilícita e adulterada, tem como entender weber desse jeito?
atualização em 16/2/12 - obs.: estes são apenas alguns exemplos a título ilustrativo, extraídos de um extenso cotejo feito entre as traduções, com outras traduções e com o original. veja aqui.
imagens: http://www.wikipedia.pt/; www.npr.org
sobre o escândalo que é esse programa de aquisição de acervos da fbn, ver aqui.
Published on September 09, 2012 16:39
September 7, 2012
Tradução brasileira: Artigos na Revista Língua Portuguesa
Tradução brasileira: Artigos na Revista Língua Portuguesa: A beleza de citar (n. 81) Tradução peregrina (n. 80) Millôr tradutor (n. 79) Dois poetas, dois tradutores (n. especial ...
oitenta e um artigos de gabriel perissé sobre tradução, que ele vem publicando na revista língua portuguesa desde 2005.

oitenta e um artigos de gabriel perissé sobre tradução, que ele vem publicando na revista língua portuguesa desde 2005.
Published on September 07, 2012 12:25
September 4, 2012
quando monsieur jourdain descobre que fala em prosa
a aula inaugural que apresentei na pós-graduação de estudos de tradução, da ufsc, em 03 de setembro, está disponível aqui: http://www.pget.ufsc.br/curso/realizacoes.php?id=206
obrigada a todos!

obrigada a todos!
Published on September 04, 2012 17:06
August 28, 2012
transfusão II
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transfusão II, na casa guilherme de almeida, em são paulo - logo deve sair a programação completa, mas segue o programa de domingo de manhã:
DOMINGO, 16 DE SETEMBRO
TRADUÇÃO LITERÁRIA COMO AUTORIA
Mesa-redonda, das 10h30 às 12h
DIREITOS AUTORAIS DO TRADUTOR
Com Denise Bottmann (Registro – SP) e Luciana Arruda (São Paulo)
Até que ponto se respeitam, na prática, os direitos autorais do tradutor, assegurados por lei, é uma questão que tem gerado discussões e poucos resultados concretos em prol dos tradutores profissionais. A importância da denúncia de abusos contra o trabalho do tradutor, como o plágio, por exemplo, será abordada paralelamente a questões conceituais e jurídicas que respaldam os tradutores na defesa de seus direitos.
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transfusão II, na casa guilherme de almeida, em são paulo - logo deve sair a programação completa, mas segue o programa de domingo de manhã:
DOMINGO, 16 DE SETEMBRO
TRADUÇÃO LITERÁRIA COMO AUTORIA
Mesa-redonda, das 10h30 às 12h
DIREITOS AUTORAIS DO TRADUTOR
Com Denise Bottmann (Registro – SP) e Luciana Arruda (São Paulo)
Até que ponto se respeitam, na prática, os direitos autorais do tradutor, assegurados por lei, é uma questão que tem gerado discussões e poucos resultados concretos em prol dos tradutores profissionais. A importância da denúncia de abusos contra o trabalho do tradutor, como o plágio, por exemplo, será abordada paralelamente a questões conceituais e jurídicas que respaldam os tradutores na defesa de seus direitos.
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Published on August 28, 2012 10:57
August 26, 2012
aula inaugural na pget/ ufsc
foi com muita honra que recebi e aceitei o convite de apresentar a aula inaugural do segundo período letivo da pós-graduação em estudos de tradução da universidade federal de santa catarina, no dia 3 de setembro próximo, às 10 horas, com transmissão ao vivo e atendimento a perguntas enviadas por e-mail durante a transmissão. agradeço à coordenadora dra. andréia guerini.
o título da exposição é "quando monsieur jourdain descobre que fala em prosa: comentários sobre o difícil trânsito entre dois campos separados e mutuamente irredutíveis, a teoria e a prática da tradução".
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o título da exposição é "quando monsieur jourdain descobre que fala em prosa: comentários sobre o difícil trânsito entre dois campos separados e mutuamente irredutíveis, a teoria e a prática da tradução".
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Published on August 26, 2012 13:02
August 21, 2012
sobre a nota de repúdio da boitempo
hoje recebi email enviado pela editora boitempo, com o pedido de publicar na íntegra sua nota de repúdio em relação ao post afinidades tradutivas, publicado aqui. a nota da editora está reproduzida aqui.
não quero me deter sobre o tom da nota, que me pareceu um tanto, digamos, acalorado, com termos como "investida", "abusando", "calúnia pura e simples", "simular", "estardalhaço", "busca por holofotes", "modus operandi duvidoso" e coisas assim.
prefiro me ater ao cerne da questão, o qual, por vias indiretas, foi muito bem exposto na nota da editora boitempo.
- a frase que, pelo que consegui entender no arrazoado da nota da editora, constitui o cerne de sua posição é: "Cabe lembrar que o direito autoral interessa apenas àqueles que o negociam" e "O que é acordado entre as partes ... deve ser respeitado". os corolários, pelo que entendi, seriam: "A fidedignidade dos créditos reside nessa relação profissional", que não diria respeito às extrapartes. e esse acordo entre as partes privadas garantiria a integridade intelectual da obra e a veracidade dos créditos.
quanto a isso, cabe lembrar que o direito autoral se compõe de duas partes: a patrimonial e a moral.
sem dúvida, os direitos autorais patrimoniais sobre uma obra são livremente negociáveis entre as partes privadas, e aqui prevalece o princípio da liberdade contratual: trata-se do direito de uso e exploração econômica da obra, sob condições mutuamente acordadas.
já os direitos autorais morais são de natureza totalmente distinta: pertencem ao leque de direitos de personalidade, que são irrenunciáveis, inalienáveis e intransferíveis.
por exemplo: se eu, como autora da tradução de in the tracks of historical materialism, para a brasiliense em 1984, tivesse sido consultada pela editora boitempo, solicitando licença de uso de minha tradução para publicá-la em 2004, eu poderia concedê-la, respeitada a cadeia de direitos anteriores. mas, se a editora me consultasse propondo a substituição de meu nome como autora da tradução pelo de "isa tavares", eu não o poderia fazer, pelos mais simples princípios de boa fé e responsabilidade civil: como poderia acordar licitamente em ter meu nome substituído pelo de outra pessoa? qualquer contrato neste sentido me pareceria, em princípio, juridicamente nulo.
o que confere veracidade aos créditos de autoria, portanto, não é o acordo de transferência de direitos patrimoniais de uma parte a outra. o que lhes confere veracidade é a correspondência entre esses créditos e o nome do autor. os créditos são fidedignos se a pessoa responsável pela autoria daquela obra é a mesma que consta como responsável por ela nas informações dirigidas ao leitor, isto é, nos créditos. e a integridade de uma obra, naturalmente, consiste, entre outras coisas, na veracidade e fidedignidade das informações veiculadas sobre sua autoria.
assim, talvez uma das origens da confusão conceitual que parece permear a recente nota da editora boitempo seja a indistinção entre direitos patrimoniais e direitos morais dentro do leque dos direitos de autor.
- o segundo ponto é uma frase que não entendi muito bem: "quem julga obras que não lhe dizem respeito". como alguém poderia ser tolhido de julgar uma obra que lê? o que determina que tal ou tal obra dirá ou não dirá respeito a quem quer que seja? sem entrar em questões referentes a censuras ou policiamentos, aqui parece-me pertinente lembrar que um livro como objeto (seja impresso ou digital) se constitui como produto na relação com o leitor. estabelece o artigo 3, parágrafo 1, da lei que rege as relações de consumo, aqui:
o leitor, como consumidor do produto livro, dispõe entre seus direitos básicos os de contar com:
pode-se gostar ou não, concordar ou não, mas tais são os termos que dispõe a lei.
é neste sentido que, ao contrário do que entendi que afirma a editora boitempo, toda e qualquer obra em circulação ou mesmo esgotada diz legitimamente respeito a todo e qualquer leitor que tenha acesso a ela e se interesse em lê-la.
além dos direitos autorais (morais e patrimoniais), além dos direitos do leitor, eu gostaria de apresentar um último aspecto levantado um tanto transversalmente na nota da editora boitempo. a editora explica que fez um agradecimento especial a uma das editoras citadas em sua nota de edição no livro afinidades seletivas, "pela generosidade de ter cedido texto ainda disponível em seu catálogo".
este tema é muito importante, e retornarei a ele com calma. de qualquer forma, se raul fiker teve seu nome devidamente creditado como autor da tradução do artigo sobre bobbio, a menção é corretíssima (e até por isso dei destaque a ela). é corretíssima, não porque o texto ainda esteja disponível no catálogo da editora unesp (aspecto meramente patrimonial do direito de autor), mas porque foi ele o verdadeiro tradutor do ensaio (aspecto moral do direito de autor).
em suma, não é porque uma editora esteja extinta, nem porque uma edição esteja esgotada há muitos anos que o direito moral (irrenunciável, intransferível e inextinguível) do autor se torna letra morta.
quem acompanha este blog e meu trabalho em favor das obras esgotadas, órfãs e abandonadas sabe muito bem que defendo justamente a flexibilização da lei que dispõe sobre o acesso a essas obras. eu seria a primeira a aplaudir a proposta da editora boitempo em resgatar traduções antigas (como o fiz aqui e aqui), mas, evidentemente, desde que respeitados os direitos morais de seus autores.
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não quero me deter sobre o tom da nota, que me pareceu um tanto, digamos, acalorado, com termos como "investida", "abusando", "calúnia pura e simples", "simular", "estardalhaço", "busca por holofotes", "modus operandi duvidoso" e coisas assim.
prefiro me ater ao cerne da questão, o qual, por vias indiretas, foi muito bem exposto na nota da editora boitempo.
- a frase que, pelo que consegui entender no arrazoado da nota da editora, constitui o cerne de sua posição é: "Cabe lembrar que o direito autoral interessa apenas àqueles que o negociam" e "O que é acordado entre as partes ... deve ser respeitado". os corolários, pelo que entendi, seriam: "A fidedignidade dos créditos reside nessa relação profissional", que não diria respeito às extrapartes. e esse acordo entre as partes privadas garantiria a integridade intelectual da obra e a veracidade dos créditos.
quanto a isso, cabe lembrar que o direito autoral se compõe de duas partes: a patrimonial e a moral.
sem dúvida, os direitos autorais patrimoniais sobre uma obra são livremente negociáveis entre as partes privadas, e aqui prevalece o princípio da liberdade contratual: trata-se do direito de uso e exploração econômica da obra, sob condições mutuamente acordadas.
já os direitos autorais morais são de natureza totalmente distinta: pertencem ao leque de direitos de personalidade, que são irrenunciáveis, inalienáveis e intransferíveis.
por exemplo: se eu, como autora da tradução de in the tracks of historical materialism, para a brasiliense em 1984, tivesse sido consultada pela editora boitempo, solicitando licença de uso de minha tradução para publicá-la em 2004, eu poderia concedê-la, respeitada a cadeia de direitos anteriores. mas, se a editora me consultasse propondo a substituição de meu nome como autora da tradução pelo de "isa tavares", eu não o poderia fazer, pelos mais simples princípios de boa fé e responsabilidade civil: como poderia acordar licitamente em ter meu nome substituído pelo de outra pessoa? qualquer contrato neste sentido me pareceria, em princípio, juridicamente nulo.
o que confere veracidade aos créditos de autoria, portanto, não é o acordo de transferência de direitos patrimoniais de uma parte a outra. o que lhes confere veracidade é a correspondência entre esses créditos e o nome do autor. os créditos são fidedignos se a pessoa responsável pela autoria daquela obra é a mesma que consta como responsável por ela nas informações dirigidas ao leitor, isto é, nos créditos. e a integridade de uma obra, naturalmente, consiste, entre outras coisas, na veracidade e fidedignidade das informações veiculadas sobre sua autoria.
assim, talvez uma das origens da confusão conceitual que parece permear a recente nota da editora boitempo seja a indistinção entre direitos patrimoniais e direitos morais dentro do leque dos direitos de autor.
- o segundo ponto é uma frase que não entendi muito bem: "quem julga obras que não lhe dizem respeito". como alguém poderia ser tolhido de julgar uma obra que lê? o que determina que tal ou tal obra dirá ou não dirá respeito a quem quer que seja? sem entrar em questões referentes a censuras ou policiamentos, aqui parece-me pertinente lembrar que um livro como objeto (seja impresso ou digital) se constitui como produto na relação com o leitor. estabelece o artigo 3, parágrafo 1, da lei que rege as relações de consumo, aqui:
Art. 3° § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
o leitor, como consumidor do produto livro, dispõe entre seus direitos básicos os de contar com:
III - a
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e
preço [...]VI - a
efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
pode-se gostar ou não, concordar ou não, mas tais são os termos que dispõe a lei.
é neste sentido que, ao contrário do que entendi que afirma a editora boitempo, toda e qualquer obra em circulação ou mesmo esgotada diz legitimamente respeito a todo e qualquer leitor que tenha acesso a ela e se interesse em lê-la.
além dos direitos autorais (morais e patrimoniais), além dos direitos do leitor, eu gostaria de apresentar um último aspecto levantado um tanto transversalmente na nota da editora boitempo. a editora explica que fez um agradecimento especial a uma das editoras citadas em sua nota de edição no livro afinidades seletivas, "pela generosidade de ter cedido texto ainda disponível em seu catálogo".
este tema é muito importante, e retornarei a ele com calma. de qualquer forma, se raul fiker teve seu nome devidamente creditado como autor da tradução do artigo sobre bobbio, a menção é corretíssima (e até por isso dei destaque a ela). é corretíssima, não porque o texto ainda esteja disponível no catálogo da editora unesp (aspecto meramente patrimonial do direito de autor), mas porque foi ele o verdadeiro tradutor do ensaio (aspecto moral do direito de autor).
em suma, não é porque uma editora esteja extinta, nem porque uma edição esteja esgotada há muitos anos que o direito moral (irrenunciável, intransferível e inextinguível) do autor se torna letra morta.
quem acompanha este blog e meu trabalho em favor das obras esgotadas, órfãs e abandonadas sabe muito bem que defendo justamente a flexibilização da lei que dispõe sobre o acesso a essas obras. eu seria a primeira a aplaudir a proposta da editora boitempo em resgatar traduções antigas (como o fiz aqui e aqui), mas, evidentemente, desde que respeitados os direitos morais de seus autores.
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Published on August 21, 2012 13:39
nota de repúdio da editora boitempo
acabo de receber um email da editora boitempo, com o título "resposta da boitempo, com pedido de que seja publicada na íntegra". aqui segue.
NOTA DE REPÚDIO
Na semana passada a Boitempo divulgou nota em que dava por encerrada a verificação interna de alguns de seus títulos e apontava para a solução dos problemas. Ontem, porém, a editora foi surpreendida por nova investida da blogueira Denise Bottmann, que, abusando do exercício de seus direitos de manifestação, partiu do plano das suposições para o terreno arenoso da calúnia pura e simples, com a clara intenção de ferir a credibilidade da editora. Esta nota tem, portanto, não apenas o objetivo de esclarecer mais esse episódio, mas principalmente o de pôr a nu os “métodos” utilizados pela personagem em questão.
Em seu blog, Bottmann empreende uma falsa e completamente descabida acusação referente à tradução do ensaio “As antinomias de Gramsci”, parte da coletânea Afinidades seletivas (2002), de autoria de Perry Anderson. Sem antes pedir esclarecimentos à editora, concluiu e divulgou “evidências” que não existem. Para simular e legitimar sua versão, confunde os créditos dados às duas traduções previamente existentes com um agradecimento especial feito a uma das editoras citadas, pela generosidade de ter cedido texto ainda disponível em seu catálogo.
Diz o post que o ensaio “parece ter escapado” ao crivo da Boitempo, no entanto não há o que colocar em dúvida, a não ser a intenção de quem julga obras que não lhe dizem respeito; que acusa publicamente antes de averiguar com a editora – com a qual se comunica apenas via blog ou com muito estardalhaço via mídia –; que omite ou prefere não tomar conhecimento de informações que possam enfraquecer sua argumentação; e que levanta semelhanças pontuais de algumas obras para impor a suspeita sobre o todo, incluindo a credibilidade da editora e de seu catálogo.
Com todos os direitos autorais negociados ou cedidos de forma legítima e em comum acordo com editora e tradutores dos dois ensaios – entre doze constantes no volume –, previamente traduzidos para a língua portuguesa, definiu-se que a tradução na página de créditos seria atribuída ao nosso colaborador, a quem coube a tradução dos demais ensaios. Ou seja, há permissão expressa dos tradutores originais do ensaio “As antinomias de Gramsci” para que a editora procedesse dessa forma. Também foi acordado entre as partes envolvidas que a origem de cada texto seria mencionada na “Nota da Edição”, o que foi cumprido e está presente na página 11, trecho este que “parece ter escapado” à blogueira mas que pode ser conferido na página abaixo reproduzida:
Em vermelho, destaque da Boitempo Editorial. Em azul, destaque de Denise Bottmann.
Para usar as palavras da blogueira, “interessante” ela ter se esquecido de escanear e mostrar essa página aos seus leitores, lembrando de fazer isso apenas com a capa do livro, o que evidencia mais a sua busca por holofotes do que seu compromisso com a verdade ou com a categoria que afirma defender. Cabe lembrar que o direito autoral interessa apenas àqueles que o negociam. O que é acordado entre as partes, inclusive sobre a forma de apresentação nas obras, deve ser respeitado. A fidedignidade dos créditos reside nessa relação profissional, que, como a própria blogueira admite, mas sistematicamente ignora, não lhe diz respeito. Ao contrário do que insinua, a integridade intelectual da obra Afinidades seletivas está garantida, assim como a veracidade dos créditos.
Ao esclarecer essas acusações esperamos, além de evidenciar o modus operandiduvidoso empregado pela blogueira, tranquilizar uma vez mais os leitores da Boitempo quanto à seriedade de nosso trabalho. Vamos agora concentrar esforços na produção de nossos livros e cursos, dando por encerrados os pronunciamentos por esta via no que diz respeito a acusações levantadas por Denise Bottmann, a quem lembramos que a democracia assegura a todos os cidadãos a liberdade de expressão, mas também os responsabiliza por aquilo que expressam.
Boitempo Editorial
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NOTA DE REPÚDIO
Na semana passada a Boitempo divulgou nota em que dava por encerrada a verificação interna de alguns de seus títulos e apontava para a solução dos problemas. Ontem, porém, a editora foi surpreendida por nova investida da blogueira Denise Bottmann, que, abusando do exercício de seus direitos de manifestação, partiu do plano das suposições para o terreno arenoso da calúnia pura e simples, com a clara intenção de ferir a credibilidade da editora. Esta nota tem, portanto, não apenas o objetivo de esclarecer mais esse episódio, mas principalmente o de pôr a nu os “métodos” utilizados pela personagem em questão.
Em seu blog, Bottmann empreende uma falsa e completamente descabida acusação referente à tradução do ensaio “As antinomias de Gramsci”, parte da coletânea Afinidades seletivas (2002), de autoria de Perry Anderson. Sem antes pedir esclarecimentos à editora, concluiu e divulgou “evidências” que não existem. Para simular e legitimar sua versão, confunde os créditos dados às duas traduções previamente existentes com um agradecimento especial feito a uma das editoras citadas, pela generosidade de ter cedido texto ainda disponível em seu catálogo.
Diz o post que o ensaio “parece ter escapado” ao crivo da Boitempo, no entanto não há o que colocar em dúvida, a não ser a intenção de quem julga obras que não lhe dizem respeito; que acusa publicamente antes de averiguar com a editora – com a qual se comunica apenas via blog ou com muito estardalhaço via mídia –; que omite ou prefere não tomar conhecimento de informações que possam enfraquecer sua argumentação; e que levanta semelhanças pontuais de algumas obras para impor a suspeita sobre o todo, incluindo a credibilidade da editora e de seu catálogo.
Com todos os direitos autorais negociados ou cedidos de forma legítima e em comum acordo com editora e tradutores dos dois ensaios – entre doze constantes no volume –, previamente traduzidos para a língua portuguesa, definiu-se que a tradução na página de créditos seria atribuída ao nosso colaborador, a quem coube a tradução dos demais ensaios. Ou seja, há permissão expressa dos tradutores originais do ensaio “As antinomias de Gramsci” para que a editora procedesse dessa forma. Também foi acordado entre as partes envolvidas que a origem de cada texto seria mencionada na “Nota da Edição”, o que foi cumprido e está presente na página 11, trecho este que “parece ter escapado” à blogueira mas que pode ser conferido na página abaixo reproduzida:
Em vermelho, destaque da Boitempo Editorial. Em azul, destaque de Denise Bottmann.
Para usar as palavras da blogueira, “interessante” ela ter se esquecido de escanear e mostrar essa página aos seus leitores, lembrando de fazer isso apenas com a capa do livro, o que evidencia mais a sua busca por holofotes do que seu compromisso com a verdade ou com a categoria que afirma defender. Cabe lembrar que o direito autoral interessa apenas àqueles que o negociam. O que é acordado entre as partes, inclusive sobre a forma de apresentação nas obras, deve ser respeitado. A fidedignidade dos créditos reside nessa relação profissional, que, como a própria blogueira admite, mas sistematicamente ignora, não lhe diz respeito. Ao contrário do que insinua, a integridade intelectual da obra Afinidades seletivas está garantida, assim como a veracidade dos créditos.
Ao esclarecer essas acusações esperamos, além de evidenciar o modus operandiduvidoso empregado pela blogueira, tranquilizar uma vez mais os leitores da Boitempo quanto à seriedade de nosso trabalho. Vamos agora concentrar esforços na produção de nossos livros e cursos, dando por encerrados os pronunciamentos por esta via no que diz respeito a acusações levantadas por Denise Bottmann, a quem lembramos que a democracia assegura a todos os cidadãos a liberdade de expressão, mas também os responsabiliza por aquilo que expressam.
Boitempo Editorial
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Published on August 21, 2012 09:53
August 20, 2012
historinha edificante
- fulaninha, boa tarde, sou fulano de tal, da editora tal, e queremos lançar o livro tal, de fulano de tal. existe uma tradução no brasil dessa obra, feita por beltrano, e me disseram que você talvez pudesse nos ajudar a localizar o tradutor beltrano, para pedirmos autorização para publicar sua tradução.
- sr. fulano de tal, o tradutor beltrano morreu no ano tal, em circunstâncias tais e tais, e não conheço essa tradução que o senhor menciona. o que sei é que várias traduções assinadas pelo finado beltrano eram cópias de traduções anteriores, e até cheguei a comentar alguns casos, como o senhor pode ver em tal e tal lugar.
- fulaninha, que coisa!
- pois é, sr. fulano de tal, uma tristeza. o que eu posso sugerir ao senhor é que consulte a tradução portuguesa dessa mesma obra, que saiu no ano tal, pela editora tal, com tradução de sicrano.
- ah, sim, vou consultar, obrigado, até logo.
- às ordens, até logo.
passam-se alguns dias ou algumas semanas, volta o sr. fulano de tal.
- fulaninha, sou eu de novo. de fato, adquiri a edição portuguesa e comparei com a brasileira, e parecem bastante claras as semelhanças. não sei o que fazer, pois, em vista disso, a tradução em nome de beltrano realmente não nos interessa mais.
- que pena, sr. fulano, mas acho que o senhor faz bem em não enveredar por esse rumo. se o senhor quiser, posso ver se consigo localizar o legítimo tradutor, um militante português até bastante conhecido.
- ah sim, se puder fazer isso, agradeço muito. até logo.
- até logo. se eu tiver alguma notícia, aviso o senhor.
passam-se mais alguns dias.
- sr. fulano de tal, o sicrano autor da tradução portuguesa faleceu, mas consegui contato com o filho dele, que dá aulas na universidade tal. tomei a liberdade de adiantar a ele que uma editora brasileira poderia ter eventual interesse em publicar uma antiga tradução de seu pai, a tal e tal e tal, que saiu no ano tal pela editora tal. ele me autorizou a lhe passar seu e-mail, que aqui segue: xxxxxx@xxxxxx.xxx. aí os senhores tratam diretamente entre si.
- agradeço a gentileza, fulaninha.
- não tem de quê, sr. fulano, até logo.
- até logo.
não sei o que rolou; não sei se o consciencioso editor de uma pequena editora de posições marxistas muito claras e definidas entrou em acordo com o filho de um conhecido militante comunista português para publicar no brasil a tradução de um clássico do marxismo feita por seu pai; não sei sequer se a editora chegou a publicar a obra, em qualquer tradução que fosse.
mas o caso, ocorrido algum tempo atrás, é verídico e mostra como é possível o respeito pelo trabalho dos outros.
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Published on August 20, 2012 09:45
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